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Questões
1. Entendo que a expressão “extinção do crédito tributário” não seria correta para qualificar o
fim da relação jurídica entre o fisco e o contribuinte. Isso porque o crédito tributário é apenas
um dos aspectos da relação jurídica obrigacional, existindo outros elementos que integram a
referida relação e também devem ser considerados. Dessa forma, o vínculo obrigacional será
extinto não somente com a ausência do crédito tributário, mas também se verificada a
ausência de um dos demais elementos que integram a relação jurídica.
De igual forma, entendo também não ser correta a separação das causas de extinção descritas
no art. 156 do CTN em modalidades de fato e de direito, sendo a prescrição e a decadência
modalidades de direito e as demais, de fato. Isso porque as onze modalidades elencadas
tratam-se de hipóteses restritas elencadas pelo direito, não havendo como distingui-las em
causas de direito e de fato, sendo, portanto, modalidades jurídicas específicas reguladas pelo
direito.
2. A pessoa que possui legitimidade para pleitear a repetição do indébito tributário é o sujeito
passivo da obrigação, qual seja, o contribuinte que pagou tributo a maior, ou o pagamento foi
realizado com base em relação jurídica tributária inexistente. Em casos de substituição
tributária, ou seja, quando o contribuinte do tributo não é o contribuinte de fato (que arcou
efetivamente com o encargo, suportando o dano), conforme entendimento jurisprudencial
firmado pelo STJ, e ainda, disposto no art. 166 do CTN, o contribuinte de direito (que suportou
apenas o ilícito) terá legitimidade ativa para propor a ação de repetição de indébito quando
comprovar ter pago o tributo ou quando autorizado expressamente pelo contribuinte de fato a
receber a repetição do indébito.
4.
5. O art. 170-A do CTN estabelece que, tendo o contribuinte ingressado em juízo, deverá
aguardar o trânsito em julgado para a certeza quanto à ocorrência de indébito a possibilitar a
compensação. Contudo, considerando-se o art. 489, §1°, inciso VI, bem como os arts. 926 e
seguintes do CPC, temos a possibilidade de o art. 170-A não mais impedir a imediata
compensação de valores indevidamente pagos, desde que a matéria discutida esteja pacificada
no âmbito do STJ e do STF, a exemplo de o crédito tributário já ter sido objeto de recurso
repetitivo e seu julgamento, decidido de forma favorável ao contribuinte, não sendo razoável
aguardar o trânsito em julgado de situação jurídica já reconhecida, para só então haver a
efetivação da compensação do crédito tributário.
7.
O art. 928 do CPC, que prevê a sistemática dos julgamentos de recursos repetitivos, criada para
trazer mais celeridade processual, garantir a segurança jurídica nas decisões e, de certo
modo,funcionar como “filtro para barrar” demandas repetitivas de casos análogos que
ocupavam parcela considerável da pauta de julgamento dos tribunais. Diante deste senário,
foi criado pelo legislador essa sistemática que elege um ou mais recursos como
representativos da controvérsia para julgando-os, resolver o mérito da questão, não apenas
para estes, mas para todos os demais recursos que versam sobre o mesmo assunto. Feito esse
panorama, entendo por “direito subjetivo” aquele em que o titular de um direito, imbuído pela
faculdade de outro direito, o potestativo, deduz pretensão que entende ser passível de
apreciação pelo poder judiciário, ainda que ela posteriormente não venha ser reconhecida.
Contextualizando, entendo que o contribuinte tem sim o direito de ajuizar a ação de
repetição/compensação do indébito cujo fundamento seja objeto do recurso repetitivo, no
entanto, não significa que a medida será eficiente/procedente. Como ressaltado, o direito
subjetivo para pleitear a tutela jurisdicional sempre será possível, mas nem sempre será
favorável.