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A ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), conta que a técnica
jurídica surgiu na Inglaterra e chegou ao Brasil no final dos anos 60, especialmente com os
trabalhos do jurista e professor Rubens Requião
ministra Nancy Andrighi, entretanto, acredita que, no geral, os tribunais têm aplicado bem
essa técnica. Ela alertou que criminosos buscam constantemente novos artifícios para
burlar a legislação. “O que de início pode parecer exagero ou abuso de tribunais na
interpretação da lei, logo se mostra uma inovação necessária”, declarou. Fraudes e limites
Shopping.
o REsp 279.273, julgado pela Terceira Turma do STJ. Houve pedido de indenização para as
vítimas da explosão do Shopping Osasco Plaza, ocorrida em 1996.
Com a alegação de não poder arcar com as reparações e não ter responsabilidade direta, a
administradora do centro comercial se negava a pagar. O relator do recurso, ministro Ari
Pargendler, asseverou que, pelo artigo 28 do CDC, a personalidade jurídica pode ser
desconsiderada se há abuso de direito e ato ilícito.
No caso não houve ilícito, mas o relator afirmou que o mesmo artigo estabelece que a
personalidade jurídica também pode ser desconsiderada se esta é um obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Cota social entre as teses
consolidadas na jurisprudência do STJ está a aplicada no REsp 1.169.175, no qual a
Terceira Turma, seguindo voto do ministro Massami Uyeda, decidiu que a execução contra
sócio de empresa que teve sua personalidade jurídica desconsiderada não pode ser
limitada à sua cota social.
Professor
caso, um professor sofreu queimaduras de segundo grau nos braços e pernas após
explosão em parque aquático. A empresa foi condenada a pagar indenização de R$ 20 mil,
mas a vítima não recebeu. A personalidade da empresa foi desconsiderada e a execução
foi redirecionada a um dos sócios. O ministro Uyeda afirmou que, após a
desconsideração, não há restrição legal para o montante da execução
O novo Código de Processo Civil, no intuito criar mecanismos para efetivar o instituto da
desconsideração da personalidade jurídica, previu um incidente de desconsideração,
modalidade de intervenção de terceiros, pois provoca o ingresso de terceiro (sócio ou outra
pessoa jurídica do mesmo grupo societário) em juízo[1]. O artigo 133 do CPC/2015 prevê
que o incidente será instaurando a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe
couber intervir no processo (veja que o CPC/2015 baseou-se no artigo 50 do CC que traz
dispositivo semelhante, proibindo a atuação de ofício do magistrado)[2].
A Constituição Federal no artigo 5°, XXXII, disciplina que o “Estado promoverá, na forma da
lei, a defesa do consumidor.” Assim, a própria Constituição reconheceu a vulnerabilidade do
consumidor como marca fundante da proteção. O princípio da isonomia somente deve ser
aplicado na medida em que trata desigualmente os desiguais.
[3] Nesse sentido, o ex-Ministro do STJ, Carlos Alberto Menezes Direito, no julgamento do
REsp. 279.273/SP, publicado em 29/03/2004:“Outra questão é saber se o ato do Juiz
depende de pedido da parte. E, a meu juízo, não depende a aplicação do art. 28 de
requerimento da parte. Se houver a presença das situações descritas no caput, em
detrimento do consumidor, o Juiz poderá fazer incidir o dispositivo, independentemente de
requerimento da parte. O que provoca a incidência da desconsideração é a existência de
prejuízo para o consumidor. Havendo o prejuízo, está o Juiz autorizado a fazer valer o art.
28.” Há também vários precedentes de Tribunais Estaduais aplicando a desconsideração de
ofício nas relações de consumo. A título exemplificativo: “Desconsideração da
personalidade jurídica inversa Pedido de reconsideração de decisão interlocutória Ausência
de previsão no ordenamento jurídico Relação de consumo Desconsideração da
personalidade jurídica que pode ser decretada de ofício pelo magistrado Artigo 28 do
Código de Defesa Consumidor – Análise do mérito adequada. Sócios de executado que
foram incluídos no polo passivo da ação. Sociedade em outras empresas ativas. Ausência
de relacionamento com instituições bancárias. Personalidade jurídica das empresas que
representa óbice para o pagamento do débito. Hipótese de desconsideração de
personalidade jurídica. Artigo 28, parágrafo 5º do Código de Defesa do Consumidor. Agravo
parcialmente provido. (TJ-SP – AI: 02336983320118260000, Rel. Sá Moreira de Oliveira,
23ª Câmara de Direito Privado, DJ: 08/03/2013)
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a desconsideração da
personalidade jurídica da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop)
para ressarcir os prejuízos causados pela demora na construção de empreendimentos nos
quais a cooperativa teria atuado como sociedade empresária de incorporação imobiliária e,
portanto, como fornecedora de produtos.
Em primeiro grau, a ação coletiva de consumo foi extinta sem julgamento de mérito. Ao
analisar o caso, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) considerou a causa madura e
determinou a desconsideração da personalidade jurídica da Bancoop pela aplicação da
Teoria Menor da Desconsideração, para que o patrimônio de seus dirigentes também
responda pelas reparações dos prejuízos sofridos pelos consumidores lesados. Após essa
decisão, a Bancoop recorreu ao STJ.