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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz da Vara do Juizado Especial Cível da Comarca

de xxxxxxxx-xx

HEINEKERSON GLACIAL, Advogado, brasileira, CPF: XXX.XXX.XXX-XX, RG:XXXXXX,


e-mail: xxxxxx@xxxxx.com, vem respeitosamente, perante Vossa Excelência, através de
seu advogado que esta endereçado em xxxxxx, bairro xxxxxxxx, propor com base nos
artigos 81 e 85 do Código de Defesa do Consumidor, propor uma AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER COM DANOS MORAIS, em face a empresa BANCO VENEZA
BRASILEIRA, CNPJ: XXXXXXXXXX/XXX, endereço xxxxxxxxxxxx, bairro xxxxxxxx, pelo
motivos de fato e de direito a seguir:

I- DOS FATOS
O autor, Heinekerson Glacial, titular da conta nº 001, na modalidade fácil agência
Veneza Brasileira de uma instituição bancária. Essa conta é criada através de um
aplicativo da empresa ré e é vinculada a uma agência do mesmo banco. A conta do
autor tem um limite de R$500 (quinhentos reais) para movimentações, o que pode ser
aumentado para R$5.000,00 (cinco mil reais) se o usuário tirar uma “selfie” do
documento através do aplicativo.
Em 17 de outubro de 2022, o autor compareceu a agência para resolver um
problema, que foi o bloqueio das transações de conta, pois havia recebido um depósito
de R$ 6.668,17 o que ultrapassa o limite da conta. Sendo atendido pelo Gerente Faraó
do Egito Sousa o autor foi informado que possuía duas opções, sacar todo o valor em
conta ou fazer um “upgrade” para uma conta paga de serviços bancários.
O autor não quer encerrar a conta, devido que, tem recebimentos programados e
certidões retro protocoladas relacionadas ao convênio da OAB/AP e Defensoria Pública
para o dia 28 de outubro de 2022. Então o autor solicitou a abertura de uma conta de
serviços essenciais de acordo com a Resolução nº 3.919/10 do Banco Central do Brasil
(BACEN), mas o gerente se recusou de maneira agressiva e mal educada "que não seria
possível fazer a abertura dessa conta gratuita, porque o banco teria outra resolução
que o desobrigaria a fazer a abertura da conta” e “que na mesma resolução que você
disse, ela diz que existe um contrato entre as partes e que por isso, o banco poderia se
recusar a abrir uma conta para você” momento presenciado pelos gerentes das mesas
ao lado e seguranças do banco, apesar desses estarem mais afastados.
O autor tentou argumentar, mas a gerente o ignorou, disse a ele que iria procurar
seus direitos, então ele disse que “ele tinha o papel de uma resolução lá, mas perdeu,
então essa resolução (do Bacen, informada pelo Autor) não vale.”. O autor deixou a
agência, sentindo-se envergonhado, e comentou a situação com um funcionário
responsável pela triagem nos caixas eletrônicos na saída.

II- PEDIDO LIMINAR


O Autor requisita a concessão da tutela de urgência, pois há probabilidade do
direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
Dispondo a Lei nº 8.078/90 Código de Defesa do Consumidor:

“Art. 84. Na ação que tenha por objeto o


cumprimento da obrigação de fazer ou não
fazer, o juiz concederá a tutela específica
da obrigação ou determinará providências
que assegurem o resultado prático
equivalente ao do adimplemento.
§ 3º Sendo relevante o fundamento da
demanda e havendo justificado receio de
ineficiência do provimento final, é lícito ao
juiz conceder a tutela liminarmente ou
após justificação prévia, citado o réu.”
O Código de Processo Civil também diz:
"Art. 300. A tutela de urgência será
concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo:
$ 2º A tutela de urgência pode ser
concedida liminarmente ou após
justificação prévia.

O autor já está sofrendo consequências financeiras negativas, pois o bloqueio de


seus ativos impede que ele cumpra compromissos financeiros que já havia planejado,
como o pagamento da fatura de seu cartão de crédito com vencimento iminente, bem
como outras obrigações então ele precisa desse dinheiro para realizar os pagamentos.
É importante notar que esses ativos pertencem legalmente ao escritor, e o Réu
não deve retê-los nem o obrigar a adquirir um produto pago para liberá-los.
Portanto, é evidente que a intervenção judicial é necessária. Há uma forte
probabilidade de que o autor tenha direito a esses ativos, conforme determinado pelo
Banco Central, para manter uma conta de serviços essenciais. Além disso, existe um
perigo iminente de danos, pois, se o réu continuar a manter os ativos bloqueados, o
autor será prejudicado, ficando sujeito ao pagamento de juros em seu cartão de
crédito e incapaz de cumprir outros compromissos financeiros.
III - DO DIREITO

III.I- DA EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO

É indiscutível a caracterização de relação de consumo entre as partes,


apresentando-se o Autor como consumidor, de acordo com o previsto no art. 2º da Lei.
8.078/90 do Código de Defesa do Consumidor e a instituição financeira Ré como
prestadora de serviços, portanto, fornecedora nos termos do art. 3º do aludido
diploma.

Assim descrevem os artigos acima mencionados:

"Lei. 8.078/90 - Art. 2º. Consumidor é toda


pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou
jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem
atividades de produção, montagem,
criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação
de serviços.”
III.II - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
No contexto da presente demanda, há possibilidades claras de inversão do ônus
da prova ante as alegações, conforme o artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor.

"Art. 6º São direitos básicos do


consumidor: VIII — a facilitação da defesa
de seus direitos, inclusive com a inversão
do ônus da prova, a seu favor, no processo
civil, quando a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, seguindo as regras
ordinárias de expectativas.”

Outrossim, é responsabilidade do Réu apresentar evidências que contestem o


que o Autor apresentou, informa ainda, que algumas provas seguem anexas.
Portanto, quaisquer outras evidências que se mostrem essenciais para resolver
essa questão devem ser apresentadas de acordo com as diretrizes mencionadas
anteriormente, uma vez que isso envolve princípios fundamentais do direito do
consumidor.
III.III- DA OBRIGAÇÃO DE FAZER

Apesar de o Autor ter requerido e tentado realizar a abertura de conta de


depósito (serviços essenciais) com o Requerido, como manda o Banco Central do Brasil
em sua Resolução nº 3.919/10 e como dispõe a oferta da conta em seu próprio site,
este não o fez, para obrigar o Requerente a adquirir uma conta de serviços pagos.
Cumpre esclarecer, que o Autor também não deseja encerrar sua conta conforme
induziu a Ré, dado que possui ativos agendados em sua conta para recebimento em
vencimento iminente e por ser obrigatório conta no Banco do Brasil em razão do
convênio OAB/SP e Defensoria Pública, conforme certidões anexas.

Vejamos o que diz o dispositivo supracitado:


"Art. 2º É vedada às instituições
mencionadas no art. 1º a cobrança de

tarifas pela prestação de serviços


bancários essenciais a pessoas naturais,
assim considerados aqueles relativos a:
I - Conta de depósitos à vista:
a) fornecimento de cartão com função
débito;
b) fornecimento de segunda via do
cartão referido na alínea a, exceto nos
casos de pedidos de reposição
formulados pelo correntista decorrentes
de perda, roubo, furto, danificação e
outros motivos não imputáveis à
instituição emitente;
c) realização de até quatro saques, por
mês, em guichê de caixa, inclusive por
meio de cheque ou de cheque avulso,
ou em terminal de autoatendimento;
d) realização de até duas transferências
de recursos entre contas na própria
instituição, por mês, em guichê de caixa,
em terminal de autoatendimento e/ou
pela internet;
e) fornecimento de até dois extratos,
por mês, contendo a movimentação dos
últimos trinta dias por meio de guichê
de caixa e/ou de terminal de
autoatendimento;
f) realização de consultas mediante
utilização da internet;
g) fornecimento do extrato de que trata
o art. 19;
h) compensação de cheques;
i) fornecimento de até dez folhas de
cheques por mês, desde que o
correntista reúna os requisitos

necessários à utilização de cheques, de


acordo com a regulamentação em vigor
e as condições pactuadas; e
j) prestação de qualquer serviço por
meios eletrônicos, no caso de contas
cujos contratos prevejam utilizar
exclusivamente meios eletrônicos;
(...)."

Destarte, se faz necessária a tutela do Estado para que determine o Banco


Requerido a proceder com a abertura de conta depósito na modalidade de serviços
essenciais.

III.IV - DO DANO MORAL


O Réu ao negar-se a abertura de conta para o Autor, ainda lhe ofereceu trata-
mento desprezível, ríspido e com pouca educação.
Dizer que o banco poderia recusar-se a realizar a abertura de conta de serviços
essenciais para o Autor, que é de concessão obrigatória de acordo com a resolução
3919/2010 do Bacen e o fato da gerente simplesmente ignorar o Autor como se ele ali
não estivesse e dizer que o banco não precisaria seguir nenhuma norma, dado que
“eles tinham perdido o papel que estava escrito a resolução."
A conduta do Réu encontra tipificação contrária a determinação legal, inclusive
sendo vedada no Código de Defesa do Consumidor, no qual expõe que o fornecedor
não pode recusar-se a venda ou a prestação de serviços, a quem se disponha a adquiri-
los, conforme segue:

"Art. 39. É vedado ao fornecedor de


produtos ou serviços, dentre outras
práticas abusivas:
IX - Recusar a venda de bens ou a
prestação de serviços, diretamente a
quem se disponha a adquiri-los
mediante pronto pagamento,
ressalvados os casos

de intermediação regulados em leis


especiais;"
Lamentavelmente o Autor da ação sofreu grande desgosto, humilhação, sentiu-se
desamparado e sofreu grande desgaste emocional.
Ainda, a jurisprudência de nosso estado já se manifestou a respeito de cobrança
indevida:
"Ação de repetição de indébito c/c indenização por dano moral.
Cobrança de pacote de serviços efetuada pelo banco. Sentença de
improcedência. Apelo do autor. Banco que não demonstrou a
contratação dos serviços cobrados. Cobrança abusiva nos termos da
Resolução 3919/2010. Vedada a cobrança de serviços essenciais à
manutenção de conta corrente de pessoas físicas. Banco que de
forma abusiva desconta 10 parcelas dos denominados 'pacotes de
serviços' de uma só vez da conta do autor. Conduta abusiva. Re-
petição que dos valores indevidamente cobrados que deve ser feita
em dobro. Art. 42 do Código de Defesa do Consumidor e artigo 940
do Código Civil. (...)."
(TJ-SP- APL: XXXXX20128260562 SP XXXXX-24.2012.8.26.0562,
Relator: Virgilio de Oliveira Junior, Data de Julgamento: 17/02/2014,
21a Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 19/02/2014)
(grifos nossos).
Neste espeque:
"JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. RECURSO INOMINADO. DIREITO DO
CONSUMIDOR. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. TARIFAS BANCÁRIAS.
COBRANÇA ILÍCITA POR SERVIÇOS BANCÁRIOS CONSIDERADOS
ESSENCIAIS. ART. 39, INCISO III DO CDC C/C RESOLUÇÕES N.º
4.196/2013 e 3.919/2010 DO BACEN. NECESSIDADE PACTUAÇÃO EX-
PRESSA PACOTE DE SERVIÇOS EXTRAS PARA LEGITIMAR A COBRANÇA
DE TARIFAS/TAXAS ADICIONAIS. DESCONTO INDEVIDO EM CONTA
CORRENTE. DANO IN RE IPSA. (Recurso Inominado, Processo no
1001244-07.2014.822.0021, Tribunal de Justiça do Estado de
Rondônia, Turma Recursal, Relator (a) do Acórdão: Juíza Euma
Mendonça Tourinho, Data de julgamento: 28/01/2016)"
(TJ-RO- RI: XXXXX20148220021 RO XXXXX-07.2014.822.0021,
Relator: Juíza Euma Mendonça Tourinho, Data de Julgamento:
28/01/2016, Turma Recursal, Data de Publicação: Processo publicado
no Diário Oficial em 02/02/2016.) (grifos nossos).

Além disso, também preconiza o Código Civil, em seu art. 927, que “aquele que,
por ato ilícito (artigos 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo",
especificando exatamente a conduta do Requerido.
Nesse sentido, é merecedor de indenização por danos morais, a professora Maria
Helena Diniz explica que dano moral:
"é a dor, angústia, o desgosto, a aflição espiritual, a humilhação,
o complexo que sofre a vítima de evento danoso, pois estes estados
de espírito constituem o conteúdo, ou melhor, a consequência do
dano”. (...) “o direito não repara qualquer padecimento, dor ou
aflição, mas aqueles que forem decorrentes da privação de um bem
jurídico sobre o qual a vítima teria interesse reconhecido
juridicamente".
(Curso de Direito Civil - Responsabilidade Civil, Ed. Saraiva, 18a ed.,
7ov., c.3.1, p.92).
Assim, é inegável a responsabilidade do fornecedor, pois os danos morais são
também aplicados como forma coercitiva, ou melhor, de modo a reprimir a conduta
praticada pela parte Ré, que de fato prejudicou o Autor da ação.
III.V - DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
Para fixar o valor indenizatório do dano moral, deve o juiz observar as funções
ressarcitórias e putativas da indenização, bem como a repercussão do dano, a
possibilidade econômica do ofensor e o princípio de que o dano não pode servir de
fonte de lucro.
Nesse sentido, esclarece Sérgio Cavalieri Filho que:
“(...) o juiz, ao valor do dano moral, deve arbitrar uma quantia
que, de acordo com seu prudente arbítrio, seja compatível com a
reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do
sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade econômica do
causador do dano, as condições sociais do ofendido, e outras
circunstâncias mais que se fizerem presentes”.
A indenização do dano moral deve ser fixada em termos
razoáveis, não se justificando que a reparação venha a constituir-se
em enriquecimento sem causa, com manifestos abusos e exageros,
devendo o arbitramento operar-se com moderação,
proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico das
partes, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e
pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua
experiência, e do

bom- senso, atendo à realidade da vida e às peculiaridades de cada


caso.
Ademais, deve ela contribuir para desestimular o ofensor
repetir o ato, inibindo sua conduta antijurídica (RSTJ 137/486 e STJ-RT
775/211).
Portanto, estando configurada a prática de ato ilícito por parte do Requerido, o
quantum debeatur à título de dano moral que deverá ser arbitrado por este MM. Juízo
de modo compensar o sofrimento do Requerente, bem como compelir o Requerido a
não mais esquivar-se de suas responsabilidades legais ao praticar conduta ilícita, valor
esse que o Requente sugere ser de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
IV - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se:
a) DEFERIMENTO do pedido liminar nos termos do art. 84 § 3º do Código de
Defesa do Consumidor, para determinar o Réu que libere os ativos do Autor que estão
bloqueados no valor de R$ 6.833,62 (seis mil oitocentos e trinta e três reais e sessenta
e dois centavos) com fixação de multa diária pelo não cumprimento do determinado;
b) Reconhecimento da relação de consumo e inversão do ônus da prova, nos
termos do art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor;
c) Citação da parte Ré para que apresente contestação no prazo legal, sob pena
de revelia;
d) Que seja confirmado o pedido liminar e seja julgado PROCEDENTE o pedido
formulado pelo Autor para determinar que a Requerida realize abertura de conta de
serviços essenciais em nome do Requerente, conforme fundamentação exposta;
e) Que seja julgado PROCEDENTE o pedido de indenização por danos morais
condenando a parte Ré a pagar os danos morais no montante justo de R$ 10.000,00
(dez mil reais);
f) A condenação do Requerido ao pagamento das custas e honorários
advocatícios;
g) A designação da audiência de conciliação, nos termos do Código de Processo
Civil;
h) Pretende provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito.
Nestes termos, dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Termos em que, pede deferimento.


Cidade, data.
NOME DO ADVOGADO
OAB/XX N° XXX

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