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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região

Ação Trabalhista - Rito Ordinário


0000236-31.2015.5.06.0002

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 26/02/2015


Valor da causa: R$ 100.000,00

Partes:
RECLAMANTE: RAFAEL TRAJANO DE OLIVEIRA MELO
ADVOGADO: MARCO JACOME VALOIS TAFUR
RECLAMADO: SENIOR - EDUCACAO PROFISSIONAL LTDA - EPP
RECLAMADO: SANDRO CARLO GOLDONI
ADVOGADO: MAIKON RAFAEL MATOSO
RECLAMADO: GLORIA MARIA GOLDONI
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 6ª REGIÃO
2ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE
ATOrd 0000236-31.2015.5.06.0002
RECLAMANTE: RAFAEL TRAJANO DE OLIVEIRA MELO
RECLAMADO: SENIOR - EDUCACAO PROFISSIONAL LTDA - EPP E OUTROS (3)

INTIMAÇÃO

Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Sentença ID c2012c8 proferida nos autos,
cujo dispositivo consta a seguir:

SENTENÇA

Trata-se de Incidente de Desconsideração de Personalidade


Jurídica, instaurado nos termos do artigo 133 e seguintes, do Código de Processo Civil
de 2015, e no artigo 855-A, da CLT.  

Devidamente citado, o sócio  SANDRO CARLO GOLDONI


apresentou defesa, através da peça processual de id - 3e59496.

Vieram os autos conclusos.  

É o relatório.

 FUNDAMENTOS:

Conheço do incidente de desconsideração da personalidade


jurídica, eis que aviado a tempo e modo.

O contestante se manifestou, sob o argumento de não terem


sido configuradas as hipóteses elencadas no art. 50, do Código Civil. Suscita, ainda,
excesso de penhora, referente à indisponibilidade do imóvel matrícula 107.959,
requerendo a desconstituição.

É bem verdade que, no âmbito do Direito Comum, a


jurisprudência tem seguido o entendimento ora buscado pelo sócio insurgente, no
sentido de que para que reste configurada a desconsideração da pessoa jurídica se faz
necessário que sejam caracterizadas as hipóteses de que trata o art. 50, do Código Civil
Brasileiro, ou seja, em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial e, ainda, conforme caput do art. 28,
do Código de Defesa do Consumidor, quando houver abuso de direito, excesso de
poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.

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Todavia, no Direito do Trabalho, tem-se buscado compatibilizar


o emprego da despersonalização da pessoa jurídica com as peculiaridades desse ramo
do Direito.

Assim, nesta Especializada basta a insolvência da empresa para


se concretizar a hipótese de desconsideração da pessoa jurídica, na forma do
entendimento daqueles que defendem a Teoria do Risco da Atividade Econômica.

Tal entendimento foi ratificado pelo art. 10-A, da CLT,


introduzido pela Lei. 13.467/2017.

Além disso, conforme autoriza o parágrafo único do art. 8º, da


CLT, aplica-se, analogicamente, o disposto no art. 28, § 2º, da Lei nº 8.078/90 (Código de
Defesa do Consumidor) e do art. 135, III do CTN. O citado dispositivo do CDC permite a
incidência da desconsideração da pessoa jurídica sempre que sua personalidade for,
de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos
consumidores, preceito adaptado aqui aos trabalhadores, in verbis:

"Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da


sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de
poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A
desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má
administração.

[...] §5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica


sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores".

Acrescento, por oportuno, que não há qualquer menção nos


arts. 133 a 137 do CPC quanto à impossibilidade de aplicação da teoria menor da
desconsideração da personalidade jurídica ao processo do trabalho, porquanto apenas
estabelece o procedimento a ser adotado na instauração do incidente processual.

Nesse toar, basta a constatação acerca da má administração,


configurado pelo inadimplemento de obrigações financeiras da pessoa jurídica com os
funcionários, autorizando o redirecionamento da execução contra os sócios.

Em suma, esgotado o patrimônio da pessoa jurídica e


inexistindo satisfação integral do débito, o sócio ou administrador perde o privilégio
quanto à responsabilidade limitada, passando a responder, de forma plena, com o seu
patrimônio, pela dívida da sociedade, ou seja, não há limitação ao patrimônio
integralizado e quotas.

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Portanto, tendo em vista que a executada se encontra


inadimplente, a execução deverá ser direcionada em face de seus sócios e ex-sócios,
conforme quadro societário constante dos autos, observada a limitação temporal
imposta pelo art. 10-A, da CLT. 

A irregularidade da atuação dos mesmos, constatada pela


inadimplência da empresa sem a quitação de seus débitos, impõe o entendimento de
que seus bens pessoais poderão ser alcançados pela execução, ex vi do § 5º, do art. 28,
do CDC, c/c o art.10, da CLT, de forma a completar o patrimônio diluído pela má gestão
dos negócios da empresa.

Portanto, com relação ao sócio SANDRO CARLO GOLDONI, como


a executada se encontra inadimplente, a execução deverá ser contra ele direcionada,
conforme quadro societário constantes dos autos. 

A irregularidade da atuação do mesmo, constatada pela


inadimplência da empresa sem a quitação de seus débitos, impõe o entendimento de
que seus bens pessoais poderão ser alcançados pela execução, ex vi do § 5º, do art. 28,
do CDC, c/c o art.10, da CLT, de forma a completar o patrimônio diluído pela má gestão
dos negócios da empresa.

Quanto ao excesso de penhora, não configurado.

Inclusive, cabe ressaltar que não houve a penhora do imóvel em


tela, mas, apenas, o registro da indisponibilidade.

Ademais, o objetivo primordial da execução é a satisfação do


crédito da forma mais célere e eficaz (CPC, art.612). Inexistindo informação de outros
bens de igual monta e que despertem interesse do público na excussão forçada,
inexiste o excesso alegado. Convém destacar que o impugnante pode promover o
pagamento em dinheiro do débito. 

DISPOSITIVO:

Em face do exposto, julgo procedente o pedido de


desconsideração da personalidade jurídica da empresa  SENIOR - EDUCACAO
PROFISSIONAL LTDA - EPP, a fim de determinar a inclusão do sócio  SANDRO CARLO
GOLDONI no polo passivo desta execução.

Executados incluídos no BNDT nesta oportunidade.

Intime-se  SANDRO CARLO GOLDONI para pagar o valor da


execução, no prazo de 48 horas, sob pena de execução.

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Decorrido o prazo supra sem cumprimento da determinação


deste Juízo, prossiga-se a execução através dos convênios disponíveis.

MARCIA DE WINDSOR NOGUEIRA


Juíza do Trabalho Titular

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Certificado por TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 6A REGIAO:02566224000190
https://pje.trt6.jus.br/pjekz/validacao/23041023125847300000066843271?instancia=1
Número do processo: 0000236-31.2015.5.06.0002
Número do documento: 23041023125847300000066843271

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