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Petição inicial trabalhista

Hamilton lucena

exame
XXXV

atualizado e revisado
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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PETIÇÃO INICIAL
1. INTRODUÇÃO
A petição inicial, externa a manifestação do reclamante de obter tutela jurisdi-
cional para na satisfação do seu direito, rompendo a inércia da jurisdição (art. 2º do
CPC) para dar início ao processo trabalhista.
2. FUNDAMENTAÇÃO
A petição inicial tem fundamento no art. 840 da CLT, vejamos:
CLT, Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qua-
lificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pe-
dido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a
assinatura do reclamante ou de seu representante.

3. ESTRUTURA DA PETIÇÃO INICIAL TRABALHISTA


1. - Endereçamento
2. – Qualificação das partes e da peça
2.1. – Reclamante
2.2. – Advogado do reclamante
2.3. – Peça processual
2.4. – Empresa reclamada
3. - Causa de pedir
3.1. – Tramitação especial
3.2. - Benefícios da justiça gratuita
3.3. - Resumo do contrato de trabalho
3.4. – Teses de mérito
3.5. – Tutela de urgência
3.6 - Honorários Sucumbenciais
4. – Pedido
5. – Protestar pelas provas e citação da reclamada
6. – Valor da causa e pedir deferimento
7. – Local e a data
8. –Indicar o advogado subscritor
Passamos a estudar os itens:
3.1. ENDEREÇAMENTO
O endereçamento deve ser feito para o juiz do trabalho.
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE ______.

ou

AO JUÍZO DA __ VARA DO TRABALHO DE ______.

OBS: Não indicar o número da Vara do Trabalho, pois, ainda não houve distribui-
ção.
Art. 838 da CLT - Nas localidades em que houver mais de 1 (uma) Junta ou mais
de 1 (um) Juízo, ou escrivão do cível, a reclamação será, preliminarmente, sujeita
a distribuição, na forma do disposto no Capítulo II, Seção II, deste Título.

3.1.1. LOCALIDADE DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO


As regras de competência em razão do lugar (ratione loci) tem previsão expres-
sa na CLT (art. 651), não cabendo, por hora, a aplicação supletiva ou subsidiária do
CPC. Trata-se, no caso, de competência relativa e somente pode ser arguida por meio
de exceção e não de ofício pelo juiz.
Para não errar a competência territorial e endereçar corretamente a sua petição
inicial trabalhista, é necessário estudar competência territorial prevista no art. 651 da
CLT.
3.1.1.1.REGRA
A competência territorial na Justiça do Trabalho tem, como regra, o local da
prestação dos serviços pelo empregado.
CLT, Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é deter-
minada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar
serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no es-
trangeiro.
Essa norma assegura o efetivo acesso do empregado à Justiça do Trabalho,
pois:
> Facilita o acesso à Justiça do Trabalho;
> Facilita a produção de provas (exemplo, a prova testemunhal);
> Reduz custos com o comparecimento da audiência.
3.1.1.2. EXCEÇÃO 1
Tratando-se de empregado contratado em determinado lugar para prestar ser-
viço em outra local, este empregado, quando for apresentar reclamação trabalhista na
justiça do trabalho, poderá optar em ajuizar no foro da celebração do contrato ou no
da prestação dos respectivos serviços (CLT, art. 651, § 3°).
CLT, art. 651, §3º - Em se tratando de empregador que promova realização de
atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado
apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou da prestação dos
respectivos serviços.”

Como esse assunto foi cobrado na prova da OAB:


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Plínio foi empregado da sociedade empresária Marca Alimentos S/A. Ele prestou
serviços nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, residindo hoje nes-
te último. Ao ser dispensado, ajuizou reclamação trabalhista em face da sociedade
empresária, a qual foi distribuída a 99ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte / MG. Na
audiência, a sociedade empresária apresentou exceção de incompetência, alegando
que a ação deveria ter sido ajuizada em São Paulo, local da contratação e sede da ré.
Diante disso, responda aos itens a seguir.

A) Observadas as regras de competência territorial, onde Plínio deveria ajuizar a


ação? (Valor: 0,60) Resposta: Plínio poderá ajuizar a ação em qualquer dos três Esta-
dos, ou seja, em Minas Gerais, São Paulo ou Rio de Janeiro, pois segundo o art. 651,
§ 3º da CLT, é facultado ao empregado optar pelo foro da celebração do contrato ou
pelo da prestação dos serviços.

3.1.1.3. EXCEÇÃO 2
O TST vem permitindo o ajuizamento da reclamação trabalhista no domicílio
do reclamante quando a reclamada for empresa de grande porte e prestar serviços
em âmbito nacional, em homenagem ao princípio constitucional do amplo acesso à
jurisdição e ao princípio protetivo do trabalhado.
São requisitos para ajuizar a ação no domicilio do autor e não no local da pres-
tação de serviços.
> Empresa possua atuação nacional;
> Não se revele um embaraço à defesa;
Neste sentido, transcrevem-se os seguintes precedentes do TST:
Informativo 198 – TST- Competência territorial. Domicílio do reclamante. Pos-
sibilidade. Desnecessidade de coincidir com o local da prestação de serviços ou
com o da contratação ou arregimentação. Empresa de atuação nacional. Apli-
cação ampliativa do art. 651, caput e § 3º, da CLT. É possível reconhecer a com-
petência territorial do foro do domicílio do reclamante quando a empresa contra-
tante tiver atuação em âmbito nacional, não havendo necessidade de coincidir o
domicílio do empregado com o local da prestação de serviço ou com o da contra-
tação ou arregimentação. Trata-se de interpretação ampliativa dos critérios objeti-
vos do art. 651, caput, e § 3º, da CLT, de modo a garantir o acesso amplo à Justiça
sem prejuízo do direito de defesa. No caso, restou consignado que a contratação
do reclamante pela Petrobras, empresa notoriamente de atuação nacional, se deu
em Salvador/BA, com prestação de serviços no Estado da Bahia e em Macaé/RJ,
mas a ação foi ajuizada no domicílio do empregado, em Aracaju/SE, onde tam-
bém se localiza uma das sedes da empresa reclamada. Sob esse entendimento, a
SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial,
e, no mérito, por maioria, negou-lhes provimento. Vencidos os Ministros Márcio
Eurico Vitral Amaro, relator, Walmir Oliveira da Costa e Alexandre Luiz Ramos. (Cf.
Informativos TST nºs 146, 156) (E-ED-RR-278-87.2015.5.20.0003, SBDI-I, rel. Min.
Márcio Eurico Vitral Amaro, red. p/ acórdão Min. Breno Medeiros, 6.6.2019)
Informativo – 156 do TST - RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA
REGIDO PELA LEI Nº 13.015/2014. COMPETÊNCIA TERRITORIAL. RECLAMA-
ÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA NO FORO DO DOMICÍLIO DO RECLAMANTE. LO-
CALIDADE DISTINTA DA CONTRATAÇÃO E PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. Com
ressalva de entendimento deste Relator, esta Corte Superior firmou entendimento
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no sentido de que o foro do domicílio do empregado apenas será considerado


competente, por lhe ser mais favorável que a regra do artigo 651 da CLT, nas hipó-
teses em que a empresa possua atuação nacional e, ao menos, a contratação ou
arregimentação tenha ocorrido naquela localidade. Desse modo, apenas quando
a ré contratar e promover a prestação dos serviços em diferentes localidades do
território nacional é possível a aplicação ampliativa do § 3º do artigo 651 da CLT,
permitindo ao autor o ajuizamento da ação no local do seu domicílio. Consideran-
do que a Egrégia Turma flexibilizou a regra de fixação de competência baseando-
-se apenas na hipossuficiência econômica do reclamante, sem registrar a presen-
ça de quaisquer das demais situações excepcionais acima mencionadas, deve
ser reconhecida a competência do foro do local da prestação dos serviços para
processar e julgar a presente ação. Precedentes. Recurso de embargos de que se
conhece e a que se dá provimento. (E-RR - 73-36.2012.5.20.0012, Relator Ministro:
Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 30/03/2017, Subseção I Es-
pecializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 12/05/2017)
Destaca-se que, o requisito de atuação nacional não pode ser considerado
preenchido caso a empresa seja uma franquia, podendo pertencer a outro proprietário.
3.1.1.4. EXCEÇÃO 3
O TST por meio do Informativo 185, entendeu que é competente o foro do do-
micílio atual do reclamante nos casos de término da atividade da filial da empresa na
localidade da contratação e da prestação dos serviços.
Informativo 185 do TST - COMPETÊNCIA TERRITORIAL. TÉRMINO DAS ATI-
VIDADES DA FILIAL DA EMPRESA NA LOCALIDADE DA CONTRATAÇÃO E DA
PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA NO
FORO DO DOMICÍLIO DA RECLAMANTE. POSSIBILIDADE. GARANTIA DE ACES-
SO À JUSTIÇA. PRESERVAÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. É possível reconhecer
a competência territorial do foro do domicílio da reclamante quando a atribuição
da competência ao juízo do Trabalho da contratação ou da prestação dos servi-
ços inviabilizar a garantia do exercício do direito de ação. As regras do art. 651
da CLT não devem ser interpretadas de forma literal, mas sistematicamente, de
modo a concretizar os direitos e garantias fundamentais insculpidos na Consti-
tuição da República. Na hipótese, a autora foi contratada e prestou serviços em
Altamira/PA, mas ajuizou a ação na cidade de Uberlândia/MG, local para onde se
mudou após a dispensa. Além disso, a filial da empresa, na cidade de Altamira/PA,
encerrou suas atividades, mantendo-as apenas na cidade do Rio de Janeiro/RJ.
Assim, para a autora, o processamento do feito no município em que reside atual-
mente garante-lhe o acesso à justiça, sem causar prejuízo ao direito de defesa da
ré, pois o deslocamento do Rio de Janeiro até Uberlândia é mais viável que até
Altamira, principalmente porque suas atividades nesta cidade foram encerradas,
pressuposto que legitimava a competência deste local. Sob esses fundamentos,
a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos interpostos pela reclamante,
por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, deu-lhes provimento para
declarar a competência territorial de uma das Varas do Trabalho de Uberlândia/
MG e determinar a remessa dos autos para essa localidade, a fim de que julgue os
pedidos como entender de direito(TST-E-RR-11727-90.2015.5.03.0043, SBDI-I, rel.
Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 18.10.2018)

3.1.1.5. EXCEÇÃO
O TST também permite o ajuizamento da ação trabalhista foro domicílio dos
reclamantes na hipótese de ação ajuizada por viúva e filhos menores de ex-empregado
falecido em decorrência de acidente de trabalho, na defesa de direito próprio, aplican-
do por analogia, o disposto no art. 147, I e II do Estatuto da Criança e do Adolescente,
de seguinte teor:
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ECA, Art. 147 - A competência será determinada:


I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou res-
ponsável.
Nesse sentido, o informativo TST n° 123 de seguinte teor;
Informativo TST n° 123 - ACIDENTE DE TRABALHO. FALECIMENTO DO EMPRE-
GADO. AÇÃO MOVIDA POR VIÚVA E FILHOS MENORES. PRETENSÃO DEDUZI-
DA EM NOME PRÓPRIO. COMPETÊNCIA TERRITORIAL. LOCAL DO DOMICÍLIO
DOS RECLAMANTES. AUSÊNCIA DE DISCIPLINA LEGAL ESPECÍFICA NA CLT.
APLICAÇÃO ANALÓGICA DO DISPOSTO NO ART. 147,1, DO ECA. Na hipótese de
julgamento de dissídio individual movido por viúva e filhos menores de ex-empre-
gado falecido em decorrência de acidente de trabalho, na defesa de direito próprio,
admite-se excepcionalmente a fixação da competência territorial pelo foro do lo-
cal do domicílio dos reclamantes. Aplicação analógica do disposto no art. 147, I,
do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), diante da ausência de disciplina
legal específica na CLT. No caso, ressaltou-se que por se tratar de situação excep-
cional, a qual refoge à regra do caput do art. 651 e parágrafos, da CLT — em que a
competência territorial define-se pelo local da prestação dos serviços do empre-
gado, e, excepcionalmente, pela localidade da contratação —, cumpre ao órgão
jurisdicional colmatar a lacuna mediante a aplicação de norma compatível com
o princípio da acessibilidade. Sob esse entendimento, a SBDI-I, por unanimidade,
conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial e, no mérito, por maioria,
deu-lhes provimento para reconhecer a competência da Vara do Trabalho de Ma-
naus, local do domicílio dos reclamantes. Vencidos os Ministros Aloysio Corrêa
da Veiga, relator, Guilherme Augusto Caputo Bastos e Márcio Eurico Vitral Amaro.
TST-E-RR-86700-15.2009.5.11.0007, SBDI-I, rei. Min. Aloysio Corrêa da Veiga. red.
p/ acórdão Min. João Oreste Dalazen. 12.11.2015.

3.1.1.6. OUTROS CASOS DE COMPETÊNCIA PREVISTO NA LEGISLA-


ÇÃO:
QUANDO FOR PARTE NO DISSÍDIO AGENTE OU VIAJANTE COMERCIAL - A com-
petência será da Vara da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a está
o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a vara da localização em
que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima. (CLT, art. 651, § 1º)
EMPREGADO BRASILEIRO QUE TRABALHA NO EXTERIOR - A ação deve ser
proposta perante a vara onde o empregador tenha sede no Brasil ou também onde o
empregado foi contratado antes de ir para o exterior. (CLT, art. 651, § 2º)
3.1.1.7.ELEIÇÃO DE FORO
A jurisprudência aponta que a omissão da CLT sobre o assunto não é condição
suficiente para a aplicação subsidiária do processo civil no tocante ao foro de eleição,
tendo em vista a incompatibilidade deste instituto com os dissídios individuais de tra-
balho, quando à cláusula, for prejudicial ao empregado. Nesse sentido:
(RO nº 0011712-40.2017.5.03.0015, 11ª Turma do TRT da 3ª Região/MG, Rel.
Luiz Antônio de Paula Iennaco. j. 15.04.2018). COMPETÊNCIA. CLÁUSULA DE
ELEIÇÃO DE FORO. HIPÓTESE DE ABUSO. Nos termos do § 3º do art. 63 do CPC,
“antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ine-
ficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de
domicílio do réu”. Se pode ser feita a declaração ex officio, com muito mais razão
poderá ser acolhida a exceção arguida nesse sentido, como estabelece o § 4º da
mesma norma.
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(AG-E-ED-RR nº 621-82.2013.5.18.0141, SBDI-1 do TST, Rel. Alberto Luiz Bres-


ciani de Fontan Pereira. j. 28.02.2019, Publ. 15.03.2019). I - RECURSO DE EM-
BARGOS REGIDO PELAS LEIS. NºS 13.015/2014 E 13.105/2015. COMPETÊN-
CIA TERRITORIAL. RECLAMAÇÃO AJUIZADA NO DOMICÍLIO DO RECLAMANTE.
ELEIÇÃO DE FORO PELO EMPREGADO. LOCAL DISTINTO DA CONTRATAÇÃO E
PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. EMPRESA COM ATUAÇÃO EM TODO O TERRITÓ-
RIO NACIONAL. POSSIBILIDADE. 1. A Eg. 2ª Turma não conheceu do recurso de
revista da reclamada. Concluiu que a reclamada caracteriza-se como empresa de
grande porte, com atuação em todo o território nacional, razão pela qual se admite
o ajuizamento da ação no domicílio do reclamante. 2. Em atenção aos princípios
constitucionais da proteção e do amplo acesso ao Judiciário (art. 5º, XXXV), esta
Subseção, e mesmo a SBDI-2, vem admitindo a interpretação ampliativa dos crité-
rios objetivos do art. 651, “caput” e § 3º, da CLT, quando a empresa for de grande
porte e tiver atuação em todo o território nacional, como no caso dos autos. In-
cidência do óbice do art. 896, § 2º, da CLT. Ressalva de entendimento do relator.
Recurso de embargos não conhecido.

3.1.2. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA RELATIVA EM RAZÃO DO LUGAR


Com a Reforma Trabalhista do ano de 2017 (Lei 13.467/2018), foi alterado o
procedimento da exceção de incompetência relativa em razão do lugar, passando a ter
o seguinte procedimento:
A. - A exceção deve ser apresentada no prazo de cinco dias úteis a contar da
notificação, antes da audiência, conforme nova redação do art. 800 da CLT.
CLT, Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de cin-
co dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a exis-
tência desta exceção, seguir-se-á o procedimento estabelecido neste artigo.
B. - Apresentada a exceção, será suspenso o processo e não se realizará a au-
diência inaugural a que se refere o art. 843 da CLT.
CLT, Art. 800, § 1º - Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se
realizará a audiência a que se refere o art. 843 desta Consolidação até que se de-
cida a exceção.
C. - Após a suspensão do processo, será feita a intimação o reclamante e os
litisconsortes se houver, para manifestação no prazo comum de cinco dias.
CLT, Art. 800, § 2º - Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que inti-
mará o reclamante e, se existentes, os litisconsortes, para manifestação no prazo
comum de cinco dias.
D. - Se for necessário o depoimento do excipiente e ou de testemunhas, estes
vão ser ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver indicado como compe-
tente.
CLT, Art. 800, § 3º - Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo
designará audiência, garantindo o direito de o excipiente e de suas testemunhas
serem ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver indicado como com-
petente.
Se o juiz ACOLHER a exceção, cabe recurso ordinário no prazo de 8 dias úteis.
TST, SUM 214 - DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE - Na Justiça
do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não
ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:
[..]
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para
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Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoan-


te o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

Como esse assunto foi cobrado na prova da OAB:

Plínio foi empregado da sociedade empresária Marca Alimentos S/A. Ele prestou
serviços nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, residindo hoje nes-
te último. Ao ser dispensado, ajuizou reclamação trabalhista em face da sociedade
empresária, a qual foi distribuída a 99ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte / MG. Na
audiência, a sociedade empresária apresentou exceção de incompetência, alegando
que a ação deveria ter sido ajuizada em São Paulo, local da contratação e sede da ré.
Diante disso, responda aos itens a seguir.

B) No caso de acolhida a exceção pelo juiz, como advogado de Plínio, que medida
você adotaria? (Valor: 0,65) Resposta: Neste caso, como o juiz acolheu a exceção,
cabe recurso ordinário de imediato da decisão interlocutória, nos termos do art. 895,
I da CLT e do item “c” da súmula 214 do TST.

E. - Se o juiz não acolher a exceção, o processo retomará seu curso normal no


local onde foi ajuizado a ação.
CLT, Art. 800, § 4º - Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo
retomará seu curso, com a designação de audiência, a apresentação de defesa e
a instrução processual perante o juízo competente.
Alerto que o juiz não pode alegar de ofício de incompetência territorial. Caso
não seja arguida a exceção, o juiz de incompetente passa a ser competente para resol-
ver a lide.
TST, OJ 149- SDI-2 - CONFLITO DE COMPETÊNCIA. INCOMPETÊNCIA TERRI-
TORIAL. HIPÓTESE DO ART. 651, § 3º, DA CLT. IMPOSSIBILIDADE DE DECLA-
RAÇÃO DE OFÍCIO DE INCOMPETÊNCIA RELATIVA - Não cabe declaração de
ofício de incompetência territorial no caso do uso, pelo trabalhador, da faculdade
prevista no art. 651, § 3º, da CLT. Nessa hipótese, resolve-se o conflito pelo reco-
nhecimento da competência do juízo do local onde a ação foi proposta.

3.1.3. DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA


Caso o reclamante indique que já ajuizou ação trabalhista anteriormente com
os mesmos pedidos e a reclamação foi julgada sem a resolução do mérito (art. 485, I
do CPC), deve o peticionante pedir a distribuição por dependência nos termos do art.
286, II do CPC.
CPC, Art. 286. Serão distribuídas por dependência as causas de qualquer natu-
reza:
II - quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o
pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmen-
te alterados os réus da demanda;
O que acontece se não for respeitado a distribuição por dependência?
Se não for respeitado as regras de distribuição por dependência, o processo
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contém vício que gera a nulidade de todos os atos decisórios, pois tais atos, foram
proferidos por juízo incompetente.
Assim, o disposto no art. 286, II, do CPC, refere-se a regra de prevenção de
competência funcional horizontal, de modo que o seu desrespeito enseja nulidade
absoluta do processo, ante a necessidade de observância do princípio do juiz natural,
consagrado no art. 5º, XXXVII e LIII, da CF. Nesse sentido, o informativo, 192 do TST.
Informativo 192 – Ação rescisória. Art. 485, V, do CPC de 1973. Desrespeito à
regra do art. 253, II, do CPC de 1973. Nulidade absoluta. Princípio do juiz na-
tural. Violação do art. 5º, XXXVII e LIII, da CF. Configuração. O disposto no art.
253, II, do CPC de 1973 refere-se a regra de prevenção de competência funcio-
nal, de modo que o seu desrespeito enseja nulidade absoluta do processo, ante
a necessidade de observância do princípio do juiz natural, consagrado no art. 5º,
XXXVII e LIII, da CF. No caso, houve a extinção da primeira reclamação trabalhis-
ta, sem resolução do mérito, em virtude da ausência da reclamante na audiência
inaugural. Apresentada nova reclamatória com partes, causa de pedir e pedidos
idênticos, mas distribuída à Vara do Trabalho diversa da que extinguira o primeiro
processo, o TRT da 17ª Região deixou de anular a sentença proferida na segunda
ação ao fundamento de que se tratava de nulidade relativa e não houve prejuízo.
Ajuizada a ação rescisória pelo reclamado, o Tribunal Regional julgou-a proceden-
te por violação do art. 253, II, do CPC de 1973. Ao analisar o recurso ordinário
interposto pela reclamante, a SBDI-II, por unanimidade, deu-lhe provimento para
julgar improcedente a ação rescisória fundada em violação literal do art. 253, II,
do CPC de 1973, tendo em vista o óbice da Súmula nº 83 do TST. Todavia, ante
o efeito devolutivo do recurso ordinário em sua profundidade, que devolveu ao
TST os fundamentos da inicial e da defesa no que tange ao capítulo impugnado
(art. 485, V, do CPC de 1973), a Subseção, também à unanimidade, decidiu julgar
procedente a ação rescisória por violação do art. 5º, XXXVII e LIII, da CF, para, em
juízo rescindendo, desconstituir a sentença proferida na ação matriz e, em juízo
rescisório, anular todos os atos decisórios nela praticados e determinar o envio
dos autos à Vara do Trabalho que apreciou a primeira reclamação (juízo prevento).
TST-RO-74-70.2014.5.17.0000, SBDI-II, rel. Min. Maria Helena Mallmann, 12.3.2019
Outros julgados sobre o tema;
DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA. ART. 253, DO CPC (Art. 286, CPC). APLICA-
ÇÃO AO PROCESSO DO TRABALHO. A distribuição por dependência é matéria de
ordem pública, que tem por fim impedir que a parte possa escolher o Juízo no qual
sua ação será processada e julgada, de acordo com seus interesses. O artigo 253,
do CPC (Art. 286, CPC), que trata da matéria, garante eficácia ao princípio do juiz
natural, representando, ainda, verdadeiro instrumento de moralização da atuação
processual, ao impelir as partes a agir de conformidade com os deveres proces-
suais, estampados no art. 14, do CP. Por se tratar de matéria de ordem pública e
ausente normativa própria na CLT, conclui-se que as regras atinentes à prevenção
previstas no CPC são plenamente aplicáveis à Justiça do Trabalho. No caso, o au-
tor ajuizou ação em Santo Antônio da Platina, onde inclusive é domiciliado, tendo
deixado de comparecer à audiência inaugural, o que acarretou o arquivamento da
reclamação. Evidentemente, a proposição da segunda ação, idêntica à primeira,
na Vara de Jacarezinho, esbarrou na incompetência funcional desta, sendo impo-
sitiva a remessa dos autos ao Juízo anterior, prevento nos termos do artigo 253, II,
do CPC. Recurso da ré provido. (Processo nº 00434-2012-017-09-00-4, 6ª Turma
do TRT da 9ª Região/PR, Rel. Sueli Gil El Rafihi. DEJT 08.03.2013).
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. REPETIÇÃO DE AÇÃO. PREVENÇÃO
DO JUÍZO AO QUAL FOI DISTRIBUÍDA A PRIMEIRA AÇÃO. Sendo os pedidos e
as respectivas causas de pedir idênticos, formulados pelo mesmo trabalhador em
face da mesma empresa, a hipótese é de repetição de ação. Assim, competente
para processar e julgar a causa, por prevenção, é o Juízo que recebeu a primeira
ação. (Inteligência dos artigos 253, inciso II (Art. 286, CPC), e 301, § 2º (Art. 337,
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§ 2º, CPC), do Código de Processo Civil). (Conflito de Competência nº 0004438-


03.2012.5.01.0000, Órgão Especial do TRT da 1ª Região/RJ, Rel. Nelson Tomaz
Braga. j. 19.09.2013, DOERJ 02.10.2013).
O peticionante não pode esquecer de pedir também a interrupção da prescri-
ção com base no §2º do art. 11 da CLT e na súmula 268 do TST.
CLT, art. 11, § 3º - A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento
de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo incompetente, ainda que venha
a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos
pedidos idênticos.
Súmula nº 268 do TST - A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a
prescrição somente em relação aos pedidos idênticos.
Modelo de como fazer o pedido de prevenção e interrupção da prescrição.

O reclamante ajuizou idêntica demanda, autuada sob o número ____, cujo processo
foi extinto, sem resolução de mérito, em ___. Este processo tornou prevento o juízo da
__ª Vara do Trabalho, razão pela qual esta demanda foi dirigida para o referido juízo
nos termos do art. 286, II, do CPC. A referida ação, inclusive, interrompeu a prescri-
ção conforme entendimento da súmula 268 do TST e do §3º do art. 11 da CLT.

Como esse assunto foi cobrado na prova da OAB:

XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – Peça prática - [..] Marina ainda informou que
tinha ajuizado uma ação anteriormente e que, como perdera a confiança no antigo
advogado, não compareceu à audiência para a qual fora intimada. Essa ação havia
sido distribuída à 250ª Vara do Trabalho de São Paulo e, em consulta pela Internet, foi
verificado o seu arquivamento. [..] O candidato deverá elaborar uma Petição Inicial,
dirigida ao juízo do Trabalho de São Paulo-SP, com identificação das partes. Diante
do ajuizamento da ação anterior, deverá ser requerida a distribuição à 250ª Vara do
Trabalho de São Paulo, em razão da prevenção daquele juízo.

3.2. QUALIFICAÇÃO DO RECLAMANTE E DO RECLAMADO


São condições da ação a legitimidade (ativa e passiva) e o interesse processual
(necessidade/utilidade/adequação). Com o CPC de 2015, a possibilidade jurídica do
pedido deixou de ser uma das condições da ação.
LEMBRE-SE: A ação é direito fundamental, autônomo e abstrato, mas não é in-
condicionado.
3.2.1. LEGITIMADO ATIVO
Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade (CPC, Art. 17)
Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo
ordenamento jurídico. (CPC, Art. 18)
Legitimado ativo será aquele se diz titular da pretensão deduzida, ainda que a
sentença venha a reconhecer que este não é o titular.
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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3.2.1.1.LEGITIMIDADE DO ESPÓLIO
O TST vem decidindo que o espólio tem legitimidade ativa para buscar o paga-
mento de verbas trabalhistas. Entretanto, nas ações de indenização por danos mate-
riais e morais, o espólio só possui legitimidade quando, o pedido de indenização está
amparado no prejuízo experimentado pelo próprio empregado, em razão de acidente
de trabalho, conforme determinado pelo art. 943 do Código Civil, por se tratar de parce-
las que integram o patrimônio deixado pelo ex-empregado.”
CC, Art. 943 - O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-
-se com a herança.
O art. 1.784 do Código Civil de 2002 determina a transferência dos direitos
sucessórios, possuindo os sucessores legitimidade para propor ação de indenização,
in verbis:
CC, art. 1.784 - Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos her-
deiros legítimos e testamentários.
A legitimidade ad causam do espólio alcança apenas as ações relativas a di-
reitos transmissíveis, não abrangendo, portanto, aqueles desprovidos de caráter here-
ditário, a exemplo do direito à indenização por danos morais sofridos individualmente
pelos herdeiros em razão de morte.
Nesse sentido, o informativo 136 do TST:
Informativo 136 do TST - Indenização por dano moral. Dano sofrido pelo em-
pregado. Ação proposta pelo espólio. Legitimidade ativa. O espólio tem legiti-
midade ativa para pleitear pagamento de indenização por danos morais quando
o prejuízo a ser reparado foi experimentado pelo próprio empregado, em razão de
acidente de trabalho. Hipótese que não se confunde com aquela em que o pleito
de indenização é oriundo do dano sofrido pelos herdeiros. Sob esse entendimento,
a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos, por divergência jurispruden-
cial e, no mérito, por maioria, negou-lhes provimento. Vencidos os Ministros Brito
Pereira, relator, Renato de Lacerda Paiva, Walmir Oliveira da Costa e José Roberto
Freire Pimenta. TST-E-RR-1187-80.2010.5.03.0035, SBDI-I, rel. Min. Brito Pereira,
red. p/ acórdão Min. Márcio Eurico Vitral Amaro, 12.5.2016.
Em resumo, se o espólio não visa a reparação pelos danos morais que o empre-
gado falecido sofreu, mas sim, uma indenização decorrente da morte do empregado,
ele é parte ilegítima.
3.2.1.1.1.REPRESENTAÇÃO DO ESPÓLIO EM JUÍZO
A representação do espólio, nos termos do art. 75, VII, do CPC, cabe ao inventa-
riante.
CPC, Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
VII - o espólio, pelo inventariante;
Entretanto, a Lei 6.858/80 regula o direito à percepção dos créditos trabalhistas
devidos ao empregado falecido, a serem pagos apenas aos dependentes habilitados
perante a Previdência Social.
Lei n. 6.858/80 Art. 1º - Os valores devidos pelos empregadores aos empregados
e os montantes das contas individuais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
e do Fundo de Participação PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos respectivos
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a


Previdência Social ou na forma da legislação específica dos servidores civis e mi-
litares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará
judicial, independentemente de inventário ou arrolamento.
O Ministro Horácio Raymundo de Senna Pires1, interpretando o dispositivo aci-
ma referido, concluiu que, em falecendo o empregado, duas eram as possibilidades de
pagamento de haveres trabalhistas aos sucessores na vigência da Lei nº 6.858/80:
> Primeiro, “aos dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na
forma da legislação específica dos servidores civis e militares”; e
> Segundo, “na sua falta (ou seja, dos herdeiros antes mencionados), aos suces-
sores previstos na lei civil”
Segue a ementa do julgado, in verbis:
RECURSO DE REVISTA. SUCESSÃO TRABALHISTA DE EMPREGADO FALECIDO.
VIÚVA HABILITADA COMO DEPENDENTE JUNTO À PREVIDÊNCIA SOCIAL. FI-
LHOS NÃO HABILITADOS. CONFLITO APARENTE ENTRE OS ARTIGOS 1º DA
LEI Nº 6.858/80 E 1829, I, DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. NÃO REVOGAÇÃO DA LEI
ESPECIAL ANTERIOR PELA LEI GERAL POSTERIOR. Reside o cerne da controvér-
sia em saber se somente têm legitimidade para sucessão trabalhista os herdeiros
habilitados junto à Previdência Social, ou se também o têm aqueles que, embora
não habilitados, estejam previstos como tal no Código Civil. Esta e. Turma já de-
cidiu que a viúva de empregado falecido, se habilitada como dependente junto à
Previdência Social, tem legitimidade para postular qualquer direito trabalhista do
de cujus (TST-RR-804.938/2001.6, Rel. Min. Rosa Maria Weber Candiota da Rosa,
DJU de 10.8.2007). Do artigo 1º da Lei nº 6.858/80 conclui-se que, em falecendo
o empregado, duas eram as possibilidades de pagamento de haveres trabalhistas
aos sucessores na vigência daquela lei: primeiro, “aos dependentes habilitados
perante a Previdência Social ou na forma da legislação específica dos servidores
civis e militares”; e segundo, “na sua falta (ou seja, dos herdeiros antes menciona-
dos), aos sucessores previstos na lei civil” (destacamos). Superveniente o Código
Civil de 2002, limitou-se ele a prever, no artigo 1829, I, que “a sucessão legítima de-
fere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge
sobrevivente”, sem dispor especificamente sobre a sucessão trabalhista do em-
pregado falecido. Com efeito, a superveniência do Código Civil de 2002, lei geral,
não implicou a revogação da Lei nº 6.858/80, lei especial, porque o primeiro nada
considerou a respeito dos requisitos para sucessão de empregado falecido, ma-
téria dessa última. Consequentemente, conclui-se que a sucessão trabalhista de
empregado falecido está limitada àqueles herdeiros habilitados como dependen-
tes junto à Previdência Social. Por fim, em sendo apenas a viúva habilitada junto à
Previdência, merece ser mantido o v. acórdão do e. TRT da 15ª Região, que inde-
feriu o pagamento de fração das verbas rescisórias aos filhos do de cujos, ora Re-
correntes. Recurso de revista não provido. (RR - 212100-21.2004.5.15.0066, Rela-
tor Ministro: Horácio Raymundo de Senna Pires, Data de Julgamento: 27/02/2008,
6ª Turma, Data de Publicação: DJ 28/03/2008)
Nesse sentido também, a doutrina de Renato Saraiva e Sérgio Pinto Martins:
“Na maioria das vezes, em face da insuficiência econômica do obreiro e conse-
quente inexistência de bens, não há inventário do empregado falecido. Nessa hi-
pótese, haverá habilitação incidente no processo diretamente pelos dependentes
habilitados perante a Previdência Social (Lei 6.858/80, art. 1º). Caso não haja de-
pendentes inscritos perante a Previdência Social, os sucessores é que serão ha-
bilitados2.”

1 - RR - 212100-21.2004.5.15.0066, Relator Ministro: Horácio Raymundo de Senna Pires, Data de Julgamento: 27/02/2008, 6ª Turma, Data de Publica-
ção: DJ 28/03/2008
2 SARAIVA, Renato; Linhares, Aryanna. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15. ed. Salvador: JusPodivm, 2018.
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“Normalmente, se o empregado não deixa bens ou tem filhos maiores não há por
que se falar em inventário. Nesses casos, tem-se entendido que a viúva e os filhos
ingressarão no polo ativo da ação em curso, mediante apresentação da certidão
de casamento e nascimento dos filhos ou por meio de certidão do INSS que com-
prove dependência das pessoas anteriormente mencionadas. Não havendo qual-
quer impugnação da reclamada, o fato é tolerado3 .”

3.2.1.2. LEGITIMIDADE DOS HERDEIROS DO TRABALHADOR FALECI-


DO
Todavia, a indenização por dano moral decorrente do falecimento do emprega-
do em acidente de trabalho, é parcela de cunho personalíssimo que atinge apenas os
herdeiros, de modo a afastar a legitimação ativa do espólio.
Essas pessoas são legitimadas a pleitear indenização por danos morais, em
nome próprio, em razão do dano extrapatrimonial que pessoalmente sofreram com o
acidente fatal, assim, possuem legitimidade ordinária. Trata-se de danos reflexos ou
indiretos, também denominados danos por ricochete, que são aqueles causados a ter-
ceiros ligados à vítima por vínculos familiares e afetivos.
Nesse sentido, os seguintes precedentes do TST:
RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI Nº 11.496/2007. LEGITIMIDADE
ATIVA AD CAUSAM DO ESPÓLIO E DOS SUCESSORES DO EMPREGADO FALE-
CIDO PARA PLEITEAR INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS DE-
CORRENTES DO EVENTO MORTE POR ACIDENTE DE TRABALHO. A controvérsia
dos autos trata-se de se definir se o espólio e os sucessores do obreiro possuem
legitimidade ativa para postular em face do empregador indenização por danos
morais e materiais oriundos do falecimento do empregado por acidente de tra-
balho. No caso, conforme delineado na decisão embargada, o ‘espólio do em-
pregado falecido ajuizou ação, cujo objeto não é o direito próprio do empregado,
mas a apreciação da pretensão dos herdeiros que pugnam pelo pagamento de
indenização por danos morais e materiais, em face dos fatos que ocasionaram o
falecimento do ente querido e pelo desamparo que se traduziu pela sua perda no
acidente’. Ressalta-se que, não obstante a decisão embargada ter consignado que
o espólio ajuizou esta demanda, o exame da petição inicial revela que os herdeiros
do empregado falecido também integram o polo ativo do processo, tratando-se
de litisconsórcio ativo. Assim, além do espólio, os filhos do de cujus também são
autores do processo. Sobre a legitimidade ad causam, dispõe o artigo 6º do CPC:
‘Art. 6º Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando
autorizado por lei.’ No sistema processual brasileiro, a legitimidade ad causam é
aferida pela pertinência subjetiva da relação jurídica de direito material deduzida
em juízo. Consiste em condição da ação, sendo necessário que os sujeitos da
demanda estejam em determinada situação jurídica que lhes autorize a conduzir
o processo em que se discuta relação jurídica de direito material. No caso dos
autos, o espólio - representado pelo filho e pela mãe do de cujus - e os filhos do
empregado falecido propuseram, em nome próprio, demanda em que se pleiteia
indenização por danos morais e materiais aos herdeiros do obreiro de cujus vítima
de acidente de trabalho. Verifica-se que não se trata de dano reflexo, mas sim de
dano direto, decorrente da morte do obreiro, o que causou aos seus herdeiros dor,
angústia, sofrimento e outros sentimentos que advêm da perda de um familiar,
além de desamparo material. Reitera-se, por importante, que não se trata de pedi-
do de verbas tipicamente trabalhistas, mas sim de indenização por danos morais
e materiais sofridos pelos sucessores do empregado falecido, advindos do evento
morte, em si mesmo considerado. Destaca-se que não se discute sucessão pro-
cessual, porquanto o espólio e os sucessores figuram como autores desde o início
da demanda, quando o empregado, autor da herança, já havia falecido. Não é o
3 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. 34. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
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caso, também, de transmissão hereditária de direitos patrimoniais do empregado


falecido, mas sim de direito próprio dos seus herdeiros. Desse modo, a análise do
pleito patronal deve ser cindida com relação aos autores da demanda, já que su-
cessores e espólio não se confundem, sendo pessoas distintas, com naturezas ju-
rídicas diferentes. Com efeito, com relação ao espólio (conjunto de bens, direitos e
obrigações que integram o patrimônio deixado pelo de cujus), tendo em vista que,
no caso vertente, não se pleiteia verba tipicamente trabalhista oriunda do contrato
de trabalho, mas sim indenização, cuja causa de pedir é a morte do obreiro, o que
causou danos morais e materiais nos seus sucessores, constata-se que a hipóte-
se não trata de legitimação ordinária - pois não há pleito de direito próprio - nem
extraordinária, ante a falta de previsão legal que conceda ao espólio legitimidade
ativa ad causam para pleitear direito cuja titularidade seja dos herdeiros do autor
da herança. A legitimidade ad causam do espólio alcança apenas as ações relati-
vas a direitos transmissíveis, não abrangendo, portanto, aqueles desprovidos de
caráter hereditário, a exemplo do direito à indenização por danos morais sofridos
individualmente pelos herdeiros em razão de morte. Nesse contexto, o reconhe-
cimento da ilegitimidade ativa do espólio é medida que se impõe. Por outro lado,
quanto aos demais sucessores do empregado falecido, que ingressaram com a
ação em nome próprio, constata-se que se trata de legitimação ordinária, pois plei-
teiam direito de que são titulares. Dessa maneira, essas pessoas são legitimadas
a pleitear indenização por danos morais, em nome próprio, em razão do dano ex-
trapatrimonial que pessoalmente sofreram com o acidente fatal. Recurso de em-
bargos conhecido e parcialmente provido’ (E-ED-RR-108800-78.2005.5.05.0133,
Ac. SDI-1, Rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, DEJT 9/10/2015).
RECURSO DE REVISTA. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. ESPÓLIO. INDENI-
ZAÇÃO. DANOS MORAIS. I. A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho
consolidou-se no sentido de que o espólio é parte legítima para propor ação em
que busca a reparação moral do de cujus. II. No presente caso, o espólio não visa
a reparação moral do de cujus, mas a indenização decorrente da morte deste.
III. O espólio (universalidade de bens do de cujus) não possui legitimidade ativa
ad causam para pleitear indenização por danos morais em razão da morte do
empregado, uma vez que essa legitimidade cabe aos sucessores e herdeiros do
de cujus. IV. Não constatada nenhuma das hipóteses do art. 896 da CLT. Recurso
de revista de que não se conhece’ (RR-1329-65.2011.5.05.0012, Ac. 4ª Turma, Rel.
Des. Conv. Cilene Ferreira Amaro Santos, DEJT 15/4/2016).

3.2.2. LEGITIMADO PASSIVO


Legitimado passivo será aquele em face do qual o autor pretenda ver a atividade
jurisdicional incidir, mesmo que isso não ocorra, seja porque deve incidir sobre outrem
(ilegitimidade passiva), sela porque descobriu-se não ter o autor razão (improcedência
do pedido).
Modelos de qualificação das partes:

MODELO DE QUALIFICAÇÃO SIMPLES

NOME DO RECLAMANTE, nacionalidade..., estado civil..., profissão, CTPS número ...,


CPF..., endereço completo com CEP, por seu Advogado que esta subscreve (procura-
ção anexa), com escritório profissional na …. (Endereço completo), vem, à presença
de Vossa Excelência, com fulcro no art. 840 § 1º da CLT combinado com art. 319
do CPC, propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA pelo RITO ....... em face de
...... NOME DA RECLAMADA, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob
no ....., sediada na ...... (endereço completo) pelos motivos de fato e de direito que
abaixo expõe:
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QUALIFICAÇÃO COM MENOR NA LIDE

NOME DO RECLAMANTE, nacionalidade..., estado civil..., profissão, CTPS número ...,


CPF..., endereço completo com CEP, representado (ou assistido) por FULANA DE TAL,
nacionalidade..., estado civil..., CPF..., endereço completo com CEP, por seu Advogado
que esta subscreve (procuração anexa), com escritório profissional na …. (Endereço
completo), vem, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 840 § 1º da CLT
combinado com art. 319 do CPC, propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
pelo RITO ....... em face de ...... NOME DA RECLAMADA, pessoa jurídica de direito pri-
vado, inscrito no CNPJ sob no ....., sediada na ...... (endereço completo) pelos motivos
de fato e de direito que abaixo expõe:

OBS: A intervenção do Ministério Público do Trabalho, não é obrigatória quando


o reclamante, menor de idade, encontra-se devidamente assistido por seu representan-
te legal, nos termos do artigo 793 da CLT. Nesse sentido:
“RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA. 1. NULIDADE. IN-
TERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. MENOR. NÃO CONHECIMENTO. A in-
tervenção do Ministério Público do Trabalho, no primeiro grau de jurisdição, não
é obrigatória quando o reclamante, menor de idade, encontra-se devidamente as-
sistido por seu representante legal, nos termos do artigo 793 da CLT. Precedentes
da SBDI-1. Recurso de revista a que não se conhece. (RR-589-16.2010.5.12.0023,
4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT 04/06/2021).

MODELO DE QUALIFICAÇÃO COM LITISCONSORTE

NOME DO RECLAMANTE, nacionalidade..., estado civil..., profissão, CTPS número ...,


CPF..., endereço completo com CEP, por seu Advogado que esta subscreve (procura-
ção anexa), com escritório profissional na …. (Endereço completo), vem, à presença
de Vossa Excelência, com fulcro no art. 840 § 1º da CLT combinado com art. 319 do
CPC propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA pelo RITO ....... em face de ......
NOME DA RECLAMADA, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob no
....., sediada na ...... (endereço completo) e da NOME DA LITISCONSORTE, pessoa
jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob no ....., sediada na ...... (endereço
completo), pelos motivos de fato e de direito que abaixo expõe:

ATENÇÃO!!! Não esquecer de explicar o motivo na causa de pedir da petição


inicial pelo qual a litisconsorte está sendo chamada na lide. Também não esquecer de
fazer o pedido de tal tópico. Se não fizer, o juiz vai declarar a inépcia da inicial.
INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. AUSÊNCIA DE CAUSA DE PEDIR. VÍCIO INSANÁ-
VEL. Embora no processo do trabalho se exija menos rigor formal, a petição inicial
deve conter requisitos mínimos, indispensáveis, a fim de possibilitar o conheci-
mento dos fatos pelo Julgador e a formulação de defesa pela parte demandada.
Nesse contexto, o art. 840, § 1º, da CLT determina que, além do pedido, o de-
mandante apresente uma breve exposição dos fatos, correspondentes à causa de
pedir. Não tendo o reclamante apresentado a causa de pedir de um dos pedidos
formulados, impõe-se a declaração da inépcia da inicial quanto a tal pedido, tal
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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como decidido na origem. (RO nº 1252/2012-097-03-00.1, 3ª Turma do TRT da 3ª


Região/MG, Rel. Convocado Edmar Souza Salgado. unânime, DEJT 16.08.2013).
Passamos a estudar o litisconsorte.
3.2.2.1.LITISCONSORTE
Segundo Bezerra Leite4, no Processo do Trabalho “é lícito aos empregados de
uma mesma empresa ou estabelecimento formar um litisconsórcio ativo facultativo
(CPC, art. 113), ­desde que haja identidade de matérias, fenômeno que ocorre com bas-
tante frequência e é intitulado de “dissídio individual plúrimo” ou “reclamatória plúrima”
(CLT, art. 842).”
Veja o que diz o art. 842 da CLT:
CLT, Art. 842. Sendo várias as reclamações e havendo identidade de matéria, po-
derão ser acumuladas num só processo, se se tratar de empregados da mesma
empresa ou estabelecimento.
A reclamatória individual plúrima é uma faculdade conferida às partes que figu-
ram no polo ativo da demanda. São requisitos para reclamatória plúrima:
> Mesmo empregador; e
> Identidade de matérias
Entendimento do TST sobre o Assunto:
TST, SUM 36 - CUSTAS - Nas ações plúrimas, as custas incidem sobre o respec-
tivo valor global.
TST, OJ 9 TP - Tratando-se de reclamações trabalhistas plúrimas, a aferição do
que vem a ser obrigação de pequeno valor, para efeito de dispensa de formação
de precatório e aplicação do disposto no § 3º do art. 100 da CF/88, deve ser reali-
zada considerando-se os créditos de cada reclamante.

Como esse assunto foi cobrado na prova da OAB:

Prova da OAB - (FGV - XIX EXAME) - Gustavo é gerente geral de uma agência bancária
e Paula é chefe de tesouraria na mesma agência. Gustavo chefia todos os gerentes
da agência e Paula comanda uma equipe de oito pessoas que lhe dá apoio nas
atividades diárias. Ambos recebem gratificação de função correspondente a 100%
do salário auferido, cumprem jornada de 2ª a 6ª feira das 9h00min às 20h00min e,
genuinamente, exercem funções de relevância na agência bancária. Ao serem dis-
pensados, ambos ajuízam reclamação plúrima, postulando o pagamento de horas
extras. Em defesa, o banco se insurge em preliminar contra o litisconsórcio ativo
e, no mérito, nega o direito às horas extras. Na instrução, os autores conduzem
três testemunhas que comprovam a jornada dita na inicial, e o banco não conduz tes-
temunhas nem junta controle de ponto. Diante da situação retratada, considerando
a CLT e o entendimento consolidado do TST, responda aos itens a seguir.

a) Analise os requisitos para a reclamação plúrima e se ela poderia acontecer no


caso apresentado. (Valor: 0,65) Resposta: Os requisitos para a reclamação plúrima
estão previstos no art. 842 da CLT, quais sejam: mesmo empregador e identidade de
matérias. Estando presentes os requisitos no caso apresentado, o litisconsórcio é
4 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 19. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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viável.

Prova da OAB - (FGV - XXV EXAME) - Na CIPA existente em uma sociedade empre-
sária, o empregado João da Silva foi indicado pelo empregador, e o empregado An-
tônio Mota, eleito pelos empregados da empresa. Ambos tomaram posse e logo em
seguida foram dispensados pelo empregador. Em razão disso, ajuizaram reclamação
trabalhista plúrima com pedido comum de reintegração. Diante do caso apresentado,
como advogado(a) da sociedade empresária, de acordo com a Lei e o entendimento
consolidado do TST, responda aos itens a seguir.

B) Analise a viabilidade do litisconsórcio ativo entre João da Silva e Antônio Mota,


declinando os requisitos legais para que isso aconteça na Justiça do Trabalho. (Va-
lor: 0,60) Resposta: Seria possível a reclamação plúrima (litisconsórcio ativo) porque
há identidade de matéria e se trata do mesmo empregador/ sociedade empresária,
cumprindo assim as exigências do Art. 842 da CLT.

Quanto à posição do litisconsorte:


> Ativo (mais de um autor)
> Passivo (Mais de um réu)
> Misto (mais de um autor e de um réu)
Quanto à obrigatoriedade do litisconsorte:
> Facultativo (tem opção de ser chamado)
> Necessário (obrigatoriamente deve ser chamado)
Com a reforma trabalhista do ano de 2017, criou-se uma forma de litisconsórcio
necessário no § 5º do art. 611-A, in verbis:
CLT, art. 611-A – [..]
§ 5º - Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de acordo coletivo de
trabalho deverão participar, como litisconsortes necessários, em ação individual
ou coletiva, que tenha como objeto a anulação de cláusulas desses instrumentos.
O TST, por meio da IN 41, entendeu que:
TST, IN 41 - Art. 3º A obrigação de formar o litisconsórcio necessário a que se
refere o art. 611-A, § 5º, da CLT dar-se-á nos processos iniciados a partir de 11 de
novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017).
Quanto ao resultado do litisconsorte:
> Simples (a decisão pode ser diversa para os litisconsortes)
> Unitário (a decisão deve ser idêntica para os litisconsortes)
Quanto à formação do litisconsorte:
> Inicial (Formado no início da demanda)
> Ulterior (Formado após o início da demanda)

Material extra - Processo Civil - Litisconsortes

INTRODUÇÃO
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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O litisconsórcio é a pluralidade de partes no polo ativo, no passivo, ou em ambos, do


mesmo processo.

O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na


fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este com-
prometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento de sen-
tença. (art. 113, § 1º, CPC). O § 1º do art. 113 – que se refere exclusivamente aos
casos de litisconsórcio facultativo

Contra a decisão judicial que aprecia o pedido de desmembramento, o recurso cabí-


vel será o agravo de instrumento (art. 1.015, VII e VIII).

Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como


litigantes distintos (art. 117 do CPC)

O § 6º do art. 99 dispõe que o direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se es-


tendendo a litisconsorte, a não ser que haja requerimento e deferimento expressos,
o que pressupõe que a situação do próprio litisconsorte justifique a concessão nos
termos e para os fins do art. 98 e respectivo § 1º.

CLASSIFICAÇÃO DO LITISCONSÓRCIO

Litisconsórcio necessário

É aquele cuja formação é obrigatória. O processo não pode prosseguir e o juiz não
pode julgar validamente, se não estiverem presentes todos os litisconsortes neces-
sários.

Se, a despeito da obrigatoriedade, todos os litisconsortes necessários não tiverem in-


tegrado o processo (no sentido de não terem sido citados), a decisão de mérito será
nula quando o litisconsórcio for também unitário (art. 115, I). A decisão de mérito
será, contudo, ineficaz com relação aos litisconsortes não citados quando se tratar
de litisconsórcio necessário e simples (art. 115, II).

O parágrafo único do art. 115 do CPC dispõe que “Nos casos de litisconsórcio passi-
vo necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam
ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do processo”. A
intervenção litisconsorcial, em tais casos, é exemplo seguro de litisconsórcio ulterior,
isto é, formado ao longo do processo.

Litisconsórcio facultativo

É aquele cuja formação é opcional: no momento da propositura da demanda, o autor


tinha a opção entre formá-lo ou não.

Litisconsórcio unitário
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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É aquele em que a sentença forçosamente há de ser a mesma para todos os litiscon-


sortes, sendo juridicamente impossível que venha a ser diferente.

Litisconsórcio simples

É aquele em que existe a possibilidade de a sentença ser diferente para os litiscon-


sortes. Não é preciso que venha efetivamente a ser diferente, bastando que exista tal
possibilidade.

Litisconsórcio inicial

O litisconsórcio pode ser inicial (quando formado desde o início do processo, com a
petição inicial).

Litisconsórcio ulterior

O litisconsórcio pode ser ulterior (quando formado ao longo do processo)

Exemplo de litisconsorte inicial muito utilizado na área trabalhista - Chama-


mento do tomador dos serviços na terceirização para responder pelos diretos traba-
lhistas do reclamante.
TST SUM 331, IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços
quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e
conste também do título executivo judicial.
Lei 6.019/74 - Art. 5º-A, § 5º - A empresa contratante é subsidiariamente respon-
sável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a pres-
tação de serviços, e o recolhimento das contribuições previdenciárias observará o
disposto no art. 31 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.
Lei 6.019/74 - Art. 10, § 7º - A contratante é subsidiariamente responsável pelas
obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer o trabalho tempo-
rário, e o recolhimento das contribuições previdenciárias observará o disposto no
art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.
Caso exista terceirização e você quer responsabilizar a empresa tomadora dos
serviços de forma subsidiária (regra) ou solidária (casos de fraude), na peça inicial
este deve ser indicado como litisconsorte passivo, constar os motivos da condenação
na causa de pedir e constar tal pleito no pedido. Esse é o entendimento majoritário do
TST.
“EMBARGOS SUJEITOS À SISTEMÁTICA DA LEI Nº 11.496/2007 - CARÊNCIA
DE AÇÃO - IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO - RECLAMAÇÃO TRABA-
LHISTA AUTÔNOMA AJUIZADA EM DESFAVOR DO TOMADOR DOS SERVIÇOS
TERCEIRIZADOS - RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA - IMPOSSIBILIDADE -
EXISTÊNCIA DE DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO EM QUE FIGUROU NO
PÓLO PASSIVO DA AÇÃO APENAS A EMPRESA PRESTADORA DOS SERVIÇOS.
Há carência do direito de ação, por impossibilidade jurídica do pedido, quando o
empregado ajuíza reclamação trabalhista autônoma em desfavor do tomador dos
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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serviços terceirizados, pleiteando sua responsabilização subsidiária quanto à sa-


tisfação dos direitos trabalhistas reconhecidos em ação anterior, já cobertos pelo
manto da coisa julgada material, em que figurou no pólo passivo apenas a empre-
sa prestadora dos serviços, real empregadora. A responsabilização do tomador
dos serviços está condicionada à sua integração no pólo passivo da reclamação
trabalhista cujo título executivo judicial venha a assegurar ao obreiro a percepção
de direitos trabalhistas não satisfeitos a tempo e modo pela empresa prestado-
ra dos serviços, real empregadora. Seria impróprio reabrir a discussão em tor-
no dos direitos trabalhistas pleiteados na primeira reclamação trabalhista, a fim
de possibilitar, nesta segunda ação, que a empresa tomadora exercesse o direito
constitucional a ampla defesa e contraditório, demonstrando o cumprimento das
obrigações trabalhistas devidas pela real empregadora, pois, como se disse, tal
controvérsia já fora dirimida pelo título executivo judicial transitado em julgado. A
credibilidade da Justiça e dos provimentos jurisdicionais dela emanados não con-
vive com decisões contraditórias a respeito da mesma relação jurídica, o que seria
natural caso fosse admitida a pretensão em análise e possibilitado o ajuizamento
de ação autônoma em desfavor do tomador dos serviços tratando da mesma
matéria objeto de título executivo judicial devidamente aperfeiçoado. Embargos
conhecidos e desprovidos” (TST-E-RR-231/2006-011-09-00.1, Ac. SBDI-1/TST, Rel.
Min. Vieira de Mello Filho, in DJ 13.11.2009).
Nesse sentido, o § 5º do art. 513 do CPC;
CPC, Art. 513, § 5º - O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em
face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que não tiver participado da
fase de conhecimento.
Na peça prática dever ser feito da seguinte forma:

QUALIFICAÇÃO:

NOME DO RECLAMANTE, nacionalidade..., estado civil..., profissão, CTPS número ...,


CPF..., endereço completo com CEP, por seu Advogado que esta subscreve (procura-
ção anexa), com escritório profissional na …. (Endereço completo), vem, à presença
de Vossa Excelência, com fulcro no art. 840 § 1º da CLT combinado com art. 319 do
CPC propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA pelo RITO ....... em face de ......
NOME DA RECLAMADA, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob no
....., sediada na ...... (endereço completo) e da NOME DA LITISCONSORTE, pessoa
jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob no ....., sediada na ...... (endereço
completo), pelos motivos de fato e de direito que abaixo expõe:

CAUSA DE PEDIR:

1. Mérito:

1.1. Responsabilidade da tomadora

O reclamante foi contratado pela primeira reclamada (empresa de trabalho tempo-


rário), para prestar serviços na segunda reclamada (tomadora dos serviços). Assim,
caso haja a insuficiência de bens por parte da primeira reclamada para quitar os
débitos trabalhistas, requer que seja declarada por Vossa Excelência, a responsa-
bilidade subsidiária da empresa tomadora dos serviços - segunda reclamada - com
embasamento no §5º do art. 5-A e §7º do art. 10, ambos da Lei 6.019/74 e no item
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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IV da Súmula 331 do TST.

PEDIDO:

Requer a condenação de forma subsidiária da tomadora de serviços como explicado


na causa de pedir.

3.2.3. TRAMITAÇÃO ESPECIAL


Os seguintes processos têm preferência na tramitação.
3.2.3.1. IDOSO
CPC, Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os
procedimentos judiciais:
I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a
60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer
das enumeradas no art. 6o, inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988;

3.2.3.2. DISSÍDIO QUE A EMPRESA ESTÁ EM FALÊNCIA


CLT, Art. 768 - Terá preferência em todas as fases processuais o dissídio cuja
decisão tiver de ser executada perante o Juízo da falência.
CLT, Art. 652 - Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento:
Parágrafo único. Terão preferência para julgamento os dissídios sobre paga-
mento de salário e aqueles que derivarem da falência do empregador, podendo o
Presidente da Junta, a pedido do interessado, constituir processo em separado,
sempre que a reclamação também versar sobre outros assuntos.

3.2.3.3.RECLAMANTE PORTADOR DE DOENÇA GRAVE


CPC, Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os
procedimentos judiciais:
I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a
60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer
das enumeradas no art. 6º, inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988;
Lei 7.713 art. 6º, XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por
acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional,
tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, ceguei-
ra, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de
Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave,
estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por
radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da
medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da apo-
sentadoria ou reforma;

3.2.3.4. ACIDENTE DO TRABALHO


Recomendação conjunta nº 1/GP.CGJT, de 3 de maio de 2011 TST e CGJT.
RECOMENDAR aos Desembargadores dos Tribunais Regionais do Trabalho e aos
Juízes do Trabalho que confiram prioridade à tramitação e ao julgamento das re-
clamações trabalhistas que envolvam acidente de trabalho.

3.2.3.5. PESSOA COM DEFICIÊNCIA


SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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Lei 13.146/2015 - Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber atendi-
mento prioritário, sobretudo com a finalidade de:
VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em que for
parte ou interessada, em todos os atos e diligências.

3.2.3.6.SE DISCUTA A APLICAÇÃO DAS NORMAS GERAIS DE LICITA-


ÇÃO
CPC, Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os
procedimentos judiciais:
IV - em que se discuta a aplicação do disposto nas normas gerais de licitação
e contratação a que se refere o inciso XXVII do caput do art. 22 da Constituição
Federal.

3.2.4. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA


3.2.4.1.MOMENTO PARA REQUERER O BENEFÍCIO
O benefício da justiça gratuita pode ser requerido em qualquer tempo ou grau
de jurisdição (Vara do trabalho, ou Tribunal Regional do Trabalho ou Tribunal Superior
do Trabalho). Assim, o certo é que o empregado já peça em sua petição inicial e o em-
pregador, em sua contestação.
Se o pedido for feito na fase recursal, ele deve ser feito no prazo para interpo-
sição do recurso conforme entende o TST (OJ, 269, I da SDI-1), ou seja, nunca após o
prazo de 8 dias.
TST, OJ 269 da SDI-1 - JUSTIÇA GRATUITA. REQUERIMENTO DE ISENÇÃO DE
DESPESAS PROCESSUAIS. MOMENTO OPORTUNO - I - O benefício da justiça
gratuita pode ser requerido em qualquer tempo ou grau de jurisdição, desde que,
na fase recursal, seja o requerimento formulado no prazo alusivo ao recurso;
Conforme item II da OJ, 269, da SDI-1 do TST, indeferido o requerimento de
justiça gratuita formulado na fase recursal, cumpre ao relator fixar prazo para que o
recorrente efetue o preparo (art. 99, § 7º, do CPC de 2015).
Assim, havendo pedido expresso de gratuidade da justiça no recurso, não pode
a autoridade “a quo” impedir o seguimento do apelo por deserção, sob pena de usurpar
a competência revisora do juízo “ad quem”.
O Enunciado nº 246 do Fórum Permanente de Processualistas Civis dispõe:
Enunciado n. 246. Dispensa-se o preparo do recurso quando houver pedido de
justiça gratuita em sede recursal, consoante art. 99, § 62, aplicável ao processo
do trabalho. Se o pedido for indeferido, deve ser fixado prazo para o recorrente
realizar o recolhimento.

3.2.4.2. REQUERIMENTO FEITO PESSOA FÍSICA


Conforme redação do art. 790, § 3º da CLT, dada pela Lei 13.467/2017, é fa-
cultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qual-
quer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita,
inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou
inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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de Previdência Social.
Para conseguir o benefício, basta a simples declaração do advogado, na petição
inicial, que o reclamante não tem condições de pagar às custas do processo sem pre-
juízo do sustento próprio ou de sua família. Nesse sentido, a súmula 463 do TST:
TST, SUM 463 - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO - I – A
partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa
natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou
por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos
para esse fim (art. 105 do CPC de 2015);
Conforme item I da súmula 463 do TST, é necessário a outorga de poderes es-
peciais ao advogado para firmar declaração de hipossuficiência econômica, destinada
à concessão dos benefícios da justiça gratuita, conforme art. 105 do CPC:
CPC - Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento pú-
blico ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os
atos do processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência
do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, re-
ceber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência
econômica, que devem constar de cláusula específica.
Contudo, se a pessoa recebe mais que 40% (quarenta por cento) do limite má-
ximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, deve provar no processo,
que necessita que não tem condições de pagar as custas do processo.
Nesse sentido:
CLT, Art. 790 – [..]
§ 4º - O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insu-
ficiência de recursos para o pagamento das custas do processo.
Como esse assunto foi cobrado na prova da OAB:

XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – [..] Atualmente Marina está desempregada,


mas, na época em que atuava na Malharia Fina, ganhava 1 salário mínimo mensal.
[..] Considerando que a autora encontra-se desempregada, e mesmo quando em ati-
vidade recebia 1 salário mínimo, deverá ser formulado requerimento de assistência
judiciária gratuita.

Como esse assunto foi cobrado na prova da OAB:

XXXIV EXAME DE ORDEM UNIFICADO – [..] Heitor ficou afastado em benefício previ-
denciário por acidente do trabalho (auxílio por incapacidade temporária acidentária,
antigo auxílio doença acidentário, código B-91), teve alta médica após 3 meses e
retornou à empresa com a capacidade laborativa preservada, mas foi dispensado,
sem justa causa, no mesmo dia.. [..] Considerando que o autor encontra-se desem-
pregado, e mesmo quando em atividade recebia 1,5 salário mínimo por mês, deverá
ser formulado requerimento de assistência judiciária gratuita.

Em muitos julgados, o TST vem decidindo que mesmo após a Lei nº 13.467/2017,
o entendimento de que a declaração do interessado, de que não dispõe de recursos
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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suficientes para o pagamento das custas do processo, goza de presunção relativa de


veracidade e se revela suficiente para comprovação de tal condição:
“RECURSO DE REVISTA. SUMARÍSSIMO. LEI Nº 13.467/2017. RECLAMANTE
TRANSCENDÊNCIA DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. AUSÊNCIA DE RE-
COLHIMENTO DE DEPÓSITO RECURSAL. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS AD-
VOCATÍCIOS. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. COMPROVAÇÃO DE INSU-
FICIÊNCIA DE RECURSOS POR SIMPLES DECLARAÇÃO 1 - Há transcendência
jurídica quando se discute questão nova em torno de interpretação da legislação
trabalhista. 2 - A despeito da apresentação de declaração de insuficiência de re-
cursos, o TRT negou provimento ao pedido de concessão dos benefícios da jus-
tiça gratuita ao reclamante. 3 - A Lei nº 13.467/2017 alterou a parte final do § 3º
e acresceu o § 4º do art. 790 da CLT, o qual passou a dispor que “O benefício da
justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos
para o pagamento das custas do processo”. A percepção de salário superior a
40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social, por si só, não afasta o direito da parte ao benefício da justiça
gratuita, quando comprovada sua hipossuficiência. 4 - Questiona-se, após essa al-
teração legislativa, a forma de comprovação de insuficiência de recursos para fins
de obter o benefício da justiça gratuita no âmbito do Processo do Trabalho. 5 - Em-
bora a CLT atualmente não trate especificamente sobre a questão, a normatização
processual civil, plenamente aplicável ao Processo do Trabalho, seguindo uma
evolução legislativa de facilitação do acesso à Justiça em consonância com o
texto constitucional de 1988, estabeleceu que se presume “ verdadeira a alegação
de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural “. 6 - Também quan-
to ao assunto, a Súmula nº 463, I, do TST, com a redação dada pela Resolução nº
219, de 28/6/2017, em consonância com o CPC de 2015, firmou a diretriz de que
“para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a de-
claração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado”.
7 - Nesse contexto, mantém-se no Processo do Trabalho, mesmo após a Lei nº
13.467/2017, o entendimento de que a declaração do interessado, de que não
dispõe de recursos suficientes para o pagamento das custas do processo, goza
de presunção relativa de veracidade e se revela suficiente para comprovação de
tal condição (99, § 2º, do CPC de 2015 c/c art. 790, § 4º, da CLT). Harmoniza-se
esse entendimento com o princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º,
XXXV, da Constituição Federal), bem como com o princípio da igualdade (art.
5.º, caput, da Constituição Federal), pois não há fundamento de qualquer espé-
cie que justifique a imposição de um tratamento mais rigoroso aos hipossufi-
cientes que buscam a Justiça do Trabalho para a proteção de seus direitos, em
relação àqueles que demandam em outros ramos do Poder Judiciário. 8 - De tal
sorte, havendo o reclamante prestado declaração de hipossuficiência e postulado
benefício de justiça gratuita, à míngua de prova em sentido contrário de sua situa-
ção econômica, reputa-se demonstrada a insuficiência de recursos a que alude o
art. 790, § 4º, da CLT. 9 - Devem ser concedidos os benefícios da justiça gratuita
ao reclamante e afastada a deserção do recurso ordinário. 10 - Destaca-se que,
além disso, não se exige depósito recursal de reclamante, tampouco quando a
condenação é apenas de honorários advocatícios . 11 - Recurso de revista a que
se dá provimento” (RR-879-74.2019.5.12.0036, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia
Magalhaes Arruda, DEJT 11/06/2021). (Destaquei).
“RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI
Nº 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
INTERPOSTA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA
GRATUITA. COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS POR SIMPLES
DECLARAÇÃO. 1 - Deve ser reconhecida a transcendência na forma autoriza-
da pelo art. 896-A, § 1º, IV, da CLT, quando constatada “ a existência de questão
nova em torno da interpretação da legislação trabalhista “. Caso em que se dis-
cute a exegese dos §§ 3º e 4º do art. 790 da CLT, pela redação dada pela Lei nº
13.467/2017, em reclamação trabalhista proposta na sua vigência. 2 - A Lei nº
13.467/2017 alterou a parte final do § 3º e acresceu o § 4º do art. 790 da CLT, o
qual passou a dispor que “O benefício da justiça gratuita será concedido à parte
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do proces-


so” . 3 - Questiona-se, após essa alteração legislativa, a forma de comprovação de
insuficiência de recursos para fins de obter o benefício da justiça gratuita no âm-
bito do Processo do Trabalho. 4 - Embora a CLT atualmente não trate especifica-
mente sobre a questão, a normatização processual civil, plenamente aplicável ao
Processo do Trabalho, seguindo uma evolução legislativa de facilitação do acesso
à Justiça em consonância com o texto constitucional de 1988, estabeleceu que
se presume “verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por
pessoa natural” . 5 - Também quanto ao assunto, a Súmula nº 463, I, do TST, com a
redação dada pela Resolução nº 219, de 28/6/2017, em consonância com o CPC
de 2015, firmou a diretriz de que “para a concessão da assistência judiciária gra-
tuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada
pela parte ou por seu advogado” . 6 - Nesse contexto, mantém-se no Processo do
Trabalho, mesmo após a Lei n.º 13.467/2017, o entendimento de que a declaração
do interessado, de que não dispõe de recursos suficientes para o pagamento das
custas do processo, goza de presunção relativa de veracidade e se revela sufi-
ciente para comprovação de tal condição (99, § 2º, do CPC de 2015 c/c art. 790, §
4º, da CLT). Harmoniza-se esse entendimento com o princípio da inafastabilidade
da jurisdição (art. 5º, XXXV, da Constituição Federal). 7 - De tal sorte, havendo
o reclamante prestado declaração de hipossuficiência e postulado benefício de
justiça gratuita, à míngua de prova em sentido contrário, reputa-se demonstrada a
insuficiência de recursos a que alude o art. 790, § 4º, da CLT. 8 - Recurso de revista
de que se conhece e a que se dá provimento” (RR-10607-91.2018.5.18.0171, 6ª
Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 13/03/2020).
Abaixo, um modelo de como solicitar na prova o benefício da justiça gratuita:
JUSTIÇA GRATUITA

O reclamante declara sob as penas da lei, que não tem condições de pagar às custas
do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. Assim, requer que
lhe sejam concedidos os benefícios da gratuidade de justiça, consoante o disposto
no art. 790, par. 3º da CLT.

3.2.4.3.REQUERIMENTO FEITO PESSOA FÍSICA


Entretanto, no caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração, é neces-
sária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas do
processo. (TST, SUM 463, II)
3.2.5. COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
Pela redação do art. 625 –D da CLT, qualquer demanda de natureza trabalhista
será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de
serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da
categoria. Porém, o STF concedeu liminar na Adin 2.139 em 13.05.2009 e posterior-
mente (01 de agosto de 2018) confirmou que a passagem na CCP prevista no art. 625-
D da CLT é facultativa. Veja:
Notícias STF
Quarta-feira, 01 de agosto de 2018 - Plenário confirma que conciliação prévia não
é obrigatória para ajuizar ação trabalhista.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STJ) decidiu, na sessão extraordinária
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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desta quarta-feira (1º), dar interpretação conforme a Constituição Federal ao arti-


go 625-D da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que obrigava o trabalhador
a primeiro procurar a conciliação no caso de a demanda trabalhista ocorrer em
local que conte com uma Comissão de Conciliação Prévia, seja na empresa ou no
sindicato da categoria. Com isso, o empregado pode escolher entre a conciliação
e ingressar com reclamação trabalhista no Judiciário.
A decisão foi tomada no julgamento conjunto das Ações Diretas de Inconstitucio-
nalidade (ADIs) 2139, 2160 e 2237, ajuizadas por quatro partidos políticos (PCdoB,
PSB, PT e PDT) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio
(CNTC). Em relação ao artigo 625-D, introduzido pela Lei 9.958/2000, todos os
ministros presentes seguiram o voto da relatora, a presidente do STF, ministra
Cármen Lúcia, confirmando liminar concedida anteriormente pelo Plenário.
De acordo com a ministra, não cabe a legislação infraconstitucional expandir o rol
de exceções de direito ao acesso à Justiça. “Contrariaria a Constituição a inter-
pretação do artigo 625-D da CLT se reconhecesse a submissão da pretensão da
Comissão de Conciliação Prévia como requisito obrigatório para ajuizamento de
reclamação trabalhista, a revelar óbice ao imediato acesso ao Poder Judiciário por
escolha do próprio cidadão”, afirmou.
A presidente do STF apontou que o condicionamento do acesso à jurisdição ao
cumprimento dos requisitos alheios àqueles inerentes ao direito ao acesso à Jus-
tiça contraria o inciso XXXV do artigo 5º da Constituição Federal (a lei não excluirá
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito).
A ministra Cármen Lúcia apontou ainda, citando os julgamentos da ADI 1074 e do
Agravo de Instrumento (AI) 698626, que o Supremo reconheceu a desnecessidade
de prévio cumprimento de requisitos desproporcionais, procrastinatórios ou invia-
bilizadores para submissão do pleito ao órgão judiciário.
No entanto, a presidente do STF ressaltou que esse entendimento não exclui a
idoneidade do subsistema previsto no artigo 625-D da CLT (conciliação). “A legi-
timidade desse meio alternativo de resolução de conflitos baseia-se na consen-
sualidade, importante ferramenta para o acesso à ordem jurídica justa. O artigo
625-D e seus parágrafos devem ser reconhecidos como subsistema adminis-
trativo, apto a buscar a pacificação social, cuja utilização deve ser estimulada e
constantemente atualizada, não configurando requisito essencial para o ajuiza-
mento de reclamações trabalhistas”, sustentou.
Quanto à alegada inconstitucionalidade do artigo 852-B, inciso II, também incluído
pela Lei 9.958/2000 e questionado na ADI 2160, a ministra Cármen Lúcia não ve-
rificou ofensa ao princípio da isonomia. O dispositivo prevê que, nas reclamações
enquadradas no procedimento sumaríssimo, não se fará citação por edital, incum-
bindo ao autor a correta indicação do nome e endereço do reclamado.
Citando a decisão tomada no julgamento da liminar concedida nas ADIs 2139
e 2160, a presidente do STF destacou que se o jurisdicionado não for encontra-
do nesse caso haverá a transformação para procedimento ordinário. “A isonomia
constitucional não impõe tratamento linear e rígido a todos aqueles que deman-
dam atuação do Poder Judiciário ainda que o façam por meio do rito sumaríssimo
na Justiça Trabalhista”, acentuou.
Divergência parcial
Os ministros Edson Fachin e Rosa Weber divergiram parcialmente da relatora no
tocante ao parágrafo único do artigo 625-E da CLT, impugnado na ADI 2237, o
qual estabelece que o termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá
eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
Para ambos, a expressão “eficácia liberatória geral” é inconstitucional, mas fica-
ram vencidos na votação.
OBS: Depois do entendimento do STF (ADI 2.237/DF), não podemos mais en-
tender que o paragrafo único do art. 625-E da CLT, possui eficácia liberatória geral, ou
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seja, ficou limitado a eficácia liberatória do acordo celebrado perante a CCP às parce-
las consignadas no termo de quitação, vejamos:
II - RECURSO DE REVISTA DA TELEMAR NORTE LESTE S.A . COMISSÃO DE
CONCILIAÇÃO PRÉVIA. ACORDO FIRMADO EXTRAJUDICIALMENTE. EFICÁCIA
LIBERATÓRIA. O Tribunal Regional entendeu que, apesar de não haver vício de
consentimento no acordo firmado entre as partes, a eficácia liberatória decorrente
da quitação passada pelo trabalhador alcança apenas os valores objeto de con-
ciliação. O entendimento majoritário desta Corte Superior era no sentido de que
a quitação dada pelo trabalhador ao firmar termo de conciliação em Comissão
de Conciliação Prévia enseja, por força do art. 625-E, parágrafo único, da CLT, a
eficácia liberatória geral quanto a todas as parcelas do contato de trabalho, sal-
vo em face da existência de parcelas expressamente ressalvadas ou de vício de
consentimento, não se admitindo interpretação analógica ou amplificada do texto
legal. Ocorre que o STF, no julgamento ADI nº 2.237/DF, Relatora Ministra Carmem
Lúcia, apreciando a constitucionalidade do art. 625-E, parágrafo único, da CLT, pro-
feriu decisão no sentido de que “a eficácia liberatória geral do termo neles contido
está relacionada ao que foi objeto da conciliação. Diz respeito aos valores discuti-
dos e não se transmuta em quitação geral e indiscriminada de verbas trabalhistas”
(DJE 20/02/2019 - ATA Nº 14/2019. DJE nº 34, divulgado em 19/02/2019). Logo,
a eficácia liberatória decorrente da quitação passada pelo trabalhador ao firmar o
mencionado acordo atinge apenas os valores objeto de conciliação, encontrando-
-se a decisão recorrida em conformidade com o entendimento esposado pelo STF,
no julgamento ADI nº 2.237/DF. Precedentes. Óbice da Súmula 333/TST. Recurso
de revista não conhecido . (ARR-351-96.2011.5.01.0207, 2ª Turma, Relatora Minis-
tra Maria Helena Mallmann, DEJT 01/07/2022).
“I- AGRAVO INTERNO. RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELAS LEIS Nos
13.015/2014 E 13.105/2015 . ACORDO FIRMADO PERANTE A COMISSÃO DE
CONCILIAÇÃO PRÉVIA. EFICÁCIA LIBERATÓRIA. ALCANCE. Demonstrada a di-
vergência jurisprudencial, merece processamento o recurso de embargos. Agravo
interno conhecido e provido. II - RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELAS LEIS
Nos 13.015/2014 E 13.105/2015 . ACORDO FIRMADO PERANTE A COMISSÃO
DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. EFICÁCIA LIBERATÓRIA. ALCANCE. 1. A Eg. 5ª Tur-
ma deu provimento ao recurso de revista da reclamada, para, “reconhecendo a
eficácia liberatória geral do acordo homologado perante a Comissão de Concilia-
ção Prévia, extinguir o processo”. 2. O art. 625-E, parágrafo único, da CLT dispõe
que “o termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia liberató-
ria geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas”. Quanto a esse
dispositivo de lei, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI
2.237/DF, concluiu que “a eficácia liberatória geral do termo neles contido está
relacionada ao que foi objeto da conciliação. Diz respeito aos valores discutidos e
não se transmuta em quitação geral e indiscriminada de verbas trabalhistas” (DJE
20.2.2019). Da leitura do acórdão do STF, conclui-se que a norma foi considerada
válida pelo Colegiado e que a palavra “geral” se refere ao que foi objeto de concilia-
ção. 3. Assim, no caso dos autos, em que as partes acordaram que, “com o rece-
bimento do valor deste acordo o empregado demandante dá plena quitação dos
valores e parcelas expressamente consignadas no presente termo”, que equivale a
ressalva, não há como se falar em quitação geral do contrato de trabalho, limitan-
do-se a eficácia liberatória do acordo celebrado perante a CCP às parcelas consig-
nadas no termo de quitação. Precedentes desta Subseção. Recurso de embargos
conhecido e provido” (E-ED-RR-307-50.2012.5.04.0404, Subseção I Especializada
em Dissídios Individuais, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira,
DEJT 19/02/2021).
“RECURSO DE EMBARGOS - INTERPOSIÇÃO SOB A REGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014 - ACORDO - COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA - EFICÁCIA LI-
BERATÓRIA - LIMITAÇÃO EXPRESSA NO TERMO DE QUITAÇÃO – PARCELAS.
Esta Corte firmou o entendimento de que não ofende ao artigo 625-E da CLT limi-
tar a eficácia liberatória geral do acordo de conciliação firmado perante a Comis-
são de Conciliação Prévia se, por vontade das partes, houve restrição da quitação
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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apenas às parcelas e valores expressamente consignados no recibo, particulari-


dade equivalente à ressalva em relação às parcelas não consignadas , circunscre-
vendo-se ainda os efeitos do acordo às partes que o celebraram. Embargos co-
nhecidos e providos.” (E-RR-300-49.2012.5.04.0019, Ac. Subseção I Especializada
em Dissídios Individuais, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, in DEJT
25.4.2019).

3.2.6. DO CONTRATO DE TRABALHO


Relatar aqui, de forma BEM RESUMIDA, os dados fornecidos pelo examinador.
O peticionante deve, assim, apontar, na inicial, as datas de admissão e dispensa, a fun-
ção que exercia na empresa, o salário, a jornada de trabalho etc.
Vejamos um modelo do contrato de trabalho:
DO CONTRATO DE TRABALHO

O reclamante foi admitido em ........... (dia, mês e ano) para exercer a função de
..................., recebendo como última remuneração o valor de R$......, e em .............
(dia, mês e ano) foi dispensado sem justa causa (doc. ....). O reclamante trabalhava
de ...hs as ...hs com intervalo para refeição de ....hs (ou sem intervalo para refeição).

3.2.7. CAUSA DE PEDIR


Cabe à parte, quando for formular sua peça inicial, indicar os fatos e os funda-
mentos jurídicos do seu pedido.
A causa de pedir é elemento essencial da ação, pois tal elemento vai delimitar
a atividade jurisdicional. Pois, como é sabido, o Juiz está adstrito ao pedido feito pelo
autor da demanda (CPC, 141 e 492), mas todo pedido deve ter uma causa de pedir, sob
pena de a peça inicial ser indeferida por não estar apta para ser analisado pelo juízo.
(CPC, 330, I e parágrafo primeiro, inciso I).
CPC, Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sen-
do-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige
iniciativa da parte.
CPC, Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida,
bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que
lhe foi demandado.
O sistema processual brasileiro adotou a o princípio da substanciação da causa
de pedir, ou seja, a parte deve indicar na sua peça a descrição dos fatos oriundos da
relação de direito material e os fundamentos jurídicos do pedido. A exposição dos fa-
tos deve ser clara e precisa, isto é, da narração dos fatos deve decorrer, logicamente, a
conclusão. A falta de coerência ou lógica dos fatos, ou ainda, a falta de causa de pedir
ou pedido configuram a inépcia da inicial. (CPC, 330, I e parágrafo primeiro, inciso III).
Fundamentos jurídicos do pedido são os que compõem a causa de pedir remo-
ta ou mediata. É dizer, o autor deve indicar o porquê do seu pedido. Assim, se o autor
pede aviso prévio, deverá indicar na petição inicial que a dispensa se deu sem justa
causa. Se pede horas extras, deverá indicar, como causa de pedir, que cumpria jorna-
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da além do limite máximo permitido5.


A petição inicial trabalhista, deve conter os fundamentos fáticos e jurídicos, po-
rém, não necessita de indicação do fundamento legal. Contudo, para a prova da OAB,
você precisa indicar o fundamento legal, se houver.
3.2.7.1.IMPORTÂNCIA DA CAUSA DE PEDIR
É importante a indicação da causa de pedir, porque:
(1) Constitui, ao lado das partes e do pedido, um dos elementos da ação;
(2) Permite a observância do princípio da inalterabilidade da demanda, con-
sagrado no art. 329, II, do CPC;
CPC, Art. 329 - O autor poderá:
I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente
de consentimento do réu;
II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir,
com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade
de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requeri-
mento de prova suplementar.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à respectiva
causa de pedir.
(3) Possibilita a verificação da possibilidade jurídica do pedido, que é defesa
de mérito.
(4) Auxilia no exame da ocorrência dos institutos da conexão, continência,
litispendência e coisa julgada.
(5) Propicia a ampla defesa:
No desenvolvimento da causa de pedir, as partes devem expor os fatos em juízo
conforme a verdade (art. 77, I, CPC), sendo proibido o uso de expressões ofensivas.
(Art. 79, CPC).
3.2.7.1.1.MODELO DE COMO FAZER A CAUSA DE PEDIR
Segue abaixo o modelo de como pode ser estruturada a causa de pedir.
PROBLEMAS NO CONTRATO DE TRABALHO + FUNDAMENTAÇÃO + PQ ELE TEM DIREITO? + PEDIDO DE
PROCEDÊNCIA

ou
PROBLEMAS NO CONTRATO DE TRABALHO + PQ ELE TEM DIREITO? + FUNDAMENTAÇÃO + PEDIDO DE
PROCEDÊNCIA

3.2.7.1.2.EXEMPLOS DE CAUSA DE PEDIR


Exemplo 01: Se o autor, empregado urbano, alega que laborou em jornada noturna
e que não recebeu o pagamento do respectivo adicional (causa de pedir próxima), o
fundamento jurídico do seu pedido é o art. 7º, inc. IX, da Constituição Federal e art.
73 da CLT (causa de pedir remota). A sua pretensão, será o pagamento de adicional
noturno, no importe de 20% sobre o valor da hora diurna, assim como, seu reflexo em
verbas trabalhistas. (Pedido).

5 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 19. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
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Exemplo 02: Se o autor, empregado, alega que laborou mais que 6 horas no dia e
não teve o intervalo para refeição (causa de pedir próxima), o fundamento jurídico do
seu pedido é o art. 71, § 4º da CLT causa de pedir remota). A sua pretensão, será o
pagamento do período que ficou faltando para completar o período de intervalo com
o adicional de 50% (Pedido).

Exemplo 03: Se o autor, empregado, alega que trabalhou mais que 8 horas por dia e
não recebeu pelo trabalho em sobre jornada (causa de pedir próxima), o fundamento
jurídico do seu pedido é o art. 58 da CLT, Art. 7º, XIII e XVI da CF e Sumula 376, I e II
do TST (causa de pedir remota). A sua pretensão, será o pagamento de horas extras
com o adicional de 50%, assim como, seus reflexos em verbas trabalhistas. (Pedido).

Exemplo 04: Se o autor, empregado, alega que foi transferido provisoriamente para
outra cidade e que não recebeu o pagamento do respectivo adicional (causa de pedir
próxima), o fundamento jurídico do seu pedido é o art. 469, §3º da CLT (causa de
pedir remota). A sua pretensão, será o pagamento de adicional de transferência, no
importe de 25%, assim como, seu reflexo em verbas trabalhistas. (Pedido).

Exemplo 05: Se o autor, empregado, alega que trabalhou em área insalubre e que
não recebeu o pagamento do respectivo adicional (causa de pedir próxima), o funda-
mento jurídico do seu pedido é o arts. 189 e 192 da CLT (causa de pedir remota). A
sua pretensão, será o pagamento de adicional de insalubridade, no importe de 40%,
assim como, seus reflexos em verbas trabalhistas. (Pedido).

Exemplo 06: Se o autor, empregado, alega que trabalhou em área perigosa e que não
recebeu o pagamento do respectivo adicional (causa de pedir próxima), o fundamen-
to jurídico do seu pedido é o arts. 192 e 193, §1º da CLT (causa de pedir remota). A
sua pretensão, será o pagamento de adicional de periculosidade, no importe de 30%,
assim como, seus reflexos em verbas trabalhistas. (Pedido).

Exemplo 07: Se o autor, empregado, alega que foi dispensado sem justa causa com
aviso prévio indenizado e não recebeu a rescisão no prazo se 10 dias (causa de pedir
próxima), o fundamento jurídico do seu pedido é o arts. 477, §8º da CLT (causa de pe-
dir remota). A sua pretensão, será o pagamento da multa pelo atraso no pagamento
da rescisão, no importe de um salário. (Pedido).

Exemplo 08: Se o autor, empregado, alega que adquiriu doença do trabalho[Equipa-


ra-se a acidente do trabalho pelo art. 20, II da Lei 8.213/91] ao executar suas ativi-
dades na empresa e foi dispensado sem justa causa (causa de pedir próxima), o
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fundamento jurídico do seu pedido é a súmula 378, II do TST [reintegração face a


estabilidade], Art. 5º, X da CF, arts. 186, 927 do CC [Danos morais], art. 949 ou 950
do CC [Dano material {dano emergente = o que ele está gastando com o tratamento
médico + lucro cessante = o que deixou de ganhar com o acidente + pensionamento
= se ele ficou inválido para o trabalho} (causa de pedir remota). A sua pretensão, será
a reintegração no emprego com o pagamento dos salários vencidos e vincendos, que
a empresa seja responsabilizada civilmente pelos danos morais [dano emergente +
lucro cessante + pensionamento], materiais e estéticos. (Pedido).

Exemplo 09: Se a autora, empregada, alega que foi dispensada após o término do
contrato de experiencia, porém, estava grávida de 1 mês no ato da despedida, (causa
de pedir próxima), o fundamento jurídico do seu pedido é o art. 10, II, “b” do ADCT da
CF, art. 391-A da CLT e Sum 244, III do TST (causa de pedir remota). A sua pretensão,
será a reintegração no emprego bem como o pagamento dos salários vencidos e
vincendos. (Pedido).

Exemplo 10: Se o autor, empregado, alega que foi dispensado sem justa causa, po-
rém, era diretor sindical do sindicato de sua categoria, (causa de pedir próxima), o
fundamento jurídico do seu pedido é o art. 8, VIII, da CF, art. 543, §3º da CLT (causa
de pedir remota). A sua pretensão, será a reintegração no emprego bem como o pa-
gamento dos salários vencidos e vincendos. (Pedido).

Exemplo 11: Se o autor, empregado, alega que era humilhado diariamente por seu su-
perior hierárquico na frente dos demais colegas para servir de exemplo (causa de pe-
dir próxima), o fundamento jurídico do seu pedido é o art. 5º, inc. X, da Constituição
Federal e arts. 186, 927, 932, III, 933 do CC (causa de pedir remota). A sua pretensão,
será que a empresa seja responsabilizada civilmente pelos danos morais. (Pedido).

Exemplo 12: Se o autor, empregado, alega que gozou férias normalmente, porém o
pagamento só correu após uma semana do início do gozo de férias, (causa de pedir
próxima), o fundamento jurídico do seu pedido é os arts. 137, 145 da CLT, bem como
a súmula 450 do TST (causa de pedir remota). A sua pretensão, será que a empresa
seja responsabilizada pelo pagamento em dobro das férias. (Pedido).

Exemplo 13: Se o autor, empregado, alega que foi descontado do seu salário o valor
de XXX a título de contribuição confederativa, porém, não era filiado ao sindicato da
categoria, (causa de pedir próxima), o fundamento jurídico do seu pedido é a súmula
vinculante 40 do STF, Súmula 666 do STF, Precedente Normativo 119 do TST (cau-
sa de pedir remota). A sua pretensão, será que a empresa seja responsabilizada a
devolver o valor descontado indevidamente a título de contribuição confederativa.
(Pedido).
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Exemplo 14: Se o autor, empregado, alega que foi contratado para exercer a função
de assistente de estoque, mas, em parte do horário de trabalho, também realizava
as tarefas de um analista de compras, pois seu chefe determinava que ele fizesse
pesquisa de preços e comparasse a sua evolução ao longo do tempo, atividades
estranhas ao seu mister de assistente de estoque, (causa de pedir próxima), o fun-
damento jurídico do seu pedido é o art. 456 § único CLT, art. 13, I Lei 6.615/78, Art. 8
da Lei 3.207/57 (causa de pedir remota). A sua pretensão, será que a empresa seja
responsabilizada a pagar um plus salarial de 40% pelo acúmulo de função e seus
reflexos em verbas trabalhistas. (Pedido).

Exemplo 15: Se o autor, empregado, alega que teve seu e-mail particular monitorado
pela reclamada, ferindo sua intimidade (causa de pedir próxima), o fundamento jurí-
dico do seu pedido é o art. 5º, inc. X, da Constituição Federal e arts. 21, 186, 927, do
CC (causa de pedir remota). A sua pretensão, será que a empresa seja responsabili-
zada civilmente pelos danos morais. (Pedido).

Exemplo 16: Se o autor, empregado, alega que foi dispensada sem justa causa, po-
rém, era portador de deficiência e sua demissão não foi acompanhada da contra-
tação de outro em condição semelhante (causa de pedir próxima), o fundamento
jurídico do seu pedido é o art. 93, § 1º, Lei 8.213/91, art. 36, § 1º, do Dec. 3.398/99
(causa de pedir remota). A sua pretensão, será a reintegração no emprego bem como
o pagamento dos salários vencidos e vincendos. (Pedido).

Abaixo um modelo de causa de pedir:


DO INTERVALO PARA REFEIÇÃO

Considerando que a reclamada não concedeu o intervalo mínimo para refeição pre-
visto no art. 71 da CLT, requer que a mesma seja condenada a pagar a remuneração
do período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% sobre o valor da
remuneração da hora normal de trabalho, nos termos do art. 71, §4° da CLT.

Assim, requer a condenação da reclamada em ....... HORAS INTRAJORNADAS com


adicional de 50%.

3.2.8. PEDIDO
O pedido, como expressão da pretensão do reclamante, é o objeto da demanda
proposta em juízo (objeto da ação e do processo).
Como decorrência lógica da causa de pedir, o pedido deve ser certo e determi-
nado (com suas especificações – art. 319, IV, do CPC), sob pena de inépcia da peça
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inicial.
Pela aplicação do princípio da iniciativa processual (princípio do dispositivo)
art. 2º do CPC, o juiz está adstrito ao pedido da parte (princípio da congruência), ou
seja, deverá decidir a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe proibido conhecer
de questões não suscitadas, a cujo respeito à lei exige a iniciativa da parte.
Exceção ao princípio do dispositivo:
TST, SUM 211 - JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA6. INDEPENDÊNCIA
DO PEDIDO INICIAL E DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL - Os juros de mora e a
correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido inicial
ou a condenação.
TST, SUM 293 - ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. CAUSA DE PEDIR. AGENTE
NOCIVO DIVERSO DO APONTADO NA INICIAL - A verificação mediante perícia
de prestação de serviços em condições nocivas, considerado agente insalubre di-
verso do apontado na inicial, não prejudica o pedido de adicional de insalubridade.
TST, SUM 396 - ESTABILIDADE PROVISÓRIA. PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO. CON-
CESSÃO DO SALÁRIO RELATIVO AO PERÍODO DE ESTABILIDADE JÁ EXAURIDO.
INEXISTÊNCIADE JULGAMENTO “EXTRA PETITA”.
I - Exaurido o período de estabilidade, são devidos ao empregado apenas os sa-
lários do período compreendido entre a data da despedida e o final do período de
estabilidade, não lhe sendo assegurada a reintegração no emprego.
II - Não há nulidade por julgamento “extra petita” da decisão que deferir salário
quando o pedido for de reintegração, dados os termos do art. 496 da CLT.
TST, SUM 401 - AÇÃO RESCISÓRIA. DESCONTOS LEGAIS. FASE DE EXECUÇÃO.
SENTENÇA EXEQUENDA OMISSA. INEXISTÊNCIA DE OFENSA À COISA JULGA-
DA - Os descontos previdenciários e fiscais devem ser efetuados pelo juízo execu-
tório, ainda que a sentença exequenda tenha sido omissa sobre a questão, dado
o caráter de ordem pública ostentado pela norma que os disciplina. A ofensa à
coisa julgada somente poderá ser caracterizada na hipótese de o título exequen-
do, expressamente, afastar a dedução dos valores a título de imposto de renda e
de contribuição previdenciária.
O pedido deve ser certo (CPC, 322) e determinado (CPC, 324).
Para Bezerra Leite7:
O pedido, assim, primeiramente, deve ser certo, isto é, expresso, exteriorizado,
inconfundível. Por isso que o autor, na inicial, não deve deixar transparecer pe-
dido tácito.
Também é requisito imprescindível do pedido a sua determinação, isto é, ele
deve ser definido e delimitado, em sua qualidade e quantidade. É preciso, pois,
que o pedido seja expresso, exteriorizado, inconfundível, definido e delimitado
para que o Juiz possa se pronunciar com eficiência e presteza sobre se o pedi-
do é ou não procedente, quando da prolação da sentença.
O pedido nas reclamações trabalhistas interpostas a partir da vigência da Lei
13.467/2017 (11/11/2017) devem conter o valor, isto é, devem ser líquidos, além da
necessidade de o pedido ser certo e determinado, conforme nova redação do §1º do
art. 840 da CLT. O não atendimento, pelo reclamante, do disposto no §1º deste artigo
(não for liquidado) importará na extinção do processo sem julgamento de mérito.
6 STJ, REsp (repetitivo) REsp 1.112.524/DF: A correção monetária é matéria de ordem pública, integrando o pedido deforma implícita, razão pela qual
sua inclusão ex officio, pelo juiz ou tribunal, não caracteriza julgamento extra ou ultra petita, hipótese em que prescindível o princípio da congruência
entre o pedido e a decisão judicial (STJ, REsp 1.112.524/DF, Corte Especial, j. 01.09.2010, rei. Min. Luiz Fux).
7 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 19. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
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CLT, Art. 840 – [..]


§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualifi-
cação das partes, na breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido,
que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a assina-
tura do reclamante ou de seu representante.
§ 3º - Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1º deste artigo serão julga-
dos extintos sem resolução do mérito.
Contudo, o TST por meio da IN 41, entendeu que:
TST, IN 41 - Art. 12. Os arts. 840 e 844, §§ 2º, 3º e 5º, da CLT, com as redações
dadas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, não retroagirão, aplicando-se,
exclusivamente, às ações ajuizadas a partir de 11 de novembro de 2017.
No mesmo sentido, o art. 852-B, I da CLT que trata do procedimento sumaríssi-
mo, sob pena de arquivamento da ação e condenação ao pagamento de custas sobre
o valor da causa.
Art. 852-B da CLT - Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssi-
mo:
I - o pedido deverá ser certo ou (e) determinado e indicará o valor correspondente;
II - não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do
nome e endereço do reclamado;
III - a apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de quinze dias
do seu ajuizamento, podendo constar de pauta especial, se necessário, de acordo
com o movimento judiciário da Junta de Conciliação e Julgamento.
§ 1º - O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I e II deste
artigo importará no arquivamento da reclamação e condenação ao pagamento de
custas sobre o valor da causa.
A petição inicial deve conter também os pedidos ao juiz do trabalho, corres-
pondente a causa de pedir anteriormente explicitada. O pedido genérico é exceção no
direito, pois a regra é pedido certo e determinado. Contudo, pelo art. 324, §1º do CPC
é lícito formular pedido genérico:
Quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou
do fato; (Inciso II do §1º, art. 324, CPC)
Ação de reparação de danos face o acidente sofrido na empresa. (Perdas e danos,
lucro cessante)
Quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato
que deva ser praticado pelo réu. (Inciso III do §1º, art. 324, CPC)
Ação de prestação de contas ajuizada pelo empregador contra o empregado.
Contudo, o TST por meio da IN 41/2018, entendeu que:
TST, IN 41/2018 - Art. 12 – [..]
§ 2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será
estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do
Código de Processo Civil.
Abaixo um modelo de como seria o pedido.
DO PEDIDO
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Diante do exposto requer;

> Benefício da Justiça Gratuita.

> Que a reclamada seja condenada a pagar;

...... Horas extras com adicional de 50% .....................R$

Repouso Semanal Remunerado ...................................R$

Reflexo em;

> Férias + adicional de 1/3 ...........................................R$

> Décimo terceiro salário ..............................................R$

> Aviso prévio ................................................................R$

> FGTS acrescidos de multa de 40% -..........................R$

> Condenação da reclamada em todos os pedidos supra, acrescidos de juros e cor-


reção monetária.

> Condenação subsidiária da segunda reclamada. (Se houver está causa de pedir)

3.2.8.1. PEDIDO IMPLÍCITO


A regra geral é a de que o autor deve formular expressamente o pedido, contudo
é permitido o pedido implícito, que está previsto no art. 323 do CPC:
CPC, Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em pres-
tações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independente-
mente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquan-
to durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de
consigná-las.
A jurisprudência do TST, por meio da SBDI-1, firmou entendimento no sentido de
que a condenação em parcelas futuras é viável nas circunstâncias nas quais perdurar
a situação de fato, conforme dispõe o art. 323 do CPC, a fim de se evitar a propositura
de sucessivas ações com o mesmo objeto.
Vejamos o que diz a jurisprudência sobre o tema:
HORAS EXTRAS. PARCELAS VINCENDAS. A jurisprudência da SBDI-1 deste Tri-
bunal firmou-se no sentido de ser viável a condenação de horas extras, em parce-
las vincendas, enquanto permanecer inalteradas as condições que sustentaram
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a condenação. Exegese do artigo 290 do CPC/1973. Recurso de revista conhe-


cido e provido. (Processo: RR - 3172-19.2011.5.12.0029 Data de Julgamento:
20/02/2019, Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 01/03/2019)
“HORAS EXTRAS E ADICIONAL NOTURNO - PARCELAS VINCENDAS. O artigo
290 do Código de Processo Civil é claro ao determinar que, nas obrigações cons-
tituídas em prestações periódicas, consideram-se incluídas no pedido as vincen-
das, independentemente de declaração expressa. É que as obrigações de natu-
reza sucessiva protraem-se no tempo, de forma continuada. Saliente-se que, nos
termos da faculdade prevista pelo artigo 471, I, do Código de Processo Civil 1973
(atual art. 505, I, do CPC/2015), o devedor poderá pedir a revisão da sentença se
constatar modificação no estado de fato ou de direito da relação jurídica con-
tinuativa, sem que isso implique em ofensa à coisa julgada. Portanto, qualquer
aspecto fático que possa afetar o período posterior à sentença deve ser analisado
na própria execução, inexistindo óbice à extinção desta, se demonstrado que a
causa da condenação já não mais existe, como, por exemplo, o fim das atividades
em jornada extraordinária. Impõe-se, ainda, acrescentar que a execução de pres-
tações sucessivas por prazo indeterminado terá por objeto as parcelas exigíveis
até a data do processo de execução, nos termos do comando contido no artigo
892 consolidado. Continuando inadimplente o empregador, a cada prestação será
feita a execução nos mesmos autos, fato que implica no pagamento das parcelas
vencidas e vincendas. Com efeito, enquanto mantidas as condições de ocorrên-
cia do labor extraordinário, há que se considerar incluído no pedido as parcelas
vincendas, sem mais formalidades, enquanto durar a obrigação. Recurso de em-
bargos parcialmente conhecido e parcialmente provido.” (EAIRR e RR-177600-50-
2009-5-09-0411, Rel. Min. Renato de Lacerda Paiva, DEJT 17/5/2013);
RECURSO DE REVISTA. 1. REINTEGRAÇÃO. SALÁRIOS VENCIDOS. PEDIDO IM-
PLÍCITO. JULGAMENTO ULTRA PETITA. NÃO CONFIGURAÇÃO. NÃO CONHECI-
MENTO. Ainda que não haja pedido expresso quanto à condenação da reclamada
ao pagamento de salários vencidos, uma vez postulado, na petição inicial, o reco-
nhecimento do direito da reclamante à reintegração no emprego, ante a configu-
ração de sua dispensa fundada em razão discriminatória, consequência lógica é
admitir como implícito o requerimento alusivo à mencionada parcela salarial. A
decisão regional, de tal sorte, observa os estritos limites da lide. Precedentes. Re-
curso de revista de que não se conhece. (RR nº 652-59.2016.5.17.0001, 5ª Turma
do TST, Rel. Guilherme Augusto Caputo Bastos. j. 08.11.2017, Publ. 10.11.2017).
Não houve condenação em objeto diverso do que foi demandado, não sendo a
hipótese, portanto, de julgamento extra petita. Há pedido da reclamante quanto
aos reflexos das diferenças salariais decorrentes do acúmulo de funções sobre
o FGTS, o que inclui a multa de 40% do FGTS, por configurar pedido implícito.
Também não configura julgamento extra petita a determinação de integração de
parcela de natureza salarial na base de cálculo das horas extras. Tal procedimento
encontra-se, inclusive, de acordo com a orientação traçada na Súmula nº 264 do
TST. (AIRR nº 2542-32.2013.5.15.0021, 5ª Turma do TST, Rel. Emmanoel Pereira.
j. 24.10.2018, Publ. 31.10.2018).
RECURSO DE REVISTA. PRINCÍPIO DA TRANSCENDÊNCIA. A aplicação do prin-
cípio da transcendência, previsto no art. 896-A da CLT, ainda não foi regulamen-
tada no âmbito deste Tribunal. Recurso de revista não conhecido. PRELIMINAR
DE NULIDADE POR JULGAMENTO EXTRA PETITA. HORAS EXTRAS. PARCELAS
VINCENDAS. PEDIDO IMPLÍCITO. A jurisprudência desta Corte quanto ao direito
às parcelas vincendas, quando advém da natureza periódica da obrigação, nos
termos do artigo 290 do CPC de 1973 (art. 323 do CPC de 2015), vigente na data
de publicação da decisão recorrida, é no sentido de considerá-las incluídas no pe-
dido, independentemente de declaração expressa do autor. Recurso de revista não
conhecido. (RR nº 1900-90.2006.5.01.0022, 6ª Turma do TST, Rel. Augusto César
Leite de Carvalho. j. 30.08.2017, Publ. 01.09.2017).
2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. LIDE NÃO DECORRENTE DE RELAÇÃO DE
EMPREGO. SUCUMBÊNCIA E PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. JULGAMENTO
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“EXTRA PETITA”. INOCORRÊNCIA. 2.1. A presente ação trata-se de interdito proi-


bitório, caracterizando-se, pois, como lide não decorrente de relação de emprego.
2.2. Nos termos da parte final do item III da Súmula 219 do TST, “são devidos os
honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure como substi-
tuto processual e nas lides que não derivem da relação de emprego”. Pontue-se
que a condenação ao pagamento da parcela, nessas hipóteses, decorre da mera
sucumbência. (art. 5º da Instrução Normativa nº 27/2005 do TST). 2.3. Nessa es-
teira, configurando tal pretensão como pedido implícito, respeitados estão os limi-
tes da lide, não havendo que se cogitar de julgamento “extra petita”. Precedentes.
Agravo de instrumento conhecido e desprovido. (AIRR nº 279-37.2017.5.09.0673,
3ª Turma do TST, Rel. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira. j. 21.11.2018, Publ.
23.11.2018).
“RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. VALE-TRANSPORTE. PARCELAS
VINCENDAS. O direito às parcelas vincendas advém da natureza periódica da
obrigação, no caso a concessão do vale transporte. Ao negar essa pretensão, o
Tribunal Regional vulnerou o disposto no artigo 290 do Código de Processo Civil,
cujo teor autoriza a inclusão, na condenação, do pagamento das prestações
vincendas do vale-transporte, ainda que não mencionadas no pedido inicial,
não se cogitando em julgamento ultraou extra petita. Recurso de revista par-
cialmente conhecido e provido.” (TST-RR-204900-89.2006.5.09.0411, 1ª T., Min.
Walmir Oliveira da Costa, DEJT 16/12/2011.)

3.2.8.2.CUMULAÇÃO DE PEDIDOS
Segundo o art. 327 do CPC, é lícita a cumulação, em um único processo, contra
o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
(1) os pedidos sejam compatíveis entre si;
(2) seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
(3) seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
Segundo o Marcelo Moura8:
O rito sumaríssimo é obrigatório, não tendo direito o reclamante de optar em
demandar pelo rito ordinário. O legislador instituiu o rito sumaríssimo para cau-
sas de menor valor, com a expressa intenção de abreviar o procedimento e,
consequentemente, atender à rápida prestação jurisdicional. A escolha de rito
pelo autor poderia frustrar a intenção legal.
A cumulação de pedidos pode ser própria ou imprópria. A cumulação própria de
divide em simples e sucessiva. Já a cumulação imprópria, se divide em alternativa e
subsidiária. Vejamos cada uma:
3.2.8.2.1. CUMULAÇÃO PRÓPRIA
3.2.8.2.1.1. Cumulação simples
Incide quando há mais de um pedido e estes não possuem uma relação de pre-
judicialidade entre eles, podendo ser acolhidos de forma simultânea.
Exemplo: pedido de horas extras, danos morais, verbas ...
3.2.8.2.1.2. Cumulação sucessiva
Segundo Daniel Amorim9:
Na cumulação sucessiva há uma relação de prejudicialidade entre os pedidos,
8 CLT para Concursos. Ano 2016. Juspodivm. pag. 1027
9 Novo CPC Comentado Artigo por Artigo. Ano 2016. Juspodivm.
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de modo que, sendo o pedido anterior rejeitado, o pedido posterior perderá o


seu objeto (ou seja, restará prejudicado), não chegando nem ao menos a ser
analisado.
Exemplo: Pedido de reconhecimento de vínculo empregatício e verbas rescisó-
rias.
3.2.8.2.2. CUMULAÇÃO IMPRÓPRIA
3.2.8.2.2.1. Cumulação alternativa
O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder
cumprir a prestação de mais de um modo. (CPC, 325) Sendo assim, é lícito formular
mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles, conforme pará-
grafo único do art. 326 do CPC.
Segundo Daniel Amorim10:
Na cumulação alternativa, prevista no parágrafo único do art. 326 do Novo CPC,
o autor cumula os pedidos, mas não estabelece uma ordem de preferência
entre eles, de maneira que a escolha do pedido a ser acolhido fica a cargo do
juiz, dando-se o autor igualmente por satisfeito com o acolhimento de qualquer
um deles.
Exemplo: Empregador que concede um prêmio ao melhor vendedor do mês. O
prêmio poderá ser um relógio de ouro ou uma viagem internacional. O melhor
vendedor poderá escolher o prêmio se não for concedido pelo empregador.
3.2.8.2.2.2.Cumulação subsidiária
É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz
conheça do posterior, quando não acolher o anterior. (CPC, 326)
Segundo Daniel Amorim11:
Na cumulação subsidiária/eventual, prevista no art. 326, caput do Novo CPC, o
autor estabelece uma ordem de preferência entre os pedidos, deixando claro na
petição inicial que prefere o acolhimento do pedido anterior, e que somente na
eventualidade de esse pedido ser rejeitado ficará satisfeito com o acolhimento
do pedido posterior.
Exemplo: Quando um empregado mesmo sendo portador de garantia de em-
prego é dispensado sem justa causa. Em sua peça inicial, deve postular a re-
integração no emprego e, subsidiariamente, a indenização compensatória do
período de estabilidade.
3.2.9. PROVAS E CITAÇÃO DO RÉU
Como regra, as provas serão deferidas em audiência. Deste modo, na petição
inicial, se limita a fazer um protesto genérico de provas.
Lembre-se: A prova documental deve ser juntada com a peça inicial.
CLT, Art. 787 - A reclamação escrita deverá ser formulada em 2 (duas) vias e des-
de logo acompanhada dos documentos em que se fundar.
CPC, Art. 434 - Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os
documentos destinados a provar suas alegações.
Contudo, o TST12 entende que “é lícito proceder a juntada de documentos após
10 Novo CPC Comentado Artigo por Artigo. Ano 2016. Juspodivm.
11 Novo CPC Comentado Artigo por Artigo. Ano 2016. Juspodivm.
12 (RR nº 1577-57.2011.5.23.0003, 2ª Turma do TST, Rel. Delaíde Miranda Arantes. j. 06.09.2017, Publ. 15.09.2017).
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a contestação, desde que sejam novos, seja para fazer prova de fatos ocorridos após o
momento para defesa, seja para contrapor outros documentos produzidos nos autos.
Dessa forma, em ambas as exceções, constitui pressuposto indispensável para a junta-
da que o documento seja novo, ou seja, não seja pré-constituído (art. 397 do CPC).”
Outro julgado sobre o tema:
O momento regular à juntada de documentos é a petição inicial para o autor e a
contestação para o réu, sob pena de preclusão, salvo se destinados à prova de
fato superveniente ou à contraprova daqueles que já se encontram nos autos, o
que não ocorreu na espécie. Inteligência dos artigos 396 e 397 do CPC de 1973,
aplicável ao Processo do Trabalho, subsidiariamente, nos termos do art. 769 da
CLT. (RR nº 20965-48.2014.5.04.0009, 8ª Turma do TST, Rel. Maria Cristina Irigo-
yen Peduzzi. j. 16.08.2017, Publ. 18.08.2017).
OBS: Para o juiz, não há preclusão no que se refere ao momento de determinar
a juntada de documentos, podendo requerê-los a qualquer tempo.
CLT, Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção
do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar
qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.
Lembre-se: Não se aplica no processo do trabalho o art. 357, §4º do CPC por
ser incompatível com o arts. 825 e 845 da CLT.
CPC, Art. 357 § 4º - Caso tenha sido determinada a produção de prova testemu-
nhal, o juiz fixará prazo comum não superior a 15 (quinze) dias para que as partes
apresentem rol de testemunhas.
CLT, Art. 825 - As testemunhas comparecerão à audiência independentemente de
notificação ou intimação.
CLT, Art. 845 - O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompa-
nhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas.
Modelo de solicitação de provas:

DAS PROVAS

O reclamante protesta por todos os meios de provas em direito admitido, em espe-


cial pela juntada de documentos, pelo depoimento pessoal das partes, pela oitiva de
testemunhas, produção de prova pericial.

3.2.9.1.INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Lembro que pode haver a inversão do ônus da prova quando determinado pela
Lei ou por determinação judicial fundamentada, diante de peculiaridades da causa re-
lacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo proba-
tório ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário. Quando ocorrer a
inversão, o juiz deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe
foi atribuído, conforme determinado pelo art. 818, §1º e §2º da CLT.
A decisão de inversão do ônus da prova, deverá ser proferida antes da abertura
da instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência e possibi-
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litará provar os fatos por qualquer meio em direito admitido.


A inversão do ônus da prova pelo juiz não pode gerar situação em que a produ-
ção da prova pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. O caso é conhecido
como prova diabólica.
O tema ônus da prova foi regulamentado pelo art. 818, da CLT, in verbis:
CLT, Art. 818 - O ônus da prova incumbe:
I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo
do direito do reclamante.
§ 1º - Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relaciona-
das à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos
deste artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá
o juízo atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir
do ônus que lhe foi atribuído.
§ 2º - A decisão referida no § 1º deste artigo deverá ser proferida antes da aber-
tura da instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência e
possibilitará provar os fatos por qualquer meio em direito admitido.
§ 3º - A decisão referida no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a
desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.

3.2.9.2.MODELO DE PEDIDO DE CITAÇÃO


Requer a notificação da reclamada para contestar os itens elencados nesta peça
inicial, sob pena de serem admitidos como verdadeiros, os fatos articulados pelo
reclamante.

Por fim, pugna pela procedência de todos os pedidos.

3.2.10. MODELO DA PARTE FINAL

Valor da causa R$

Termos em que,

Pede deferimento.

Local, data.

Advogado, UF.

4. TUTELAS PROVISÓRIAS
A tutela provisória pode fundamentar-se em: (CPC, Art. 294)
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4.1. TUTELA DE URGÊNCIA


A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem
a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
(CPC, Art. 300). Está dividida em (CPC, Art. 294, § único.)
a) Cautelar; (caráter conservativo) ou
b) Antecipada (caráter satisfativo - satisfativa do direito da parte no plano fáti-
co).
A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em
caráter antecedente ou incidental. (CPC, Art. 294, § único.)
A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente, ao
juízo competente para conhecer do pedido principal. (CPC, Art. 299)
Lembre-se: Caso o juiz da causa entenda que o pedido cautelar tem natureza
antecipada, o juiz observará o valer-se da fungibilidade.
4.1.1. TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA INCIDENTAL
Em casos de despedida de emprego o portador de estabilidade ou de garantia
provisória de emprego, deve o advogado do reclamante, solicitar em sua inicial, a Tute-
la Antecipada com base no Art. 300 do CPC, comprovando a probabilidade do direito e
o risco do tempo.
Lembre-se, que a Tutela Antecipada satisfaz o direito da parte no plano fático.
Não cabe Mandado de Segurança quando o Juiz determinou de forma correta a rein-
tegração por meio de tutela antecipada. Cabe apenas quando o empregado não era
portador da estabilidade e mesmo assim, este após o requerimento do empregado
concedeu a liminar determinando que aquele empregado fosse reintegrado.
TST, OJ n. 64 da SDI-II - MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO LIMI-
NARMENTE CONCEDIDA - Não fere direito líquido e certo a concessão de tutela
antecipada para reintegração de empregado protegido por estabilidade provisória
decorrente de lei ou norma coletiva.
TST, OJ n. 65 da SDI-II - MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO LIMI-
NARMENTE CONCEDIDA. DIRIGENTE SINDICAL - Ressalvada a hipótese do art.
494 da CLT, não fere direito líquido e certo a determinação liminar de reintegração
no emprego de dirigente sindical, em face da previsão do inciso X do art. 659 da
CLT
TST, OJ n. 142 da SDI-II - MANDADO DE SEGURANÇA. REINTEGRAÇÃO LIMI-
NARMENTE CONCEDIDA - Inexiste direito líquido e certo a ser oposto contra ato
de Juiz que, antecipando a tutela jurisdicional, determina a reintegração do em-
pregado até a decisão final do processo, quando demonstrada a razoabilidade do
direito subjetivo material, como nos casos de anistiado pela Lei nº 8.878/94, apo-
sentado, integrante de comissão de fábrica, dirigente sindical, portador de doença
profissional, portador de vírus HIV ou detentor de estabilidade provisória prevista
em norma coletiva.

Como esse assunto foi cobrado na prova da OAB:

XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – [..] Marina foi contratada como auxiliar de pro-
dução, com admissão em 20/09/2014 a 30/12/2016, quando foi dispensada sem
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justa causa, recebendo as verbas da ruptura contratual. Marina é presidente do seu


sindicato de classe, ao qual está filiada desde a admissão, tendo sido eleita e em-
possada no dia 20/06/2015 para um mandato de 2 anos, bem como cientificada a
empregadora do fato por e-mail, exibido ao advogado. [..] Considerando a conduta
antissindical de dispensar uma dirigente sindical com mandato em vigor, deverá ser
requerida a sua reintegração (Art. 8º, inciso VIII, da CF/88 e Art. 543, § 3º, da CLT)
e, tendo em vista que a autora encontra-se desempregada, a tutela de urgência ou
medida liminar para retorno imediato, conforme possibilidade do Art. 300 do CPC e
do Art. 659, inciso X, da CLT.

Abaixo coloco um modelo de como pedir a tutela antecipada :

1 - DA ESTABILIDADE PROVISÓRIA – ACIDENTE DE TRABALHO

O empregado sofreu acidente de trabalho no dia ___ (CAT - comunicação de acidente


de trabalho - anexo), ficando afastado pelo INSS por 3 meses (doc. anexo). Após re-
ceber alta do INSS, retornou ao trabalho no dia ___, sendo demitido sem justa causa
nesta data. (TRCT- anexo).

Nos termos do art. 118 da Lei 8.213/91, o empregado que sofreu acidente do traba-
lho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato
de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independen-
temente de percepção de auxílio-acidente.

Desta forma, a despedida do reclamante, foi ilegal, pois aquele, preencheu os requi-
sitos exigidos pelo TST por meio da Súmula 378, II, para ser detentor da estabilidade
do art. 118 da Lei 8.213/91, ou seja, ficou afastado por mais de 15 dias (3 meses) e
recebeu auxílio doença acidentário.

Assim, requer a reintegração do reclamante no quadro funcional da reclamada, com


o mesmo cargo e salário vigente ao tempo da despedida. Requer ainda, após a re-
integração, o respectivo pagamento de salários e demais vantagens (contagem do
tempo de serviço, 13° salários, FGTS 8% e Férias +1/3), vencidos e vincendos até a
data da reintegração.

1.1 - DA TUTELA DE URGÊNCIA DE NATUREZA ANTECIPADA

Encontram-se presentes os requisitos da tutela antecipada previstos no art. 300 do


CPC, ou seja, a probabilidade do direito (CAT - comunicação de acidente do trabalho,
o documento do INSS que comprova a percepção do auxílio doença acidentário por
3 meses e ainda, o termo de rescisão contratual que comprova a dispensa sem justa
causa) e o risco do tempo.

Desta forma, requer a concessão da liminar, para antecipar os efeitos da tutela sem
a oitiva da outra parte, nos termos do art. 300 do CPC, determinando a imediata rein-
tegração do reclamante.
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4.2. TUTELA DE EVIDÊNCIA.


Necessita da probabilidade do direito e estar tipificada em lei.
A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de
perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: (CPC, Art. 311)
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito
protelatório da parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente
e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vin-
culante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequa-
da do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do
objeto custodiado, sob cominação de multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar
dúvida razoável.
A tutela provisória de evidência será sempre incidental.
5. INDEFERIMENTO DA PEÇA INICIAL
A petição inicial será indeferida quando: (CPC, Art. 330)
I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
5.1. EMENDA DA PEÇA INICIAL
Antes de proferir decisão sem resolução de mérito indeferindo a petição inicial,
o juiz deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício, confor-
me o art. 330 do CPC. O art. 321 do CPC regulamenta a emenda a peça inicial, senão
vejamos:
CPC - Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos
dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de difi-
cultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze)
dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido
ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição
inicial.
Nesse sentido, a Súmula 263 do TST
TST, SUM 263 - Salvo nas hipóteses do art. 330 do CPC de 2015 (art. 295 do CPC
de 1973), o indeferimento da petição inicial, por encontrar-se desacompanhada de
documento indispensável à propositura da ação ou não preencher outro requisito
legal, somente é cabível se, após intimada para suprir a irregularidade em 15 (quin-
ze) dias, mediante indicação precisa do que deve ser corrigido ou completado, a
parte não o fizer (art. 321 do CPC de 2015).

6. MODELO BÁSICO DE PETIÇÃO INICIAL


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AO JUÍZO DA ___ VARA DO TRABALHO DE ____


- OU -
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE
______.

Pular no máximo 5 linhas.


NOME DO RECLAMANTE, qualificação e endereço completo, por seu Advogado
que esta subscreve (procuração anexa), com escritório profissional na …. (endereço
completo), vem, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 840 § 1º da CLT
combinado com art. 319 do CPC, propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
pelo RITO ....... em face de ...... NOME DA RECLAMADA, pessoa jurídica de direito priva-
do, inscrito no CNPJ sob no ....., sediada na ...... (endereço completo) pelos motivos de
fato e de direito que abaixo expõe:
I - BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA
O reclamante declara sob as penas da lei, que não tem condições de pagar
às custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. Assim, re-
quer que lhe sejam concedidos os benefícios da justiça gratuita, conforme o disposto
no art. 790, par. 3º da CLT.
II – RESUMO DO CONTRATO DE TRABALHO
O reclamante foi admitido em ........... (dia, mês e ano) para exercer a função
de ..................., recebendo como última remuneração o valor de R$......, e em .............
(dia, mês e ano) foi dispensado sem justa causa (doc. ....).
O reclamante trabalhada de ...hs as ...hs com intervalo para refeição de ....
hs (ou sem intervalo para refeição).
III – RESPONSABILIDADE DA LITISCONSORTE (se houver)
O reclamante foi contratado pela primeira reclamada, para prestar serviços na
segunda reclamada. Assim, caso haja a insuficiência de bens por parte da primeira
reclamada para quitar os débitos trabalhistas, requer que seja declarada por Vossa
Excelência, a responsabilidade subsidiária da empresa tomadora dos serviços segun-
da reclamada com embasamento no §5º do art. 5-A e §7º do art. 10, ambos da Lei
6.019/74 e no item IV da Súmula 331 do TST.
IV - DAS HORAS INTRAJORNADAS
Considerando que a reclamada não concedeu o intervalo mínimo para refei-
ção previsto no art. 71 da CLT, requer que a mesma seja condenada a pagar a remune-
ração do período que ficou faltando para completar o intervalo para refeição, com um
acréscimo 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho, nos termos
do art. 71, §4° da CLT.
V - DOS HONORÁRIOS
SEGUNDA FASE | DIREITO DO TRABALHO

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Requer ainda, que V. Exa. condene a reclamada em honorários advocatícios su-


cumbenciais nos termos do art. 791-A da CLT, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por
cento) e o máximo de 15%.
VI - DO PEDIDO
Diante do exposto requer;
> Benefício da Justiça Gratuita.
Que a reclamada seja condenada a pagar;
> ....... Horas intrajornadas com adicional de 50% ..................R$ a liquidar
> Condenação da reclamada em todos os pedidos supra, acrescidos de juros e
correção monetária.
> Condenação subsidiária da segunda reclamada nos termos da Súmula 331, IV
do TST. (Se houver está causa de pedir)
> Requer a notificação da reclamada para contestar os itens elencados nesta
peça inicial, sob pena de serem admitidos como verdadeiros, os fatos articulados pelo
reclamante.
> Requer ainda, que V. Exa. condene a reclamada em honorários advocatícios
sucumbenciais nos termos do art. 791-A da CLT, fixados entre o mínimo de 5% (cinco
por cento) e o máximo de 15%.
O reclamante protesta por todos os meios de provas em direito admitido, em
especial pelo depoimento pessoal das partes, juntada de documentos, oitiva de teste-
munhas, produção de prova pericial.
Por fim, pugna pela procedência de todos os pedidos.
Valor da causa R$
Termos em que, Pede deferimento.
Local, data.
Advogado, UF.

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