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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 02ª VARA DO TRABALHO DE NATAL/RN

Processo nº 0001019-25.2023.5.21.0002

TERRAZA NATAL LTDA. e T.S. INTERNATIONAL SERVICES LTDA., por seu


advogado que esta subscreve, nos autos da Reclamação Trabalhista em referência movida por
IDILANE BERNARDO DOS SANTOS, vêm, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro
no art. 847 da CLT, apresentar sua CONTESTAÇÃO consubstanciada nos fundamentos fáticos e
jurídicos a seguir expostos:

1. DA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

A parte autora aduz que trabalhou sem registro entre 14/08/2023 e


04/11/2023, tendo sido dispensada sem justa causa. Dita que foi contratada para exercer a
função de auxiliar de serviços gerais e que percebeu remuneração total de R$ 1.792,00.

Em síntese, a parte reclamante postula: (i) responsabilidade solidária; (ii)


reconhecimento de vínculo empregatício; (iii) verbas rescisórias; (iv) saldo salarial de outubro e

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novembro/2023; (v) FGTS + 40%; (vi) integração de valores pagos “por fora”; (vii) horas extras;
(viii) liberação do seguro-desemprego ou indenização substitutiva; (ix) honorários advocatícios;
(x) justiça gratuita.

Atribuiu à causa o valor de R$ 16.553,47.

Contudo, a reclamação trabalhista, ora contestada, não merece prosperar,


vez que traz versão deturpada dos fatos, e por não se escorar em fundamentos jurídicos que lhe
deem respaldo, conforme se demonstrará.

2. DO JUÍZO 100% DIGITAL

Considerando o disposto no artigo 3º da Resolução nº 345/20 do CNJ, no


sentido de que a escolha pelo "Juízo 100% Digital" é facultativa e será exercida pela parte
demandante no momento da distribuição da ação e pela parte demandada no momento da
contestação, as reclamadas manifestam sua CONCORDÂNCIA acerca do juízo 100% digital,
requerendo, todavia, sejam devidamente INTIMADAS de quaisquer atos processuais,
EXCLUSIVAMENTE, por meio do Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho (DEJT), nos termos do
artigo 270, do CPC e 774 da CLT, bem como inciso LX, do art. 5º da CF.

Diante disso, indica-se os seguintes dados de contato:

Dr. Samir: nammur@anm.adv.br | (11) 97120-8043

Destarte, requer-se que o presente feito tramite pelo juízo 100% digital,
pugnando, desde já, pela realização dos atos de forma virtual, inclusive audiências.

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3. DO PROTOCOLO DA DEFESA EM SIGILO

Inicialmente, considerando o disposto no artigo 847 da CLT, o qual


estabelece a apresentação da defesa por ocasião da audiência, a reclamada esclarece que
procede a juntada da defesa e documentos de forma sigilosa conforme possibilidade que lhe é
conferida nos termos do artigo 22, § 5º da Resolução CSJT nº 185, de 24 de março de 2017
(alterado pela Resolução CSJT Nº 241, de 31 de maio de 2019), que dispõe sobre a padronização
do uso, governança, infraestrutura e gestão do Sistema Processo Judicial Eletrônico (PJe)
instalado na Justiça do Trabalho.

Ressalta-se que a parte reclamada não possui possibilidade de liberação


do conteúdo sigiloso atribuído à presente defesa e aos documentos anexados, eis que somente
ao Magistrado é dada a permissão de alterar a marcação feita sobre o documento enviado e
liberar os acessos devidos.

Assim, requer-se o acolhimento da contestação apresentada nesta


oportunidade, de forma sigilosa, juntamente com os documentos que lhe acompanham,
devendo ser retirado o sigilo somente caso frustrada a tentativa conciliatória.

Ademais, caso ocorra a redesignação de audiência INICIAL ou UNA,


deverão permanecer sob sigilo a defesa e documentos protocolados nesta oportunidade.

4. PRELIMINARMENTE

4.1 DA AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO DOS PEDIDOS

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Cumpre destaca que o artigo 840, § 1º, da CLT, o qual tem plena
aplicabilidade neste feito conforme supra exposto, é claro ao dispor que o pedido inicial deverá
ser certo, determinado e com indicação de seu valor.

Dessa forma, a parte reclamante deveria ter apresentado indicação


expressa do valor de cada pedido, assim como memorial de cálculo, o que não foi observado
neste feito.

Nesse aspecto, chama-se atenção que o cálculo apresentado pelo autor


não deve ser considerado, posto que não foi elaborado no sistema oficial do PJE.

Ainda, não há que se falar que a parte autora não tem toda a
documentação necessária para apresentar cálculo exato dos pedidos, haja vista que a reclamada
forneceu aa reclamante todos os recibos e comprovantes de pagamento referentes aos serviços
prestados, o que, de todo modo, poderia ser obtido mediante extrato bancário da reclamante.

Cabia à parte reclamante indicar valores precisos, acompanhados de


cálculos, e não mera estimativa, de forma que é evidente a inépcia da peça vestibular, devendo
a reclamatória ser julgada extinta sem resolução do mérito, nos termos do art. 840, § 3º, da CLT.

Ademais, suscita-se a aplicação da Tese Jurídica n. 06 do TRT da 12ª Região


que dita que “Os valores indicados aos pedidos constantes da petição inicial limitam o
montante a ser auferido em eventual condenação.”

Ainda, corroborando com o exposto, mister destacar o recente julgado do


C. TST, limitando a condenação aos valores indicados em exordial:

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RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA
DAS LEIS NºS 13.015/2014 E 13.464/17. 1. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO
AOS VALORES INDCICADOS NA PETIÇÃO INICIAL, TRANSCENDÊNCIA
POLÍTICA RECONHECIDA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO.
I. O Tribunal Regional entendeu que “a determinação de indicação do
valor do pedido na exordial configura a indicação de valores com base em
estimativa, e não a exata liquidação dos pedidos”.
II. Trata-se de discussão a respeito do julgamento dentro dos limites da
lide, na hipótese em que a parte Autora atribui valores específicos aos
pedidos constantes da petição inicial.
III. Esta Corte Superior possui jurisprudência no sentido de que, na
hipótese em que há pedido líquido e certo na petição inicial, o julgador
fica adstrito aos valores atribuídos a cada um desses pedidos, de
maneira que a condenação em quantia superior àquela fixada pela
reclamante na reclamação trabalhista caracteriza violação dos arts. 141
e 492 do CPC/2015.
IV. A reclamante atribuiu valor específico a cada um dos pedidos
formulados na inicial, de modo que esse patamar deve ser observado
pelo julgador.
V. Transcendência reconhecida. V. Recurso de revista de que se conhece
e a que se dá provimento. (TST. RR 1001027-77.2019.5.02.0026; 4ª
Turma; data de publicação 12/11/2021; Relator (a): ALEXANDRE LUIZ
RAMOS).

Destarte, requer-se a extinção do processo, sem julgamento do mérito,


nos termos do art. 840, § 3º, da CLT ou, caso assim não se entenda, o que se admite por
argumento, deverá ser observada a limitação dos valores indicados na inicial.

4.2 DA ILEGITIMIDADE DE PARTE DA SEGUNDA RECLAMADA

A segunda reclamada suscita, em sede preliminar, sua ilegitimidade para


figurar no polo passivo da presente demanda, requerendo, dessa forma, sua exclusão da lide,
pois, conforme expressamente mencionou a reclamante na exordial, somente prestou serviços
em prol da primeira reclamada.

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Ora, Excelência, em nenhum momento a reclamante foi prestadora de
serviços/empregada da segunda ré. Conforme alhures apontado, a relação de trabalho perdurou
integralmente com a primeira ré, sendo essa empresa adimplente e cumpridora de seus deveres,
não havendo espeque para a inclusão das demais reclamadas no polo passivo da presente
reclamatória.

Ora, não há nos autos qualquer prova de iminente insolvência da primeira


reclamada.

Além disso, consoante exaustivamente demonstrado no mérito, não há


que se falar em grupo econômico das rés.

Nesse diapasão, salienta-se ser inconteste que a jurisprudência é uníssona


no sentido de que a mera identidade de sócios não configura grupo econômico.

Induvidosamente, a reclamante não manteve qualquer relação jurídica


com a segunda ré, eis que este sequer prestou serviços direta ou indiretamente para a mesma.

Evidente, pois, que a segunda reclamada é parte ilegítima para figurar no


polo passivo da presente reclamação.

Por fim, importante ressaltar a simples apresentação de defesa em


conjunto não corrobora com os argumentos e pleitos obreiros.

Diante de todo o exposto, deve ser a reclamante considerada carecedora


da ação quanto à segunda ré, declarando-a parte ilegítima para figurar no polo passivo da
presente demanda, com a consequente extinção do feito, nos termos do artigo 485, inciso VI, do
Código de Processo Civil.

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Caso não seja este o entendimento deste MM. Juízo, o que se admite
apenas para argumentar, a reclamada ratifica os fatos e argumentos acima abordados para
serem reportados ao mérito da contestação.

4.3 DA INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL

Sem prejuízo do respeito que é merecedor ao patrono do autor, data vênia,


com fulcro no artigo 330, §1º do CPC, deverá a exordial ser considerada inepta.

Isso porque, a reclamante postula o reconhecimento de vínculo


empregatício apresentando argumentos genéricos de preenchimento dos requisitos da relação,
não apresentando alegações específicas e muito menos provas.

O argumento superficial e genérico não pode ser considerado como causa


de pedir, posto que, inclusive, obsta o pleno exercício de defesa da reclamada.

No mais, verifica-se que a obreira aduz que houve acúmulo de função, pois
supostamente foi admitida para exercer o cargo de auxiliar de serviços geral, o qual era
acumulado com funções de auxiliar de cozinha e copeira, sendo indubitável que não há pedido
correspondente à tal alegação, o que deve ser observado (artigos 141 e 492 do CPC).

Ressalte-se que a reclamante está assistida por profissional habilitado,


pelo que injustificáveis tais equívocos.

Por outro lado, consigne-se que o disposto no artigo 840 da CLT não
autoriza a conduta obreira, haja vista que citado dispositivo deve ser analisado juntamente com
o Diploma Processual Civil, especialmente em razão de estar a reclamante representado por
advogado.

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Assim, deverá ser declarada a inépcia da inicial quanto aos presentes
temas, nos exatos termos do artigo 485, I, do CPC.

5. MÉRITO

5.1 DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DAS RECLAMADAS

Sem prejuízo das preliminares arguidas, no mérito a presente ação haverá


de ser julgada totalmente improcedente, notadamente em face da segunda ré.

Conforme alhures esclarecido, a reclamante foi prestadora de serviços da


primeira reclamada, não tendo qualquer relação com a segunda reclamada, de forma que esta
não pode ser responsabilizado pelas verbas postuladas.

Esclarece-se que a responsabilidade solidária, consoante dispõe o artigo


265 do Código Civil, não se presume, resulta da lei ou da vontade das partes, o que não é o caso
dos autos.

A legislação trabalhista prevê responsabilidade solidária somente se as


empresas “estiverem sob a direção, controle ou administração uma da outra”, na forma do § 2º,
do artigo 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho.

Ocorre que a segunda reclamada é empresa completamente distinta da


primeira reclamada, sem que haja qualquer relação entre as partes incluídas no polo passivo.

Nesse aspecto, cumpre apontar que a mera identidade de sócios não é apta
a caracterizar grupo econômico, sendo esse o entendimento consolidado dos Tribunais:

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RECURSO REGIDO PELO CPC/2015, PELA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº
40/2016 DO TST E PELA LEI Nº 13.467/2017. RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA. GRUPO ECONÔMICO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. MERA
IDENTIDADE DE SÓCIOS. A jurisprudência desta Corte firmou o
entendimento de que, para a configuração de grupo econômico, não
basta a mera situação de coordenação entre as empresas, sendo
necessária a presença de relação hierárquica entre elas, de efetivo
controle de uma empresa sobre as outras , e de que o simples fato de
haver sócios em comum não implica por si só o reconhecimento do
grupo econômico. Recurso de revista não conhecido. (TST - RR:
1858520175120033, Relator: José Roberto Freire Pimenta, Data de
Julgamento: 05/02/2020, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
14/02/2020)

GRUPO ECONÔMICO. MERA IDENTIDADE DE SÓCIOS. NÃO


CARACTERIZAÇÃO. - A mera identidade de sócios não caracteriza o
grupo econômico, sendo necessárias, para sua a configuração, a
demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de
interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. (TRT-
2 02325004120075020057 SP, Relator: SONIA MARIA DE OLIVEIRA
PRINCE RODRIGUES FRANZINI, 12ª Turma - Cadeira 3, Data de
Publicação: 23/08/2021)

Além disso, corroborando com a ausência de grupo econômico, impende


ressaltar que as reclamadas possuem sede em locais diversos, assim como objeto social
totalmente distinto:

Terraza Natal T.S. International


Sede Rua Praia do Rio Doce, n. 2.126 Av. Das Nações Unidas, n. 12.551 – 17ª andar,
– loja 03, Ponta Negra, Natal/RN Brooklin Paulista, São Paulo/SP
Objeto Restaurante e bar Produção artísticas, musicais, organização,
social consultoria em gestão empresarial etc.

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Além disso, impugna-se a alegação de que a segunda reclamada controla,
administra e dirige a primeira reclamada por meio de seu sócio administrador, cabendo reiterar
que a existência de sócio em comum não caracteriza grupo econômico.

Nesse sentido, salienta-se que a apresentação da defesa pela mesma banca


de advogados não tem aptidão, de forma alguma, a configurar grupo econômico.

Outrossim, impugna-se a alegação de que a primeira ré vem realizando


acordos judiciais e descumprindo para blindar a segunda reclamada.

Ora, em momento algum o autor apresentar provas do que aduz, não


podendo trazer, certamente, fatos alheios à relação em lide para se discutir nesta reclamatória.

Salienta-se que cabe ao obreiro comprovar o que aduz, nos termos dos
artigos 818, I, da CLT e 373, I, do CPC.

No mais, reitera-se que a parte autora trabalhou tão somente em prol da


primeira reclamada, não tendo nem alegação de prestação de serviços em prol da segunda ré.

Assim sendo, sob qualquer prisma, não há que se falar em responsabilidade


solidária da segunda reclamada.

Por cautela, apenas por amor ao argumento, vindo a ser reconhecida


eventual responsabilidade da segunda reclamada, esta não poderá abranger os pedidos
referentes a obrigações de cunho personalíssimo ou punitivo.

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Deferir a responsabilidade da segunda reclamada em relação às verbas de
caráter personalíssimo e/ ou punitivo afronta a Constituição Federal, notadamente em seu artigo
5º, XLV.

5.2 DO ALEGADO VÍNCULO EMPREGATÍCIO

A parte autora aduz que trabalhou na primeira ré sem registro entre


14/08/2023 e 04/11/2023 no cargo de auxiliar de serviços gerais com acúmulo de função com
auxiliar de cozinha e copeira, mediante remuneração mensal total de R$ 1.792,00, de forma que
pede o pelo reconhecimento de vínculo empregatício.

Todavia, razão não assiste a reclamante.

A primeira reclamada esclarece que a parte obreira jamais foi sua


empregada, cabendo informar que contratou a reclamante para prestação de serviços de
auxiliar de serviços autônomos.

A relação perdurou entre as datas indicadas pela reclamante (14/08/2023


a 04/11/2023), ou seja, por menos de três meses.

Mister apontar que dentre as atividades contratadas, encontrava-se: fazer


o serviço de faxina em geral, lavar vidros, espelhos e persianas, varrer pátios, fazer café, e
eventualmente, servi-lo, fechar portas, janelas e vias de acesso e demais tarefas afins, conforme
ordens empresariais, não se podendo olvidar que a parte ré se trata de um restaurante.

Desta feita, impugna-se a alegação de que a obreira executou tarefas de


copeira e de auxiliar de cozinha, cabendo frisar que sequer há pedido de acúmulo de função.

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Não obstante, sublinha-se que na peça vestibular há mera confusão entre
os cargos, nomenclaturas e funções, o que é deveras ordinário entre os mencionados cargos.

Todavia, reitera-se, a reclamante somente executou as atividades


contratadas de auxiliar de serviços gerais, tendo autonomia e flexibilidade para executar suas
atividades.

No mais, impende esclarecer que a reclamada pagava à obreira, em média,


diária equivalente a R$ 88,00 que, em regra, era cumulado para fins de pagamento, além de
haver pagamento para auxiliar na locomoção da trabalhadora que, também cumulado,
corresponde à média semanal de R$ 48,00.

Ademais, a reclamante não trabalhava diariamente e nem cumpria jornada


de trabalho com habitualidade, posto que detinha plena autonomia quanto à prestação de
serviços.

Nesse diapasão, a reclamada indica que entre 14/08 e 12/09 a obreira


trabalhou oito dias. Dentre 13/09 a 29/09 houve trabalho em apenas seis dias. No interregno de
30/09 a 11/10 houve trabalho em oito dias e no último período de 12/10 a 04/11/2023
contabiliza-se cerca seis diárias. Ou seja, durante os três meses de relação, a reclamante somente
prestou serviços em cerca de 28 dias.

Cumpre frisar que a reclamada somente sugeria o horário da prestação de


serviços, havendo efetiva flexibilidade quanto a isso, devendo-se observar, por óbvio, os horários
de funcionamento da reclamada e a demanda desta.

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Corroborando com a inexistência de subordinação, mister apontar que a
reclamante parou de atender às convocações da reclamada, sendo o último dia efetivo de
prestação de serviços a data 04/11/2023.

Não obstante, mister informar que nos últimos períodos da relação foi
possível perceber que a obreira não tinha mais interesse em manter o vínculo comercial com a
ré, posto que apresentou comportamento deveras inurbano com o gerente Jonathan e diretoria
da reclamada.

Ainda, por boa-fé processual, a reclamada informa que chegou a conversar


com a reclamante para firmarem contrato de trabalho para cargo fixo, tendo recebido resposta
negativa por parte da obreira, que frisou que não queria ser “registrada”.

Assim, desconfiando do comportamento obreiro, para elaboração da


presente minuta a reclamada buscou aferir se a autora recebe algum benefício estadual, tendo
obtido resultado positivo em sua consulta.

Nota-se que durante toda a relação a reclamante auferiu bolsa família,


conforme se comprova na documentação anexa e abaixo destacado:

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Dentre os requisitos para receber bolsa família, tem que a renda familiar
deve ser menor ou igual a R$ 218,00 por pessoa. Acredita-se que para obter o benefício, a
reclamante jamais teve interesse em ser empregada da reclamada, sendo a presente
reclamatória mera aventura jurídica.

Nesse contexto, na remota hipótese do pleito ser julgado procedente, o


que se admite por argumento, deve haver análise da renda familiar da reclamante, pois, caso
constatado que houve percepção de recursos advindos do programa Bolsa Família mediante a
omissão da renda efetivamente auferida pelo núcleo familiar à autoridade competente, estará
configurado o crime de estelionato majorado pelo § 3º do artigo 171 do Código Penal.

Diante do exposto e das provas carreadas aos autos, inconteste que as


partes tiveram simples relação comercial (freelancer), não podendo ser confundida com vínculo
empregatício, aplicando-se nesse caso o artigo 442-B da CLT:

Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as


formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou
não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3o desta
Consolidação. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Quanto à terceirização, impende destacar que o Tema 725 do STF declarou


a licitude da contratação de mão-de-obra terceirizada, para prestação de serviços relacionados
com a atividade-fim da empresa tomadora de serviços, com base no que dispõe a Súmula 331 do
Tribunal Superior do Trabalho e no alcance da liberdade de contratar na esfera trabalhista.
Vejamos a tese fixada:

É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho


entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social
das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
empresa contratante.

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Salienta-se que a reclamante possui cerca de 36 anos de idade, tendo plena
capacidade e ciência, inclusive da relação comercial havida com a primeira reclamada.

Verifica-se, assim, que é inconteste que a relação das partes era de


prestação de serviços, cabendo à parte autora comprovar robustamente a presença dos
requisitos do vínculo empregatício.

Nota-se que a reclamante se limita a apresentar argumentos rasos e


desacompanhados de provas, não se desincumbindo do ônus previsto no art. 818, I, da CLT.

Nessa toada, a obreira não apresentou comprovação do preenchimento


dos requisitos do vínculo empregatício, a saber, i) continuidade; (ii) subordinação; (iii)
onerosidade e; (iv) pessoalidade, a teor do art. 3º, da CLT, de forma que é patente a
improcedência do pleito.

Ora, a reclamante limita-se a alegar que houve subordinação,


habitualidade, onerosidade e pessoalidade, não apresentando, todavia, nenhuma situação
específica em que tais elementos se fizeram presentes e nem teria como, diante da relação
comercial.

A reclamada esclarece que na prestação de serviços em tela tão somente


existiu subordinação estrutural ou indireta, a qual não pode ser confundida com o elemento da
relação de emprego, uma vez que a subordinação indireta é atinente à terceirização, sujeitando-
se o prestador de serviços o submete-se a ordens empresariais relativas ao modo de executar o
serviço.

Impugna-se, pois, a alegação de que recebe penalidade ou que poderia


receber penalidades. Ocorre que sequer há alegação no sentido de que efetivamente recebeu

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penalidades e nem provas disso, o que nem é possível nesse caso diante da inexistência de
vínculo empregatício.

Todavia, reitera-se que a autora estava submetida a ordens empresariais,


de forma que, descumprindo com o pactuado entre as partes, certamente poderia ter recebido
comentários por parte da ré para correção do serviço.

Ademais, consoante esclarecido no tópico referente à jornada de trabalho,


a reclamante não trabalhava diariamente e nem cumpria jornada de trabalho com habitualidade,
posto que detinha plena autonomia quanto à prestação de serviços.

Com efeito, a reclamada somente sugeria o horário da prestação de


serviços, havendo efetiva flexibilidade quanto a isso, devendo-se observar, por óbvio, os horários
de funcionamento da reclamada.

Desta feita, evidente que não havia subordinação ou habitualidade na


prestação de serviço pela reclamante.

Ademais, mister apontar a ausência do elemento da onerosidade.

Nota-se, Excelência, que a reclamante não acostou nenhum documento


que comprove que recebeu os valores indicados na peça vestibular, sendo certo que o pleito em
questão demandava prova documental por parte da reclamante. Nesse sentido, restam
impugnados os comprovantes de pagamento juntados, posto que se tratam de documentos de
fácil manipulação e produzidos unilateralmente pela obreira.

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Cabe esclarecer, Excelência, que todas as verbas devidas pela prestação de
serviços eram pagas de forma idônea, observando o pactuado entre as partes, impugnando-se
as alegações no sentido de que havia atraso nos pagamentos.

Outrossim, impugna-se a remuneração indicada na peça inaugural. Ora, a


quantia de R$ 1.792,00 por mês não corresponde, de forma alguma, ao percebido pelo autor,
sendo o montante deveras majorados e desproporcional ao período da prestação de serviços.

Ademais, não há que se falar em pessoalidade, pois que a reclamada


contava com outros profissionais do ramo que eventualmente substituíam a reclamante.

Outrossim, verifica-se que a parte autora não alega e nem comprova que
prestou serviços exclusivamente para a reclamada, o que deve ser observado por este D. Juízo.

Nesse diapasão, não há provas de que a autora trabalhou única e


exclusivamente em prol da primeira reclamada. Em nenhum momento a contestante obstou a
prestação de serviços para outras empresas.

Desta feita, restam totalmente impugnadas as alegações da reclamante,


devendo ele comprovar suas alegações conforme preleciona o artigo 818, I, da CLT, já tendo
atraído para si o ônus probatório.

Ora Excelência, para a caracterização do liame empregatício, deve-se


observar o disposto no art. 3º, da CLT, que diz que “considera-se empregado toda pessoa física
que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e
mediante salário”.

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Desta feita, a relação deve ser pessoal, pois o empregado não se pode fazer
substituir por outrem; não eventual, eis que exige prestação contínua; subordinada, haja vista
que empregado e empregador estão em pedestais distintos; e remunerada, porque todo
trabalho merece sua contraprestação. Desobedecidos quaisquer desses requisitos, inexistente se
define o vínculo laboral, ainda que comprovada a efetiva prestação de serviços, porque existem
outros contratos que envolvem o dispêndio de labor sem caracterizarem o liame empregatício.
Nesse sentido, a jurisprudência:

RECURSO ORDINÁRIO - VÍNCULO EMPREGATÍCIO - AUSÊNCIA DE


REQUISITOS - PROVIMENTO. Inexistindo os requisitos caracterizadores
da relação de emprego previstos no artigo 3º da Consolidação das Leis
do Trabalho, impõe-se a reforma da sentença na qual se reconhece a
existência do vínculo laboral entre os litigantes. Recurso da reclamada
a que se dá provimento. (TRT-20 00001168320205200014, Relator:
MARIA DAS GRACAS MONTEIRO MELO, Data de Publicação:
17/12/2021)

VÍNCULO EMPREGATÍCIO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS.


IMPROCEDÊNCIA. Compete ao trabalhador que reclama o
reconhecimento de vínculo empregatício comprovar, de forma indene
de dúvidas, que foi contratada para prestar serviços pessoalmente à
reclamada com pessoalidade, habitualidade (não-eventualidade),
onerosidade e subordinação, nos termos do art. 3º da CLT, uma vez
que se trata de fato constitutivo do seu direito (art. 818, I da CLT c/c
inciso I do art. 373 CPC), ônus do qual não se desvencilhou a contento.
(TRT-1 - RO: 01010740820195010284 RJ, Relator: VALMIR DE ARAUJO
CARVALHO, Data de Julgamento: 19/05/2021, Segunda Turma, Data
de Publicação: 10/06/2021)

VÍNCULO EMPREGATÍCIO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS


CARACTERIZADORES DA RELAÇÃO DE EMPREGO. Por tratar-se de
relação de emprego, é imprescindível a conjugação dos fatos:
pessoalidade do prestador de serviços; trabalho não eventual;
onerosidade da prestação e subordinação jurídica. Apenas o
somatório destes requisitos é que representará o fato constitutivo
complexo do vínculo de emprego, os quais não se encontram
presentes na relação jurídica em apreço que, ao contrário, revelou a
ausência da subordinação jurídica, em razão da evidência de affectio
societatis, pelo que são improcedentes as pretensões relativas ao

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suposto contrato de trabalho não caracterizado. (TRT-3 - RemNecRO:
00114150520195030131 MG 0011415-05.2019.5.03.0131, Relator:
Carlos Roberto Barbosa, Data de Julgamento: 13/08/2021, Oitava
Turma, Data de Publicação: 16/08/2021.)

Assim, por não haver o preenchimento dos requisitos necessários


elencados no artigo 3º da CLT para reconhecer a reclamante como empregado da reclamada,
também não se pode reconhecer o pretendido vínculo empregatício entre os dois.

Portanto, para a caracterização do vínculo empregatício, todos os


requisitos necessários indicados acima devem ser preenchidos concomitantemente, não
bastando a simples alegação de cumprimento deles.

Uma vez demonstrada a total ausência dos requisitos necessários para a


constituição do vínculo empregatício tal pedido deve ser julgado improcedente.

Assim sendo, ante todo o acima exposto, resta totalmente impugnada a


alegação de existência de vínculo empregatício entre a reclamante e a primeira reclamada, e
consequentemente, o pleito à anotação na CTPS.

Na remota hipótese de reconhecimento do vínculo empregatício, o que se


admite apenas por amor ao debate, não há cabimento em se admitir a remuneração indicada na
peça vestibular, já que, conforme acima demonstrado, trata-se de número nitidamente
majorado, destoante da realidade e desprovido de prova.

Ad cautelam, requer-se a fixação de prazo não inferior a 15 dias, contados


a partir de intimação específica, para anotação em carteira de trabalho, após o trânsito em
julgado.

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Outrossim, deve constar em CTPS como remuneração os valores
efetivamente pagos em decorrência da prestação de serviços.

Pela improcedência.

5.3 DAS VERBAS RESCISÓRIAS

A reclamante dita que foi dispensada sem justa causa e que a ré não lhe
forneceu a rescisão, pedindo a condenação da empresa ao pagamento de saldo salarial de
outubro e novembro, aviso prévio indenizado, 13º salário proporcional (4/12 avos), férias + 1/3
proporcionais (4/12 avos) e FGTS + 40%.

Este é o limite da lide, cabendo invocar os artigos 141 e 492 do CPC.

Ocorre que, uma vez que não há que se falar em vínculo empregatício e
nem em dispensa imotivada, com base no art. 92 do CC, improcede o pleito de recebimento de
verbas trabalhistas/rescisórias.

Ora, a prestação de trabalho se encerrou por vontade da autora, de forma


que, ainda que se entenda que houve relação de emprego, o que se admite por argumento, a
rescisão deve se dar por pedido de demissão do empregado.

Desta feita, restam impugnados os pleitos autorais, nada sendo devido à


autora.

Assim, indevido o percebimento de aviso prévio e multa fundiária, assim


como de décimo terceiro salário proporcional e férias proporcionais mais terço constitucional,
com base no art. 3º da Lei n. 4.090/62 e art. 147 da CLT in verbis:

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Art. 3º - Ocorrendo rescisão, sem justa causa, do contrato de trabalho,
o empregado receberá a gratificação devida nos termos dos
parágrafos 1º e 2º do art. 1º desta Lei, calculada sobre a remuneração
do mês da rescisão.

Art. 147 - O empregado que for despedido sem justa causa, ou cujo
contrato de trabalho se extinguir em prazo predeterminado, antes de
completar 12 (doze) meses de serviço, terá direito à remuneração
relativa ao período incompleto de férias, de conformidade com o
disposto no artigo anterior.

Quanto ao seguro-desemprego, destaca-se que a parte autora não fez


prova quanto aos requisitos constantes na Resolução CODEFAT nº 64/94, notadamente em seu
artigo 3º, que, dentre outros requisitos, preceitua que deverá haver por parte do trabalhador, a
comprovação de que está desempregado, que não está em gozo de outro benefício
previdenciário e de que não possui renda própria para a sua manutenção e da de sua família.

Ora, a parte obreira deve, de antemão, comprovar que faz jus ao aludido
benefício, demonstrando que reúne os pressupostos de concessão. E a oportunidade para fazê-
lo esgotou se com o ajuizamento da demanda.

Ressalte-se que, mesmo se a reclamante houvesse comprovado os


requisitos de gozo do benefício, ainda assim não há que se falar em indenização substitutiva, por
ausência de pedido (artigos 141 e 492 do CPC) e por absoluta falta de previsão legal. Este é o
melhor entendimento da Jurisprudência, conforme demonstram os seguintes arestos:

SEGURO-DESEMPREGO - ENTREGA DE GUIAS - CONVERSÃO EM


INDENIZAÇÃO - INADMISSIBILIDADE. Indenização. A entrega das guias do
seguro-desemprego corresponde a obrigação de fazer, insuscetível de
conversão em obrigação de dar; ou seja, que não pode ser transformada
em indenização pecuniária, à falta de autorização legal. Sendo assim, ao
sujeitar o reclamado a ônus não previsto em lei, o juízo efetivamente
inobserva o disposto no artigo 5º, inc. II da Constituição Federal. Revista

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parcialmente conhecida e provida para excluir da condenação a
indenização referente ao não fornecimento das guias de
seguro-desemprego."(Ac. un. da 5ª T. do TST - RR 127.535/94.8 – 3ª
R. - Rel. Min. Antonio M. Thaumaturgo Cortizo - j. 03.02.95 - DJU 24.03.95,
p. 7.019 - ementa oficial)

SEGURO - DESEMPREGO - INDENIZAÇÃO –


COMPENSATÓRIA - INADMISSIBILIDADE.
Seguro - Desemprego - Indenização. A indenização compensatória do
seguro - desemprego não pode ser mantida pois se fundamenta em
dispositivo legal regulador dos atos ilícitos no Código Civil. A legislação
que disciplina a matéria é específica, e quando o empregador infringir os
dispositivos da Lei nº 7.998/90, a sanção que lhe é imposta é a multa, da
competência do Ministério do Trabalho (art. 25), nos termos do Título VII
da CLT. Pode ainda sujeitar-se a procedimentos penal e civil (§ 2º do
mesmo art. 25)."(Ac. do TRT da 7ª R. - mv - REO e RO 03784/93 - Rel. Juiz
Manoel Arízio Eduardo de Castro - j. 02.05.94 - DJ CE 13.06.94, p.
16 - Ementa Oficial)

Quanto aos saldos salariais, reitera-se que a reclamante já recebeu todas


as verbas devidas pelos trabalhos prestados, inexistindo diferenças em seu favor.

Por fim, impugna-se os valores indicados pela parte obreira, sendo


evidente que se encontram indevidamente majorados e destoantes da realidade, devendo V.
Excelência considerar, para todos os fins, as remunerações indicadas nos documentos juntados
nessa oportunidade.

Por cautela, eventual condenação deve se limitar aos valores indicados


pela parte autora.
Por extrema cautela, eventual condenação deve se limitar às verbas e
valores indicados na petição inicial.

Pela improcedência.

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5.4 DO FGTS + 40%

Haja vista que inexistiu vínculo de emprego e, por lógica, rescisão de


contrato de trabalho, não procedem os pleitos de FGTS mais multa fundiária.

Ressalta-se que cabia à parte autora comprovar o que aduz, nos termos
dos artigos 818, I, da CLT e 373, I, do CPC.

Desse modo, o pleito improcede, tendo em vista que caberia à reclamante


comprovar eventual inadimplemento.

No mais, não há que se falar em FGTS + 40% sobre as parcelas postuladas,


pois conforme demonstrado nada é devido a reclamante, devendo ser rechaçado o pedido com
base no artigo 92, do Código Civil.

Ainda, há que se ressaltar que nem todas as verbas postuladas incidem


sobre o FGTS + 40% por ostentarem natureza indenizatória, o que deverá ser devidamente
observado.

Sendo assim, a reclamada pugna pela improcedência da pretensão.

5.5 DOS PAGAMENTOS “POR FORA”

A parte reclamante alega que “recebia R$ 220,00, “por fora”, mensais a


título de comissões e R$ 192,00”, de forma que a integração dos valores.

Ocorre que as alegações prefaciais não prosperam.

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De início, reitera-se que inexistiu relação de emprego, não havendo que se
falar em pagamento por fora ou em comissões. A reclamante já recebeu todas as verbas devidas
pelos trabalhos prestados, inexistindo diferenças em seu favor.

No mais, impugna-se o salário e os valores indicados pela reclamante,


posto que se tratam de números aleatórios e desacompanhados de provas.

Ainda, cumpre observar que comissões não se confunde com gorjetas,


posto que se tratam de verbas distintas, bastando uma simples leitura do art. 457 da CLT para
verificar isso.

Deve-se observar que nenhum empregado da reclamada recebe


comissões, havendo pagamento, por outro lado de gorjetas sob o título, em regra, de
bônus/bonificação, pagas mediante transferência bancária.

Uma vez que a reclamante não pede a integração de gorjetas, não deve
haver condenação nesse sentido (artigos 141 e 492 do CPC).

Urge salientar que é da parte reclamante o ônus da prova, nos termos dos
artigos 818, I, da CLT e 373, I, do CPC.

Verifica-se, pois, que no caso em tela a reclamante limita-se a apresentar


alegações superficiais, genéricas e desacompanhadas de provas, não tendo se desincumbido a
contento do ônus da prova, cumprindo reiterar a impugnação lançada em face dos comprovantes
bancários.

A natureza do pedido, qual seja, a integração, demandava de prova


documental por parte do reclamante, a fim de que esse MM. Juízo verificasse se de fato havia

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alegados pagamentos, contudo, a reclamante não carreou aos autos os seus documentos aptos
a comprovar o aduzido, de modo que, não há prova do narrado em inicial.

Em razão de não ter carreado em exordial os referidos documentos,


precluso o direito da parte autora em produzir prova em relação a este tema, conforme art. 787
da CLT, não havendo que se falar em produção por prova testemunhal, a teor do art. 443, II, do
CPC.

No mais, a reclamada ressalta, caso provado o recebimento de algum valor


não discriminado nos comprovantes de pagamento, o que se admite tão somente por argumento
e por extrema cautela, deverá ser observada a natureza jurídica da verba, posto que se tratando
de valores pagos a título de “ajuda de custo”, “prêmios”, tais não são considerados salário,
possuindo natureza indenizatória, e, portanto, não geram reflexos.

Com efeito, se ficar provado recebimento de prêmios pela parte autora,


não há que se falar em integração dos valores, se devidos, ao salário, haja vista que, em regra, os
prêmios são pagos apenas em decorrência do alcance de metas ou algum resultado específico
para determinado exercício, não se tratando de verba salarial, eis que as parcelas variáveis
dispõem de natureza indenizatória.

Portanto, eventual prêmio recebido pela parte autora não possui natureza
salarial e, portanto, não podem integrar a remuneração para todos os fins, conforme art. 457, §
2º, da CLT.
Ante o exposto, a contestante impugna in totum os argumentos e
demandas do autor.

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Resta, ainda, impugnado o valor mencionado na inicial, posto que
totalmente sem comprovação, não podendo ser considerado neste feito, sob pena de
enriquecimento sem causa.

Por cautela, pugna-se que sejam observados os valores robustamente


comprovados, limitados aos valores indicados na exordial.

Quanto aos reflexos, tem-se que se deve observar a modalidade da ruptura


contratual.

Pugna-se pela aplicação da OJ 397 da SDI-1 e da Súmula n. 354 do TST.

Pela improcedência.

5.6 DA JORNADA DE TRABALHO

A parte reclamante aduz que trabalhava das “14:00 horas às 23:00, com 2
horas de intervalo. Trabalhava nos dias de quarta-feira a segunda-feira, folgando nas terças-feiras
e uma vez ao mês em um domingo”. Alega que “Era comum que fosse designada para chegar
mais cedo para fazer comida para os demais funcionários, sendo ordenada a chegar por volta das
10h30 ou 11h, ou ainda sair além das 23h quando tinha eventos no estabelecimento”.

Assim, postula a condenação da reclamada ao pagamento de horas extras.

Sem razão.

Ora, conforme exaustivamente exposto na presente peça, a parte autora


jamais foi empregada da reclamada, de forma que não há que se falar em horas extras.

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Ainda, restou demonstrado que a parte reclamante atuava de forma
autônoma, tendo plena autonomia, inclusive, quanto ao horário em que realizaria os serviços
contratados pela contestante, observando-se, por óbvio, o horário de funcionamento da
reclamada.

Outrossim, a parte autora jamais teve controle de jornada, podendo iniciar


e encerrar a prestação de serviços no horário que entendesse pertinente.

Assim sendo, o pleito autoral não deve prosperar.

No mais, sequer é crível de se admitir que a obreira chegava por volta das
10h30 ou 11h, uma vez que o restaurante abre às 11h30.

Além disso, as atividades da obreira não exigiam que chegasse mais cedo
ou que participasse de eventuais eventos na reclamada, restando impugnadas as alegações nesse
sentido.

Nesse sentido, destaca-se que a reclamante sequer indica quantas vezes


teve que chegar ou sair no horário indicado, demonstrando a aventura jurídica do pleito,
devendo o mesmo ser julgado improcedente.

Nesse diapasão, reitera-se que entre 14/08 e 12/09 a obreira trabalhou


oito dias. Dentre 13/09 a 29/09 houve trabalho em apenas seis dias. No interregno de 30/09 a
11/10 houve trabalho em oito dias e no último período de 12/10 a 04/11/2023 contabiliza-se
cerca seis diárias. Ou seja, durante os três meses de relação, a reclamante somente prestou
serviços em cerca de 28 dias.

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A diária era feita em poucas horas do dia, normalmente no período da
tarde, não ultrapassando, de forma alguma, oito horas por dia.

Ressalta-se, ainda, que a jornada das 14h às 23h com 2 horas de intervalo
intrajornada não ultrapassa o limite diário ou semanal, não havendo que se falar em pagamento
de horas extras.

Logo, sob qualquer ângulo, o pleito não merece prosperar.

Desta feita, a reclamada impugna as alegações autorais, frisando que cabe


à parte autora comprovar o que aduz, nos termos dos artigos 818, I, da CLT e 373, I, do CPC.

No mais, cumpre apontar que a reclamada já pagou corretamente a


contraprestação aos serviços contratados, nada lhe sendo devido.

Não obstante, cumpre reiterar que a autora prestava serviços conforme a


necessidade de demanda, de forma que comparecia na reclamada apenas em alguns dias da
semana.

Ainda, convém ressaltar que os minutos que antecedem ou sucedem a


jornada de trabalho não poderão ser contados como horas extras, consoante o artigo 58 da CLT
e primeira parte da Súmula 366 do C. TST.

Por fim, a reclamada invoca a OJ n. 233 do SDI-1 do C. TST.

Destarte, requer a improcedência do requerimento de horas extras e seus


reflexos.

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5.6.3 DAS DISPOSIÇÕES CAUTELARES

Acaso sobrevenha condenação, o que não se espera, requer-se a


observância dos seguintes parâmetros:

No tocante à composição salarial, requer seja observada a real


remuneração obreira. Para o cálculo das horas extras só poderão integrar ao salário as verbas de
natureza salarial, in casu, salário base, invocando os artigos 114 do CC e 5º, II, da CF.

Conclui-se, ainda, que não podem ser consideradas para o cálculo ou


mesmo incidências as verbas de caráter extralegal e as de natureza indenizatória.

Ainda, requer a reclamada a observação da OJ 397 da SDI - 1 do TST, na


hipótese da remuneração obreira ser composta por salário fixo mais comissões.

Além disso, a reclamada invoca a aplicação da Súmula n. 354 do C. TST


quanto às eventuais gorjetas.

Outrossim, necessária a observação dos períodos efetivamente


trabalhados, excluindo-se afastamentos, licenças e férias, assim como deve haver a exclusão dos
intervalos usufruídos, com aplicação analógica da Orientação Jurisprudencial 178 da SDI-1 do C.
TST.

Pugna-se, ainda, pela aplicação do divisor de horas de 220.

Por cautela, deverá ser observado o limite semanal de 44 horas, sob pena
de cumulação e afronta à Constituição Federal, artigo 7º, XVIII.

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Requer-se que o adicional legal de 50% seja observado, nos termos do
artigo 7º, XVI da Constituição Federal, impugnando-se o adicional de 100%.

Ademais, ad cautelam, requer a reclamada a observação do que dispõem


o artigo 58 da CLT e Súmulas 85 e 366 do TST.

Em relação aos reflexos postulados, invoca a reclamada o disposto no


artigo 92 do Código Civil.

Considerando as questões expostas, requer a reclamada que os reflexos


das horas extras sejam deferidos apenas sobre as verbas salariais, devendo-se observar o tipo de
rescisão contratual, impugnando-se o pleito de reflexos em demais verbas.

Outrossim, de se assinalar que não pode haver consideração de verbas


para integração e também para incidência de reflexos, porque além de tais institutos serem
incompatíveis, tal procedimento permitiria a configuração de enriquecimento sem causa, através
da figura do bis in idem.

A reclamada ressalta que não há que se falar em reflexos das horas extras
nos DSR ’s e após, em incidência nas demais verbas, posto que não há amparo legal para tanto.
A repercussão dos descansos semanais remunerados (já majorados pelo reflexo das horas extras)
no cálculo de demais verbas de natureza salarial representa bis in idem.

Além disso, o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região consolidou o seu


entendimento sobre a matéria através da edição da súmula 40, a qual deve ser aplicada por
analogia:

SÚMULA Nº 40

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Descansos semanais remunerados integrados por horas extras.
Reflexos.
A majoração do valor do descanso semanal remunerado, em razão da
integração das horas extras habitualmente prestadas, não repercute no
cálculo das férias, da gratificação natalina, do aviso prévio e do FGTS.

Ademais, a Reclamada esclarece que o recente julgado do C. TST referente


ao Tema Repetitivo n. 9 e à OJ n. 394 da SDI-1 do TST não tem aplicação neste feito, uma vez que
a Corte Superior dispôs que o novo critério se aplica somente às horas extras efetivamente
trabalhadas a partir da data do julgamento.

Desde já, pugna pela improcedência dos pedidos efetuados em


duplicidade, a fim de que não ocorra o enriquecimento sem causa da reclamante.

As expressões genéricas não devem ser recepcionadas, pois além de obstar


o direito da reclamada de ofertar defesa de modo adequado, tem potencial de propiciar aumento
de eventual crédito em fase de liquidação, dependendo da interpretação conferida tardiamente,
a qual não foi explicitada na fase de conhecimento.

Resta invocada a aplicação do inciso II do artigo 5º da CF/88.

Por fim, requer a compensação das horas extras adimplidas o autor, nos
termos da OJ 415 da SDI-I.

5.7 DA JUSTIÇA GRATUITA

Não deve ser procedente o pedido de justiça gratuita, pois a parte autora
não preencheu os requisitos do artigo 790, §§3º e 4º da CLT, conforme as disposições contidas

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na Lei 13.467/2017 que alterou o parágrafo 3º e inseriu o parágrafo 4º, ambos do artigo 790 da
CLT, razão pela qual a parte autora deverá comprovar o recebimento de salário igual ou inferior
a 40% do limite máximo dos benefícios pagos pelo INSS, sob pena de improcedência do pleito.

Ora, no presente caso não basta a simples declaração da parte reclamante


ou do seu advogado no sentido de que a parte autora não pode arcar com as despesas
processuais. É necessária a declaração do seu patrimônio e/ou vencimentos para demonstrar que
a mesma não possui condições financeiras de demandar perante a Justiça do Trabalho.

Ocorre que a parte reclamante não juntou aos autos declaração de imposto
de renda, nem tampouco comprovantes de despesas mensais (água, luz, cartão de crédito) aptos
a comprovar que em razão das despesas que alega possuir não possui condições efetivas de
suportar as despesas e custas do processo.

Inclusive, impugna-se a conta de id. df5b496, pois se trata de documento


de fácil manipulação e fora produzido unilateralmente pelo autor.

Nessa senda, cumpre destacar que a parte reclamante não demonstrou


que se trata de pessoa pobre na acepção jurídica do termo, ônus que lhe incumbia.

Outro fator a ser considerado, a despeito da ausência de assistência


sindical, é que a parte reclamante tem como patrono advogado particular, cuja banca
advocatícia, de regra, deve cobrar valores incompatíveis com quem se diz pobre na forma da lei.

Assim, não é crível que a parte reclamante não tenha condições de


demandar sem prejuízo do seu sustento e de sua família.

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Desta forma, o pedido obreiro de concessão dos benefícios da justiça
gratuita deve ser julgado improcedente.

Por amor ao argumento, caso o Juízo entenda de modo diverso, deve ser
esclarecido que os benefícios da justiça gratuita são temporários e poderão ser revogados a
qualquer momento, se houver alteração das razões de fato que autorizaram sua concessão,
arcando a parte autora integralmente com as custas, despesas, honorários e danos que deu causa
no decorrer do processo.

5.8 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

No caso em tela, na remota e improvável hipótese de ser admitido o


pagamento de honorários advocatícios, requer-se que prevaleça o princípio da isonomia,
conforme o artigo 5º da Constituição Federal.

Assim, deverá a parte reclamante ser condenada ao pagamento dos


honorários advocatícios quanto aos pedidos julgados improcedentes, conforme o disposto no
artigo 85, do Código de Processo Civil e também no artigo 791-A da CLT, ainda que a reclamante
seja beneficiária da justiça gratuita.

Nessa toada, ressalta-se que não há que se falar em suspensão de


exigibilidade ou revogação dos benefícios da gratuidade para concessão dos honorários, uma vez
que a concessão da justiça gratuita não impede a execução dos valores, nos termos do artigo 98,
§ 2º, do CPC.

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais
e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na
forma da lei.

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§ 2º A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do
beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários
advocatícios decorrentes de sua sucumbência.

Com efeito, ainda que confirmado o deferimento os benefícios da justiça


gratuita, o que não se espera, ainda assim serão devidos honorários sucumbenciais aos
advogados das reclamadas.

Por fim, requer a contestante a fixação de honorários advocatícios na


forma do artigo 791-A da CLT, bem como pugna fixação da verba considerando os valores líquidos
apurados e não o bruto.

5.9 DOS ENCARGOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS

Caso haja condenação em alguma das verbas pleiteadas pela parte


reclamante, deverá ser concedido o direito de descontar e recolher as contribuições
previdenciárias sobre as verbas deferidas.

Com efeito, nos termos dos artigos 43 e 44, da Lei n. 8.212/91, é devida a
contribuição à Seguridade Social, em caso de extinção de processo trabalhista de qualquer
natureza, de que resultar pagamento da remuneração ao segurado, que deverá ser efetuado
incontinenti, ou seja, ao final da execução.

Assim, verifica-se que o fato gerador da incidência da contribuição


previdenciária resulta das próprias ações trabalhistas. Deste modo, da combinação dos artigos
30 e 43 da Lei 8.212/91, apreende-se que a reclamante continua responsável pelo pagamento da
parcela previdenciária que a ele corresponde, não havendo que se falar em pagamento exclusivo
pela Reclamada.

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Ademais, dispondo sobre os recolhimentos previdenciários, a Lei 8.212/91,
com a nova redação dada pela Lei 8.620/93, estabelece que:

Nas ações trabalhistas de que resultar o pagamento de direitos


sujeitos à incidência de contribuição previdenciária, o juiz, sob pena de
responsabilidade, determinará o imediato recolhimento das
importâncias devidas à seguridade social.

A respeito da questão vale transcrever fundamentação de voto do I. Juiz


Manoel Mendes Freitas:

O entendimento desta Corte é no sentido de que tanto os descontos


relativos à contribuição previdenciária quanto o pertinente ao imposto
de renda, além de encontrarem respaldo no Provimento 3/94 da
Corregedoria Geral do Trabalho, têm previsão expressa na Lei
8.212/91 e na Lei 7.713/88, respectivamente. Qualquer remuneração
paga ao empregado deve sujeitar-se ao desconto das contribuições
previdenciárias previstas em lei, já que se trata de lei de ordem
pública. O comando da lei é dirigida ao empregador, razão não há para
que não seja autorizado só porque a parcela paga ao empregado
decorre de decisão judicial. (TST RR 89/699/93.0, Ac. 3ª T 2576/94,
26/05/94, Rel. Manoel Mendes Freitas, LTR 59.10/1425).

Ressalta-se que o recolhimento a ser efetuado deve observar a legislação


pertinente, ficando cada parte responsável pela cota que, legalmente, lhe cabe. Neste sentido é
o entendimento jurisprudencial dominante dos nossos Tribunais:

"Nos termos do art. 43, parágrafo único, a Lei 8.620/93 e o provimento


TST 2/93, é autorizada a dedução da parcela da contribuição
previdenciária a cargo do empregado, condicionando-se sua retenção
a comprovação nos autos de seu respectivo recolhimento." (TRT/SP
0293048495, Ac. 10ª T. 02950303042, Rel. Plínio Bolivar de Almeida,
DOE 08.08.95, p. 37).

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"Se a contribuição previdenciária é devida quando o empregado
percebe a remuneração direta do empregador, motivo não há para
que não sejam efetuados os descontos respectivos só porque a parcela
paga ao empregado decorre de decisão judicial. Ao contrário, mais
fortes razões há para que ocorram os descontos quando o pagamento
da parcela salarial ocorre em Juízo, área em que o descumprimento da
Lei é especialmente intolerável." (TST – 3ª T. - Ac. n. 2801/94 - Rel. Min.
Mendes de Freitas - DJ 05.08.94, pág. 19491).

"Previdência Social. Contribuição. Sentença omissa. Os valores


relativos à contribuição previdenciária deverão ser deduzidos do
crédito do autor, relativos a sua parte, com recolhimento comprovado
nos autos sobe pena de execução. Arts. 516 do CPC, e 43 e 44 da Lei
8.541 e Lei 8.620/93”. (TRT/SP - Ac. 59.159/95 - Rel. Rosa Maria
Zuccaro - Revista Trimestral de Jurisprudência do TRT de São
Paulo - 04/96 Março p. 182).

No tocante ao imposto de renda, assinala-se que a Lei n. 8.218/91, no


artigo 27, determina que a empresa proceda à retenção do IRF sobre as verbas tributadas, ao
fazer o depósito em pagamento, em favor da reclamante.

Neste aspecto, verifica-se que a o artigo 46 da Lei nº 8541/92 prescreve


que "o imposto sobre os rendimentos pagos em cumprimento de decisão judicial será retido na
fonte pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento, no momento em que, por qualquer
forma, o rendimento se torne disponível para o beneficiário.”

Este é o entendimento esposado através da jurisprudência dos Tribunais


Trabalhistas:

"Previdência Social. Contribuição. Cálculo e incidência. Imposto de


renda. Recolhimento. Do crédito da reclamante devem ser desconta-
dos os valores relativos a INSS e IR, cujo recolhimento deve ser feito
pelo reclamado e comprovado nos autos. Arts. 43 e 44 da Lei 8.212/91
e art. 27 da Lei 8.218/91.” (TRT/SP - Ac. 58.068/95 - Rel. Renato

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Mehanna Khamis - Revista Trimestral de Jurisprudência do TRT de São
Paulo - 04/96 Março p. 179).

"Na forma do art. 46 da Lei 8.541/92 são deduzíveis das parcelas


salariais, objeto da condenação, as contribuições para o imposto de
renda". (TST, RR 96.581/93.1, Roberto Della Manna, Ac. 3ª T 4.042/95).

Por sua vez, o Provimento 01/96 da Corregedoria Geral da Justiça do


Trabalho veio esclarecer em seu art. 11, que:

"Cabe, unicamente, ao empregador calcular, deduzir e recolher ao


Tesouro Nacional o Imposto de Renda relativos às importâncias
pagas aos Reclamantes por força de liquidação de sentenças
trabalhistas."

Assevere-se que a retenção do imposto de renda pelo empregador, no


caso de decisão judicial, é determinada pela lei, sendo, assim, de ordem pública, imperativa e
impostergável. Neste sentido a jurisprudência de nossos Tribunais:

"Deduções previdenciárias e fiscais. As Leis 8.212/91 e 7.713/88


determinam o recolhimento das importâncias devidas à Previdência
Social e ao Imposto de Renda, cabendo ao Juiz do Trabalho incluir, no
título executivo judicial, a obrigatoriedade de tais deduções.
Provimentos 1 e 1/93 da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho".
(TST, RR 105.693/94, Hylo Gurgel, Ac. 2ª T. 3.857/95).

Deste modo, as regras de descontos supramencionadas deverão, também,


ser aplicadas nos eventuais créditos obtidos em reclamações trabalhistas, tendo a reclamante a
obrigação de arcar com o pagamento das parcelas previdenciárias e fazendárias, que serão
apenas repassados pela Reclamada aos órgãos competentes.

5.10 DA CORREÇÃO MONETÁRIA

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As reclamadas demonstraram a improcedência de todos os pedidos
formulados pela reclamante.

Todavia, na remota hipótese dessa D. Vara entender por bem condenar as


empresas ao pagamento de alguma verba, os valores a serem apurados em regular liquidação de
sentença, deverão ser corrigidos de acordo com a legislação aplicável.

Salienta-se que os índices de correção monetária deverão ser aplicados de


acordo com o que preceitua o artigo 459, da Consolidação das Leis do Trabalho, com a nova
redação dada pela Lei 7.855/89, bem como o Decreto-Lei n. 75/66, que claramente dispõem que
o índice a ser aplicado para atualização é o do mês do vencimento da obrigação.

Veja-se, nesse sentido, o entendimento esposado por nossos Tribunais


Trabalhistas, que bem retratam o entendimento predominante acerca da matéria em questão,
in verbis:

(...) o crédito trabalhista só pode ser corrigido a partir do momento em


que se tornou exigível, e então pelos índices do mês seguinte ao
trabalho." (TRT nº 0292001996.6 – 2ª Região - Relatora Juíza Laura
Rossi).

Correção monetária - A incidência da correção monetária deve ater-se


à época própria em que a verba se torna exigível, ou seja, a partir do
quinto dia útil do mês subseqüente do vencido (art. 459, parágrafo
único, da CLT)." (Acórdão 614/92 – 1ª T. - Relator Juiz Pretextato
Pennafort Taborda Ribas Netto).

(...) Para cálculo da correção monetária, época própria, no que se


refere a salários, é o décimo dia do mês subseqüente ao vencido,
quando o pagamento for mensal. Decreto-lei 75/66, art. 2º, inciso I."
(TRT - Ap. 541/89 – 1ª Turma - Relator Juiz João da Silva de Figueiredo).

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No mesmo sentido, é o entendimento sufragado pela Seção de Dissídios
Individuais, do C. Tribunal Superior do Trabalho, que recentemente editou a Orientação
Jurisprudencial n. 124, cujo teor é o seguinte, in verbis:

124. CORREÇÃO MONETÁRIA. SALÁRIO. ART. 459, CLT. O pagamento


dos salários até o 5º dia útil do mês subseqüente ao vencido não está
sujeito à correção monetária. Se essa data limite for ultrapassada,
incidirá o índice da correção monetária do mês subseqüente ao da
prestação dos serviços.

Ademais, no que concerne à correção monetária, impende frisar que o C.


Superior Tribunal Federal, no julgamento ADC 58 em conjunto com a ADC 59 e ADI’s 5867 6021,
definiu que a correção monetária a ser observada à partir de então é o IPCA-E na fase pré-
judicial, aplicando-se, porém, a SELIC a partir da do ajuizamento da ação, sem incidência de
juros mensais desde o ajuizamento da ação.

Cumpre ressaltar que, consoante jurisprudência do C. STF, as decisões


proferidas em ações de controle de constitucionalidade possuem efeito vinculante e devem ser
observadas, inclusive, por todos os órgãos do Poder Judiciário.

Diante disto, por extrema cautela, requer seja determina a aplicação do


IPCA-E na fase pré judicial e a aplicação única da SELIC desde a data do ajuizamento da ação,
salientando que a SELIC já possui juros embutidos em sua construção, restando impugnado
eventual pleito autoral em sentido diverso.

5.11 DOCUMENTOS

De início, reiteram-se as impugnações lançadas na presente peça quanto


aos documentos carreados pela reclamante, impugnando, ainda, os documentos juntados pela

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reclamante que estejam em desacordo com o artigo 830, da Consolidação das Leis do Trabalho,
bem como aqueles que não se prestem para comprovar o alegado, seja pela generalidade dos
termos, seja pela insuficiência dos elementos formais e materiais, ou que tenham sido
produzidos unilateralmente pela parte autora.

No mais, ressalta-se que cabe à parte reclamante anexar aos autos os


documentos que instruem suas peças e fazem prova de suas alegações, e não passar à parte
contrária esta obrigação, nos termos dos artigos 320 e 434, ambos do CPC.

Com efeito, cabe a parte autora provar os fatos constitutivos de seu direito,
nos moldes do artigo 818, I, da CLT e artigo 373, I do CPC, o que não se confirmou na presente
ação através das provas produzidas nos autos.

No mais, tem-se a informar que se junta com a defesa toda a


documentação necessária ao deslinde do feito e de acordo com a pretensão obreira trazida na
inicial, lembrando-se ainda que eventual ausência de prova documental pode ser completada
por prova testemunhal, não havendo espaço para a aplicação do artigo 400 do CPC.

Ressalta-se que as reclamadas não estão obrigadas a proceder com a


juntada de qualquer documentação solicitada pela parte autora, uma vez que a direção do
processo compete ao juízo e não as partes, conforme preceitua o art. 396 do CPC.

No mais, impugna-se os documentos que instruíram o libelo cujo teor não


tem o condão de demonstrar as alegações tecidas na exordial.

Por fim, com fulcro no artigo 830 da CLT, declara-se, por seu advogado que
esta subscreve, que os documentos colacionados à defesa são autênticos.

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5.12 DA COMPENSAÇÃO / DEDUÇÃO

Requer-se, em caso de eventual condenação, o que se admite tão somente


a título argumentativo, sejam compensados / deduzidos todos os valores pagos aa reclamante, a
teor dos Enunciados nº 18 e 48 do C.TST e nos termos do artigo 767 da Consolidação das Leis do
Trabalho, sob pena de enriquecimento sem causa.

5.13 DA IMPUGNAÇÃO DOS VALORES LÍQUIDOS

Restam inteiramente impugnados todos os valores líquidos apresentados


pela reclamante, bem como os cálculos apresentados, vez que na remota hipótese de
procedência desta demanda, os valores deverão ser apurados em regular execução de sentença
e em proporcionalidade a remuneração paga ao Autor.

Ainda, destaca-se que em caso de procedência de algum pedido, eventual


condenação deverá ser limitada aos valores apresentados pelo obreiro na petição inicial, nos
termos dos artigos 141, 322 § 2º e 492 do CPC.

Nessa toada, salienta-se que a tutela jurisdicional deve observar os limites


da lide e os pedidos da exordial, nos termos dos artigos 141 e 492 do CPC.

5.14 DAS PROVAS

As contestantes protestam provar o alegado, por todos os meios de prova


em Direito admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal da reclamante, oitiva de
testemunhas, sem prejuízo de outras provas eventualmente cabíveis, inclusive juntada de novos
documentos, apresentação de quesitos, dentre outras.

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Requer seja resguardado o direito de produzir contraprova àquelas
eventualmente produzidas pela reclamante, prezando pelo devido processo legal e pelo exercício
do direito do contraditório e ampla defesa (artigo 5º, LV e LIV, da Constituição Federal).

6. DA CONCLUSÃO

Por todo o exposto e mais o que dos autos constam, requer seja
reconhecido o pedido preliminar apresentado pela reclamada e que seja a reclamatória julgada
IMPROCEDENTE, com a condenação da parte reclamante ao pagamento de custas, despesas
processuais e honorários sucumbenciais.

Por fim, nos termos da Súmula 427 do C. TST, requer-se que todas as
publicações e notificações relativas ao presente processo sejam efetivadas exclusivamente em
nome de SAMIR CAPELLI NAMMUR, OAB/SP nº 194.771, com escritório profissional em São
Paulo/SP, na Rua José Maria Lisboa, nº 41, 3º andar, Jd. Paulista, CEP 01423-001, sob pena de
nulidade.

Nestes termos,
Pede deferimento.

São Paulo, 26 de janeiro de 2024.

SAMIR CAPELLI NAMMUR


OAB/SP 194.771

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