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Ex.mo Sr. Dr.

Juiz de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública


Comarca de São Bernardo do Campo — SP

Processo nº 56401.2003.048392-/8000000-00
Nº de Ordem: 4.843/2003

MONICA SALES HEHN PEREIRA, brasileira, casada, do lar, CPF


nº 089.800.258-31, Carteira de Identidade nº 17.477.381-X /SSP-SP, residente e
domiciliada na Rua Engenheiro Isaac Garcez, nº 264, Aptº 82, Rudge Ramos, São
Bernardo do Campo, São Paulo, tempestivamente, nos Autos da Execução Fiscal
movida pela Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo em face de POINT
ABC COMERCIO DE VEÍCULOS LTDA. e outros, nessa Vara, por seu advogado infra
assinado ( Doc. 01 ) interpõe a presente

EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

Por absoluta ilegitimidade de parte no polo passivo e pelos


fatos e fundamentos que expõe a seguir:

DA ILEGITIMIDADE PASSIVA

1. Versa, a Execução, sobre valores que a Exeqüente julga ser


credora da Executada e de outros, no importe inicial de R$ 3.045,46 no mês de maio
de 2009 proveniente de tributos que não teriam sido recolhidos ao Fisco pela
Executada

R. Anfilófio de Carvalho, nº 29, 8 º andar, Centro Fone: +55 (21) 2524-5909 Fax: 2524-5655
20.030-060 Rio de Janeiro ( RJ ) Brasil Email: profinance@ramalho.adv.br
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2. Ocorre que a REQUERENTE, MONICA SALES HEHN PEREIRA, já
havia se retirado da Sociedade devedora do crédito tributário desde 29/06/2009
(Doc. 2)

3. De fato a REQUERENTE participou do corpo societário da


EXECUTADA, POINT ABC COMERCIO DE VEÍCULOS LTDA. mas não a administrou,
porque o administrador era o Sr. CLOVIS SALES HEHN.

3.1. Cabe aqui um reparo, Exª, no nome da REQUERENTE está


gravado de HEHIN, tanto no Contrato Social, como na Exordial. Entretanto
como se vê de sua documentação pessoal (Doc. 3), o seu sobrenome é HEHN.

4. Cabe destacar que a alteração societária que EXCLUIU a


REQUERENTE da Executada (Doc. 2), foi devidamente arquivada na JUCESP sob o
nº 375.286/09.

4.1. Ou seja, a REQUERENTE já havia se retirado da Executada


quando a Exeqüente resolveu movimentar o feito.

4.2. Nem mesmo indiretamente a REQUERENTE pode ser


responsabilizada por tais créditos tributários, visto que retirou-se de fato e de
direito da Executada.

5. Consequentemente, Exa., a REQUERENTE não tem a menor


legitimidade ad causam para figurar no polo passivo dessa Execução, uma vez que
JAMAIS teve qualquer relação jurídica ou vínculo praticados pelos sócios e/ou
gerentes da Executada.

DA PRESCRIÇÃO

6. Distribuído o feito desde o ano base de 2003 (Doc. 4) a


Exeqüente quedou-se inerte, sem qualquer iniciativa.

7. Só muito recentemente, ou seja, já em 2.010 é que a Exeqüente


decidiu dar curso ao feito.

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8. Sendo assim, merece a declaração de prescrição
intercorrente (Súmula 314/STJ) porque decorrido o prazo qüinqüenal da Lei.

8.1. Confira-se por exemplo o art. 40, e seu §4º da Lei nº 6.830, de
1980, e também, a jurisprudência dominante, de onde se destaca o decisum do
TRF 2ª Região, de 04 de setembro de 2007, cuja EMENTA reza:
AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO – EXECUÇÃO FISCAL – PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE – RECONHECIMENTO DE OFÍCIO – § 4º DO ARTIGO 40 DA
LEF – LEI 11.051/04 – POSSIBILIDADE.

1. A previsão do § 4º do artigo 40 da Lei de Execuções Fiscais (inserido pela Lei


11.051 de 30/12/04), do reconhecimento da prescrição intercorrente de ofício,
depois de ouvida a Fazenda Pública, deve ser aplicada de imediato, uma vez que
se trata de norma processual. A disciplina quanto à prescrição em si é de direito
material (prazo, contra quem corre), mas não a forma de conhecê-la.

2. Para efeito de caracterização de prescrição intercorrente é assente na


jurisprudência do E. Superior Tribunal de Justiça que basta a paralisação por mais
de cinco anos, independentemente da natureza da dívida tributária, por força do
art. 174 do CTN.

3. Agravo interno conhecido e não provido. (Decisão da 3ª Turma Especializada do


TRF da 2ª Região – Dr. José Antônio Lisboa Neiva – Juiz Federal convocado, Ap.
Cível, Proc. Nº 1995.51.01.038196-0).

Desse modo, restou suspensa a execução por mais de um ano e decorrido mais de
um qüinqüênio da data do arquivamento sem baixa, extingue-se a execução pela
prescrição intercorrente. Essa é a inteligência do mencionado § 4ª, do art. 40 da Lei
de Execuções Fiscais.

DA NULIDADE INTRÍNSECA DA EXECUÇÃO EM RELAÇÃO À REQUERENTE

9. O procedimento descuidado da EXEQÜENTE só gera detrimento e


absoluto prejuízo para a REQUERENTE. CPC:
“Art. 618 - É nula a execução: I – se o título executivo não for líquido,
certo e exigível”.
“Art. 586 - A execução para a cobrança de crédito, fundamentar-se-á
sempre em título líquido, certo e exigível”.

10. O festejado processualista, HUMBERTO THEODORO JÚNIOR,


ensina sobre essa matéria:
“A admissibilidade da execução pressupõe certeza do órgão judicial
quanto ao crédito do exeqüente, pois só assim desencadeará a
coação estatal tendente a realização prática da obrigação
descumprida. ……………
O título executivo, além de documento sempre revestido de forma
escrita, obrigatoriamente deve ser líquido, certo e exigível”.
(in PROCESSO DE EXECUÇÃO, 18ª Ed. Págs. 130 e 181).

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11. Faltam, in casu e no que tange à REQUERENTE, os requisitos
essenciais e indispensáveis à validade do título executivo, por que a ausência de
qualquer dos pressupostos (liquidez, certeza e exigibilidade) importará em nulidade.

12. Melhor sorte não tem a Exeqüente quanto ao mérito, pois alega
dívida existente lastreada em inscrição da Dívida Ativa, objeto de processo
administrativo, cuja certidão constituiria título certo, líquido e exigível de terceiros.

13. Esse débito tributário, como acima provado, é de terceiros, e


consequentemente, é INEXIGÍVEL da REQUERENTE, o que retira qualquer AMPARO
LEGAL à PRETENSÃO DA EXEQÜENTE.

14. Sendo assim, faltando condição essencial e indispensável à


presente Execução, a mesma está eivada de nulidade, nos termos da Lei Adjetiva
Civil vigente, a qual pode — e deve — ser argüida em qualquer momento, mesmo
antes da Penhora. Confiram-se dois julgados do Egrégio STJ:
“Não se revestindo o título de liquidez, certeza e exigibilidade,
condições basilares no processo de execução, constitui-se em
nulidade, como vício fundamental, podendo a parte argüi-la,
independente de embargos de devedor, assim como pode e cumpre
ao Juiz declarar, de ofício a inexistência desses pressupostos formais
contemplados na Lei processual civil.” (decisão extraída da RSTJ 40/447,
grifo nosso)
“A segurança do Juízo não pode ser imposta naqueles casos em que
o título em execução não se reveste das características de título
executivo, porque, destarte, a própria execução estaria sendo
ajuizada com abuso de direito por parte do credor, utilizando uma via
processual que a Lei, em tese, lhe não concede...”
(STJ – bol. Àsp 1.746/187, Resp. 7.410-Ms; Ministro Athos Carneiro,
em seu voto). Nota 3 ao Art. 737/CPC, Theotonio Negrão.

15. Desta forma, a presente execução deve ser extinta em razão da


falta de causa de pedir da Exeqüente; mas, na hipótese de ser ultrapassada, a
mesma deve ser julgada nula em REQUERENTE, por carência dos requisitos
necessários à validade do título.

DA SUCUMBÊNCIA

16. Como a própria parte está levantando a questão de falta de causa


de pedir da REQUERENTE pela Fazenda Nacional e também, a nulidade do título, é
razoável, à luz do que dispõe a norma processual, seja condenada a parte Autora em
honorários. Vale a transcrição do seguinte aresto:

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Ementa: “Processual Civil. Execução. Execução. Exceção de Pré-
Executividade. Honorários Devidos. CPC, Art. 20. Doutrina e
Precedentes do Tribunal. Recurso Provido. I – O sistema processual
civil vigente, em sede de honorários advocatícios, funda-se em
critério objetivo, resultante da sucumbência. II – Extinguindo-se a
execução por iniciativa dos devedores, ainda que em decorrência de
exceção de pré-executividade, devida é a verba honorária.
Decisão: Por unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe provimento."
RESP 195351/MS; Recurso Especial(1998/0085530-0) Fonte: DJ Data: 12/04/1999
PG: 00163. Relator: Min. Salvio Figueiredo Teixeira (1099) Data da Decisão
18/02.1999 Órgão Julgador: T4 - Quarta Turma

DO CABIMENTO DA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

17. Os Tribunais sistematicamente admitem a EXCEÇÃO DE PRÉ-


EXECUTIVIDADE, mormente quando versam sobre nulidade, pressupostos
processuais e condições de procedimento da execução, lastreados no direito
constitucional à ampla defesa e na interpretação do Art. 620 do CPC.

17.1. É a hipótese dos Autos.

18. Carece a presente execução, conforme demonstrado, de


exigibilidade no seu titulo basilar, e, consequentemente é nula diante da
REQUERENTE. Confira-se a Jurisprudência:
Execução. Título extrajudicial. Exceção de Pré-Executividade.
“Ação de execução. Alegação de nulidade dos títulos, que a
embasam. Matéria ventilada em Exceção de Pré-Executividade.
Decisão entendendo não ser possível tal exame sem a propositura da
Ação incidental de Embargos do Devedor. Inconformismo do
executado. Recurso de Agravo interposto. Provimento parcial do
recurso.
Tem o Egrégio Superior Tribunal de Justiça, com base no Art. 618, do
CPC, admitido o exame da nulidade do título, através da chamada
“exceção de pré-executividade” independentemente da propositura
da ação incidental de embargos do devedor e de ser o executado
submetido ao constrangimento de ter bens penhorados”.
AGRAVO DE INSTRUMENTO 1998.002.06870 – Reg. em 16/12/1998 – Fls.
30420/30424. Capital (RJ) – 11ª Câmara Cível – Unânime. Des. Nilton Mondego –
Julg. 22/10/1998.

19. Portanto, considerando a nulidade, já comprovada, da presente


execução, cabe, perfeitamente, Exª a interposição da presente EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE, para efeito de elidir os efeitos pretendidos pela EXEQUENTE, qual
seja, indevidamente cobrar dívida de terceiros de quem não deve.

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DOS PEDIDOS

Ante o exposto, R E Q U E R a V. Exª:

a) O recebimento da presente EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE;

b) Seja reconhecida e declarada a inexistência de causa de pedir da Exeqüente


diante da REQUERENTE, por absoluta ilegitimidade passiva;

c) Seja decretada a extinção da presente Execução em relação à REQUERENTE,


por lhe faltarem um dos pressupostos básicos exigidos pela Lei, qual seja a
inexigibilidade do crédito excutido da REQUERENTE, com base no Art. 267,
IV e IV do CPC c/c 794, I da mesma Lei;

d) Seja declarada a prescrição do crédito tributário excutido;

e) Seja determinada a baixa da presente Execução no competente Distribuidor


em nome da REQUERENTE, sem ônus para este última;

f) Seja a Exeqüente condenada, com base no que preceitua o Art. 940 do Código
Civil, por sua imprudência e por cobrar valor indevidamente da
REQUERENTE, e

g) Seja a Exeqüente condenada, por todo o exposto na presente, nas penas da


sucumbência, incluindo o pagamento de honorários advocatícios à base de
20% do valor cobrado, atualizado para o dia do pagamento.

Protesta, finalmente, pela produção de todo o gênero de provas em


direito admitidas, especialmente, documental, testemunhal.

Por oportuno, e para os efeitos do Art. 39, I, do CPC, também


REQUER que os avisos e intimações oriundos do feito sejam encaminhados aos
cuidados do Escritório do seu patrono, na Rua Anfilófio de Carvalho, nº 29, 8 º andar,
Castelo, Rio de Janeiro, RJ e que, nas futuras publicações conste, também, o nome
do Flávio Allevato Ramalho, OAB 23.479/RJ.

Termos em que,
P. deferimento.
Rio de Janeiro, 2 de março de 2005

Flávio Allevato Ramalho


OAB 23.479-RJ

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