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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região

Ação Trabalhista - Rito Ordinário


1001045-41.2023.5.02.0711

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 24/07/2023


Valor da causa: R$ 404.976,06

Partes:
RECLAMANTE: EDMILSON EMIDIO DE ASSIS
ADVOGADO: BRUNO FREIRE GALLUCCI
RECLAMADO: ESTRE AMBIENTAL S/A EM RECUPERACAO JUDICIAL
ADVOGADO: GILSON GARCIA JUNIOR
RECLAMADO: COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUICAO
ADVOGADO: REGINA APARECIDA SEVILHA SERAPHICO
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO


DE SÃO PAULO – ZONA SUL/SP.

EDMILSON EMIDIO DE ASSIS, brasileiro, casado, motorista de Coleta,


portador do CPF 367.019.098-84, RG 36.160.81-6 SSP - SP, filho de Manoel Emidio Sobrinho
e Maria Aparecida da Silva, nascido em 04/04/1979, domiciliado à Rua Ciro Alegria – 98
- Jardim Sul São Paulo – São Paulo/SP, CEP: 04413-040, vem respeitosamente, perante a
presença de Vossa Excelência, por seus procuradores devidamente constituídos no
instrumento de mandato colacionado aos autos, com endereço profissional à Rua
Apeninos, nº 429 Conj. 303, Paraiso CEP: 01533-000, onde recebe correspondências e
notificações, com fulcro nos Arts. 840 da CLT cominado com o Art. 282 do CPC, propor
a presente:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

pelo rito ordinário em face de em face de ESTRE AMBIENTAL S/A, pessoa


jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o Nº 03.147.393/0031-74, estabelecida à
Rua Quinta da Conraria, Nº 210 – Parque Santo Antônio – São Paulo/SP – CEP: 05.852-480
e COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUICAO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita
no CNPJ sob o Nº 47.508.411/0078-35, estabelecida à Avenida Brigadeiro Luiz Antônio,
Nº 3126 – Jardim Paulista – São Paulo/SP – CEP: 01402-000, pelas razões de fato e de
direito a seguir aduzidas:

1. PRELIMINARMENTE.

1.1. DA COMPETÊNCIA TERRITORIAL.

Assinado eletronicamente por: BRUNO FREIRE GALLUCCI - Juntado em: 24/07/2023 10:27:22 - 3a1f2de
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A teor do disposto no artigo 651 da CLT, a competência para


distribuição de reclamatórias trabalhistas é determinada pelo local da efetiva
prestação de serviços (CEP da efetiva prestação de serviços, conforme GP 88/2013 e
GP 73/2014).

O Reclamante trabalhou em diversas localidades, São Paulo, não


havia um posto fixo, pois na qualidade de motorista de Coleta, realizava a coleta de
lixo de diversas localidades.

Dessa forma, interpõe a presente Reclamatória perante essa justiça


especializada considerando o endereço à época da contratação nos termos do art.
651, § 3º da Consolidação das Leis do Trabalho que condiz:

Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é


determinada pela localidade onde o empregado, Reclamante ou
reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido
contratado noutro local ou no estrangeiro.
§ 3º - Em se tratando de empregador que promova realização de
atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao
empregado apresentar reclamação no foro da celebração do
contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.

Neste sentido, é pacífico o posicionamento do Egrégio TRT da 02ª


Região, como se vê na ementa abaixo transcrita com a devida vênia:

RECLAMADA DESENVOLVE ATIVIDADES FORA DO LUGAR DA


CONTRATAÇÃO. AJUIZAMENTO DE RECLAMAÇÃO TRABALHISTA NO
LOCAL DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. POSSIBILIDADE - Considerando
que a Reclamada/excipiente desenvolvia atividades fora do lugar do
contrato de trabalho, de fato o Reclamante tinha a opção de ajuizar
ação no local da contratação ou da prestação de serviços, conforme
parágrafo 3º do artigo 651 da CLT. (Processo nº 00119898970201350270,
Acórdão nº 2013007718, Relator: Odete Silveira Moraes, Revisor:
Salvador Franco de Lima Laurino) (grifei).

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Diante do exposto, requer que a presente Reclamatória seja


processada e julgada por esta justiça especializada competente para dirimir o litígio.

1.2. DO JUÍZO 100% DIGITAL.

Nos termos do Ato Conjunto nº 10/2021, e dos princípios constitucionais


da razoável duração do processo e da eficiência (Arts. 5º, inciso LXXVIII, e 37º da
Constituição Federal), o Reclamante requer a adoção do Juízo 100% digital, e desde
já informa seus dados para contato:

E-mail: thiago@guimaraesgallucci.com.br
Tel: (11) 3271-3389.

Diante disso, requer-se que todos os atos processuais sejam realizados


de forma virtual e remota, incluindo, as notificações, as audiências e as sessões de
julgamento.

1.2. DA JUSTIÇA GRATUITA.

O Obreiro requer os benefícios da Justiça Gratuita, eis que é pobre, na


acepção jurídica do termo, não podendo arcar com eventuais custas do processo, sem
o prejuízo do próprio sustento e de sua família.

Caso não seja este o entendimento deste MM. Juízo, seja oportunizado
ao Autor a comprovação dos referidos pressupostos nos termos do § 2º, art. 99 do
CPC.

1.3. DA INCONSTITUCIONALIDADE DOS ARTIGOS 844, § 2º, 791-A, §4º, 790-B DA CLT COM
RELAÇÃO AS CUSTAS PROCESSUAIS DO BENEFICIÁRIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
GRATUITA.

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Considerando a declaração de pobreza anexa bem como quanto


previsto no inciso LXXIV do art. 5º 1 da Constituição e da Lei 7.115/83 2 , imperioso a
concessão da gratuidade da justiça ao Reclamante.

Assim sendo, são inconstitucionais as disposições da Lei 13.467/2017


naquilo que restringem a integralidade da assistência jurídica gratuita, como direito
fundamental que impõe máxima efetividade. Por ser integral, conforme a literalidade
do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição, a assistência jurídica gratuita abrange os
riscos processuais dentro de uma atuação de boa-fé.

Cumpre salientar que a assistência judiciária gratuita importa na


isenção de todos os custos eventualmente fixados ao beneficiário e, neste sentido já
se manifestou o E. TRT – 15, vejamos:

EMENTA: ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. INDEVIDA A FIXAÇÃO DE


CUSTOS AO BENEFICIÁRIO. IMPROPRIEDADE DO ESTABELECIMENTO DA
PRESUNÇÃO DO EXERCÍCIO ABUSIVO DO DIREITO DE AÇÃO COMO
FORMA DE NEGAR VIGÊNCIA À GARANTIA CONSTITUCIONAL DA JUSTIÇA
GRATUITA. Os artigos 790-B (caput e § 4º), 791-A, § 4º e 844, § 2º da CLT,
com as redações que lhes foram dadas pela Lei n. 13.467/17
contrariam a essência do instituto da assistência judiciária gratuita,
quebrando toda a tradição jurídica desenvolvida sobre o tema, e
ainda, afrontam, literalmente, o inciso LXXIV do art. 5º da CF. Se, por
uma questão de cidadania, a todos, sem distinção, é dado o direito de
acesso ao Judiciário e se é entendido que com relação ao pobre existe
um obstáculo que precisa ser superado pela assistência judiciária
gratuita, para que o princípio isonômico seja concretizado, não se
pode fixar o pagamento de honorários prévios e honorários
advocatícios a quem é alvo de assistência judiciária gratuita porque
isso é o mesmo que negar a essas pessoas o acesso à justiça,
diminuindo-lhe a cidadania. O exercício regular do direito de ação não
pode gerar perda da eficácia da garantia constitucional da assistência

1 LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;
2 Art. 1º - A declaração destinada a fazer prova de vida, residência, pobreza, dependência

econômica, homonímia ou bons antecedentes, quando firmada pelo próprio interessado ou por
procurador bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira.

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judiciária gratuita. É imprópria a criação de uma "presunção da


utilização abusiva do processo por parte do beneficiário da justiça
gratuita", que não decorre de texto de lei e que não se sustenta em
máximas de experiência estatisticamente verificáveis, pois aniquila a
presunção de inocência e até impede o legítimo direito de defesa, não
sendo, pois, fundamento legítimo para negar vigência à garantia
fundamental, fixada expressamente na Constituição Federal, da
assistência judiciária integral e gratuita aos que não tenham condições
econômicas de suportar os custos do processo. No conflito de normas
estabelecido, entre a previsão da Lei n. 13.467/17 e o Código de
Processo Civil, não cabe invocar a aplicação da nova "lei trabalhista"
por ser mais específica, porque, em se tratando de garantias
fundamentais, a regra específica não pode reduzir o patamar já
alcançado por norma mais ampla, vez que isso representaria a
consagração de um estrato social determinado, ao qual se imporia
uma condição de subcidadania. Quando o tema é a preservação de
garantias fundamentais, o conflito de normas se resolve pela aplicação
da regra de maior proteção, ou, como fixado na base teórica do
Direito do Trabalho, pela aplicação da norma mais favorável à
condição humana. Sendo assim, em termos de direitos fundamentais,
o geral, quando mais benéfico, pretere o específico. E também não se
pode conceber que uma condição de cidadania já alcançada possa
ser reduzida, mesmo por imposição legislativa, sob pena de ferir a
cláusula geral de proteção dos direitos fundamentais do não
retrocesso, traduzida no Direito do Trabalho pelo princípio da condição
mais benéfica, que, inclusive, tem sede constitucional, conforme
previsão do "caput" do art. 7º, o qual estabeleceu que os direitos
trabalhistas são aqueles que ali se relacionou e quaisquer outros que
"visem à melhoria" da condição social dos trabalhadores. (TRT 15ªR.,
1ªT., RO nº 0012715-89.2017.5.15.0146, Rel. Juiz Jorge Luiz Souto Maior, j.
05/06/2018).

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Desta forma, não se pode fixar o pagamento de honorários


advocatícios a quem é alvo de assistência judiciária gratuita, pois isso significa negar
a essas pessoas o acesso à justiça, diminuindo-lhe a cidadania.

Nesta toada, com base em interpretação sistemática calcada no


disposto na Lei nº 1.060/50, que continua em vigor, a qual estabelece que a
conceituação legal relativa à assistência judiciária gratuita inclui todas as despesas
do processo, inclusive, os honorários advocatícios, não há respaldo constitucional
para atribuição do ônus de sucumbência àquele titular do direito fundamental à
assistência jurídica integral e gratuita.

Admitir solução contrária importaria em permitir que na Justiça Laboral


o trabalhador fosse exposto a ônus evidentemente desproporcional, ainda mais em
face da inexistência de dispositivo paralelo aplicável na Justiça Comum, onde, em
tese, as partes litigantes se situam em pé de igualdade.

Assim requer seja declarado inconstitucional dos arts. 844, §2º, 791-A,
§4º, 790-B, caput e §4º todos da CLT com relação às custas processuais ao beneficiário
da assistência judiciária gratuita.

1.4. DA INDICAÇÃO DE VALOR CERTO E DETERMINADO.

Inicialmente declara que indica aproximadamente os valores


pleiteados ao final de cada pedido, com base na documentação e informações
disponíveis ao trabalhador.

Em relação aos valores abaixo, indica apenas valores genéricos, nos


termos do Art. 324, §1º, III do CPC/15, pela impossibilidade de mensuração por
inacessibilidade da documentação necessária aos cálculos, que estão de posse do
Reclamado.
Deixa de liquidar os valores pleiteados, pois a redação introduzida pela
Reforma Trabalhista exige apenas a indicação de seu valor, não exigindo em
momento algum a sua liquidação, art. 840 - § 1º 3.

3§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das


partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo,

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Afinal, tal compreensão poderia ferir frontalmente princípios basilares


da Justiça do Trabalho, tais como o da SIMPLICIDADE, INFORMALIDADE, CELERIDADE
e do AMPLO ACESSO À JUSTIÇA.

Tal entendimento encontra-se na doutrina do MM. Juízo da 19ª vara do


trabalho da Capital de São Paulo, Mauro Schiavi, ao analisar a matéria, destaca:

"A lei não exige que o pedido esteja devidamente liquidado, com
apresentação de cálculos detalhados, mas que indique o valor. De
nossa parte, não há necessidade de apresentação de cálculos
detalhados, mas que o valor seja justificado, ainda que por estimativa.
Isso se justifica, pois, o Reclamante, dificilmente, tem documentos para
o cálculo de horas extras, diferenças salariais, etc. Além disso, muitos
cálculos demandam análise de documentação a ser apresentada
pela própria Reclamada." (SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito
Processual do Trabalho. 13ª ed. Ed. LTR, 2018. p. 570).

Aceitar interpretação extensiva à norma seria criar obstáculo


inexistente em manifesto cerceamento ao direito constitucional de acesso à justiça.
Em nossos tribunais o entendimento não é diferente, vejamos:

MANDADO DE SEGURANÇA. EMENDA À PETIÇÃO INICIAL. LEI 13.467.


PEDIDO LÍQUIDO. IMPOSIÇÃO DE LIQUIDAÇÃO DA INICIAL DA AÇÃO
TRABALHISTA ILEGAL E OBSTACULIZADORA DO DIREITO FUNDAMENTAL DE
ACESSO À JUSTIÇA. SEGURANÇA CONCEDIDA PARA CASSAR A
EXIGÊNCIA. Tradicionalmente o art. 840 da CLT exige, da inicial da
ação trabalhista, uma breve narrativa dos fatos, o pedido, o valor da
causa, data e assinatura. A nova redação da lei 13467/17,
denominada "reforma trabalhista" em nada altera a situação,
considerando repetir o que está exposto no art. 291 do CPC quanto à
necessidade de se atribuir valor à causa e não liquidar o pedido. A
imposição de exigência de liquidação do pedido, no ajuizamento,
quando o advogado e a parte não têm a dimensão concreta da

determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu


representante.

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violação do direito, apenas em tese, extrapola o razoável, causando


embaraços indevidos ao exercício do direito humano de acesso à
Justiça e exigindo do trabalhador, no processo especializado para
tutela de seus direitos, mais formalidades do que as existentes no
processo comum. No ajuizamento da inicial foram cumpridos todos os
requisitos previstos na lei processual vigente, não podendo ser
aplicados outros, por interpretação, de forma retroativa. Não cabe
invocar a reforma trabalhista para acrescer novo requisito a ato jurídico
processual perfeito. Inteligência do art. 14 do CPC. Segurança
concedida. (TRT4 Processo 0022366-07.2017.5.04.0000(MS) Redator:
Marcelo Jose Ferlin D'ambroso Órgão julgador: 1ª Seção de Dissídios
Individuais 28/02/2018)

Nesse mesmo sentido, em outro julgado podemos destacar:

"O ato processual em questão diz respeito ao atendimento dos


requisitos legais previstos para a petição inicial, que deveriam ser
aqueles previstos na legislação vigente, é dizer, a CLT já com as
alterações feitas pela reforma, apenas determina sejam apontados os
valores na peça inaugural, não exigindo sua liquidação neste ponto.
10) Nessa medida, a ordem judicial que determina a aplicação dos
requisitos trazidos pela Lei nº 13.467/2017, exigindo mais do que o
dispositivo legal o faz, revela-se teratológica, mostrando-se cabível a
impugnação por meio do remédio constitucional." (TRT15 Processo Nº
0005412-40.2018.5.15.0000 (MS) Juiz Relator: CARLOS EDUARDO
OLIVEIRA DIAS. Data: 05/03/2018).

Motivos pelos quais requer o recebimento de simples indicação dos


valores de cada pedido, nos termos do Ar. 840, §1º e 324, §1º, III do CPC/15.

1.5. DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA.

Cumpre ressaltar incialmente que o STF, por meio das ADINs 2139-7 e
2160-5, declarou inconstitucional a obrigatoriedade da passagem do empregado

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pela Comissão de Conciliação Prévia, motivo pelo qual acessa o Autor diretamente
a via judiciária, nos termos do art.625-D, § 3º da CLT.

1.7. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DAS RECLAMADAS.

A Reclamante foi contratada pela 1ª Reclamada, para prestar serviços


exclusivamente à 2ª Reclamada, desempenhando atividades diretamente ligadas ao
recolhimento de lixos da 2ª Reclamada, ou seja, indispensáveis para manter as
estruturas locais.

É incontestável que, na qualidade de tomadora dos serviços da


Reclamante, a 2ª Reclamada responde subsidiariamente, no caso de inidoneidade
ou insuficiência patrimonial da 1ª Reclamada, quanto ao crédito trabalhista da
Autora, aos recolhimentos legais e às despesas processuais.

Desta forma, 1ª e 2ª Reclamadas possuem legitimidade ativa e passiva,


a pertinência subjetiva da presente demanda. A legitimação ativa cabe ao titular do
direito material afirmado na pretensão, enquanto a legitimidade passiva recai na
pessoa de quem se afirma ser sujeito passivo da relação jurídica trazida a Juízo.

É de entendimento pacificado e notório que as tomadoras de serviços,


ao contratarem os serviços de uma Prestadora de Serviços, devem verificar a
idoneidade financeira e moral da referida Prestadora.

Entretanto, tal regra não foi observada pela 2ª Reclamadas, que não
teve tal atenção ao caso em concreto, pois, a 1ª Reclamada não cumpriu a
legislação Trabalhista vigente.

Sendo assim, a 2ª Reclamada agiu com culpa “in elegendi” e “in


vigilando” caracterizando a responsabilidade subsidiaria – Súmula 331 do TST.

Legitima, portanto, a presença de ambas as Reclamadas para


comporem o polo passivo da presente demanda, devendo, por sentença, ser

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declarada a responsabilidade subsidiária da 2ª Reclamada, uma vez que,


beneficiarias do labor da Reclamante.

2. DO MÉRITO.

2.1. DO CONTRATO DE TRABALHO.

O Reclamante foi contratado pela Reclamada em 19.10.2017, para


exercer a função de motorista de Coleta, se desligando da empresa em 11.04.2023,
auferindo como último salário a importância de R$ 2.313,77 (dois mil, trezentos e treze
reais e setenta e sete centavos).

Do primeiro mês de trabalho, ou seja, de sua admissão – ocorrida em


19.10.2017 até o desligamento, ocorrido em 11.04.2023, o Autor trabalhou na escala
6x1, das 06h00 às 14h20, sendo que ao menos 5 vezes por semana antecipava sua
jornada em 40 (quarenta) minutos e prorrogava ao menos 3 (três) vezes por semana
em 03h00 (três) horas, não usufruindo de 1 (uma) hora de intervalo para descanso e
refeição.

3. DA JORNADA DE TRABALHO – HORAS EXTRAS.

O Reclamante laborava na escala 6x1, das 06h00 às 14h20, sendo que


ao menos 5 vezes por semana antecipava sua jornada em 40 (quarenta) minutos e
prorrogava ao menos 3 (três) vezes por semana em 03h00 (três) horas, não usufruindo
de 1 (uma) hora de intervalo para descanso e refeição e sem receber qualquer valor
a título de horas extras.

Nesse sentido, conforme preceituado no art. 7º, inciso XIII, da CRFB/88,


são direitos dos trabalhadores, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social, a duração do trabalho normal, não superior a oito horas diárias e quarenta e
quatro semanais.

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Assim, considerando a jornada elencada, o Reclamante faz jus ao


recebimento das HORAS EXTRAS SOBREJORNADAS EXCEDENTES DA 8ª DIÁRIA E 44ª
SEMANAL.

Coadunando com a disposição Constitucional, as horas extras deverão


ter o acréscimo legal de 50% correlato ao adicional de hora extraordinária, o que
deverá ser observado no presente caso.

Isto posto, requer o pagamento de todas as horas extras e por serem


habituais, deve-se integrar as verbas salariais, indenizatórias e rescisórias, sendo
devido os reflexos em DRS, aviso prévio indenizado, 13º salário, férias +1/3
constitucional e FGTS + multa rescisória.

4. DO INTERVALO INTRAJORNADA.

Durante todo o pacto laboral, o Autor não gozava do intervalo mínimo


de 1 (uma) hora para alimentação e descanso, fazendo em média apenas 30 (trinta)
minutos de intervalo intrajornada.

Destarte, a teor do que dispõe a CLT, deverá a Reclamada remunerar


a hora que deixou de conceder ao Reclamante.

Art.71 Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis)


horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou
alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo
escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2
(duas) horas.

§ 4. Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste


artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a
remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo
cinquenta por cento sobre o valor da remuneração da hora normal de
trabalho.

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Logo, em razão da pausa alimentar parcialmente concedida, requer-


se o pagamento do período suprimido, ou seja, de 30 (trinta) minutos diários, com
acréscimo de 50%, de natureza indenizatória.

5. DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.

O Obreiro no exercício de suas funções, Motorista de coleta, realizava


a coleta de resíduos orgânicos, reciclados e também de lixo de farmácia todos os
dias, infere-se ainda que o Autor não usava qualquer tipo de Epi para manusear os
resíduos contaminados.

Além de conduzir o veículo, também operava a máquina de prensa


de resíduos e a caçamba estacionada, tendo para isso que subir na caçamba do
veículo expondo-se diariamente ao contato com riscos biológicos ao estar em
contato com lixos diversos, sejam eles animais mortos, materiais em decomposição,
bactérias em geral, churume e barro do aterro sanitário.

Ressalta-se que, o contato com os detritos supramencionados se deu


em virtude da atividade exercida pelo Obreiro, sem que a Reclamada fornecesse
qualquer EPI.

Tal função é insalubre por natureza uma vez que afeta e causa danos
à saúde do empregado, provocando, com o passar do tempo, doenças e outros
males, em virtude do contato com os detritos descartados, prejudicando assim o
organismo humano. Não recebeu qualquer adicional por parte da Reclamada,
requerendo-se sua condenação ao pagamento do devido adicional de
insalubridade nos termos do artigo 192 da CLT.

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Posto isso, demonstrado que o reclamante tem direito a receber o


adicional de insalubridade em grau máximo, cuja verba possui natureza salarial,
devendo a citada verba integralizar o salário do obreiro para todos os efeitos,
devendo, assim, repercutir nos demais consectários legais (horas extras, DSR, aviso
prévio, trezenos, férias + 1/3 e FGTS + 40%), conforme entendimento pacificado pelas
Súmulas 47 e 139 do TST.

6. DO ACIDENTE DE TRABALHO.

Destaca-se ainda que o autor sofreu acidente de trabalho em


26.02.2018, enquanto retornava de uma entrega em ITAPEVI, uma carreta perdeu o
controle e colidiu com o Obreiro, ocasionando um grave acidente, senão vejamos:

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Tamanha foi a proporção do acidente que o Reclamante quebrou as


duas pernas, sendo submetido a cirurgia, bem como seções de fisioterapia, conforme
documentos anexos, ainda, é importante esclarecer que dito acidente ocorreu no
Km 29, do rodoanel.

Bem, desde então o Autor, vem sofrendo com as consequências do


acidente, sendo elas:

– De cunho físico representada pelas dores constantes, por fazer uso


habitual de medicamentos;

– De cunho material configurada pela perda de poder aquisitivo face


dos gastos constantes com medicamentos.

Encaminhado ao INSS ficou afastado recebendo auxílio- doença


acidentário NB 91/6042028239. Período de afastamento de 25/11/2013 a 05/04/2014.

O Reclamante vem trilhando uma verdadeira via Crúcis em busca do


alívio das sequelas que lhe foram causadas pelo acidente, locomovendo-se com
dificuldades, sendo impedido de praticar atividades que antes sempre foram
rotineiras, como por exemplo, a prática de esportes.

É certo que a Reclamada agiu com culpa, posto que


imprudentemente, incumbiam à vítima de prestar serviços localidades distantes,
resultando daí o fatídico evento já descrito acima, além de que, o acidente sofrido se
deu dentro do curso de sua atividade laborativa.

7. DA INDENIZAÇÃO DE DANOS MORAIS e REPARAÇÃO DE DANOS ESTÉTICOS E


MATERIAIS.

Como dito e repisa-se, embora o acidente de trabalho tenha ocorrido


em fevereiro de 2018, persiste até hoje a capacidade laborativa diminuída em razão

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do acidente, sendo que em razão do acidente há diferenças de tamanho entre as


pernas, condizente com a narrativa obreiro.

Nesse sentido, o dano estético, segundo Teresa A. Lopes de


Magalhães: “… é qualquer modificação. Aqui não se trata apenas das horripilantes
feridas, dos impressionantes olhos vazados, da falta de uma orelha, da amputação
de um membro, das cicatrizes monstruosas ou mesmo do aleijão propriamente dito.
Para a responsabilidade civil basta a pessoa ter sofrido uma? transformação? não
tendo mais aquela aparência que tinha. Há, agora, um desequilíbrio entre o passado
e o presente, uma modificação para pior…” (O Dano Estético, Responsabilidade Civil,
RT, 1980, p. 18/19).

Além disso, Wilson Melo da Silva é do mesmo entendimento:


“...Dano estético, no cível, não é apenas o aleijão. É também, qualquer deformidade
ou deformação outra, ainda que mínima e que implique, sob qualquer aspecto, num?
afeamento? da vítima ou que possa vir a se constituir para ela numa simples lesão
‘desgastante ‘, como o diria LOPES VIEIRA ou em permanente motivo de exposição
ao ridículo ou de inferiorizantes complexos” (O Dano Moral e sua Reparação, 3ª ed.,
Forense, 1983, p. 499).

Mas não é só, colhe-se, também, do entendimento jurisprudencial, ser


possível cumular a reparação pelos danos estéticos e morais, senão vejamos:

“Se o encurtamento da perna esquerda, em virtude de acidente de


trânsito, além de representar uma sequela física permanente e
aparente, causa transtornos psíquicos à vítima, o dano estético e moral
devem ser cumulativamente reparados”(1° TACiv.SP, JB 157/213) (grifos
nossos).

Em outros julgados também restou proclamado:

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“Dano moral – Reparação – Indeniza-se o dano inteiro, inclusive, pois,


o moral, que não se confunde com o material e o estético ‘ (Ac. do 4o
Grupo de Câmaras Cíveis do TJRJ, de 9.6.1976, rel. Des. Ebert Chamoun,
in Rev. Jur. do TJRJ, n. 45, pág. 130), ou in ‘Prática da Responsabilidade
Civil’, de Martinho Garcez Neto, Ed. Saraiva, 4a ed. aumentada, 1989,
pág. 285.

“Dano moral e dano estético – Alcance – O dano moral abre frestas


imensas no direito moderno, desde que visa pelo capital temperar os
sofrimentos da própria vítima. Com maior razão do dano estético que
não está no juízo subjetivo de terceiro, mas da própria vítima ‘(TJRJ, 8a
CC, ADCOAS, n. 33, pág. 516, v. 130.045).

A incapacidade obreira será constatada por perito médico a ser


nomeado por Vossa Excelência. Feito isto restarão preenchidos os deveres de
indenizar, que são: a) conduta; b) ato ilícito, c) prejuízo e d) nexo causal.

Neste contexto, ampara a pretensão do obreiro os incisos V e X do art.


5º da Carta Política, bem como o inciso XXVIII do art. 7º. O Código Civil prevê a
reparação por ato ilícito no art. 186, elastecendo referida reparação nos artigos 927,
948 e 949 do mesmo Códex.

O empregador está obrigado a oferecer ambiente de trabalho


saudável, bem como providenciar seguro contra acidentes de trabalho e ainda
dispor de medidas que reduzem os riscos de acidente, tudo por disposição
constitucional (artigo 7º XXII, XXVIII c/c art. 225). A norma consolidada impõe ao
empregador obedecer e fazer obedecer às normas de segurança de trabalho sob
pena de responsabilidade (art. 157), e, finalmente, a Lei n.º 8.213/91, em seu artigo 19,
tipifica como contravenção penal a inobservância das normas de segurança pelo
empregador estabelecendo a responsabilidade do mesmo quanto as medidas
individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador, bem como o dever
de informação sob pena de responsabilidade.

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O dano material deverá ser deferido considerando o percentual da


perda da capacidade laborativa do obreiro em razão dos infortúnios sofridos, cuja
redução da capacidade laborativa afeta de forma determinante o desempenho, a
performance do reclamante. Tal percentual será multiplicado pelo tempo de vida
ativa do autor até média de expectativa de vida do brasileiro estimada pelo IBGE,
qual seja, setenta e seis (76) anos conforme tábua de mortalidade publicada, ou,
caso não perfilha Vossa Excelência deste entendimento, até ao menos lograr
preencher os requisitos para aposentar-se, pela regra geral atual do regime de
previdência social, idade mínima de sessenta e cinco (65) anos. Será considerado
para efeito de indenização os valores relativos a salários, férias + 1/3 e depósitos
fundiários.

Já no que concerne ao Dano moral, este decorre da violação da


honra e dignidade do trabalhador. Ora Excelência, o reclamante sofreu acidente de
trabalho enquanto funcionário da ré, lhe acarretando déficit funcional físico. Referida
lesão ofende o autor também em sua honra e dignidade na exata medida em que
fere sua autoestima e brio. Tendo o reclamante sua performance laborativa afetada
traz à tona sentimento de impotência, além do sentimento vexatório por acabar
possuindo uma deficiência física, que embora não aparente, acaba transparecendo
no decorrer da jornada de trabalho no cotidiano no ambiente laboral, ante as
restrições de tarefas habituais que outrora desenvolvia sem qualquer oposição, cuja
repercussão lhe afeta em todas as esferas da vida.

Portanto, o fundamento do pedido de indenização por dano moral


deve-se ao abalo moral e psíquico ocasionado pelo prejuízo funcional e déficit físico
permanente decorrente do acidente de trabalho por equiparação (doença
profissional) denunciado nos autos, e que deve ser indenizado pelo empregador.

Vossa Excelência deverá analisar a existência das infrações noticiadas


pelo autor em detrimento aos seus direitos e garantias a fim de acolher o pedido
obreiro quanto a indenização a título de dano moral, material e estéticos, observando
os critérios subjetivos (posição social ou política do ofendido, intensidade do ânimo
de ofender: culpa ou dolo) ou objetivos (situação econômica do ofensor, risco criado,
gravidade e repercussão da ofensa), para arbítrio do quantum indenizatório, sem

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perder de vista o binômio pena-desestímulo consagrados na doutrina e


jurisprudência.

Nesta esteira, verifica-se que a conduta da reclamada na pessoa de


seus prepostos, traduz-se em abuso de direito, configurando o ato ilícito, que
consequentemente motivou um prejuízo na espera extrapatrimonial do reclamante,
uma vez que referida conduta ilícita feriu o reclamante em seu amor próprio, em sua
dignidade e autoconfiança, ensejando a reparação deste prejuízo com o
pagamento de indenização a título de dano moral, material e estético, que ora
faculta- se arbitrar por achar justo e razoável, eis que denotam-se de todo
configurados, de forma irreversível para o Reclamante, devendo serem portanto
objetos de reparação.

8. DA PENSÃO VITALÍCIA.

Pois bem, considerando-se que a perda da capacidade laborativa é


de natureza parcial e permanente, esta acompanhará o Autor para o resto da sua
vida, motivo pelo qual, o Reclamante faz jus à pensão mensal vitalícia, inclusive
parcela de 13ª salário, férias +1/3 constitucional e depósitos do FGTS (ambas as
parcelas considerando o salário base + média dos últimos meses de verbas salariais
variáveis).

Cumpre ressaltar, que o Reclamante ficou afastado por quase 2 anos


das atividades da Reclamada em razão do acidente de trabalho.

A pensão deve ser calculada em função do último salário auferido,


considerando-se o salário normal acrescido da média salarial variável, bem como em
observância ao número de anos entre a idade do Reclamante (de quando a pensão
é devida) e a estimativa de sobrevida do Autor (atualmente, conforme Tabela do
IBGE é de 76,6 anos). Juros e atualização a partir do ajuizamento da ação.

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A pensão é devida desde a demissão do Reclamante, em parcela


única (art. 950, par. ú), a ser calculada a partir da data indicada, de acordo com o
grau da incapacidade laborativa (a ser calculada de acordo com o laudo pericial),
sendo no mínimo o percentual de 50% (por analogia, art. 86, Lei 8.213/91).

9. DA NULIDADADE DO PEDIDO DE DEMISSÃO COM RESCONHECIMENTO DA RESCISÃO


INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO.

Cumpre esclarecer que a reclamante solicitou ao empregador a


regularização das obrigações contratuais (pagamento do intervalo intrajornada,
horas extras, bem como o correto pagamento do adicional de insalubridade em grau
máximo), mas a 1ª reclamada esclareceu que seria impossível e, em caso de
descontentamento, o Obreira deveria pedir demissão.

Diante das irregularidades apontadas, tem-se pela inviabilidade da


manutenção do contrato de trabalho, posto que as reclamadas praticaram atos
tipificados pelo artigo 483 da CLT, alínea “d”, que expressamente dispõe sobre o
tema.

Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e


pleitear a devida indenização quando: (...) d) não cumprir o
empregador as obrigações do contrato.

Pelo exposto, pretende o Obreira que seja considerado nulo o suposto


“pedido” de demissão com reconhecimento da rescisão indireta do contrato de
trabalho e, consequentemente, deferidas as verbas decorrentes da dispensa sem
justa causa por iniciativa do empregador mediante aplicação dos princípios que
regem esta modalidade de rescisão do contrato de trabalho.

10. DAS VERBAS RESCISÓRIAS.

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Consoante declinado, o Reclamante foi admitido em 19.10.2017 e


desligado em 11/04/2023.

Ante a nulidade do suposto “pedido” de demissão com


reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho, faz juz o Autor ao
recebimento das verbas decorrentes da dispensa sem justa causa por iniciativa do
empregador, o que desde já se requer:

Aviso Prévio Indenizado (45 dias);


Saldo de Salário (11 dias);
Décimo terceiro proporcional (3/12 avos);
Décimo terceiro indenizado (2/12 avos);
Férias proporcionais + 1/3 (6/12 avos – considerando a projeção do
aviso prévio);
Férias indenizadas + 1/3 (2/12 avos – considerando a projeção do aviso
prévio);
FGTS + multa rescisória;
Seguro Desemprego.

11. DO DEPÓSITO DE FGTS E MULTA DE 40%.

A Reclamada deverá ser compelida a efetuar a entrega das


competentes guias para levantamento do FGTS com a devida multa rescisória de
40%, comprovando o recolhimento da integralidade dos depósitos fundiários,
abrangendo todos os meses laborados, sob pena de sofrer imediata execução
quanto aos valores não recolhidos.

12. DO SEGURO DESEMPREGO.

O Reclamante, ainda, faz jus às guias CD/SD para liberação do seguro


desemprego, nos termos do art.3º, Lei n.º 7.998/90 e art.201, III da Constituição Federal,
as quais deverão ser entregues em 1ª audiência, juntamente com as guias do TRCT,
sob pena de ser a Reclamada compelida ao pagamento respectivo, de forma
indenizada. É o que se requer.

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13. MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT.

A Reclamada dever pagar ao Obreiro, no ato da audiência, todas as


verbas incontroversas, sob pena de acréscimo de 50%, conforme artigo 467 da CLT,
transcrito a seguir:

“Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo


controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é
obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à
Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de
pagá-las acrescidas de cinquenta por cento”.

Dessa forma, pugna o Autor pelo pagamento de todas as parcelas


incontroversas em primeira audiência.

14. DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA.

A correção monetária é devida a partir do descumprimento da


obrigação, nos termos do art. 39 da Lei nº 8.177/91 e convalidado pelo artigo 15 da
Lei nº 10.192/01.

No tocante ao índice de correção monetária, em face da decisão de


improcedência da RCL nº 22.012, o E. STF declarou a inconstitucionalidade do artigo
39 da Lei nº 8.177/1991, com produção de efeitos prospectivos a partir de 25/3/2015,
logo, aplica-se a TR para correção dos débitos trabalhistas somente até 24/3/2015, e
após esta data utiliza-se o índice IPCA-E.

Ademais, após a entrada em vigor da chamada Reforma Trabalhista,


o índice de correção monetária dos créditos trabalhistas passou a contar com
previsão expressa no artigo 879, §7º da Consolidação das Leis do Trabalho
notadamente a partir da Medida Provisória nº 905, de 2019.

§ 7º A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial


será feita pela variação do IPCA-E, ou por índice que venha substituí-

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lo, calculado pelo IBGE, que deverá ser aplicado de forma uniforme
por todo o prazo decorrido entre a condenação e o cumprimento da
sentença. (Redação dada pela Medida Provisória nº 905, de 2019).

Quanto aos juros, deverão ser calculados desde a distribuição da


inicial, nos termos do artigo 883 da CLT, devidos à razão de 1% ao mês, ou pro rata
die, observando-se a aplicação do Enunciado nº 200, do c. TST. Sobre eles não deve
haver incidência do imposto de renda, à luz do artigo 46, parágrafo único da lei 8.541
e Orientação Jurisprudencial nº 400, da SBDI-1, do TST.

15. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA.

O advento da Lei 13.467/2017 (Lei da Reforma Trabalhista), publicada


no dia 14 de julho, acrescentou o artigo 791-A à Consolidação das Leis do Trabalho,
nos seguintes termos:

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão


devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor
que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido
ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

Incontroverso que a Lei acima citada regulamentou os honorários


advocatícios de sucumbência, que deverão ser fixados de 5% a 15% sobre o valor
atualizado na causa, devendo o Magistrado observar: (I) o grau de zelo do
profissional; (II) o lugar de prestação do serviço; (III) a natureza e a importância da
causa; (Iv) o trabalho feito pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

Isto posto, requer o Autor a condenação da Reclamada ao


pagamento de Honorários de Sucumbência no importe de 15% do valor atribuído a
causa.

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16. DOS PEDIDOS.

Ante todo o exposto, o Reclamante pleiteia:


a) Benefícios da Justiça Gratuita................................................. Pedido Declaratório.
b) Dispensa de demandar perante a CCP................................. Pedido Declaratório.
c) Responsabilidade subsidiária da 2ª Reclamada .................. Pedido Declaratório.
d) Realização de Perícia Médica ............................................... Pedido Declaratório.
e) Acidente do Trabalho, indenização por danos morais ...... R$ 50.000,00
f) Indenização por dano estético no importe de 32 (trinta e dois) salários,
equivalentes nesta data ......................................................... R$ 74.040,64
g) Indenização por danos materiais .......................................... R$ 50.000,00
h) Pensão vitalícia ........................................................................ R$ 74.016,00
i) Nulidade do pedido de demissão, com reconhecimento da rescisão indireta
do contrato de trabalho.......................................................... Pedido Declaratório.
j) Verbas Rescisórias .................................................................. R$ 12.226,44
j.1) Aviso Prévio Indenizado (45 dias) ................................... R$ 3.470,66
j.2) Saldo de Salário (11 dias) ................................................ R$ 848,38
j.3) décimo terceiro proporcional (03/12 avos) .................. R$ 578,44
j.5) décimo terceiro indenizado (2/12 avos) ....................... R$ 385,63
j.6) Férias Proporcionais (6/12 avos) + 1/3 constitucional ... R$ 1.542,52
j.7) Férias Indenizadas + 1/3 constitucional (2/12 avos) ..... R$ 514,17
j.8) FGTS + multa Rescisória..................................................... R$ 4.886,64
k) Seguro Desemprego ou indenização equivalente ............. R$ 5.208,00
l) Adicional de insalubridade ..................................................... R$ 40.622,40
m) Reflexos do Adicional de insalubridade.
m.1) Aviso prévio (45 dias) .......................................................... R$ 1.041,19
m.2) décimo terceiro salário proporcional (3/12 avos) .......... R$ 173,53
m.3) décimo terceiro indenizado (2/12 avos) .......................... R$ 115,68
m.4) Férias Indenizadas + 1/3 constitucional (2/12 avos) ....... R$ 154,33
m.5) Férias Proporcionais (6/12 avos) + 1/3 constitucional .... R$ 1.462,75
m.6) FGTS + multa de 40% .......................................................... R$ 2.465,99
m.7) total de reflexos .................................................................. R$ 5.413,47
n) Horas Extras e reflexos ................................................................ R$ 29.963,20
o) Intervalo intrajornada ................................................................. R$ 9.963,20

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Fls.: 25

p) Multa do art. 467........................................................................ R$ 6.113,22


q) Honorários Sucumbenciais....................................................... R$ 52.822,96

17. REQUERIMENTOS FINAIS.

Por todo acima exposto, requer o recebimento da presente


reclamatória trabalhista, ante a inexistência de conciliação perante a Comissão de
Conciliação Prévia da categoria, concedendo-se ao Reclamante os benefícios da
assistência judiciária gratuita, tendo em vista sua impossibilidade de arcar com custas
e despesas sem prejuízo de seu sustento e de sua família, notificando-se a Reclamada,
para, querendo, comparecer à audiência designada por V. Exa., e apresentar
defesa, sob pena de revelia, para ao final ser julgado totalmente procedente este
pedido, condenando a Reclamada em todo requerido, conforme for apurado em
liquidação de sentença, tudo corrigido monetariamente, acrescido de juros, custas,
demais despesas e honorários advocatícios.

Por derradeiro, requer seja a Reclamada compelida a apresentar o


contrato social, bem como as alterações de contrato, a ficha funcional completa
com toda a documentação que a acompanha, inclusive exames médicos, os recibos
de pagamentos mensais, controles de horários e comprovantes de recolhimentos
fundiários.

Protesta-se pela produção de todas as provas em direito permitidas,


especialmente depoimento pessoal do representante legal da empregadora, pena
de confissão, oitiva de testemunhas, perícia, juntada e solicitação de outros
documentos e todas as demais que necessitarem ao esclarecimento da verdade.

18. DOS DOCUMENTOS.

Requer por fim, que seja determinado à Reclamada a EXIBIÇÃO: (I) dos
documentos contratuais do Reclamante; (II) dos contracheques do Reclamante
juntamente com os comprovantes de pagamento de todo o pacto laboral; e (III) das
demais provas necessárias a esta demanda, para fins de que sejam mensurados os
valores devidos.

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19. DAS PUBLICAÇÕES E INTIMAÇÕES.

Requer-se que toda e qualquer intimação e/ou notificações sejam


endereçadas, EXCLUSIVAMENTE, ao Advogado BRUNO FREIRE GALLUCCI, inscrito na
OAB/SP sob n.º 340.987, sob pena de nulidade.

Dá-se à causa o valor de R$ 404.976,06 (quatrocentos e quatro mil,


novecentos e setenta e seis reais e seis centavos), para fins de alçada.

Nesses termos, pede deferimento.


São Paulo, 24 de julho de 2023.

BRUNO FREIRE GALLUCCI


OAB/SP.: 340.987

GUILHERME SOUSA SILVA


OAB/SP.: 464.643

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Número do documento: 23072410251061300000309638411

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