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PERSONALIDADE JURÍDICA
Direito do Consumidor
Profª Gisele Almada
Desconsideração da Personalidade Jurídica
• As pessoas jurídicas tem, dentre seus princípios fundamentais, aquele
que proclama sua autonomia patrimonial.
• Isso significa que os bens das pessoas naturais que a compõem, em
princípio, não se confundem com o patrimônio da pessoa jurídica.
• Tal princípio, porém, não é absoluto, cedendo espaço quando ficar
evidenciado que a pessoa jurídica foi deturpada em sua finalidade,
abrigando fraudes e abusos.
• Assim, “provada a existência de fraude, é inteiramente aplicável a teoria
da desconsideração da pessoa jurídica a fim de resguardar os interesses
dos credores prejudicados”( STJ, Resp 211.619, Rel. Min. Waldemar
Zveiter).
• Prevê o CDC, no art. 28:
• Ver STJ, Ag. 320.938, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, j. 23/10/00
• Posteriormente ao CDC, houve outras leis que, segundo seu exemplo, consagraram a
desconsideração da pessoa jurídica – Lei 8.884/94 e Lei 9.605/98.
• O Código Civil, em seu art. 50 , consignou que a desconsideração poderá ser requerida
tanto pelo MP, como pela parte interessada. A lei não menciona a possibilidade do juiz agir
de ofício. A jurisprudência, no ponto, salvo referências isoladas, não contempla a
possibilidade.
• Observação:
• No entanto, não estaria dissociada dos princípios que inspiram o CDC a autorização para
que o magistrado procedesse de ofício.
• Logo, como se verifica da leitura dos dispositivos supramencionados, para a
desconsideração prevista Código Civil , o juiz não pode agir de ofício, sendo necessário o
requerimento da parte ou do Ministério Público. Contudo, para a desconsideração do
Código de Defesa do Consumidor , o juiz pode agir, sim, de ofício.
• Algo bastante interessante que às vezes acontece na prática é que, nos processos em que a
parte não pleiteia a desconsideração, o juiz exara despacho, provocando-a para que
requeira a desconsideração, nos termos seguintes: "Diga a parte sobre o interesse na
desconsideração da personalidade jurídica".
• Pergunta: Quais as diferenças ente a desconsideração da personalidade jurídica
disposta no CDC e a contida no C. Civil?
• Por sua vez o CDC em seu artigo 28, caput e 5º dispõe que o juiz poderá
desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do
consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou
ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.
• Diante destes diplomas podemos traçar duas importantes diferenças:
• a) O CDC, por ser norma de ordem pública, não exige requerimento do consumidor
para que se efetive a desconsideração da personalidade, podendo ser decretada de
ofício pelo juiz com o intuito de contribuir para reparação dos danos.
• Já o CC, não permite a decretação de oficio, havendo a necessidade de
requerimento da parte ou de membro do Ministério Público;
• Ver Resp 86.502 Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar e Resp 1.259.066,
Rel. Min. Nancy Andrighi
Aplicação da Teoria pela Administração
Pública
• É possível que a teoria da desconsideração, também conhecida como
disregard doctrine, seja aplicada no direito administrativo.
• Caso a administração pública, em qualquer dos seus níveis ( federal,
estadual ou municipal) perceba que a pessoa jurídica está sendo
usada como mecanismo de burla em suas relações com o poder
público, a personalidade poderá ser afastada, para atingir o real
estado de coisas, desde que seja facultada ao administrador a defesa
em processo administrativo regular.
• Ver STJ, ROMS 15166,Rel. Min. Castro Meira
Há necessidade de propositura de ação
autônoma?
• Não é preciso que seja proposta ação específica para reconhecer a
desconsideração. Isso poderá ser feito incidentalmente no próprio processo
de execução.
A jurisprudência já posicionou que “a superação da pessoa jurídica afirma-se
como incidente processual e não como um processo incidente”- Resp
1.096.604 , Rel.Min. Luis Felipe Salomão.
• O CPC seguiu os passos e considerou que o incidente será instaurado a
pedido da parte ou do MP, quando couber intervir no processo, em todas as
fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na
execução fundada em título executivo extrajudicial. A instauração do
incidente será dispensada quando a desconsideração for requerida na
petição inicial.
DESCONSIDERAÇÃO INVERSA
• A doutrina e a jurisprudência, alertam para a possibilidade da
desconsideração inversa. Ocorrerá, aqui, portanto, o esvaziamento do
patrimônio pessoal do sócio, que passaria a integralizar a pessoa jurídica.
• A situação é mais frequente no direito de família ( ex.: o marido, para evitar
partilhar integralmente os bens, passa, ardilosamente, parte considerável
para a empresa que controla).
• Não é impossível, contudo, sua configuração em relação de consumo. Ex.: se
de algum modo, para deixar de cumprir suas obrigações perante o
consumidor, transfere bens do patrimônio pessoal para a sociedade ( que
não participou da relação de consumo).