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original!
⚠ ️Este modelo de petição é apenas uma base de referência, pois deve ser analisado e aplicado conforme o
caso concreto do cliente. Para usá-lo, sempre se certifique da questão da prescrição, das atuais
jurisprudências, leis e dos riscos que envolvem a própria ação.
Réu: Banco….
I. NOTIFICAÇÕES
II. PRELIMINARMENTE
DA TUTELA DE URGÊNCIA
Os arts. 300 e ss. do Código de Processo Civil dispõem acerca das tutelas de urgência, que
devem ser concedidas quando comprovadamente a parte que a requerer provar ou delinear
nos autos a probabilidade do direito perseguido e o perigo do dano ou risco ao resultado
útil do processo.
Sabe-se que o Réu teme em descumprir acordos e até mesmo decisões judiciais em casos
semelhantes ao da Autora, e que, medida impositiva é a concessão de tutela de urgência
com cominação de multa diária caso não seja cumprida.
Há presente a clara plausibilidade do direito ora perseguido pela parte Autora, com
estrondosa guarida no Código do Consumidor, que a protege dos abusos e descasos de
empresas que continuamente descumprem o mandamento legal, principalmente no que
tange ao amparo contra práticas abusivas na relação de consumo imposta no fornecimento
do serviço ou produto.
Outrossim, é imperioso salientar que a concessão da tutela provisória não acarretará perigo
de irreversibilidade neste átimo processual (art. 300, § 3o, CPC/2015), uma vez que esta
poderá ser perfeitamente alterada com a prolação da sentença de mérito.
Portanto, desde já, requer-se que seja concedida a tutela de urgência, para que seja
efetuada a notificação do Réu e que o mesmo pare de descontar, de forma imediata, o valor
referente ao inexistente empréstimo de cartão de crédito (RMC), sob pena de multa diária
no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), consoante previsão do art. 297 do CPC/2015, caso
ocorra o descumprimento da decisão judicial.
DA JUSTIÇA GRATUITA
Requer a parte Autora, a concessão dos benefícios da justiça gratuita, com fulcro no art. 5o,
XXXIV, alínea ‘a’, da Constituição Federal de 1988, no disposto da Lei 1.060/50, bem como
arts. 98 e seguintes do Código de Processo Civil, em virtude de ser pessoa pobre na acepção
jurídica da palavra e sem condições de arcar com os encargos decorrentes do processo, sem
prejuízo de seu próprio sustento, com declaração de hipossuficiência acostada aos autos.
Sendo assim, nos termos do artigo 71 do referido Estatuto, a pretensão aqui versada gozará
de prioridade no que concerne à tramitação processual.
Salienta também que é uma pessoa simples, idosa e que procurou saber o porquê estava
recebendo menos que seu salário.
Ante tal dúvida, foi realizada consulta perante o INSS, sendo constatado que haviam
descontos além dos reconhecidos pela Autora, em valores que excedem aqueles que tinha
ciência.
Todavia, tais valores cobrados em seu benefício nunca foram contratados pela Autora no
que tange à “Reserva de Margem Consignável”, estipulado no histórico de créditos como,
“EMPRÉSTIMO SOBRE A RMC”, código 217.
Nota-se que a data dessa suposta aquisição é próxima ao empréstimo consignado que fora
realmente celebrado entre as partes, conforme comprovante acostado à exordial, e que o
Réu notadamente se aproveitou da situação.
Neste contexto, vale enfatizar novamente que a parte Autora, nunca, jamais solicitou o
referido Cartão de Crédito, bem como, em momento algum recebeu qualquer cartão de
crédito, sendo certo que o único cartão que a parte Autora possui é o de saque de seu
benefício.
Ademais, o Réu não forneceu a Autora cópia do suposto contrato de empréstimo, posto que
assinou o contrato em branco sem ter a informação das taxas mas somente o
demonstrativo de pagamentos, onde não figuram as taxas de juros contratadas e tampouco
o valor emprestado como também o saldo devedor, o que deixa a Autora sem saber de
forma concreta o que realmente contratou, mesmo após vários requerimentos, sem
contudo lograr êxito, o que causa grandes prejuízos a mesma.
Por muito tempo a questão da aplicabilidade ou não do CDC às instituições financeiras foi
amplamente discutida, sendo que os julgados de nossos tribunais, não raras vezes,
apresentavam julgados discrepantes ante uma mesma situação lançada ao crivo do Poder
Judiciário.
Deve ser observado o disposto no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, que
sufraga o princípio da inversão do ônus da prova. Preconiza o referido artigo que:
(...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências”.
Logo, mostra-se incidente a inversão do ônus da prova, nos termos do que determina o
CDC, quando houver a presença de um dos requisitos indicados no inc. VIII, do seu art. 6º,
quais sejam, a verossimilhança da alegação trazida pelo consumidor ou em razão de sua
hipossuficiência.
Isso porque a Autora está em condição de vulnerabilidade como consumidora, pois que nos
momentos da contratação do empréstimo, não foi assistido por profissional habilitado a
orientá-la adequadamente, isto é, analisando as taxas de juros aplicadas ao financiamento,
bem como a forma de cálculo dos mesmos.
Diante do narrado em tópico supra, restou demonstrado de forma clara que o Réu falhou na
prestação dos seus serviços.
Destaca-se que, a cobrança de serviço não contratado, tal qual demonstrado no caso em
tela, configura como ato ilícito, com fulcro no artigo 33, III, do CDC.
O Banco Réu jamais poderia cobrar por valores não contratados pela Autora, ainda mais
quando ela desconhecia tais valores.
De mais a mais, para que ocorra a contratação de RMC, é necessária a expressa autorização
do aposentado, seja por escrito ou por meio eletrônico, conforme dispõe o artigo 3, III, da
Instrução Normativa do INSS nº 28/2008, alterada posteriormente pela IN do INSS nº
39/2009, vejamos:
III – a autorização seja dada de forma expressa, por escrito ou por meio
eletrônico e em caráter irrevogável e irretratável, não sendo aceita
autorização dada por telefone e nem a gravação de voz reconhecida como
meio de prova de ocorrência.
Mais uma vez, se faz necessário informar que a Autora jamais efetuou o desbloqueio do
“cartão”, muito menos utilizou o cartão de crédito para efetuar saques ou compras em
qualquer estabelecimento comercial.
Por tal razão, o Réu reservou margem de crédito que não lhe é devida, devendo assim ser
declarada a inexistência de qualquer reserva em favor dela, o que se requer que seja
deferida na prolação da sentença.
Ademais, ainda que tivesse ocorrido o esclarecimento cabível perante a Autora, tal
prática é considerada abusiva, nos termos do artigo 39, V, do CDC, vejamos:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras
práticas abusivas:
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
Assim, vê-se que não houve um prévio esclarecimento sobre o negócio jurídico que a parte
Autora celebraria, prova disso é que não consta do instrumento contratual o montante
total do débito, nem quantas parcelas seriam necessárias para sua quitação, bem como
não especifica a taxa de juros, mostrando-se, assim, em total confronto com as normas
norteadoras do Código de Defesa do Consumidor, principalmente em relação aos princípios
da informação e transparência, previstos nos artigos 4o, IV e 6o, III da Lei no 8.078/90.
Fica evidente, portanto, que a parte Autora não teve prévio esclarecimento sobre o negócio
jurídico que estava celebrando, pois se assim fosse, não o firmaria.
Dessa forma, percebe-se claramente que o contrato foi redigido de forma ardilosa, com o
fito de induzir o consumidor a erro, levando-o a acreditar que contraía um empréstimo
consignado comum, quando na verdade estaria contratando um empréstimo via cartão de
crédito com Reserva de Margem Consignável (RMC).
Diante do narrado, requer-se que seja reconhecida a rescisão contratual, já que a Autora
desconhecia de tal contrato e jamais concordaria com tais termos, bem como a restituição
de todos os valores pagos indevidamente.
DA RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO
A Autora tem sofrido descontos referente a empréstimo consignado por RMC do Réu e que
não foram autorizados por si, sendo que o desconto mensal nos dias atuais é de R$ XXXX à
título de “EMPRÉSTIMO SOBRE A RMC”, código “217”.
Como já dito, estão sendo descontados da parte Autora o valor R$ XXXX, conforme se infere
de doc. anexo.
Desta forma, resta claro que inexiste prova sobre a anuência da parte Autora nos descontos
praticados pelo Réu, o que, por consequência, acarreta na ocorrência de falha na prestação
do serviço e consequente má-fé, vez que tentaram lançar descontos de quem nem ao
menos anuiu com qualquer cobrança ou mesmo não detinha qualquer vínculo com a
referida instituição.
Destarte, considerando que não há relação jurídica validamente constituída entre as partes
e que a cobrança realizada pelo Réu demonstra, ao mesmo tempo, a existência da conduta,
da culpa, do nexo de causalidade e do prejuízo, requer, por consequência, o dever de
indenização material dobrado (repetição de indébito) dos descontos efetuados no importe
de R$ XXXX , que deverão ser corrigidos e com juros de mora desde a data dos efetivos
descontos, conforme art. 42, parágrafo único do Código de Defesa ao Consumidor, e art.
398, do Código Civil.
DANOS MORAIS
Inclusive, para diversos Tribunais, tal ato viola sim direitos da personalidade da parte
Autora, passível de compensação pecuniária. Nesse sentido:
Destarte, diante de tais assertivas, é fácil concluir que a Autora sofreu dano moral, o que é
reforçado pela prova produzida nestes autos no sentido de que percebia valores e que teve
seus créditos de proventos limitados de forma indevida.
No caso concreto, a parte Autora teve parte do seu benefício previdenciário descontado
pela instituição financeira. No que tange à condição social e econômica do Banco Réu, trata-
se de instituição financeira de considerável porte econômico, enquanto a parte Autora é
pessoa física, hipossuficiente, que recebe benefício previdenciário, cuja condição demonstra
sua dependência de crédito e vulnerabilidade.
DOS PEDIDOS
Ante ao exposto requer a Vossa Excelência:
f) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, sob pena dos efeitos do
art. 400 do CPC/2015;
g) A condenação da Ré ao pagamento das verbas sucumbenciais, em especial aos
honorários, que deverão ser fixados no montante de 20% sobre o valor da
condenação, consoante art. 85, §2º, CPC/2015;
h) Requer que seja dispensada a audiência de conciliação, com fulcro no artigo 319,
VII do CPC, uma vez que a Ré não teve interesse em efetuar acordo extrajudicial;
Nestes termos,
Pede deferimento.