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FACULDADE DE DIREITO
Porto Alegre
2013
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FACULDADE DE DIREITO
Porto Alegre
2013
3
RESUMO
ABSTRACT
The work aims to analyze the peculiarities, specifications and requirements for
application of the theory of piercing the corporate veil in consumer relations, over
more article 28 § 5° from Consumer Protection code. Still, analyzes how the
Supreme Court has decided cases in which the veil is lifted requires the corporation
to redress for consumers.
SUMARIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................7
4.1.2 Comentários.....................................................................................................42
CONCLUSÃO............................................................................................................47
REFERENCIAS.........................................................................................................49
7
Introdução
1
Art. 20. As pessoas jurídicas tem existência distinta da dos seus membros.
2
Art. 596. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dividas da sociedade senão nos
casos previstos em lei.
3
COELHO, Fábio. Curso de Direito Comercial. Direito da Empresa. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 7
4
Ibidem, p.16.
5
Ibidem, p. 16
8
Porém, essa verdade não é mais absoluta tendo em vista que a autonomia
patrimonial atribuída à pessoa jurídica acarretou alguns desvios de finalidade, e
começou a surgir fraudes e abusos de direito na utilização da pessoa jurídica,
evidenciados pela gestão fraudulenta e pela confusão patrimonial (entre o patrimônio
dos sócios e sua empresa).
6
MARQUES, Claudia Lima. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. Claudia Lima
Marques, Antonio Hermann Benjamin, Bruno Miragem. 2 ed. Ver. Atual. e ampl.- São Paulo:Editora
Revista dos Tribunais, 2006. Pag. 440
7
Alguns doutrinadores afirmam que a teoria da desconsideração da personalidade juridica teve sua
origem nos países em que prevalece o sistema commom law.
9
8
FERNANDES, Paola Cristina Rios Pereira Fernandes. Desconsideração da Personalidade
Jurídica. Revista Visão Jurídica. Edição n. 78. São Paulo. Editora Escala.2012.p.28.
9
LINS, Daniela Storry Lins. Aspectos Polêmicos Atuais da Desconsideração da Personalidade
Juridica no Código de Defesa do Consumidor e na Lei Antitruste. Editora Lumen Juris. 2002.pag.
31-32
10
Na grande maioria dos casos, tais entes são constituídos pela união de
alguns indivíduos, mas o que parece inegável é que a personalidade destes
não se confunde com a daqueles, constituindo, cada qual, um ser diferente.
Assim, o acionista de uma organização bancária não se confunde com esta;
o sócio de um clube esportivo tem personalidade diferente da associação; o
cotista de uma sociedade limitada é um ser distinto da referida sociedade.
A esses seres, que se distinguem das pessoas que os compõe, que atuam
na vida jurídica ao lado dos indivíduos humanos e aos quaisa lei atribui
personalidade, ou seja, a prerrogativa de serem titulares do direito, dá-se o
nome de pessoas jurídicas, ou pessoas morais.
10
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. Volume 1. São Paulo:Saraiva, 2002. P. 86.
12
alugando, etc, sem qualquer ligação com a vontade individual das pessoas
11
naturais que dela fazem parte.
Ainda,
Com o registro do contrato social (CC, art. 985) surge a personalidade
jurídica e a sociedade passa a ser pessoa jurídica, suscetível de direitos e
obrigações, tendo capacidade inclusive, contratual, legitimidade processual
ativa e passiva e responsabilidade civil. Poderá ser ainda sujeito passivo de
imputação penal, na hipótese de delito contra sua imagem-atributo,
causando abalo creditório, atingindo sua boa fama, e sujeito ativo de crime
ambiental (Lei n. 9.605/98, art. 3º). A sociedade, com o registro de seu
contrato social, terá, portanto, individualidade diversa da pessoa que dela
participam, patrimônio próprio, órgãos deliberativos e executivos. A
sociedade, como sujeito de direito terá não só a titularidade jurídica,
podendo contratar, fazer valer uma pretensão, mediante uma ação, por
meio de administrador com poderes especiais, mas também será sujeito de
12
um dever jurídico, assumindo obrigações .
Para Ricardo Negrão13 “a pessoa jurídica é tudo o que, para além da pessoa
singular, é reconhecido pelo Estado, como um sujeito de direito.
11
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Volume 8: direito da empresa. 2 edição.
São Paulo: Saraiva, 2009. p.538.
12
DINIZ, Op. cit. p. 138
13
NEGRAO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa. São Paulo: Saraiva, 2005, p.230.
14
LINS, Daniela Storry. Aspectos polêmicos atuais da desconstituição da personalidade jurídica
no código de defesa do consumidor e na lei antitruste. Lumen Juris.2002. p.8.
15
DINIZ, op cit. pg. 150-152.
16
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Direito da Empresa. São Paulo: Saraiva,
2007, p.. 16.
13
2.2.1 CONCEITO
18
MARQUES, Claudia Lima. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. Claudia Lima
Marques, Antono Herman V. Benjamin, bruno Miragem – 2 ed. Ver., atual e ampl. – São Paulo :
Editora dos Tribunais, 2006. Pg.440.
19
COELHO, Fábio. Curso de Direito Comercial. Direito da Empresa. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 32
16
20
COELHO , op cit, pg.18
21
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Volume 8: direito da empresa. 2 edição. São
Paulo: Saraiva, 2009. p.549
17
Inicialmente o ato pode ser visto como lícito, a ilicitude vai surgir quando se
verificar que o sócio se utiliza da autonomia patrimonial de forma fraudulenta ou com
abuso de direito23.
22
TOMAZETTE, Marlon. A Desconsideração da personalidade jurídica: a teoria, o CDC e o Novo
Código Civil. Disponível em: http://jus.com.br/revista/texto/3104/a-desconsideracao-da-
personalidade-juridica/2. Acesso em 11fev.2013
23
COELHO, Fabio Ulhoa op. Cit pag. 43
24
COELHO, Fabio Ulhoa. Op cit pag. 44
18
Sob essa ótica podemos concluir que a finalidade de uma pessoa jurídica
26
esta intimamente relacionada com o seu objeto social.
25
LINS, Daniela Storry. Aspectos polêmicos atuais da desconstituição da personalidade jurídica
no código de defesa do consumidor e na lei antitruste. Lumen Juris.2002. p.52-53
26
FERNANDES, Paola Cristina Rios Pereira. Desconsideração da Personalidade Juridica. Editora
Escala. N. 78. pag. 32-33
19
Insta esclarecer, desde já, que a dita confusão patrimonial não consiste por
si só em pressuposto da desconsideração. O patrimônio da sociedade e do
sócio pode confundir-se, praticamente, no estrito desempenho da atividade
empresarial prevista nos estatutos ou atos constitutivos e, por isso, nem
sempre é decorrente de atos ilícitos abusivos. A indistinção do patrimônio só
é relevante para a desconsideração quando ela é consequência de um
abuso na utilização da sociedade ou quando esta é utilizada como meio de
fraudar a lei, obrigações contratuais ou credores.
27
Revista Jurídica: órgão nacional de doutrina, jurisprudência, legislação e critica judiciaria. Ano 54, n
344, junho de 2006, pg. 75-76.
28
TOMAZETTE, Marlon. A Desconsideração da personalidade jurídica: a teoria, o CDC e o Novo
Código Civil. Disponível em: http://jus.com.br/revista/texto/3104/a-desconsideracao-da-
personalidade-juridica/2. Acesso em 11fev.2013.
29
LINS, Daniela Storry. Aspectos polêmicos atuais da desconstituição da personalidade jurídica
no código de defesa do consumidor e na lei antitruste. Lumen Juris.2002. p.39
30
Maria Helena Diniz em Curso de Direito Civil Brasileiro. Direito da empresa, pg.166, destaca que “a
sociedade não personificada é a que não possui personalidade jurídica, ante o fato de não ter
providenciado o arquivamento de seu ato constitutivo no registro competente. Não tem, portanto, o
caráter de pessoa jurídica de direito privado. Terá contudo, capacidade processual, podendo mover
ações, como autora, e responder por elas, como ré, embora não possa requerer a falência de seu
credor.”
20
31
TOMAZETTE, Marlon. A Desconsideração da personalidade juridical: a teoria, o CDC e o Novo
Código Civil. Disponível em: http://jus.com.br/revista/texto/3104/a-desconsideracao-da-personalidade-
juridica/2. Acesso em 11fev.2013.
32
COELHO, Fabio Ulhoa. Op cit pag. 44
21
33
Cabe aqui destacar o posicionamento do professor Bruno Miragem que diz que a expressão maior
e menor, são de pouca utilidade e já foram abandonadas pela doutrina que lhe deu origem, ressalta
ainda que
“Em verdade, o relevante no tocante às situações que autorizam a desconsideração da personalidade
jurídica é distinguir entre as que apresentam a exigência do abuso dessa limitação de
responsabilidade, caracterizada oelo desvio de finalidade e da confusão patrimonial, previsto no art.
50 do CC/2002 e a que se refere o art. 28 do CDC, em que não há esta exigência em vista do direito
do consumidor a reparação integral do dano.” (MIRAGEM, Bruno. Revista de Direito do Consumidor
2011. RDC 80. Pg. 440.)
Porém, as recentes decisões do Supremo Tribunal de Justiça utilizam referidas expressões, sendo
que nesse trabalho também serão utilizadas.
34
COELHO, Fabio Ulhoa. Op cit pag. 36
35
Artigo 50 do CC: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério
Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
22
36
COELHO, Fabio Ulhoa. Op. Cit. Pag. 45
23
37
COELHO, Fabio Ulhoa. Op cit pag. 44-45
24
§ 1° (Vetado).
38
ALVES, Alexandre Ferreira de Assumpção. Problemas de Direito Constitucional. Gustavo
Tepedino (coordenador). – Rio De Janeiro, Renovar, 2001. pag 269
25
Porém, entende-se, como explica Rizzato Nunes, que “o juiz não tem o
39
poder , mas o dever de desconsiderar a personalidade jurídica sempre que
estiverem presentes os requisitos legais”.40
Outra critica é que, o veto referente ao §1° do artigo 28, deveria recair sobre o
§5°, já que esse renega a disregard doctrine, quando diz que basta a existência
mero prejuízo do consumidor e obstáculo para seu ressarcimento. Porém, não
passou de especulação, sendo mantido o §5° sem qualquer ressalva.
39
Rizzatto Nunes entende que “no processo civil, como é sabido, o juiz não age com
discricionariedade (que é medida pela conveniência e oportunidade da decisão). Age sempre dentro
da legalidade, fundando sua decisão em bases objetivas”.
40
NUNES, Luiz Antonio Rizzattto. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 4 ed. Ver. –
São Paulo: Saraiva, 2009. Pg378.
41
NUNES, op cit. Pg. 378
42
Nunes, op cit.Pg. 379
26
43
ALVES, Alexandre Ferreira de Assumpção. Problemas de Direito Constitucional. Gustavo Tepedino
(coordenador). – Rio De Janeiro, Renovar, 2001. Pag. 269
27
lado, não pode a lei dar azo à fraude e abusos, permitindo a utilização
impune da pessoa jurídica para prejudicar terceiros. Partindo-se do
pressuposto de que o caput e o §5° são compatíveis, excluídas estão do
âmbito do §5° todas as sanções de caráter pecuniário a que possa estar
sujeita a sociedade e que, com a desconsideração, recaem sobre os sócios
44
responsáveis pela conduta ilícita .
Fábio Ulhoa Coelho defende esse mesmo pensamento, pois aduz que não se
pode fazer uma interpretação literal do artigo e explica suas razões ao dizer que
“No tocante ao §5° do art. 28 do CDC, note-se que uma primeira e rápida
leitura pode sugerir que a simples existência de prejuízo patrimonial
suportado pelo consumidor seria suficiente para autorizar a
desconsideração da pessoa jurídica. Essa interpretação meramente literal,
no entanto, não pode prevalecer por três razoes. Em primeiro lugar, porque
contraria os fundamentos teóricos da desconsideração. Como mencionado,
a diregard doctrine representa um aperfeiçoamento do instituto da pessoa
jurídica, e não a sua negação. Assim, ela só pode ter a sua autonomia
patrimonial desprezada para a coibição de fraudes ou abuso de direito. A
simples insatisfação do credor não autoriza, por si só, a desconsideração,
conforme assenta a doutrina na formulação maior da teoria. Em segundo
lugar, porque tal exegese literal tornaria letra morta o caput do mesmo art.
28 do CDC, que circunscreve algumas hipóteses autorizadoras do
superamento da personalidade jurídica. Em terceiro lugar, porque essa
interpretação equivaleria à eliminação do instituto da pessoa jurídica no
campo do direito do consumidor, e , se tivesse sido esta a intenção da lei, a
norma para operacionaliza-la poderia ser direta, sem a apelo à teoria da
desconsideração.
Destacam que o legislador deixou o tipo aberto para englobar qualquer outra
hipótese a ensejar a desconsideração e garantir os direitos dos consumidores
44
ALVES, Alexandre Ferreira de Assumpção. Problemas de Direito Constitucional. Gustavo Tepedino
(coordenador). – Rio De Janeiro, Renovar, 2001. Pag. 272-273
45
COELHO, Fabio Ulhoa. Op cit pag. 53-53
28
Não fosse assim, teria redigido o caput do artigo em conjunto com seu §5°,
para que houvesse a desconsideração apenas nas hipóteses ali elencadas, porém,
não foi o que aconteceu.
46
NUNES, Luiz Antonio Rizzattto. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 4 ed. Ver. –
São Paulo: Saraiva, 2009. Pg381.
29
47
MARQUES, Claudia Lima. Comentários ao Código de defesa do consumidor:arts. 1° a
74:aspectos materiais / Claudia Lima Marques, Antonio Herman V. Benjamin, Bruno Miragem. São
Paulo: Editora Revistas dos Tribunais. 2003. Pag. 390.
48
TOLEDO, Iara Rodrigues de Toledo. A desconsideração da Personalidade Juridica frente às
relações de consumo: breve estudo acerca do §5° do artigo 28 do CDC./ Lucas Carlos Oliveira.
Revista Sintese. 69. pag. 41
30
Defende-se que não assiste razão aos que sustentam a interpretação literal
do referido dispositivo, já que a simples impossibilidade de ressarcimento,
sem que o ato da sociedade tenha extrapolado o objeto social da empresa
ou sem que haja a finalidade de ocultar conduta ilícita ou abusiva, não pode
ser motivo para a desconsideração da personalidade jurídica.
Sendo assim, não há vicio capaz de tornar o §5° incompatível com o caput,
na medida em que a jurisprudência sempre encontra um caminho que limita
os excessos e consolida uma interpretação temperada de modo a fazer
valer o interesse do consumidor diante dos abusos contra ele praticados.
49
MUSSALEM, Waleska Bertolini. Aspectos materiais da desconsideração da personalidade
jurídica no código de defesa do consumidor. Revista da Fundação Escola Superior do Ministério
Público do Distrito Federal e Territórios. Ano I. n. 1, jul/set. 1993.
32
ou até mesmo sem conjunção como caput pode acarretar a sua aplicação a casos
em que sequer seria necessária, e lembre-se aqui o caráter excepcional dessa
norma, e atingir casos em que seria incabível:
50
ALVES, Alexandre Ferreira de Assumpção. Problemas de direito constitucional/ Gustavo
Tepedino (coordenador) – Rio de Janeiro, Renovar 2001.pag. 275.
33
Muitos são os casos julgados pelos Tribunais de Justiça bem como pelo
Superior Tribunal em que a matéria discutida é a possibilidade, ou não, da
desconsideração da personalidade jurídica nas relações de consumo, principalmente
nos casos em que não há a presença dos requisitos previstos no caput do artigo 28,
mas tão somente prejuízo do consumidor e obstáculo ao seu ressarcimento criado
pela existência da pessoa jurídica e sua autonomia patrimonial.
Ao contrário do que foi defendido por muitos civilistas, pode se perceber que o
Supremo Tribunal de Justiça vem pacificando seu entendimento de que a
personalidade jurídica pode ser desconsiderada nas relações de consumo (entre
consumidor e fornecedor) apenas com a prova da insolvência da pessoa jurídica
para pagamento das obrigações por ela contraídas, e que o véu da pessoa jurídica
sirva de obstáculo para ressarcimento do consumidor.
Ementa:
Relatório e Voto:
RELATÓRIO
credores, e fuga de três de seus quatro sócios da praça onde a empresa atuava" (fls.
156). Aduziram, ainda, ofensa ao art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor,
ao argumento de que "deveria o TAMG, no limite, caso entendesse realmente
insuficiente a prova produzida, aplicar o art. 6º, VIII, do CPC, de molde a permitir a
inversão do ônus" (fls. 158).
É o relatório.
VOTO
econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a
pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta, ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo que não
exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por
parte dos sócios e/ou administradores da pessoa jurídica.
Com efeito, nos termos do segundo acórdão integrativo proferido pela Corte
de origem, "existe, nos autos, vistoria comprovando que a construção do imóvel
adquirido pelas recorrentes foi indevidamente paralisada, desde praticamente o seu
início (f. 134) e, também, fortes indícios de que a sociedade vendedora do bem se
dissolveu de forma irregular, não se tendo, inclusive, localizado todos os seus
sócios, tornando-se necessário que a maioria destes fosse representada, nestes
autos, por curador especial" (fls. 140/141).
Destarte, resta claro que, em detrimento dos consumidores, houve inatividade
da pessoa jurídica decorrente, quando menos, de má administração, circunstância
apta, de per si, a ensejar a aplicação da disregard doctrine .
Correto, pois, o magistrado sentenciante ao determinar a desconsideração da
personalidade jurídica da empresa ré.
Ante o exposto, conheço do recurso especial e lhe dou provimento,
restabelecendo os comandos da sentença prolatada em primeira instância, inclusive
quanto aos ônus sucumbenciais.
É o voto.
41
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
Número Registro: 2005/0049017-5 REsp 737.000 / MG
Números Origem: 24015419104 4308127 430812703
PAUTA: 01/09/2011 JULGADO: 01/09/2011
Relator
Exmo. Sr. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MASSAMI UYEDA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MAURÍCIO VIEIRA BRACKS
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ÂNGELA DE LIMA E OUTRO
ADVOGADOS : FLÁVIO COUTO BERNARDES
FLÁVIO DE MENDONÇA CAMPOS E OUTRO
LUIZ GUILHERME DE MELO BORGES
RECORRIDO : MARCELO DA SILVA CATALDO E OUTRO
ADVOGADO : BELMAR AZZE RAMOS - DEFENSOR PÚBLICO
INTERES. : SAVOI SENA ARQUITETURA E CONSTRUÇÕES LTDA E OUTRO
ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Obrigações - Espécies de Contratos - Compra e Venda
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade,
conheceu do recurso especial e deu-lhe provimento, nos termos do voto do(a) Sr(a).
Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros Ricardo Villas Bôas Cueva, Nancy Andrighi,
Massami Uyeda e Sidnei Beneti votaram com o Sr. Ministro Relator.
42
4.1.2 Comentários.
Foi interposto recurso Especial pelos autores para que a decisão proferida em
sede de apelação pelo Tribunal de Justiça de Minas gerais - que entendeu que “só
se verifica a responsabilidade pessoal dos sócios por divida da sociedade, se se
provar, em processo regular, com ampla possibilidade de defesa, o excesso de
poderes ou infração a lei51” – fosse modificada.
51
MINAS GERAIS. Tribunal de Alçada. Ap. 2.0000.00.430812-7/000, 5ª Câmara Civil. Apelante:
Marcelo da Silva Cataldo eoutros. Apelada: Angela Lima e outros. Relator: Mariné da Cunha. Minas
Gerais, 15 de abril de 2004.
43
Está claro na decisão que existiu grande dificuldade dos autores em ter seus
prejuízos reparados. Por esse motivo foi aplicado o §5°, embora houvesse
elementos para aplicar o caput também.
52
Resp 279.273/SP, Rel. Min. Ari Paragendler.
44
Por oportuno, assim constou no voto proferido pela Eminente Ministra Nancy
Andrighy que ora se transcreve:
53
MIRAGEM, Bruno. Critérios para desconsideração da personalidade jurídica no regime do
código de defesa do consumidor. Comentários ao Resp. 737.000/MG. N. 80. Ano 2011. Pag. 441-
442.
46
CONCLUSÃO
O que deve se ter claro é que não se pode aplicar referido dispositivo, sem
antes muito bem analisar o caso concreto e ter certeza que merece a aplicação da
desconsideração da personalidade jurídica, sob pena de aplicá-la a casos em que
não se mostra necessário, e de se esvaziar o art. 20 do Código Civil acarretando um
desequilíbrio na ordem econômica do país.
54
MARQUES, Claudia Lima. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. Claudia Lima
Marques, Antonio Hermann Benjamin, Bruno Miragem. 2 ed. Ver. Atual. e ampl.- São Paulo:Editora
Revista dos Tribunais, 2006. Pag. 440
49
REFERENCIAS
.
- FERNANDES, Paola Cristina Rios Pereira Fernandes. Desconsideração da
Personalidade Jurídica. Revista Visão Jurídica. Edição n. 78. São Paulo. Editora
Escala.2012.
-
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa Garcia. Desconsideração da Personalidade
Jurídica no Código de Defesa do Consumidor e no Código Civil de 2002.
Revista Jurídica: órgão nacional de doutrina, jurisprudência, legislação e critica
judiciária. São Paulo. Ano 54, n.344, junho de 2006.