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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE


ITAPEVI/SP

ANA PATRICIA ARAUJO POSSANI, brasileira. Casada,


advogada, RG nº 35.848.579-4, CPF nº 313.626.988-, 81, residente e domiciliada na
Avenida Cesário de Abreu, 450, centro de Itapevi/SP, e-mail mpcadvs@gmail.com,
vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, advogando em causa
própria, portadora da OAB nº 417.679 com fulcro no artigo 22, parágrafo seguintes,
da Lei 8906/1994, ingressar com

COBRANÇA DE HONORÁRIOS PROFISSIONAIS C.C. DANO MORAL.

contra ATUAL SEGURANÇA E VIGILÂNCIA LTDA , CNPJ 06.209.088/0001-


32, domiciliada a Rua Agostinho dos Santos, nº 163, Parque São Domingos –
São Paulo, CEP: 05125-050, VICTORIA SERVIÇOS ESPECIALIZADOS S/S
LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº 03.768.194/0001-68,
ATUAL SERVIÇOS ESPECIALIZADOS S/S LTDA, pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ sob o nº 13.010.230/0001-83o que faz pelos termos adiante:

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 PRELIMINARMENTE

DA JUSTIÇA GRATUITA

A Carta Magna assegura às pessoas o acesso ao Judiciário, in verbis:

“Artigo 5º - LXXIV- O Estado prestará assistência jurídica integral e


gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.”

A Autora não tem condições de arcar com as despesas do processo,


uma vez que são insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas as despesas
processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais, pois como atesta, não tem
condições de arcar com custas e despesas processuais sem o comprometimento do seu
próprio sustento.

Apesar de ser advogada, sua inscrição na Ordem dos Advogados


do Brasil se deu apenas em 24/08/18, como de comprova através de doc. em anexo, e
sua renda deve ser comprovada através do extrato bancário juntado aos autos.

Destarte, a Requerente ora formula pleito de gratuidade da justiça,


com fundamento no artigo 99, § 4º c/c com artigo 105, in fine, ambos do Código de
Processo Civil e da Lei nº 1.060/50.

DA COMPETENCIA TERRITORIAL

Sobre a égide do artigo 4º, da lei 9.099/95, a obrigação poderá ser


satisfeita no domicilio do autor, ou do local onde aquele exerça atividades
profissionais ou econômicas ou mantenha estabelecimento, filial, agência,
sucursal ou escritório.

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Desta feita requer que de oficio, seja reconhecida por este juízo a
competência para julgar a presente lide, vez que a autora exerce atividade nesta
cidade.

Senão vejamos:

Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras


providências.

Art. 4º É competente, para as causas previstas


nesta Lei, o Juizado do foro:

I - do domicílio do réu ou, a critério do autor,


do local onde aquele exerça atividades
profissionais ou econômicas ou mantenha
estabelecimento, filial, agência, sucursal ou
escritório;

II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;

III - do domicílio do autor ou do local do ato


ou fato, nas ações para reparação de dano de
qualquer natureza.

Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a


ação ser proposta no foro previsto no inciso I
deste artigo.

Muito embora excelência a prestação do serviço tenha ocorrido em


varias comarcas distintas, a autora possui endereço comercial nesta cidade.

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Segui julgado que entenderão que a ação pode ser distribuída no foro
do autor:

TJ-SP - Inteiro Teor. Agravo de Instrumento:


AI 1260009420138260000 SP 0126000-
94.2013.8.26.0000

Data de publicação: 11/09/2013

Decisão: Cobrança de honorários advocatícios.


Domicílio do autor, onde mantém escritório,
este o local onde a obrigação deveria ser
cumprida (pagamento...de honorários).

Ainda em relação a competência da distribuição quanto à justiça para


julgamento:

Encontrado em: INC:00009 CONSTITUIÇÃO


FEDERAL DE 1988 AÇÃO DE COBRANÇA DE
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - CARÁTER
CIVIL STJ

TRT-9 - 179832008651901 PR 17983-2008-651-9-0-


1 (TRT-9)

Data de publicação: 23/06/2009

Ementa: TRT-PR-23-06-2009 AÇÃO DE


COBRANÇA DE HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS.
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. A controvérsia acerca do

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cumprimento ou não do avençado contratualmente
entre o advogado e seu cliente deve ser dirimida na
Justiça Comum, diante da sua natureza civil. Não
se pode dar interpretação extensiva à expressão
"relação de trabalho" a ponto de nela inserir toda e
qualquer atividade profissional ou mera ação de
cobrança. Aplicação do entendimento contido na
súmula 363 do STJ. Incompetência da Justiça do
Trabalho que se declara, de ofício.

Deste modo, como a nossa legislação permite que possa ser


distribuída a ação no foro do autor, requeiro que vossa excelência reconheça a
competência para julgar.

 DOS FATOS

A autora é advogada tem endereço comercial nesta comarca, e teve


requisitado pelo réu seus serviços para comparecimento em audiências atuando na
defesa de processos ao qual o réu faz parte.

O contrato entre a requerente e os requeridos foram realizados


através de contrato verbal entre o jurídico da empresa, devendo o pagamento
acontecer via conta corrente.

Cumpri esclarecer que os requeridos embora tenham personalidades


jurídicas diferentes, integram o mesmo grupo, ou seja, pertencem a mesma
proprietária.

A prestação de serviço ocorreu em varias datas e comarcas,


diferentes como segui planilha abaixo:

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19/09/18 1001700-68.2017.5.2.0017
26/09/18 1001202-42.2018.5.2.0241
09/10/18 1000769.35.2018.5.2.0242
10/10/18 1000991-37-2017.5.2.0242
15/10/18 1000776-67.2017.5.2.0046
15/10/18 1000830-07.2018.5.2.0011
18/10/18 1001427-10.2018.5.2.0614
23/10/18 1000859-43.2018.5.2.0242

Totalizando o valor da prestação de serviço R$ 3.750,00

Do valor total foram pagos em 05/11/18 R$500,00 e em 18/11/18 R$


1.625,00, com a promeça de posterior pagamento do valor restante de R$ 1.625,00,
contudo, excelência, até hoje nunca houve pagamento do valor, mesmo após já ter se
passado vários meses da realização da ultima audiência.

Por diversas vezes existiu a tentativa do contato, contudo, o


requerido não oferece data para pagamento, sendo tudo muito incerto, deste modo, não
há alternativa que recorrer ao judicial.

Ainda, em conversa com o jurídico da empresa, resumiu apenas em


dizer que a empresa esta passando por problemas financeiros e não há data concreta
para pagamento, relatando ainda que se houver a cobrança judicial seria favorável a
empresa, pois de qualquer forma a empresa não tem bens e existem valores
bloqueados, em outras palavras, que poderia entrar judicialmente que não iria resolver.

Resta apenas excelência a frustração e a tristeza, pois ha pouco


tempo que estou advogando e já é a segunda empresa que tenho que acionar o
judiciário para ter que receber os honorários.

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Contudo, após terem ciência do processo, acabam por efetuar o
pagamento, sendo assim peco que vossa excelência se digne com essa situação e
julgue procedentes os pedidos formulados para que empresas como essa que costuma
dar esse tipo de "calote" paguem, e não fiquem tendo a sensação de que nada irá
acontecer.

Valor restante para pagamento a ser efetuado pelo requerido R$


1.625,00.

 DO DIREITO

Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados


do Brasil (OAB).

Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na


OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e
aos de sucumbência.

§ 1º O advogado, quando indicado para patrocinar causa de


juridicamente necessitado, no caso de impossibilidade da Defensoria Pública no local
da prestação de serviço, tem direito aos honorários fixados pelo juiz, segundo tabela
organizada pelo Conselho Seccional da OAB, e pagos pelo Estado.

§ 2º Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são fixados


por arbitramento judicial, em remuneração compatível com o trabalho e o valor
econômico da questão, não podendo ser inferiores aos estabelecidos na tabela
organizada pelo Conselho Seccional da OAB.

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§ 3º Salvo estipulação em contrário, um terço dos honorários é
devido no início do serviço, outro terço até a decisão de primeira instância e o restante
no final.

§ 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de


honorários antes de expedir-se o mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve
determinar que lhe sejam pagos diretamente, por dedução da quantia a ser recebida
pelo constituinte, salvo se este provar que já os pagou.

§ 5º O disposto neste artigo não se aplica quando se tratar de


mandado outorgado por advogado para defesa em processo oriundo de ato ou omissão
praticada no exercício da profissão.

Como já visto excelência o requerido contratou os serviços de


advogado para participação em audiência mesmo com todos os contatos feitos via e-
mails e telefonemas, não obteve êxito em ter o pagamento dos honorários efetuados.

 DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

A Constituição Federal em seu artigo 5º, incisos V e X, dispõe que:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização


por dano material, moral ou à imagem;

X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação.”

O código Civil de 2002, em seu artigo 186, estabelece que:

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“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

Acerca do ato ilícito descrito nos artigos 186 e 187, versa o artigo
927, caput, do Código Civil:

“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.”
Excelência, por certo o requerido tem a pratica de cometer esse tipo de
ilícito com outros advogados, não é atoa que a empresa não existe advogado contratados
diretamente são sempre advogados novos trabalhando como FREE LANCER, pois a
pratica de dar o calote é recorrente.

Ademais, excelência, quando trabalhamos fazemos contas e planos


com aquele valor que temos a receber, por conta dos atrasos no pagamento, acabei por
ter que atrasar diversas contas, entre elas cartão de credito, pois como já havia relatado,
há pouco tempo que advogo e não possuo vários clientes, então o salário acaba sendo
contado para as despesas.

Excelência, fatos como empresas querendo se locupletar às custas de


trabalho de pessoas tem que acabar e ser punidos, pois somente com a respectiva
punição os causadores pensarão melhor na hora de tentar ganhar vantagem em cima
do trabalho alheio.

Ademais podemos até dizer que chega a ser enriquecimento ilícito,


visto que:
O enriquecimento ilícito é a transferência de bens,
valores ou direitos, de uma pessoa para outra, quando não é
caracterizada uma causa jurídica adequada.

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A legislação brasileira determina que aquele que, sem
justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir
o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.

O entendimento jurisprudencial, sobretudo no que se refere ao dano


moral, é consolidado no sentido de que a indenização pecuniária não tem apenas cunho
de reparação de prejuízo, MAS TAMBÉM CARÁTER PUNITIVO OU
SANCIONATÓRIO, PREVENTIVO E REPRESSOR: a indenização não apenas
repara o dano, repondo o patrimônio abalado, mas também atua como forma educativa
ou pedagógica para o ofensor, buscando evitar perdas e danos futuros.

Assim sendo, ante o caráter disciplinar e desestimulador da


indenização, e da gravidade do dano causado à Autora, mostra-se justo e razoável
a condenação por danos morais no valor de R$ 2.000,00 ( Dois mil reais).

5. DOS HONORARIOS SUCUMBENCIAIS

Honorários advocatícios advogando em causa própria, a sentença


condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários
advocatícios.

Vejamos:

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao


advogado do vencedor.

§ 1o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no


cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e
nos recursos interpostos, cumulativamente.

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§ 2o Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo
de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não
sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:

I - o grau de zelo do profissional;


II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu
serviço.
...

§ 17. Os honorários serão devidos quando o advogado atuar em


causa própria.

Deste modo requer-se que o requerido seja condenado a pagar os


honorários sucumbências no importe de até 15% do valor da causa, ou salvo melhor
juízo, como este entender melhor.

 DOS PEDIDOS

Com base no exposto, nos documentos em anexo e no que mais


poderá suprir o notório saber jurídico de Vossa Excelência, a autora vem requerer:

a) Seja o réu citado para efetuar o pagamento da importância R$ 1.625,00 (um mil
seiscentos e vinte e cinco reais), ou oferecer proposta conciliatória, caso não haja
pagamento nem oferecimento de proposta que apresente defesa no prazo legal,
querendo, sob pena de ser considerado revel quanto à matéria de fato.

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b) Pela produção de provas sob meio documental e prova oral por testemunhas e,
também, com oitiva do requerido, meios pelos quais a autora confirmará a prova da
execução dos serviços a pedido do autor, o valor dos serviços no mercado e a
obrigação do autor de fazer o pagamento.

c) Seja ao final da demanda, declarada a procedência da ação para o fim de condenar o


autor ao pagamento da quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais), em dano moral.

d) Requer-se a justiça gratuita, conforme explanado a autora faz jus;

e) Requer ainda que seja condenado o requerido a pagar à custa de honorários no


importe de 15%;

f) A realização da audiência prévia de conciliação, nos termos da lei adjetiva civil e


conforme já previsto no procedimento deste Juizado Especial.

Dá à causa o valor de R$ 4.168,75 (quatro mil cento e sessenta e oito reais e setenta e
cinco centavos)

Itapevi, 12 de janeiro de 2018

Ana Patrícia Possani

OAB 417.679

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