Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PODER JUDICIÁRIO
FORUM DE VITÓRIA
SEXTA VARA CÍVEL DO JUÍZO DE VITÓRIA
PROCESSO: 024.040.178.311
NATUREZA: A/AO ORDINÁRIA
AUTOR: GERALDO TEIXEIRA FARIA
RÉU: FEMCO — FUNDACAO COSIPA DE SEGURIDADE
SOCIAL
SENTENCA
Vistos etc.
PRocEsso N. 024.04
'lARA
2 ;
Fts+~~ Q l
DECIDO.
pRocEsso N.'2
~~ -.,5
.,C,
iV'rata-se
de AÇAO ORD~Rki~a
visando a condenação do réu no pagamento das verbas(
devidas ao autor a título de complementação de
aposentadoria.
Julgo antecipadamente a lide porque a
questão é de direito e não desafia a produção de prova em
audiência.
Rejeito a preliminar referente â coisa
julgada; porque, lá na Justiça do Trabalho foi decidida ação
trabalhista relativa a relação de trabalho entre o autor e a
COFAVI, aqui, busca dirimir a controvérsia sobre o direito
do autor de receber a verba da aposentadoria complementar.
Posto isto, rejeito esta preliminar.
Rejeito a preliminar referente a
incompetência absoluta e competência de Justiça Federal;
porque somente é competente a Justiça Federal para processar
e julgar as causas previstas no art. 109, incisos I ao IX da
Constituição Federal e a FEMCO não está inserida nos
dispositivos constitucionais referidos.
Posto isto, rejeito esta preliminar.
Alega o réu a preliminar referente a
ilegitimidade da parte sob o fundamento de que a relação
jurídica, in casu, existe somente entre a COFAVI e o autor,
no máximo com a participação da União no pólo passivo da
demanda, seja na condição de litisconsórcio necessário, seja
na condição de assistente da correta demanda.
Rejeito a preliminar supra; porque a
União não se caracteriza nas condições previstas no artigo 47
do CP C e, logo, não pode assumir a condição de
litisconsórcio necessário. Que interesse teria a União?
Também, a União não pode ser
assistente, por não ter interesse jurídico e não preencher os
requisitos inseridos no art. 50 do CPC.
Posto isto, rejeito a preliminar.
Requer o réu a denunciação da lide e
do chamamento ao processo da COFAVI, alegando que, por
força do estabelecido no convênio de adesão e a teor das
pRocEsso N. 024.04
disposições contidas na Lei 6435/77 e na Lei Complem
109/2001.
¹o há razão jurídica para a
denunciação da lide e nem para o chamamento ao processo;
porque o autor é aposentado e não tem nenhuma relação de
trabalho ou jurídica com a COFAVI. Sua relação processual e
jurídica é diretamente com o réu e, por se tratar de verba de
natureza alimentícia, não pode vincular seu direito ao
interesse de uma empresa falida.
¹o estão caracterizados os requisitos
inseridos no art. 70 e incisos I ao III do CPC.
De outro lado, não há razão jurídica
para o chamamento ao processo da COFAVI; porque ela não
se caracteriza nos requisitos inseridos no art. 77 e incisos I ao
III do CPC; porque o autor é aposentado pelo réu.
Posto isto, indefiro a preliminar
referente a denunciação da lide e do chamamento ao
processo.
Também, não há aqui a necessidade da
Curadoria das funções; porque as partes são capazes, estão
bem representadas e não há interesse público a ser defendido.
Posto isto, indefiro o pedido de
intervenção do Órgão do Ministério Público,
Da prova colhida nos autos, restou
provado que o autor laborou diversos anos para a empresa
COFAVI — CIA FERRO E AÇO DE VITÓRIA e, durante
todo o tempo, sofreu descontos nos seus contracheques,
mensalmente, descontos esses, em favor do réu desta ação,
que é uma entidade fechada de Previdência Privada
patrocinada pela COFAVI e pela COSIPA, para garantir a
complementação das aposentadorias de seus empregados
aposentados pelo INSS.
Ao se aposentar, o autor passou a fazer
jus â suplementação de sua aposentadoria que é justamente a
diferença entre o valor de sua aposentadoria na previdência
social e o valor de seu salário total, quando em atividade,
valor este sempre corrigido, para manter os valores da
pRocEsso N.'
VARA
pRocEsso N.'2
Muito embora a contabilidade d sp~y
fundos seja feita separadamente, este fato não exime o réu ae
cumprir com suas obrigações sociais assumidas com o
trabalhador; porque este, quando empregado, faz um contrato
com a entidade fechada de previdência complementar,
aderindo ao fundo de previdência social privada
complementar e passa a contribuir mensalmente até se
aposentar. Com sua aposentadoria por tempo de serviço na
Previdência Social Pública, adquire o trabalhador aposentado
o direito líquido e certo de receber a aposentadoria
complementar, encerrando, assim, sua obrigação de contribuir
e, em consequência, tem o direito de receber a
complementação até a morte.
0 fato da empresa contribuinte ter tido
sua falência decretada é irrelevante. 0 direito do trabalhador
já aposentado persiste e, em consequência, persiste o dever de
entidade fechada de previdência complementar de efetuar,
regularmente, os pagamentos da complementação; porque,
quando contratou com o trabalhador não estabeleceu a
condição de suspender o pagamento da complementação da
aposentadoria, caso ocorresse a falência da empresa; logo,
não havendo condição suspensiva, a conseqiiência jurídica é
a o pagamento contínuo da complementação. Saia de onde
sair o recurso financeiro.
A ré, pessoa jurídica de direito privado,
de fins previdênciários, assistenciais e não lucrativos, tem o
dever jurídico de cumprir o contrato que celebra com os
contribuintes, pessoa física, independentemente do que vier a
acontecer com a pessoa jurídica patrocinadora aderente. ¹o
existe a condição do beneficio complementar ser suspenso, na
hipótese de ocorrer a falência da pessoa jurídica
patrocinadora.
Se ela não tem como pagar as
aposentadorias complementares, deverá propor sua própria
falência. 0 fato de ser feita a contabilidade de cada fundo
isoladamente é irrelevante; porque, quem deve pagar a
pRocEsso N.'24.
7 i". 7I
t i,l!
pRocEsso N.'24.04
k '7j
vaoczsso x.'24.
Posto isto, julgo procedente o pedid
formulado na petição inicial pelo autor, para condenar..o réu
no pagamento das verbas devidas ao título de previdência
privada, parcelas vencidas e vincendas, acrescidas de juros de
0,5% ao mês até 1 1/01/2003 e 1% ao mês a partir desta data e
correção monetária pelo índice do INPC.
Condeno-o, mais, no pagamento das
custas processuais e honorários advocatícios que arbitro em
15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação.
Publique-se.
Registre-se.
Int i mem - se.
de 2006.
AZ
TO