Você está na página 1de 9

1

FACULDADE DE TECNOLOGIA INSPIRAR


CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO HOSPITALAR

DAYANE MARA KRÜGER DE SOUZA

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

TRABALHO ACADÊMICO

CURITIBA
2016
2

DAYANE MARA KRÜGER DE SOUZA

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

Trabalho de pesquisa apresentado ao Curso


de Graduação em Tecnologia em Gestão
Hospitalar da Faculdade de Tecnologia
Inspirar, como requisito parcial do segundo
bimestre à disciplina de Direito do
Consumidor.

Orientador: Profº Adilson Ivan Caropreso


Pinheiro

CURITIBA
2016
3

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................04
2 HISTÓRIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA...................................................................................................................05
3 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.....................................06
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................08
REFRÊNCIAS............................................................................................................09
4

1 INTRODUÇÃO

A Personalidade jurídica é a aptidão de adquirir direitos e contrair deveres,


jamais pode haver o intuito de gerar danos a terceiros conforme código civil artigo nº
50 e Código de defesa do consumidor artigo nº 28.
Conforme artigo do Código Civil, quando existe abuso da personalidade
jurídica, confusão patrimonial e desvio de finalidade, o juiz pode solicitar a
desconsideração da personalidade jurídica.
Conforme artigo Código de Defesa do Consumidor, a desconsideração da
personalidade jurídica pode ocorrer quando houver abuso de direito, excesso de
poder, infração da lei, fato ou ato ilícito, falência, violação do estatuo ou contrato
social, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica por má
administração, o que se caracteriza como teoria menor.
5

2 HISTÓRIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

As pessoas jurídicas são criadas com fins sociais lícitos. O que ocorre é que
ao decorrer dos anos suas atividades nem sempre foram realizadas de forma
correta, com isso não poderia deixar de ser diferente, tais condutas causariam
problemas na ordem social. (LUDIVIG, 2010).
As sociedades jurídicas não podem praticar todos os atos jurídicos que uma
pessoa natural. Sendo assim, pode-se reconhecer que a personalidade jurídica não
constitui em direito absoluto. (GIANCOLI, 2012).
O direito inglês é reportado como o precursor da teoria da desconsideração
com o famoso caso Salomon v. Salomon & Com em 1897 onde Aaron Salomon criou
uma sociedade com membros de sua própria família, destinando ações as seus
familiares e a si mesmo, antevendo a falência da empresa ele emitiu títulos
privilegiados, que devem ser pagos antes de outros em caso de falência que ele
mesmo adquiriu. Quando houve a insolvência da sociedade, Salomon teve
vantagem dos demais credores devido a esses títulos adquiridos, assim liquidando o
patrimônio da empresa e ficando livre das dívidas. (LUDIVIG, 2010).
Este ato fraudulento sobre a própria personalidade jurídica, justificando
assim a desconsideração de sua personalidade. Entretanto, a Câmara de Londres
que era o último grau de jurisdição do país, acatou a defesa de Salomon mesmo ele
tendo agido de má-fé sobre os demais credores, alegou que a empresa era
validamente constituída e não se identificava com as responsabilidades civis da
sociedade com a dele, sendo assim, não poderia responder pelas dívidas sociais,
fazendo prevalecer o princípio da responsabilidade patrimonial. O assunto evoluiu
apenas a partir da década de 50. (LUDIVIG, 2010).
Em um estudo realizado por Rolf Serick alertava com cuidado que a teoria
só poderia ser utilizada como exceção, para casos que realmente fossem
comprovados os atos fraudulentos ou com abuso de direito, ressaltando que era de
extrema importância saber o elemento intenção para a aplicação da teoria.
(LUDIVIG, 2010).
No Brasil, Rubens Requião foi o pioneiro nesse assunto, sendo o primeiro
jurista brasileiro a tratar do assunto, já que no Código Civil de 1916, elaborado no
final do século XIX, não tratou do assunto. (LUDIVIG, 2010).
Em 1990, com a criação do código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90),
6

nasceu o primeiro dispositivo legal para tratar a respeito da matéria, no seu art. 28
(LUDVIG, 2010):
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade
quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de
poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou
contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver
falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa
jurídica provocados por má administração.
§ 1° (Vetado).
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades
controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações
decorrentes deste código.
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas
obrigações decorrentes deste código.
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores.
(CDC, LEI 8.078/90)

Com o código de defesa do consumidor, e suas alterações da teoria da


desconsideração da personalidade jurídica por juristas brasileiros, o novo código
civil, 2002, colocando-se ao lado das legislações modernas, consagrou, em norma
expressa (LUDIVIG, 2010):
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo.
desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir
no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou
sócios da pessoa jurídica.
(CC, LEI 10.406/02)

3 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.

É considerado como o principal motivo da desconsideração da personalidade


jurídica o mau uso da entidade, porém para tal ato é necessário que prove a fraude
realizada, caso contrário a credora suportará o dano. Caso a autonomia patrimonial
não tenha sido utilizada indevidamente, não há motivos para sua desconsideração.
(GIANCOLI, 2012)
São objetivos para a aplicação da teoria da desconsideração da
personalidade jurídica os desvios de finalidades da entidade jurídica ou sempre que
ocorrer a confusão patrimonial entre bens do sócio com os bens da entidade.
(LUDIVIG, 2010).
A desconsideração da personalidade jurídica será eventual, caso seja
provado à fraude, para que haja a reparação dos danos causados ao consumidor,
essa medida é temporariamente não devendo ser confundida com a sua extinção ou
7

dissolução da sociedade. (GIANCOLI, 2012).


A jurisprudência do STJ (Superior Tribunal de Justiça) entende claramente
que a personalidade jurídica de uma empresa não pode ser confundida com a
pessoa jurídica de seus sócios, desde que não haja abuso por sua parte. (LUDIVG,
2010).
As responsabilidades dos sócios passivos da sociedade são limitadas ao
montante investido no capital social. (Moreira, 2011).
O objetivo da desconsideração da personalidade jurídica é afastar a divisão
existente entre os bens da sociedade e os bens pessoais dos sócios e considerá-las
como universalidade de bens que deve assumir pelas obrigações contraídas pelos
sócios em nome da sociedade com objetivo de cometer a fraude. Os sócios tem
responsabilidade ilimitada pelos atos, sendo assim respondem diretamente com
seus bens pessoais. (MOREIRA, 2011).
Conforme artigo nº 28 no Código de Defesa do Consumidor, o juiz pode
realizar a desconsideração à personalidade jurídica quando a pessoa jurídica for
utilizada como obstáculo para ressarcimento de danos ao consumidor, pode por
determinação da lei rejeitar a pessoa jurídica e responsabilizar os sócios diretamente
pelo dano, ou seja, os sócios ficam comprometidos com a obrigação. (FILHO, 2012).
Decretada a desconsideração da personalidade jurídica pelo magistrado ou
ofício, será responsabilizado civilmente o seu proprietário, sócio-gerente,
administrador, sócio majoritário, acionista, controlador, entre outros, alcançando seus
bens patrimoniais. (GIANCOLI, 2012).
A Norma do Art. 28 do CDC é voltada principalmente ao juiz. O código tem
caráter protetivo, sendo assim o juiz tem o poder de atingir as pessoas físicas que
fazem parte da empresa diretamente. (FILHO, 2012).
8

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que as pessoas jurídicas são criadas com fins sociais lícitos,
não praticando os atos jurídicos designados a pessoas naturais e não constituem o
direito absoluto. A desconsideração da personalidade jurídica ocorre devido a pratica
de fraudes ou abusos de direito sobre terceiros.
Não deve haver a confusão de pessoa jurídica de uma empresa com a
pessoa jurídica de seus sócios, por isso é solicitada a desconsideração da
personalidade jurídica. Os sócios podem e devem ser responsabilizados pelos atos
fraudulentos e abusivos sobre terceiros.
9

REFÊRENCIAS

1 LUDVIG, Gabriel. Desconsideração da Personalidade Jurídica e o


Redirecionamento da Execução na Pessoa Dos Sócios. 2010. Monografia
(Ciências Jurídicas e Sociais) Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul – PUCRS. Universidade do Rio Grande do Sul, 2010. Disponível em:
<http://www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/direito/graduacao/tcc/tcc2/trabalhos2010_2/
gabriel_ludvig.pdf> Acesso em: 07 de Novembro de 2016,11:38.

2 GIANCOLI,Bruno. Difusos e Coletivos: Direito do Consumidor, 3ºed. Ver.,


Atual. E Ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, p.121-122,2012.

3 MOREIRA,DANIEL. Desconsideração da Personalidade Jurídica: Blindagem


Patrimonial dos Sócios. 2011. Disponível em:
<http://www.portaltributario.com.br/artigos/desconsideracao-personalidade-
juridica.htm> Acessado em 07 de Novembro de 2016.

4 FILHO, Miguel Lucena. O CDC e a desconsideração da personalidade jurídica.


Paraná,2012. Disponível em: < http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-cdc-e-
desconsidera%C3%A7%C3%A3o-da-personalidade-jur%C3%ADdica-0> Acessado
em 07 de Novembro de 2016.

5 CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, Lei nº 8.078, de 11Setembro de 1990


Legislação Complementar, Legislação relacionada e índice remissivo. São
Paulo: Editora Atlas S.A., 21ª ed., p.16,2010.

6 CÓDIGO CIVIL, Lei nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002. Brasília, 181o da


Independência e 114o da República, 2002. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm> Acesso em:
22 de Novembro de 2016,20: 40.

Você também pode gostar