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MERITÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA 5ª VARA CÍVEL DA CAPITAL.

Autos nº 0000000000

Nome, qualificada nos autos do processo em epígrafe da Ação de Revisão


Contratual que move em desfavor do Banco BV Financeira S/A Crédito,
Financiamento e Investimento, por meio de sua procuradora subscrita, vem,
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência apresentar IMPUGNAÇÃO aos
termos da contestação, pelos fatos e fundamentos adiante consignados:

I – PRELIMINARES

Em preliminar, o réu requer a extinção do processo sem julgamento do mérito,


suspensão do processo.

DA EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO

Não há que se falar em extinção por descumprimento da regra trazida no art.


330 do CPC, uma vez que em sua Inicial o autor atendeu aos requisitos exigidos
no citado artigo.
O autor discriminou na Inicial as obrigações contratuais que pretende
controverter e quantificou o valor incontroverso, apresentando-o em planilha
anexada para tanto.
II – DOS FATOS

A Autora celebrou com o Requerido um contrato de Crédito Bancário para


adquirir um Veículo GM/CORSA SEDAN, Alc/Gasol/Gn, Ano de Fabricação 2011,
Ano de Modelo 2012, Placa 000-0000, Cor BRANCA, em 48 parcelas de R$ 538,81
(quinhentos e trinta e oito reais e oitenta e um centavos), cada parcela, cujo
valor total do financiamento após esse período de 48 meses é de R$ 25.862,88
(vinte e cinco mil oitocentos e sessenta e dois reais e oitenta e oito centavos),
sendo o vencimento da primeira parcela em 28/05/2016 e da última em
28/04/2020. Ressalta-se que o valor financiado foi de R$ 13.500,00 (treze mil e
quinhentos reais).

III – DO DIREITO

DA REVISÃO CONTRATUAL E VEDAÇÃ DE CLÁUSULAS

Urge salientar que é praxe das financeiras cobrarem IOF, seguro do bem, outros
tipos de seguros, taxas como a de abertura de crédito (TAC) e a de emissão de
boleto, taxas essas consideradas ilegais pelo Banco Central, juros compostos,
juros de mora acima de 1%, dentre outras práticas abusivas.
O réu cobrou R$ 599,00 referente a taxa de cadastro (cláusula 5.4), R$ 395,00
referente a taxa de avaliação do bem (cláusula 5.4), R$ 519,59 referente ao IOF
(cláusula 5.4), R$ 719,00 Garantia Mecânica, bem como praticou venda casada
cobrando o seguro, no valor de 700,00 (cláusula 5.5).
A jurisprudência pátria é clara no sentido da ilegalidade dessas cobranças,
vejamos:
CIVIL E PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. REVISÃO DE
CONTRATO. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL.
CONHECIMENTO PARCIAL. TARIFA DE CADASTRO.PREVISÃO.
LEGALIDADE. TARIFA DE AVALIAÇÃO DE BENS. AUSÊNCIA DE
INTERESSE DO CONSUMIDOR. TARIFAS DE INSERÇÃO DE
GRAVAME, DE SERVIÇOS DE TERCEIROS, DE REGISTRO DE
CONTRATO. ILEGALIDADE. SEGURO DE OPERAÇÃO FINANCEIRA.
CONTRATO DE ADESÃO. ILEGALIDADE. DEVOLUÇÃO. FORMA
SIMPLES. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. 3.O excesso
na cobrança de encargos desproporcionais pode ensejar a
modificação da respectiva cláusula, consoante o CDC, art. 6º, V.
Entretanto, deve ser provada por meio idôneo que faça
referência nas operações de crédito da mesma espécie e período
por outras instituições financeiras. Não cabe, porém, a
modificação ex officio da cláusula ilegal nem a reforma in pejus.
4. Muito embora haja previsão para a cobrança de tarifas de
avaliação de bens dados em garantia, na legislação vigente,
tem-se que tal encargo é cobrado com o escopo de cobrir as
despesas oriundas de terceiros e não a remunerar nenhum
serviço atinente à atividade prestada ao consumidor. Assim, é
cláusula nula de pleno direito. 5. É abusiva e, portanto, nula, a
cláusula contratual que prevê a cobrança das tarifas gravame
eletrônico, de ressarcimento de serviços de terceiros e de
registro de contrato por se tratarem de despesas operacionais
inerente à atividade desenvolvida pela instituição financeira
(CDC, arts. 6º e 51). 6. Recurso conhecido, em parte, e
parcialmente provido. (Acórdão n.861015, 20130110412242APC,
Relator: CARLOS RODRIGUES, Revisor: ANGELO PASSARELI, 5ª
TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 25/03/2015, publicado no
DJE: 23/04/2015. Pág.: 595)

As tarifações acima mencionadas são vedadas pelo Código de Defesa do


Consumidor, não apresentam qualquer serviço prestado ao consumidor, pois
trata-se de ressarcimento dos custos da própria instituição financeira, como
também não são transparentes quanto às suas finalidades, não podendo
prevalecer uma resolução sobre a referida legislação federal, qual seja, o CDC.
De natureza igual, há cobrança do IOF diluída nas parcelas mensais pagas pelo
autor, no valor R$ 519,59 (quinhentos e dezenove reais e cinquenta e nove
centavos), incluindo ai o IOF Adicional, deve ser considerada uma obrigação
altamente desvantajosa ao consumidor, aumentando significativamente o valor
do Imposto para o comprador, aplicando juros sobre juros, o que deveria ser
cobrado em parcela única no momento do financiamento.
É importante frisar que a TAC pode virar, por exemplo, Taxa de Confecção de
Cadastro (TCC) ou Repasse de Encargos de Operação de Crédito (Reoc), bem
como receber outras denominações. Ainda assim, a cobrança continua sendo
ilegal.
Por consequência de todos esses fatos o autor tem o direito de pedir revisão das
cláusulas em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente
onerosas ou a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais, pois, são direitos básicos do consumidor, como determina o
artigo 6º, V, do Código de Defesa do Consumidor, bem como o direito de pedir
anulação das cláusulas, nos termos do artigo 51 do dispositivo legal citado.
A legislação consumerista é clara nesse sentido:
Art.6 - São direitos básicos do consumidor:
[...]
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva,
métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra
práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de
produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
Art.39 - É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre
outras práticas abusivas:
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou
contratualmente estabelecido.
Art.51 São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas
contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV - Estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa - fé ou a eqüidade;

Os dois grandes princípios embaçadores do CDC são os do


equilíbrio entre as partes (não-igualdade) e o da boa-fé. Para a
manutenção do equilíbrio temos dispositivos que vedam a
existência de cláusulas abusivas, por exemplo o art. 51, IV, que
veda a criação de obrigações que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada.

CONTRATO ADIMPLENTE

Não há que se falar em inadimplência ou mora, já que a autora está efetuando os


depósitos dos valores no tempo e modo contratados em conta judicial aberta
para tal fim.
Sabe-se que a simples propositura da ação revisional não elide a mora, porém a
propositura da ação e o depósito dos valores incontroversos em juízo tem
como efeito a não caracterização da mora, se assim não fosse, não teria lógica
a imposição legal quanto aos depósitos do valor incontroverso.

DA ILEGALIDADE DA CAPITALIZAÇÃO DE JUROS

A figura do anatocismo, capitalização de juros, é absolutamente rechaçada pela


lei, e pela jurisprudência da nossa Corte Maior. A súmula 121 do Supremo
Tribunal Federal (STF), assim prescreve: “É vedada a capitalização de juros, ainda
que expressamente convencionada”. (grifo nosso)
Ademais, o art. 4º da Lei nº 22.626/1933, Lei da Usura, assim enuncia: “É
proibido contar juros dos juros: esta proibição não compreende a acumulação de
juros vencidos aos saldos líquidos em conta corrente de ano a ano”. (grifo nosso)
Esta repulsa se encontra com abundancia nos entendimentos jurisprudenciais:

"É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente


convencionada (súmula 121); dessa proibição não estão
excluídas as instituições financeiras, dado que a súmula 596 não
guarda relação com anatocismo. A capitalização semestral de
juros, ao invés da anual, só é permitida nas operações regidas
por leis especiais, que nela especialmente constem." Ementa.
Recurso Extraordinário 90341/1. (grifo nosso)

"A capitalização de juros (juros de juros) é vedada pelo nosso


direito, mesmo quando expressamente convencionada, não
tendo sido revogada a regra do Art.4º do Decreto 22.626/33,
pela Lei 4.595/64. O anatocismo repudiado pelo verbete nº 121
da súmula do Supremo Tribunal Federal não guarda relação com
o enunciado nº 50 e TRF/164." Recurso Especial nº 1285 - GO,
Rel. Ministro Sálvio de Figueiredo. (grifo nosso)

Tendo incorrido em anatocismo, a requerida ofende aos ditames da Lei da Usura,


no seu quarto artigo, e à Súmula 121 do Supremo Tribunal Federal. Mais que
isso, agride ao esforço conjunto de toda a sociedade em recuperar decênios
perdidos em inflação, desvalorização monetária e estagnação econômica.
Mesmo tratando-se de contrato celebrado após 31/03/2000, data da entrada em
vigor do art. 5º da MP nº 2.170-36/2001, a qual continha expressa previsão
contratual, se afigura ilegal a capitalização de juros, uma vez que o mencionado
artigo não possui eficácia, sendo suspensa pela Liminar concedida em Adin
(2.316-1), ainda em curso na Suprema Corte, concedida pelo Min. Rel. Sydney
Sanches, em vigor está a súmula 121 do STF que veta a capitalização de juros
mesmo que convencionada.
A inconstitucionalidade da perda de eficácia da MP 2170-36 se deu em
obediência ao disposto no art. 62 da Emenda Constitucional 32/2001:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da


República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei,
devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
III – reservada a lei complementar;
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e
12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas
em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do §
7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional
disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas
decorrentes.

A não conversão da referida Medida Provisória em Lei Complementar no prazo


estipulado, fez com a mesma perdesse sua eficácia, se tornando inconstitucional.
Tratando-se de contrato celebrado após 31/03/2000, data da entrada em vigor
do art. 5º da citada MP, é de se reconhecer a ilegalidade da capitalização de
juros, em razão de reconhecida inconstitucionalidade, mesmo que pactuada,
pois carece de autorização legal.
Portanto, não há que falar-se em improcedência da ação, pelos motivos acima
expostos.

DA LIMITAÇÃO DOS JUROS REMUNERATÓRIOS

Observe-se, que segundo a própria tabela da taxa de juros pré-fixados na data de


27/04/2016, data em que se celebrou o contrato de financiamento do veículo,
conforme o site do banco Central (Bacen), a taxa pré-fixada seria de 2,12%.
Não restam dúvidas, que o réu cobrou da autora, ao longo de todo trato
contratual, taxa remuneratória bem acima da média de mercado. Isso pode ser
facilmente constatado com uma simples análise junto ao site do Banco Central
(Bacen). A autora em sua Inicial trouxe elementos que comprovam.
Nossa jurisprudência é unânime, ao entender que a taxa de juros utilizada pela
instituição financeira, deve ser a taxa média de mercado, instituída pelo Bacen.

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA E


APREENSÃO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. JUROS
REMUNERATÓRIOS LIMITADOS À TAXA MÉDIA DE MERCADO.
1. – Mantém-se a limitação dos juros remuneratórios à taxa
média de mercado quando comprovada, no caso concreto, a
significativa discrepância entre a taxa pactuada e a taxa de
mercado para operações da espécie. 2. – agravo regimental
improvido. (STJ – AgRgREsp 1.423.475; Proc. 2013/0401171-1;
SC; Terceira Turma; Rel. Min. Sidnei Beneti; DJE 13/03/2014)

AGRAVO REGIMENTAL EM APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL


C/C CONSIGNATÓRIA. POSSIBILIDADE DE REVISÃO. JUROS
REMUNERATÓRIOS. TAXA MÉDIA DE MERCADO. NEGATIVA DE
SEGUIMENTO. AUSÊNCIA DE FATO NOVO. 1. Tendo em vista a
natureza bancária do contrato realizado entre as partes, são
plenamente cabíveis as regras do Código de Defesa do
Consumidor, conforme evidenciado por seu art. 3º, § 2º, e inciso
V, do art. 6º, bem como pela Súmula nº 297 do STJ; 2. É pacífico
o entendimento do Superior Tribunal de justiça no sentido de que
os juros remuneratórios devem ser fixados na taxa média do
mercado, inclusive nos contratos de cartão de crédito, quando
não for possível aferir a taxa acordada, pela falta de pactuação
expressa; 3. Ao interpor agravo regimental devem as partes
agravantes sustentarem as razões de sua insurgência em
elementos novos que justifiquem o pedido de reconsideração, e
não reiterar os fundamentos formulados na petição do recurso
originário, os quais já foram devidamente apreciados. Agravo
regimental conhecido e desprovido. Decisão mantida. (TJGO – AC
0420538-11.2007.8.09.0051; Goiânia; Quinta Câmara Cível; Rel.
Des. Itamar de Lima; DJGO 13/03/2014)

Nesse sentido, súmula 530 do STJ:


Nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa de juros
efetivamente contratada – por ausência de pactuação ou pela falta de juntada
do instrumento aos autos -, aplica-se a taxa média de mercado, divulgada pelo
Bacen, praticada nas operações da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for
mais vantajosa para o devedor.

Por mais que os contratos bancários não se limitem a taxa de 12% a.a, isto não
significa que as instituições financeiras utilizem taxas sem o mínimo de
razoabilidade, e no caso em tela foi demonstrado que a taxa utilizada fugiu da
média do mercado.
Não sendo esse o entendimento, aguarda-se sejam apurados tais valores em
sede pericial.

DA REVISÃO CONTRATUAL

Urge salientar que é praxe das financeiras cobrarem IOF, seguro do bem, outros
tipos seguros, taxas como a de abertura de crédito (TAC) e a de emissão de
boleto, taxas essas consideradas ilegais pelo Banco Central, juros compostos,
juros de mora acima de 1%, dentre outras práticas abusivas.
É importante frisar que a TAC pode virar, por exemplo, Taxa de Confecção de
Cadastro (TCC) ou Repasse de Encargos de Operação de Crédito (Reoc), bem
como receber outras denominações. Ainda assim, a cobrança continua sendo
ilegal.
Por consequência de todos esses fatos o autor tem o direito de pedir revisão das
cláusulas em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente
onerosas ou a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais, pois, são direitos básicos do consumidor, como determina o
artigo 6º, V, do Código de Defesa do Consumidor, bem como o direito de pedir
anulação das cláusulas, nos termos do artigo 51 do dispositivo legal citado.

DA RELAÇÃO DE CONSUMO

É sabido que a prestação de serviços bancários se encontra regida pelas normas


de proteção ao consumidor. Isso porque é plenamente cabível o
enquadramento das instituições financeiras, prestadora de serviços, na
conceituação de fornecedor, conforme preconiza no art. 3º, caput, da Lei nº
8.078/90. De igual sorte, perfeitamente compreendida a situação do aderente na
definição de consumidor, disposta no art. 2º do mesmo ordenamento:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final.
[...]
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional
ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços

Inequívoco que as atividades bancárias, financeiras e de crédito restam inseridas


na enunciação de produtos e serviços, por força de preceito legal expresso nesse
sentido, conforme dispõe o §2º do art. 3º do CDC, in verbis:
“Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”
A submissão das atividades bancárias às normas protetivas consumeristas é
entendimento consolidado já sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ),
vejamos:
Súmula 297: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições
financeiras”.
Não é outro o entendimento jurisprudencial, vejamos:
Ação revisional de contrato de financiamento c/c pedido de tutela antecipada.
Alienação fiduciária. Contrato de financiamento pelo bdns FINAME. Taxa fixa.
Decisão agravada que concedeu a prorrogação do pagamento. Pessoa jurídica.
Aplicação do CDC. Possibilidade. Teoria maximalista do conceito de consumidor.
Autor que é destinatário fático dos serviços. Abstenção de inscrição da
requerente em cadastro de inadimplentes. Retidão da decisão. Multa
cominatória. Minoração. Prorrogação do pagamento. Afastamento. Ausência dos
requisitos do art. 273 do CPC. Ausência de prova inequívoca da verossimilhança.
Recurso parcialmente provido. (TJPR; Ag Instr 1402677-8; Barracão; Terceira
Câmara Cível; Rel. Des. Cláudio de Andrade; Julg. 27/10/2015; DJPR
03/11/2015) (grifos nossos)

Indiscutível, portanto, a aplicação do CDC no presente caso.

DO MÉTODO DE CÁLCULO

O cálculo trazido pela autora está de acordo com a lei, sendo o valor estipulado
na tabela o valor entendido como devido pela autora.
Sabe-se que a capitalização de juros no presente contrato é ilegal, o método de
cálculo utilizado pelo banco através da tabela price, é o método de cálculo que
utiliza os juros compostos, ao invés dos juros simples.
O cálculo anexado pela autora traz de forma clara a inequívoca o valor devido
através do método de cálculo legal, aplicando-se os juros simples.
A tabela price é a capitalização dos juros compostos, o que já foi demonstrado na
Inicial tratar-se de um método ilegal.

DAS LIMINARES

A autora reforça o pedido constante na Inicial para o depósito do valor


incontroverso como determina o comando legal do Código de Processo Civil.
Quanto a não inscrição no cadastro de inadimplentes, conforme o réu trouxe
em sua inicial, o autor preenche todos os requisitos ali expostos, pois há uma
ação proposta contestando parte do débito, a ação foi movida pela autora de
boa-fé, tendo aparência de bom direito, e a autora está efetuando os depósitos
dos valores tidos como incontroversos (conforme juntada de guias em anexo).
Quanto ao depósito dos valores tidos como incontroversos, a autora vem
depositando esse valor no tempo e modo contratado, conforme dispõe o art.
330 do CPC, não havendo que se falar em descumprimento do comando legal.
Quanto a manutenção da autora na posse do bem, estando o autor cumprindo
as exigências do diploma processual civil quanto aos requisitos para o ingresso
da ação revisional de financiamento, não há razões lógicas para que o mesmo
não permaneça na posse do bem, pois se assim for, causaria um verdadeiro dano
irreparável.
Ora, a autora propôs a ação, demonstra sua boa-fé efetuando o pagamento do
valor incontroverso no tempo e modo contratado, não há motivo para não se
manter na posse do veículo.
A autora cumpre todos os requisitos do entendimento firmado no Resp. nº
163.884/RS.

IV – DOS PEDIDOS
Diante do exposto requer a Vossa Excelência a total procedência da presente
ação para condenar a Requerida nos termos do pedido da exordial, ratificando-
os.

Nestes termos,
pede deferimento.

Cidade, data.

Advogado
OAB/PR 00.000

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