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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1026919-78.2022.8.26.0053 e código EA2DC3D.
SENTENÇA
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JULIANA BRESCANSIN DEMARCHI, liberado nos autos em 20/01/2023 às 16:14 .
Juiz(a) de Direito: Dr(a). JULIANA BRESCANSIN DEMARCHI MOLINA
Vistos.
1026919-78.2022.8.26.0053 - lauda 1
fls. 751
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incentivar a atividade empresarial o que, no caso, não ocorreu em vista a inatividade da empresa
autora.
Houve réplica (fls. 748 e 749).
É o relatório.
Fundamento e decido.
Não há preliminares a enfrentar.
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O feito comporta imediato julgamento, nos termos do artigo 355, I, do Código de
Processo Civil, pois a questão controvertida é apenas de direito, a prova dos fatos é essencialmente
documental e já está acostada aos autos.
Na espécie, a questão de direito versa sobre a possibilidade de aplicação da
imunidade de IBTI sobre a operação de integralização de imóveis no capital social da autora. A
não incidência é prevista no artigo 156, §2°, I da Constituição Federal:
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: (...)
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por
natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem
como cessão de direitos a sua aquisição; (...)
§ 2º O imposto previsto no inciso II:
I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de
pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos
decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses
casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou
direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;
Afasto desde logo a tese de que a imunidade pleiteada é incondicionada. Nesta
linha pretende-se que as operações de integralização de capital sejam excluídas da exceção a
imunidade. Isto é, a expressão "nesses casos" do dispositivo constitucional supra não atingiria
todas as hipóteses de operações societárias nele previstas, limitando-se apenas os casos de "fusão,
incorporação, cisão ou extinção".
Mediante simples interpretação gramatical do dispositivo constitucional em
questão, percebe-se que exceção à imunidade se aplica ao caso da autora, a expressão "nesses
casos" refere-se a todo o disposto no art. 156, §2°, I da Constituição, caso quisesse limitar a
exceção à imunidade às últimas operações societárias descritas, o constituinte empregaria "nestes
casos". Outrossim, do ponto de vista teleológico, a tese de imunidade incondicionada quanto à
integralização de capital social não prospera. A norma em questão busca o incentivo das
atividades empresariais, logo não se mostra compatível com esta finalidade dispensar tratamento
diverso a diferentes operações societárias. Ou seja, o ITBI é devido sobre a integralização de
capital na forma de imóvel em sociedade contribuinte que tenha por atividade preponderante
compra, venda, locação de imóveis.
1026919-78.2022.8.26.0053 - lauda 2
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Neste diapasão, não é aplicável ao caso o precedente do C. Supremo Tribunal
Federal, RE n.º 796.376/SC, que resultou no tema de repercussão geral n.º 796: "A imunidade em
relação ao ITBI, prevista no inciso I do § 2º do art. 156 da Constituição Federal, não alcança o
valor dos bens que exceder o limite do capital social a ser integralizado".
Fica evidente que o tema jurisprudencial mencionado em nada diz respeito ao
objeto desta ação anulatória, constatando-se que não há qualquer discussão nestes autos sobre
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limitação de tal imunidade ao valor do capital social. Consigno que simples obiter dictum
proferido naquele julgado de corte superior não vincula este juízo.
Destarte, para fazer jus à imunidade ao ITBI, a autora deve demonstrar que sua
atividade preponderante não é a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis
ou arrendamento mercantil. Nessa linha, o Código Tributário Nacional regulamenta a Constituição
ao definir o que se entende por "atividade preponderante":
Art. 37. O disposto no artigo anterior não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente
tenha como atividade preponderante a venda ou locação de propriedade imobiliária ou a
cessão de direitos relativos à sua aquisição.
§ 1º Considera-se caracterizada a atividade preponderante referida neste artigo quando
mais de 50% (cinquenta por cento) da receita operacional da pessoa jurídica adquirente,
nos 2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos subsequentes à aquisição, decorrer de
transações mencionadas neste artigo.
§ 2º Se a pessoa jurídica adquirente iniciar suas atividades após a aquisição, ou menos de
2 (dois) anos antes dela, apurar-se-á a preponderância referida no parágrafo anterior
levando em conta os 3 (três) primeiros anos seguintes à data da aquisição.
§ 3º Verificada a preponderância referida neste artigo, tornar-se-á devido o imposto, nos
termos da lei vigente à data da aquisição, sobre o valor do bem ou direito nessa data.
§ 4º O disposto neste artigo não se aplica à transmissão de bens ou direitos, quando
realizada em conjunto com a da totalidade do patrimônio da pessoa jurídica alienante.
Na hipótese ora em análise, a sociedade autora foi constituída na mesma ocasião
em que o correu a integralização de imóveis no capital social (fls. 30 a 46), então, aplica-se o §2°
do artigo 37 do CTN, deve comprovar que menos de 50% de sua receita não provêm da atividade
imobiliária nos três anos subsequentes à incorporação dos imóveis na sociedade.
A sociedade autora foi constituída em 2016, assim, no âmbito do processo
administrativo perante o fisco municipal, apresentou suas demonstrações financeiras para os anos
de 2016 a 2019 (fls. 113/118). Ficou demonstrado que não houve receita no período, fato não
impugnado pelo réu.
Diante disso, o auditor fiscal do município entendeu que as demonstrações
financeiras da autora não teriam aptidão para demonstrar a não preponderância das atividades por
não especificarem despesas correntes com os imóveis de propriedade da sociedade. Assim, foi
indeferido o pedido de não incidência do ITBI (fls. 98/99) e lavrados os autos de infração por não
pagamento do imposto (fls. 100/104).
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fls. 753
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A conclusão da fazenda municipal encontra-se em harmonia com a normativa
pertinente.
A finalidade da imunidade em questão é fomentar a atividade econômica
permitindo a integralização sem encargos tributários de imóveis em sociedades. No caso, a
sociedade autora busca apenas administrar os bens familiares e organizar a sucessão, restou
demonstrado documentalmente que não exerce qualquer atividade econômica, logo, não faz jus à
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imunidade.
Neste sentido, já decidiu o C. Supremo Tribunal Federal:
APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. ITBI. ALEGADA IMUNIDADE
SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS PARA O FIM DE INTEGRALIZAR O CAPITAL
SOCIAL DA IMPETRANTE. ART. 156, §2º, I DA CF. REGRAS IMUNIZANTES QUE
DEVEM SER INTERPRETADAS DE ACORDO COM A SUA FINALIDADE A QUAL, NO
CASO, VISA AO INCENTIVO DO DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE PRODUTIVA,
GERAÇÃO DE EMPREGOS, CIRCULAÇÃO DE RIQUEZAS E MELHORIAS
SOCIAIS.DIVERGÊNCIA COM O OBJETIVO DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
IMPETRANTE. HOLDING FAMILIAR CONSTITUÍDA COM A FINALIDADE DE
BLINDAGEMPATRIMONIAL. IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DA
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA NO CASO. SENTENÇA MANTIDA. (STF: ARE nº
1.378.663/PR, Relator: Ministro Luiz Fux, PUBLICADO EM 02/05/2022).
1026919-78.2022.8.26.0053 - lauda 4
fls. 754
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Ante o exposto, julgo improcedente o pedido; e assim o faço para extinguir o
processo com resolução do mérito nos termos do artigo 487, I do Código de Processo Civil.
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P.I.C.
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