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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA

CÍVEL DA COMARCA DE TAUBATÉ/SP

Processo nº XXXXXX-XX.XXXXX.XXX.XXX – em fase de execução.

AUTOR: BENJAMIM
RÉUS: PREFEITO DO MUNICÍPIO DE QUIRIRIM DO SUL, E EMPREITEIRA
E CONSTRUTORA FUNERAL

BENJAMIM, já qualificado nos presentes autos, advogando em nome


próprio os direitos metaindividuais discutidos nesta Ação Popular, vem à presença de
Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 133 a 137 do CPC, apresentar o
presente:

INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA


EMPRESA EMPREITEIRA E CONSTRUTORA FUNERAL

Com a citação pessoal do seu sócio majoritário LUIZ COPA,


nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG nº..., inscrito no CPF nº...,
residente e domiciliado á Rua... para na forma do Art. 135 do CPC manifestar-se e
requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.

I- DOS FATOS QUE JUSTIFICAM O INCIDENTE

A ação popular foi proposta para o desfazimento dos atos da Inicial e


que em sede de Recurso Extraordinário o STF determinou que os valores de R$ 2,5
milhões fossem integralmente devolvidos para a municipalidade de Quiririm do Sul
acrescidos de 10% de ônus de sucumbência em favor do advogado, respondendo pelo
débito total de R$2.750.000,00 o prefeito Salame e a Empreiteira e Construtora Funeral,
de forma solidária.

Na fase de cumprimento de sentença os devedores solidários foram


intimados para pagar, mas não o fizeram.

É sabido que o prefeito não possui bens em seu nome e nem dinheiro
em conta bancária.

Ademais a utilização fraudulenta da Pessoa Jurídica da


Empreiteira Funeral que durante o processo, passou todos os seus bens de forma
irregular para os sócios e, logo após encerrou as suas atividades, pedindo a sua extinção
de forma irregular.

Nesse sentido através de pesquisa perante a junta comercial foi


descoberto que a Empreiteira tinha como sócio majoritário Luiz Copa e sócio
minoritário o seu irmão, o prefeito Salame.

Por fim em uma análise documental foi comprovado que todo o


dinheiro da empresa foi transferido para Luiz, que possui um rico patrimônio com
dezenas de imóveis e dinheiros em contas correntes e investimentos.

II- DO DIREITO
 DO CABIMENTO DO INCIDENTE

Restou claro a utilização fraudulenta da empresa com o propósito de


lesar credores e para a prática de atos ilícitos, ensejando em desvio finalidade da pessoa
jurídica destaca-se que não houve mera inadimplência por parte da Pessoa Jurídica, mas
sim verdadeira fraude em seu nome, com a transmissão de todos os seus bens à pessoa
do seu principal sócio, Luiz Copa, vejamos o teor do dispositivo legal que dá ensejo ao
pedido:

Vejamos o artigo 50 do Código Civil:

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica,


caracterizado pelo desvio de finalidade OU pela confusão
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo,
desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de
administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados
direta ou indiretamente pelo abuso.

§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é


a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores
e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.

Veja que ocorrera no caso em analise e é também a teoria que


predomina na doutrina e na jurisprudência brasileira; a Teoria Maior da
desconsideração da personalidade jurídica, que exige que tenha ocorrido
comprovado abuso da personalidade jurídica, desvio de finalidade ou confusão
patrimonial e não mera ausência de bens penhoráveis ou a dissolução irregular da
sociedade.

Vejamos a jurisprudência do STJ sobre a Teoria Maior da


desconsideração da personalidade jurídica:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA -
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO
RECLAMO.

INSURGÊNCIA DO AUTOR.

“Esta Corte Superior firmou posicionamento no sentido de que,


nas relações civis-comerciais, aplica-se a Teoria Maior da
desconsideração da personalidade jurídica segundo a qual é
necessária a comprovação do abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial, não sendo suficiente para tanto a ausência de bens
penhoráveis ou a dissolução da sociedade. Precedentes. 1.1. No
caso em tela, a Corte de origem entendeu que a ausência de bens
penhoráveis não demonstra abuso capaz de ensejar a
desconsideração da personalidade da empresa demandada.
Incidência das Súmulas 83⁄STJ e 7⁄STJ. Superior Tribunal de
Justiça STJ - AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL: AgInt no AREsp 1254372 MA
2018/0043897-8”

Por sua vez, o que também reforça o pedido em tela o CPC de 2015
também prevê em seus artigos 133 a 137 de forma específica o art. 134 sobre o
Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica, senão vejamos o teor do art.
134 do CPC:

Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas


as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de
sentença e na execução fundada em título executivo
extrajudicial.

Nesse sentido, veja-se o entendimento dos Tribunais sobre o tema:

"Desconstituição da personalidade jurídica. Tentativas


infrutíferas de localização de bens aptos à satisfação do crédito
exequendo. Inteligência do artigo 50 do Código Civil. Recurso
provido" (TJSP - 0148937 98.2013.8.26.0000 - Agravo de
Instrumento - Relator Sérgio Rui - Comarca: São Paulo - Órgão
julgador: 22ª Câmara de Direito Privado - Data do julgamento:
17.10.2013 01489379820138260000).

"Execução de título judicial. Executada pessoa jurídica.


Encerramento de suas atividades de forma irregular.
Configuração do abuso do direito e fraude. Desconsideração da
personalidade jurídica da sociedade. Possibilidade da constrição
direta sobre os bens particulares dos sócios. Art. 50 do Código
Civil Recurso improvido" (TJSP-2032273-47.2013.8.26.0000 -
Agravo de Instrumento - Relator J. B. Franco de Godoi -
Comarca: Sertãozinho - Órgão julgador: 23ª Câmara de Direito
Privado - Data do julgamento: 27.11.2013 - Data de registro:
28.11.2013 - Outros números: 20322734720138260000).

"Cumprimento de sentença. Ausência de bens idôneos à


satisfação do crédito. Encerramento irregular. Indícios de fraude
(desvio de finalidade). Desconsideração da personalidade
jurídica. Requisitos verificados, sem prejuízo de impugnação
posterior. Recurso provido, com observação" (TJSP 2045159-
78.2013.8.26.0000 - Agravo de Instrumento - Relator (a):
Cauduro Padin - Comarca: São Paulo - Orgão julgador: 13ª
Câmara de Direito Privado - Data do julgamento: 03.12.2013 -
Data de registro: 03.12.2013 - Outros números:
20451597820138260000). 

Por fim é sabido que são sujeitos à execução os bens do responsável,


no caso em tela os bens do principal sócio, Luiz Copa, nos casos desta desconsideração
da personalidade jurídica, conforme no art. 790, VII:

Art. 790. São sujeitos à execução os bens:

VII - do responsável, nos casos de desconsideração da


personalidade jurídica.

Faz-se assim mister a constrição de bens particulares do sócio Luiz


Copa, resta inegável a responsabilidade subsidiária do sócio neste caso, devendo estes
arcar com o pagamento do crédito exequendo.

III- DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:


a) A citação de Luiz Copa para que, querendo se defenda no
presente incidente;
b) Que Vossa Excelência que julgue procedente o incidente para que
seja afastada a personalidade jurídica da Empresa Empreiteira e Construtora Funeral e
responsabilizados pelo pagamento os seus sócios Luiz Copa e Prefeito Salame, com a
ordem para que realizem o pagamento da quantia de R$2.750.000,00 (sendo R$
2.500.000,00 referentes aos valores devolvidos à municipalidade e R$250.000,00
referentes aos ônus sucumbenciais de 10%), com as correções monetárias e juros desde
a citação, ou não o fazendo, que sejam penhorados tantos bens e direitos necessários à
satisfação integral do crédito.
c) Requer, ainda, a intimação do representante do Ministério Público
para que funcione como custos legis, nos termos da lei.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Parauapebas- PA, 25 de maio de 2022.

________________________
Dr. Benjamim
OAB/SP 54321

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