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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR

RELATOR DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE


SERGIPE.

RAIMUNDA CORREIA SOUZA, devidamente qualificada nos autos da Ação


de Execução Fiscal, processo nº. 201800710364, por seu bastante procurador e
advogado abaixo assinado, vem, mui e respeitosamente perante Vossa
Excelência, apresentar sua CONTRAMINUTA AO AGRAVO INTERNO
interposto por ESTADO DE SERGIPE, pelas razões anexas, as quais requer
que sejam juntadas aos autos como parte integrante.

Pede deferimento.

Aracaju/SE, 16 de maio de 2018.

José Augusto Costa Sobrinho


O.A.B. - SE - 1740

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RAZÕES DO AGRAVADO

AGRAVADO : RAIMUNDA CORREIA SOUZA

AGRAVANTE : ESTADO DE SERGIPE

PROCESSO DE ORIGEM: 201800706417

ORIGEM: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SERGIPE

EMINENTE MINISTRO RELATOR

Colenda Turma:

O r. despacho proferido pelo Ilustre Desembargador Relator, que concedeu o


efeito suspensivo da execução, bem como determinou que fosse liberado em
favor da executada o montante objeto do bloqueio via BACENJUD, deve ser
mantido por seus inabaláveis fundamentos.

Outra, aliás, não poderá ser a solução do presente agravo, estudados os autos
com meditada atenção.

Examinando os autos, constata-se que o Desembargador Relator nada mais fez


do que aplicar a Lei ao caso concreto, conforme fundamentos fáticos e jurídicos
adiante delineados:

TEMPESTIVIDADE

A agravada tomou ciência do r. despacho que determinou a apresentação das


contrarrazões, por meio de publicação no Diário da Justiça que circulou no dia
02 de maio 2018 (quarta-feira).

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Assim, o prazo de 15 (quinze) dias para interposição da contraminuta ao agravo
interno começou a fluir em 03 de maio de 2018 (quinta-feira), expirando-se,
consequentemente no dia 23 de maio de 2018 (quarta-feira).

Tempestiva, pois, a presente contraminuta.

Eméritos Julgadores,

INADIMISSIBILIDADE DO RECURSO

Ab initio, insta mencionar que de acordo com o artigo 1.021, §1º do CPC na
petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os
fundamentos da decisão agravada, em razão do princípio da dialeticidade.

Segundo leciona Arakem de Assis, entende-se por princípio da dialeticidade o


ônus de o recorrente motivar o recurso no ato de interposição (...) entende-
se por impugnação específica a explicitação dos elementos de fato e as razões de
direito que permitam ao órgão ad quem individuar com precisão o error in
iudicando ou o error in procedendo objeto do recurso.

Ocorre que, compulsando a petição interposta pelo agravante, observa-se que


este se ateve a tão somente impugnar a matéria relativa à sucessão empresarial
entre a agravada e a empresa Raimunda Correia Souza, ignorando a real
concepção do Julgador ao afirmar que mesmo que fosse aceita a hipótese de
ocorrência da sucessão empresarial, seria necessário que na CDA constasse o
nome da empresa sucessora, senão vejamos:

“Examinando cuidadosamente os autos, em sede de cognição sumária,


entendo que não resta clara a existência de sucessão empresarial, nos
termos definidos pelo artigo 133, do CTN, de maneira que está patente
o periculum in mora. Isso porque, foi bloqueado o montante de R$
41.538,63 das contas da empresa agravante e, não se tendo a certeza
de que realmente houve a sucessão das empresas, impedir que a
agravante se utilize desse valor, certamente prejudicará suas atividades
comerciais.

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Ademais, não visualizo nos autos a substituição da CDA constando
o nome da empresa agravante e, mesmo se houvesse, ainda há que
sobrelevar o disposto no enunciado da Súmula de n° 392, do STJ,
a saber: “A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa
(CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de
correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito
passivo.”

Assim, considerando que a existência de dúvidas quanto a sucessão


empresarial, concedo o efeito suspensivo pretendido e determino que
seja liberado em favor da agravante o montante objeto do bloqueio via
BACENJUD, realizado na Execução Fiscal de n° 201412005020.

Oficie-se o Juízo de origem acerca desta decisão.”. (g.n.)

Assim, verifica-se que a petição do agravante não atacou a parte da r. decisão


ora guerreada que em consulta aos autos principais tombado sob nº.
201412005020, não havia a substituição da CDA constando o nome da empresa
supostamente sucessora em consonância com o entendimento da Súmula nº. 392
do STJ, que assim reza:

Súmula 392 – A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida


ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar
de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do
sujeito passivo da execução.

Desta feita, o agravo interno deve ser declarado manifestamente


inadmissível, por inexistência de impugnação específica da decisão ora
agravada, condenando ainda, o agravante ao pagamento de multa ao agravado
que deverá ser fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa
nos termos do §4º, do art. 1.021 do CPC.

NÃO CONFIGURAÇÃO DE SUCESSÃO EMPRESARIAL

Insurge-se a agravante com relação à sucessão empresarial ocorrida entre a


agravada e a empresa Varejão Frangos Carnes e Frios Ltda., alegando que
ambas as empresas funcionam no mesmo endereço e possuem idêntica natureza
econômica, além de compartilharem a mesma administração, preenchendo
assim, os requisitos do art. 133 do CTN, todavia, estas alegações não devem
prosperar, senão vejamos:
O art. 133 do CTN, assim dispõe:

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Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir
de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento
comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva
exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome
individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou
estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:

I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio,


indústria ou atividade;

II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração


ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova
atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou
profissão.

Imperioso salientar que não há configuração da sucessão empresarial entre a


agravada e a empresa Varejão Frangos Carnes e Frios Ltda, uma vez que seus
quadros societários são divergentes, como também, a mera exploração de
negócio similar, no mesmo lugar, não consubstancia, por si só, forte indício de
aquisição de fundo de comércio ou estabelecimento comercial, especialmente
quando a exploração de atividade empresarial no mesmo local, não foi
proveniente da celebração de negócio jurídico entre sucessor e sucedido, não
havendo qualquer vínculo jurídico, formal ou informal, entre as sociedades em
referência, motivo pelo qual não está configurado a sucessão empresarial, como
tenta fazer crer a agravante. 

É de bom alvitre salientar que não houve e nem há sucessão empresarial por
parte da agravante com a empresa Varejão Frangos, Carnes e Frios Ltda., a qual
em que pese explorar a mesma atividade econômica possui sócios distintos,
senão vejamos: a agravante desde a sua constituição teve em seu quadro social
os seguintes sócios: Pedro Barros Mendonça e Rosicleide da Silva Batista,
conforme se verifica no contrato social empresarial, após retirou-se da
sociedade Rosicleide da Silva Batista transferindo as cotas direitos e
obrigações para a atual sócia Raimunda Correia Souza de acordo com a I
alteração contratual da firma, posteriormente retirou-se da sociedade Pedro
Barros Mendonça, restando como única sócia e proprietária da recorrente a Sra.
Raimunda Correia Souza, consoante faz prova a II e III alterações contratuais
contidas nos autos principais.

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Ressalte-se que no contrato social da executada Varejão Frangos, Carnes e
Frios Ltda., possuem como sócios: Sônia Cristina Gonçalves de Araujo e
Robert Wagner Souza Fraga, não havendo qualquer documento que ateste a
alegação do agravado que o Sr. Roberto Oliveira Fraga é o responsável legal da
executada e/ou da agravante.

A responsabilidade por sucessão empresarial só poderia ter sido reconhecida


caso a ora agravada tivesse adquirido da devedora principal o estabelecimento
comercial, bem como seu fundo de comércio, o que não ocorreu, até mesmo
porque a real executada teve sua sociedade dissolvida, além do contrato de
locação do imóvel constante nos autos mostrar que tanto a agravante, quanto a
suposta sucessora não são as proprietárias do imóvel onde a segunda se
estabelece.

Assim, para que haja o reconhecimento da sucessão empresarial, é necessária a


presença de fortes indícios apontando para a fusão ou sucessão empresarial, o
que não ocorre no caso em comento.

Desta feita, para que haja o reconhecimento da sucessão empresarial, é


necessária a presença de fortes indícios apontando para a fusão
ou sucessão empresarial, o que não ocorre no caso sub judice, devendo a
execução permanecer em face da real executada, qual seja Varejão Frangos
Carnes e Frios.

REFORMA DA DECISÃO AGRAVADA

Incialmente é válido destacar que tanto a Súmula 392 do STJ, quanto o art. 2º, §
8º da Lei Federal nº 6.830/80 e art. 203 do CTN devem ser aplicados ao caso sub
judice, uma vez que todos dispõem que a Certidão de Dívida Ativa só poderá ser
emendada ou substituída, até a decisão de primeira instância.

Assim, após a prolação da v. sentença de embargos à execução, não há


possibilidade de modificação do sujeito passivo da execução, uma vez que a
alteração corresponderia a novo lançamento tributário, sem que oportunizasse o
direito ao contraditório ao novo devedor.

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Senão vejamos o entendimento sedimentado pelo egrégio STJ:

STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL AgRg


no REsp 1435515 SP 2013/0402759-0 (STJ) Data de publicação:
23/04/2015 Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO.
EXECUÇÃO FISCAL. CDA. SUCESSÃO EMPRESARIAL.
EXECUÇÃO FISCAL PROPOSTA CONTRA A EMPRESA
SUCEDIDA APÓS SUA EXTINÇÃO. REDIRECIONAMENTO
INADMISSÍVEL. CERCEAMENTO DE DEFESA. SÚMULA
392/STJ. 1. Reconhecida a existência de sucessão empresarial e
tributária, não se poderia dar prosseguimento ao executivo fiscal
ajuizado em face da sucessora tributária, haja vista a
impossibilidade de emenda ou substituição da CDA, a teor da
Súmula 392/STJ: "A Fazenda Pública pode substituir a certidão de
dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se
tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do
sujeito passivo da execução". 2. Não se concebe a substituição do
sujeito passivo no título executivo constituído, pois tal alteração
corresponderia a um novo lançamento tributário, sem que fosse
conferida ao novo devedor a oportunidade de exercer sua
impugnação na via administrativa, ou mesmo do pagamento do
débito antes do ajuizamento da ação de cobrança. 3. Agravo
regimental a que se nega provimento.

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL.


SUBSTITUIÇÃO OU EMENDA DA CDA. IMPOSSIBILIDADE. 1.
A jurisprudência desta Corte é assente no sentido da possibilidade de
se emendar ou substituir a CDA por erro material ou formal do título,
até a prolação da sentença de embargos, desde que não implique
modificação do sujeito passivo da execução, nos termos da Súmula
392 do STJ. Tal substituição também não é possível quando os vícios
decorrem do próprio lançamento e/ou da inscrição. 2. Entendimento
ratificado pela Primeira Seção, ao julgar o REsp 1.045.472/BA, sob o
regime do artigo 543-C do CPC. 3. Na hipótese dos autos, não se
poderia simplesmente permitir a substituição da CDA, ao fundamento
da existência de mero erro material no título, pois a aplicação de
fundamentação legal equivocada gera a modificação substancial do
próprio lançamento tributário. 4. Recurso especial não provido. (STJ -
REsp: 1225978 RJ 2010/0226588-5, Relator: Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 17/02/2011, T2 -
SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/03/2011)

Logo, deve ser mantida a r. decisão monocrática com relação a não


substituição do polo passivo da execução, uma vez que é vedado a emenda
da CDA após a decisão de primeira instância, como ocorreu no caso em tela.

REQUERIMENTO
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“Ex positis”, o agravado conta com a experiência da culta turma do Tribunal de
Justiça do Estado de Sergipe, para que seja negado provimento ao presente
agravo e confirmando a decisão agravada, condenando ainda, o agravante ao
pagamento de multa que deverá ser fixada entre um e cinco por cento do valor
atualizado da causa nos termos do §4º, do art. 1.021 do CPC.

Pede deferimento.

Aracaju/SE, 16 de maio de 2018.

José Augusto Costa Sobrinho


OAB/SE 1740

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