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AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE CARAÚBAS

PODER JUDICIÁRIO DO RIO GRANDE DO NORTE

FRANCISCO ALCIVAN VIANA, já devidamente qualificado nos autos do


processo ut supra, que lhe move o Ministério Público Estadual, vem, respeitosa e tem-
pestivamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado que esta subs-
creve, para, no exercício do direito conferido pelo § 7º do art. 17 da Lei nº 8.429/92, de 02
de junho de 1992, com a redação conferida pela Lei nº 14.230, de 25 de outubro de 2021,
c/c os artigos 335 e seguintes do Código de Processo Civil — CPC, apresentar

MANIFESTAÇÃO PRÉVIA

o que faz nos seguintes termos:

Av. João da Escócia, 190, 1º Andar,


Rua Dr. Manoel Antônio, 73,
Sala 05, Ed. Gilmar Fds e Advogados E-mail:
Centro, C. e.P. 59.780-000, Ca- +55 84 9 2001 – 9699
Associados, Nova Betânia, C.e.P.: joaopaulocosta.adv@gmail.com
raúbas/RN.
59.607-330, Mossoró/RN
I – DA SÍNTESE PROCESSUAL

Trata-se de Ação por Improbidade Administrativa, promovida pelo Ministé-


rio Público Estadual, em desfavor de FRANCISCO ALCIVAN VIANA, dentre outros, obje-
tivando a condenação dos Demandados nas sanções previstas no art. 12, inciso II, e sub-
sidiariamente, no inciso III, tudo da Lei nº 8.429/92, no que couber a cada um deles.

O Parquet estadual requer, ainda, a condenação dos Demandados ao pa-


gamento de todas as custas judiciais e sucumbenciais.

Para tanto, o Autor alega que, no ano de 2012, os Demandados, suposta-


mente em conluio, comum acordo e divisão de tarefas com o contratado, teriam suposta-
mente simulado o Processo Administrativo nº 111/2012, que deu ensejo à Carta Convite
nº 006/2012, cujo objeto era a contratação de serviços de conserto e manutenção de
1.400 (um mil e quatrocentas) carteiras escolares da rede pública municipal, visando be-
neficiar o contratado OZIRES ALVES DA COSTA – o que não condiz com a realidade fática,
adiante-se, TANTO O É QUE A PRÓPRIA INICIAL RELATA QUE A DEFINIÇÃO DO CON-
TRATADO SE DEU PELO CRITÉRIO DE DESEMPATE DE SORTEIO, DEVIDAMENTE PRE-
VISTO NO § 2º DO ART.45 DA LEI Nº 8.666/93, BEM ASSIM NO SUBITEM 11.5 DO INS-
TRUMENTO CONVOCATÓRIO (Id. nº 65031094 - Pág. 8).

Como situações que supostamente indicam a inexistente simulação, o Mi-


nistério Público aponta, equivocadamente: não houve comprovação de pesquisa de pre-
ços; há indícios de conluio fraudulento, tendo em vista a unicidade de datas constantes
nos documentos que instruem o processo; identidade de propostas dos licitantes e defi-
nição do vencedor por meio de sorteio; e presença nos autos de lista de assinaturas pen-
dentes.

Especificamente ao Peticionante FRANCISCO ALCIVAN VIANA, aduz que,


na qualidade de Prefeito e Ordenador de Despesas, teria hipoteticamente concorrido para
os atos de improbidade administrativa, ao supostamente permitir a consecução de fraude
licitatória, omitindo-se no seu dever de fiscalizar a Comissão Permanente de Licitação
(CPL), bem assim por ter sido negligente na sua nomeação, tendo homologado os resul-
tados das dispensas, ratificando-as, e autorizou os pagamentos.

Assim, ao individualizar a conduta do sobredito Peticionante, o Autor en-


tendeu que o mesmo violou ao art. 10, caput, incisos I, VI, VIII e XI, da Lei nº 8.429/92, e
subsidiariamente no art. 11, incisos I e II do mesmo Diploma Legal – o que também não
condiz com a realidade fática, data venia.

Destarte, tendo sido o Peticionante citado para apresentar manifestação


por escrito (Contestação, nos termos do art. 17, § 7º, da Lei nº 8.429/92, com a nova re-
dação dada pela Lei nº 14.230/2021) é o que passa a fazer, a partir deste momento, espe-
rando que Vossa Excelência REJEITE A INICIAL em relação ao mesmo, nos termos do § 6º
B do art. 17, por serem manifestamente inexistentes os atos de improbidade a ele impu-
tados, ou, não sendo este o entendimento, que proceda ao JULGAMENTO CONFORME O
ESTADO DO PROCESSO, observada a inexistência manifesta do ato de improbidade, nos
termos do inciso I do § 10-B do art. 17, ou, ainda não sendo este o entendimento, que seja
ele intimado a especificar as provas que pretende produzir, conforme disciplina o § 10-E
do art. 17, tudo do mesmo Diploma Legal, para que ao final seja JULGADA IMPROCE-
DENTE a demanda, em todos os seus termos.

II – DA TEMPESTIVIDADE:

In casu, é flagrante a tempestividade da presente DA MANIFESTAÇÃO


PRÉVIA, eis que, consoante se verifica nos autos, o Mandado de Citação do Peticionante
foi juntado aos autos onde que FRANCISCO ALCIVAN VIANA foi notificado. Nada obs-
tante isso, em clara demonstração de boa-fé, o Peticionante faz juntar a sua peça de de-
fesa.

III – DA MATÉRIA PRELIMINAR: PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO SANCI-


ONADORA ESTATAL:

Initio litis, vem o Peticionante arguir preliminar de prescrição da pretensão


sancionadora estatal, notadamente porque a recente Lei nº 14.230/2021, que foi publi-
cada com VIGÊNCIA IMEDIATA, alterou substancialmente as disposições da Lei
8.429/1992, trazendo mudanças no prazo prescricional da Ação de Improbidade Adminis-
trativa.

Com efeito, o art. 23 da Lei 8.429/1992, com redação dada pela novel Lei
nº 14.230/2021, estabelece um novo prazo prescricional de 08 (OITO) ANOS, CONTADOS
A PARTIR A OCORRÊNCIA DO FATO ou, no caso de infrações permanentes, do dia em
que cessar a permanência. Vejamos:

Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta


Lei prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da ocor-
rência do fato ou, no caso de infrações permanentes, do
dia em que cessou a permanência. Destaques acrescidos

Importa asseverar que a prescrição se revela matéria de direito material,


especificamente, de direito administrativo sancionador e, sendo assim, o conjunto das
normas mais benignas do art. 23 da LIA, com a nova redação da Lei nº 14.230/2021, tem
sua aplicabilidade impulsionada pelo princípio constitucional que impõe a retroação da
lei mais benéfica, o que deve ser aplicado in casu.

Assim, considerando-se que os fatos ocorreram em 2012 e a demanda foi


ajuizada em 2021, VERIFICA-SE O TRANSCURSO DE MAIS DE 08 (OITO) ANOS entre a
ocorrência dos fatos e o ajuizamento da ação, EM FLAGRANTE PRESCRIÇÃO DA PRE-
TENSÃO SANCIONADORA DO ESTADO, razão pela qual deve ela ser reconhecida e de-
clarada por este eg. Tribunal, o que desde já se requer.

IV - MERITORIAMENTE: INEXISTÊNCIA DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA


POR PARTE DOS DEMANDADOS, SOBREMANEIRA DO PETICIONANTE. AUSÊNCIA DE
DOLO, MÁ-FÉ, CULPA E DE CONLUIO. LICITUDE PROCESSUAL:

Ultrapassada a intransponível preliminar supra – o que se admite apenas


por elevado amor ao debate –, na presente quadra é dizer que, na verdade, lendo e relendo
a peça vestibular, NÃO se vislumbra qualquer indício de prática de ato de improbidade
administrativa pelos Demandados, notadamente pelo Peticionante, isto porque a preten-
são exordial, como um todo, está completamente embasada em ilações sem qualquer
lastro probatório, o que deságua na total improcedência da ação, caso não seja rejeitada
a Inicial.

É que, como se vê na Inicial, o Autor constrói sua insustentável versão de


que os Demandados agiram em conluio, comum acordo e divisão de tarefas dentro das
esferas de suas atribuições para fraudarem o Convite em análise, com vistas a beneficiar
o contratado, sem para tanto mostrar qualquer evidência sólida nesse sentido, pois INE-
XISTE nos autos processuais qualquer interceptação telefônica, escuta ambiental, docu-
mentação ou qualquer outro meio de prova que porventura tenha registrado os mesmos
previamente combinando entre si qualquer ilicitude ou montagem do processo.

A propósito, cumpre registrar que a Mídia Digital dita juntada aos autos (Id.
65031083 - Pág. 13 e 14; Id. nº 65031085 - Pág. 7) NÃO se encontra disponibilizada no
caderno processual, o que dificulta o exercício do direito de defesa, notadamente porque
o presente processo é eletrônico, razão pela qual todas as provas produzidas deveriam
constar no mesmo, ainda que protegida com senha de acesso, sob a pena de desnaturar
a razão de ser meio processual utilizado. O mesmo ocorre com a mídia da audiência ha-
vida com o Ministério Público no dia 29 de novembro de 2015 (Id. nº 65031704 - Pág. 16).

E mais: se o critério legal de desempate utilizado foi o SORTEIO – devida-


mente previsto no § 2º do art.45 da Lei nº 8.666/93, bem assim no subitem 11.5 do instru-
mento convocatório (Id. nº 65031094 - Pág. 8) –, NÃO há que se falar em conluio, comum
acordo e divisão de tarefas para beneficiar o contratado, notadamente porque escolhido
aleatoriamente entre os que empataram nas propostas. Nada mais absurda a tese autoral!

Além disso, se o sorteio é um critério legal de desempate previsto na Lei de


Licitações e na Carta Convite, in casu, resta infundada a alegação de que a definição do
vencedor por este critério indica uma suposta simulação do procedimento em análise,
razão pela qual NÃO deve prosperar este argumento autoral. Ora, se houvesse conluio e
o objetivo fosse fraudar, por óbvio que os Demandados teriam ajustado ofertas distintas,
de modo a beneficiar o vencedor. A verdade é que o sorteio demonstra, à saciedade, a
ausência de ilicitudes.
Dito isso, cumpre dizer que, relativamente à atuação do Peticionante
FRANCISCO ALCIVAN VIANA, não obstante os relatos do Autor em sua Inicial, resta evi-
denciada nos autos a COMPLETA AUSÊNCIA DE DOLO, MÁ-FÉ E CULPA (esta última,
ainda se considerarmos o texto da Lei nº 8.429/1992, sem a redação dada pela novel Lei
nº 14.230/2021) por parte do sobredito Peticionante, notadamente porque, na qualidade
de Gestor Público, sempre se houve com prudência ao nomear seus subordinados – ine-
xistindo nos autos qualquer prova em contrário disso –, não lhe cabendo, por isso, duvidar
da capacidade técnica e da honestidade daqueles que compunham a sua equipe de go-
verno à época, o que o fazia editar seus atos administrativos sempre movido pela boa-fé,
moralidade administrativa, legalidade e sobretudo honestidade, sobremaneira os atinen-
tes a processos licitatórios.

ORA, OS AUTOS MOSTRAM QUE O PETICIONANTE, NA QUALIDADE DE GESTOR PÚ-


BLICO E DE ORDENADOR DE DESPESAS, HOMOLOGOU AS DISPENSAS TRATADAS NO
CASO VERTENTE, RESULTANDO NAS RESPECTIVAS LIBERAÇÕES/EFETIVAÇÕES DE
PAGAMENTO, NA MAIS PURA BOA-FÉ E PROBIDADE, UMA VEZ QUE TINHA POR CERTA
A NECESSIDADE E A COMPLETA LICITUDE DO PROCEDIMENTO, O FAZENDO AINDA
DEVIDAMENTE AMPARADO POR PARECERES DE SUA ASSESSORIA JURÍDICA, BEM AS-
SIM PELOS POSICIONAMENTOS DA CONTROLADORIA GERAL DO MUNICÍPIO, CON-
FORME RELATA A PRÓPRIA PETIÇÃO INICIAL.

Excelência, in casu, se os autos mostram que FRANCISCO ALCIVAN VI-


ANA agiu sempre com respaldo em documentos técnicos de seus assessores, NÃO há
que se falar em dolo, má-fé e culpa em sua conduta, tampouco que ele tenha se omitido
no exercício de seu poder-dever fiscalizatório, como quer fazer crer o Ministério Público,
porque fiscalizou através de seu corpo técnico (Assessoria Jurídica e Órgãos de Controle
Interno), inexistindo ato ímprobo de sua parte.

A PROPÓSITO, CUMPRE EVIDENCIAR QUE, DE ACORDO COM A NOVEL LEI Nº


14.230/21, A AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA DEVERÁ COMPROVAR A VON-
TADE LIVRE E CONSCIENTE DO AGENTE PÚBLICO DE ALCANÇAR O RESULTADO ILÍ-
CITO, NÃO SENDO O CASO DOS AUTOS EM RELAÇÃO AOS DEMANDADOS, DENTRE
ELES O CITADO PETICIONANTE, QUE AGIU COMPLETAMENTE DESPROVIDO DE DOLO
E MÁ-FÉ EM SUA CONDUTA.

E mais: a Lei nº 14.230/21 revogou os dispositivos da Lei nº 8.429/92, que


responsabilizava o Gestor Público por ato culposo, passando a prever como ato ímprobo
apenas as condutas dolosas, elemento subjetivo que, como demonstrado até então, ine-
xiste no proceder dos Demandados, notadamente de FRANCISCO ALCIVAN VIANA, in
casu.

Sobre o assunto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) sempre definiu que é


indispensável a demonstração de má-intenção para que o ato ilegal e ímprobo adquira
status de improbidade. A JURISPRUDÊNCIA ATUAL DA CITADA CORTE É NO SENTIDO
DE QUE NÃO SE PODE CONFUNDIR IMPROBIDADE COM SIMPLES ILEGALIDADE.
Ademais, a nova lei disciplina que “O mero exercício da função ou desempe-
nho de competências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, afasta a res-
ponsabilidade por ato de improbidade administrativa”, o que deve ser aplicado em relação
ao sobredito Peticionante.

Vejamos os dispositivos que se seguem, extraídos da Lei nº 8.429/92, com


a nova redação dada pela Lei nº 14.230/21:

Art. 1º Omisses

(...)

§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as con-


dutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, res-
salvados tipos previstos em leis especiais.

§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcan-


çar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei,
não bastando a voluntariedade do agente.

§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de compe-


tências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilí-
cito, afasta a responsabilidade por ato de improbidade admi-
nistrativa.

(...)
Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando
em enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato do-
loso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do
exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego ou de ati-
vidade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notada-
mente:

(...)
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa le-
são ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efe-
tiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entida-
des referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente:

(...)
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública a ação ou omissão
dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e
de legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas:
Destaques acrescidos

Dissertando sobre o dolo administrativo, Fábio Medina Osório1 esclarece


tratar-se da intenção do agente que recai sobre o suporte fático da norma legal proibitiva:

O dolo, em direito administrativo, é a intenção do


agente que recai sobre o suporte fático da norma
legal proibitiva. O agente quer realizar determi-
nada conduta objetivamente proibida pela ordem
jurídica. Eis o dolo. Trata-se de analisar a intenção do
agente especialmente diante dos elementos fáticos –
mas também normativos – regulados pelas leis inciden-
tes à espécie. Destaques acrescidos
Ainda sobre o tema, importante também o magistério de Marçal Justen Fi-
lho , para que a configuração da improbidade está condicionada à consciência e à inten-
2

ção de promover as condutas ímprobas:

A configuração da improbidade depende da consciência e da


intenção de promover as condutas ímprobas. Não há improbi-
dade culposa, o que não significa exigir dolo específico nem equi-
vale a negar a diversidade de graus de consciência e reprovabili-
dade. Destaques acrescidos

E assim já se posicionava o STJ, mesmo antes da novel Lei de Improbidade


Administrativa, para quem, inclusive, o dolo não pode ser presumido e sim comprovado:

EMENTA: AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.884.814 - TO


(2021/0142476-7) DECISÃO Cuida-se de agravo apresentado pelo
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO TOCANTINS contra a deci-
são que não admitiu seu recurso especial, fundamentado no ar-
tigo 105, inciso III, alínea a, da CF/88, que visa reformar acórdão
proferido pelo TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO TOCAN-
TINS, assim ementado: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA
POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONDENAÇÃO
POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CESSÃO DE LOTE
MUNICPAL BALDIO. INOBSERVÂNCIA DE DISPOSITIVO CONSTI-
TUCIONAL, DA LEI Nº 8.666/93 E DA LEI ORGÂNICA MUNICIPAL.
IMPUTAÇÃO DE ATO ÍMPROBO DO ART. 10, VIII E ART. 11, II, DA

1 OSÓRIO, Fabio Medina. Improbidade Administrativa. Ed. Síntese, Porto Alegre, 1998, p. 135.

2 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. Ed. Saraiva, São Paulo, 2005, p. 687
LEI N. 8.429/92. DESCABIMENTO. MERA ILEGALIDADE DES-
PROVIDA DE DOLO. NÃO COMPROVAÇÃO DO ELEMENTO SUB-
JETIVO IMPRESCINDÍVEL PARA A CARACTERIZAÇÃO DA CON-
DUTA ÍMPROBA PREVISTA NA LEI DE IMPROBIDADE ADMINIS-
TRATIVA. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA. SEN-
TENÇA PARCIALAMENTE REFORMADA. AFASTADA A CONDENA-
ÇÃO DO RÉU/APELANTE PELA PRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. 1. Para a configuração dos atos de improbidade
administrativa previstos na Lei nº 8.429/92, não há a necessidade
de comprovação do efetivo prejuízo causado ao erário ou de enri-
quecimento ilícito. Por outro lado, é imprescindível a compro-
vação da conduta dolosa do agente público, por mais com-
plexa que seja a demonstração desse elemento subjetivo.
Doutrina. Precedentes do STJ. 2. A violação ao princípio da le-
galidade só constituirá ato de improbidade administrativa
quando o ato ilegal tiver motivação (dolo) que efetivamente
atente contra as pautas de moralidade administrativa (hones-
tidade, lealdade, boa fé, etc.). Doutrina. 3. Ao inserir no orde-
namento jurídico brasileiro a benfazeja Lei nº 8.429/92, o le-
gislador ordinário objetivou (mens legislatoris) punir somente
o agente público desonesto, o corrupto, aquele desprovido de
lealdade e boa-fé, e não o inábil, despreparado ou desastrado.
Doutrina (Alexandre de Moraes). Precedentes do STJ. 4. A
ofensa à honestidade, à imparcialidade, à legalidade ou à le-
aldade somente adquirem relevância para o fim de configura-
ção de atos de improbidade administrativa previstos na Lei nº
8.429/92 quando se evidenciarem como um meio de realiza-
ção de objetivos ímprobos. E a improbidade tem relaciona-
mento, sempre, com os valores e questões materiais. Doutrina. 5.
Diante da não comprovação do elemento subjetivo (dolo ge-
nérico ou específico), não há como ser mantida a condenação
de ex-agente público pela prática do ato de improbidade pre-
visto no art. 10, VIII e art. 11, II, da Lei nº 8.429/92. 6. A mera
inobservância do disposto no art. 57, da Constituição Federal,
no art. 2º, da Lei nº 8.666/1993 e no art. 97, da Lei Orgânica
Municipal, desprovida de qualquer propósito de prejudicar a
Administração Pública ou mesmo de violar os princípios cons-
titucionais democrático e republicano, poderia até evidenciar
um eventual despreparo ou inabilidade do réu/apelante como
gestor público (no caso, como Chefe do Poder Executivo mu-
nicipal), mas jamais pode ser considerada como uma prova
irrefutável de má-fé ou de desonestidade por parte de referido
agente público. Mesmo porque a má-fé ou a desonestidade
não se presumem e, portanto, devem ser comprovadas por
quem as alega. 7. Em sede de ação de improbidade adminis-
trativa, o dolo, mesmo o genérico, não pode ser presumido;
deve ser efetivamente comprovado por quem o alega. Prece-
dentes do STJ. A prova dos fatos constitutivos de seu direito in-
cumbe à parte autora (art. 373, I, CPC). 8. Apelação cível conhe-
cida e provida. Sentença parcialmente reformada. Julgada impro-
cedente a pretensão deduzida pelo Ministério Público do Estado
do Tocantins na ação civil pública por ato de improbidade admi-
nistrativa originária em relação ao apelante. Quanto à primeira
controvérsia, pela alínea a do permissivo constitucional, alega vi-
olação do art. 10, VIII, da Lei n. 8.429/92 no que concerne à confi-
guração de improbidade administrativa pela parte ora recorrida di-
ante da conduta praticada, trazendo os seguintes argumentos:
Nos termos do art. 10, inciso VIII, da Lei 8.429/92, a fraude no pro-
cesso licitatório, ou sua dispensa indevida, como no caso em
exame, caracteriza ato de improbidade administrativa, indepen-
dentemente de dolo, culpa, ou prejuízo real aos cofres públicos
(fls. 451). Restou demonstrado que o gestor ora recorrido, à época
Prefeito do Município de Tocantinópolis, sem a devida autorização
legislativa e sem licitação, celebrou contrato de concessão de uso
de bem imóvel público com o particular Georgem Brito Canjão,
outorgando-lhe, em regime de exclusividade, pelo prazo de 10
(dez) anos, renovável por igual período, o uso do aludido bem, in-
tegrante do acervo patrimonial daquela municipalidade, em evi-
dente afronta ao disposto no artigo 10, inciso VIII, Lei n. 8.429/92,
malferindo, também, nesse particular, princípios da Administra-
ção Pública. Assim, comprovada a prática de ato de improbidade
administrativa que importa ofensa aos princípios da Administra-
ção Pública, impõe-se a obrigação ao recorrido, de responder
frente às sanções previstas na norma regente (fls. 453). Quanto à
segunda controvérsia, pela alínea a do permissivo constitucional,
alega violação do art. 11, caput, II, da Lei n. 8.429/92 no que con-
cerne à suficiência do dolo genérico para configuração do ato de
improbidade, trazendo os seguintes argumentos: Constitui, ainda,
ato de improbidade administrativa nos termos do artigo 11, caput,
o comportamento que atenta contra os princípios da administra-
ção pública, externado em qualquer ação ou omissão que viole os
deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
instituiçõe (fls. 452). De fato, conforme reiteradas vezes têm en-
tendido esse Tribunal da Cidadania, o elemento subjetivo neces-
sário à configuração de improbidade administrativa previsto pelo
art. 11 da Lei n. 8.429/92 é o dolo eventual ou genérico de realizar
conduta que atente contra os princípios da Administração Pú-
blica, não se exigindo a presença de intenção específica, pois a
atuação deliberada em desrespeito às normas legais, cujo desco-
nhecimento é inescusável, evidencia a presença do dolo. Prece-
dentes, nesse sentido, dentre outros: AgRg no AREsp 8. 937/MG,
rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª T., DJe 02.02.2012. (g. n.). Desse
modo, ao contrário do decidido pelo Tribunal Tocantinense, para
que seja configurada a afronta ao art. 11, caput e inciso II da Lei
de Improbidade, revela-se desnecessária a comprovação de enri-
quecimento ilícito do administrador público ou a caracterização
de prejuízo ao Erário. É, no essencial, o relatório. Decido. Quanto
à primeira controvérsia, na espécie, não houve o prequestiona-
mento da tese recursal, uma vez que a questão postulada não foi
examinada pela Corte de origem sob o viés pretendido pela parte
recorrente. Nesse sentido: "O Tribunal de origem não tratou do
tema ora vindicado sob o viés da exegese dos artigos 131 e 139 do
CPC/1973, e, tampouco o recorrente opôs embargos de declara-
ção visando prequestionar explicitamente o tema. Incidência da
Súmula 211/STJ". (AgInt no REsp n. 1.627.269/PE, relator Ministro
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe de 27/9/2017.)
Confiram-se ainda os seguintes precedentes: AgInt no AREsp
1.514.978/SC, relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Pri-
meira Turma, DJe de 17/6/2020; AgInt no AREsp 965.710/SP, rela-
tora Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe de
19/9/2018; e AgRg no AREsp 1.217.660/SP, relator Ministro Jorge
Mussi, Quinta Turma, DJe de 4/5/2018. Quanto à segunda contro-
vérsia, na espécie, o Tribunal de origem se manifestou nos seguin-
tes termos: Depreende-se dos autos que as provas contidas na
ACP originária não permitem vislumbrar qualquer dolo, má-fé ou
intenção desonesta por parte do réu/apelante Fabion Gomes de
Sousa ao ceder lote a George Brito Canjão em desacordo com o
disposto no art. 57, da Constituição Federal, no art. 2º, da Lei nº
8.666/1993 e no art. 97, da Lei Orgânica Municipal. [...] Diante de
todas as considerações acima expostas, entendo pelo conhe-
cimento da apelação e, no mérito, pelo provimento do recurso
para reformar parcialmente a sentença impugnada, apenas
para julgar improcedente a ação em relação ao segundo re-
querido (Fabion Gomes de Sousa), haja vista que não é possí-
vel vislumbrar dolo, má-fé ou desonestidade por parte do
réu/apelante, requisitos estes imprescindíveis para a configu-
ração do elemento subjetivo, o qual, por seu turno, é conditio
sine qua non para a caracterização do ato ímprobo previsto na
Lei nº 8.429/92. Deixo de arbitrar honorários advocatícios recur-
sais, tendo em vista que não foram arbitrados em primeiro grau
(fls. 430/432) Assim, incide o óbice da Súmula n. 7 do STJ ("A pre-
tensão de simples reexame de prova não enseja recurso espe-
cial"), uma vez que o acolhimento da pretensão recursal deman-
daria o reexame do acervo fático-probatório juntado aos autos.
Nesse sentido: "O recurso especial não será cabível quando a
análise da pretensão recursal exigir o reexame do quadro fático-
probatório, sendo vedada a modificação das premissas fáticas fir-
madas nas instâncias ordinárias na via eleita (Súmula n. 7/STJ)".
(AgRg no REsp 1.773.075/SP, relator Ministro Felix Fischer, Quinta
Turma, DJe 7/3/2019.) Confiram-se ainda os seguintes preceden-
tes: AgInt no AREsp 1.679.153/SP, relator Ministro Marco Aurélio
Bellizze, Terceira Turma, DJe de 1º/9/2020; AgInt no REsp
1.846.908/RJ, relator Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta
Turma, DJe de 31/8/2020; AgInt no AREsp 1.581.363/RN, relator
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de 21/8/2020; e
AgInt nos EDcl no REsp 1.848.786/SP, relator Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, DJe de 3/8/2020; e AgInt no AREsp n.
1.311.173/MS, relator Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma,
DJe de 16/10/2020. Ante o exposto, com base no art. 21-E, V, do
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, conheço do
agravo para não conhecer do recurso especial. Publique-se. Inti-
mem-se. Brasília, 30 de junho de 2021. MINISTRO HUMBERTO
MARTINS Presidente (STJ - AREsp: 1884814 TO 2021/0142476-7,
Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Publicação: DJ
01/07/2021) Destaques acrescido

E não venha o Parquet dizer que a responsabilidade pelo controle preven-


tivo de legalidade do procedimento licitatório deve recair diretamente sobre o Gestor Pú-
blico, pois se assim o fosse, a Lei nº 8.666/93, em seu art. 38, não exigiria pareceres téc-
nicos ou jurídicos emitidos sobre o procedimento, bem como o exame e aprovação de
uma Assessoria Jurídica.

Ao abordar o tema, Mendonça3 alerta que, pelo que dispõe o art. 38 da Lei
nº 8.666/93, além de ser obrigatório o parecer, ele tem caráter de verdadeiro ato de apro-
vação:

Falando no art. 38, parágrafo único, da Lei federal n.º 8.666, de 21


de junho de 1993, poder-se-ia pensar que é argumento em favor
dos “pareceres obrigatórios responsabilizantes”. Não é. A dispo-
sição é excepcional, e o importante, aqui, não é que o parecer
é obrigatório – embora, nesse caso, ele o seja –, mas é que ele
aprova alguma coisa. É por isso que essa modalidade, específica

3MENDONÇA, José Vicente Santos de. A responsabilidade pessoal do parecerista público em quatro standards.
Disponível em < http://www.procuradoria.al.gov.br/centro-de-estudos/teses/xxxv-congresso-nacional-de-pro-
curadores-de-estado/direito-administrativo/A%20RESPONSABILDADE%20PESSOAL%20DO%20PARECE-
RISTA%20PUBLICO%20EM%20QUATRO%20STANDARDS.pdf > Acesso em 24 nov. 2021.
e qualificada de manifestação jurídica, gera responsabilidade a
seus prolatores. Porque se torna, mercê da lei, um ato adminis-
trativo de aprovação, não mais, na essência, um parecer jurídico
(obrigatório ou facultativo – tanto faz). Destaques acrescidos

E mais: é tamanha a importância do parecer jurídico nos atos do Gestor


Público que nova LIA disciplina que a Assessoria Jurídica que emitiu o parecer atestando
a legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo Administrador Público ficará
obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este venha a responder Ação por Improbidade
Administrativa, até que a decisão transite em julgado, conforme disposto no § 20 do seu
art. 17.

Destarte, importa asseverar que a doutrina e a Jurisprudência pátria firmam


o entendimento de que, tanto no campo da Improbidade Administrativa, como na seara
do Direito Penal, não comete qualquer ilicitude aquele que pratica ato com respaldo em
recomendações de Órgãos Técnicos, consoante preleciona Bittencourt4:

Aliás, o próprio servidor público encarregado que decide dispen-


sar ou não exigir licitação, respaldado por fundado parecer da
procuradoria jurídica, tampouco comete o ilícito descrito no
art. 89, por faltar-lhe o elemento subjetivo indispensável à ti-
picidade subjetiva, qual seja, o dolo. (...) Com efeito, quem de-
cide respaldado por respeitável e fundamentado parecer jurídico
não age com dolo de violar a proibição de agir sem licitação,
quando esta era devida. Entender diferente significa respaldar
autêntica responsabilidade penal objetiva, proscrita do direito
penal da culpabilidade no marco de um Estado Democrático de
Direito, especialmente ante a ausência de modalidade cul-
posa nos crimes licitatórios. Para concluir este tópico, nessa
mesma linha, invocamos, por sua pertinência, antológico
acórdão do Superior Tribunal de Justiça que, decidindo pela
improcedência de ação de improbidade administrativa, com
relatoria do Ministro Teori Zavascki, em sua ementa, afirma o
seguinte: “3. É razoável presumir vício de conduta do agente
público que pratica um ato contrário ao que foi recomendado
pelos órgãos técnicos, por pareceres jurídicos ou pelo Tribu-
nal de Contas. Mas não é razoável que se reconheça ou pre-
suma esse vício justamente na conduta oposta: de ter agido
segundo aquelas manifestações, ou de não ter promovido a
revisão de atos praticados como nelas recomendado, ainda
mais se não há dúvida quanto à lisura dos pareceres ou à ido-
neidade de quem os prolatou”. Destaques acrescidos

4 BITTENCOURT, Cezar Roberto. Direito Penal das Licitações. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 139/140.
Segue transcrição do ementário citado pelo respeitado autor:

EMENTA: ADMINISTRATIVO. AÇAO DE IMPROBIDADE. LEI


8.429/92. ELEMENTO SUBJETIVO DA CONDUTA. IMPRESCINDI-
BILIDADE. 1. A ação de improbidade administrativa, de matriz
constitucional (art. 37, 4º e disciplinada na Lei 8.429/92), tem na-
tureza especialíssima, qualificada pela singularidade do seu ob-
jeto, que é o de aplicar penalidades a administradores ímprobos e
a outras pessoas - físicas ou jurídicas - que com eles se acumpli-
ciam para atuar contra a Administração ou que se beneficiam com
o ato de improbidade. Portanto, se trata de uma ação de caráter
repressivo, semelhante à ação penal, diferente das outras ações
com matriz constitucional, como a Ação Popular (CF, art. 5º,
LXXIII, disciplinada na Lei 4.717/65), cujo objeto típico é de natu-
reza essencialmente desconstitutiva (anulação de atos adminis-
trativos ilegítimos) e a Ação Civil Pública para a tutela do patrimô-
nio público (CF, art. 129, III e Lei 7.347/85), cujo objeto típico é de
natureza preventiva, desconstitutiva ou reparatória. 2. Não se
pode confundir ilegalidade com improbidade. A improbidade é ile-
galidade tipificada e qualificada pelo elemento subjetivo da con-
duta do agente. Por isso mesmo, a jurisprudência dominante no
STJ considera indispensável, para a caracterização de improbi-
dade, que a conduta do agente seja dolosa, para a tipificação das
condutas descritas nos artigos 9º e 11 da Lei 8.429/92, ou pelo
menos culposa, nas do artigo 10 ( v.g. : REsp 734.984/SP, 1 T., Min.
Luiz Fux, DJe de 16.06.2008; AgRg no REsp 479.812/SP, 2ª T., Min.
Humberto Martins, DJ de 14.08.2007; REsp 842.428/ES, 2ª T., Min.
Eliana Calmon, DJ de 21.05.2007; REsp 841.421/MA, 1ª T., Min.
Luiz Fux, DJ de 04.10.2007; REsp 658.415/RS, 2ª T., Min. Eliana
Calmon, DJ de 03.08.2006; REsp 626.034/RS, 2ª T., Min.João Otá-
vio de Noronha, DJ de 05.06.2006; REsp 604.151/RS, Min. Teori Al-
bino Zavascki, DJ de 08.06.2006). 3. É razoável presumir vício de
conduta do agente público que pratica um ato contrário ao
que foi recomendado pelos órgãos técnicos, por pareceres ju-
rídicos ou pelo Tribunal de Contas. Mas não é razoável que se
reconheça ou presuma esse vício justamente na conduta
oposta: de ter agido segundo aquelas manifestações, ou de
não ter promovido a revisão de atos praticados como nelas
recomendado, ainda mais se não há dúvida quanto à lisura
dos pareceres ou à idoneidade de quem os prolatou. Nesses
casos, não tendo havido conduta movida por imprudência, im-
perícia ou negligência, não há culpa e muito menos improbi-
dade. A ilegitimidade do ato, se houver, estará sujeita a san-
ção de outra natureza, estranha ao âmbito da ação de impro-
bidade. 4. Recurso especial do Ministério Público parcialmente
provido. Demais recursos providos. (STJ - RECURSO ESPECIAL :
REsp 827445 SP 2006/0058922-3. Relator MINISTRO LUIZ FUX.
Rel. p/ Acórdão MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI, 1ª T., j. em 2-
2-2010, DJe de 8-3-2010). Destaques acrescidos

IN CASU, COMO JÁ DITO, NOS AUTOS CONSTAM OS LEGÍTIMOS E IDÔNEOS PARECE-


RES JURÍDICOS EMITIDOS PELA ASSESSORIA JURÍDICA MUNICIPAL, QUE OPINOU PE-
LAS CONTRATAÇÕES DIRETAS, BEM ASSIM OS POSICIONAMENTOS DO SETOR DE
CONTROLE INTERNO E DA CONTROLADORIA GERAL DO MUNICÍPIO, RATIFICANDO A
AQUISIÇÃO DOS BENS, CONSOANTE TAMBÉM REGISTRA A PRÓPRIA INICIAL DO MI-
NISTÉRIO PÚBLICO.

Outrossim, veja-se que a própria Inicial se encarrega em mostrar que a


cada ato de FRANCISCO ALCIVAN VIANA era antecedido de documentos idôneos de
seus auxiliares que traziam providências por ele mesmo determinadas através de Despa-
chos, o que mostra a lisura e a boa-fé em sua conduta.

Portanto, considerando as diversas atribuições de um Gestor Público, so-


bremaneira por se tratar de Prefeito Municipal, soa desarrazoado querer que o mesmo
confira pessoalmente os pormenores de um complexo procedimento licitatório, notada-
mente quando a Lei de Licitações exige o exame e a aprovação direta de uma Assessoria
Jurídica, para fins de respaldar os atos decisórios da autoridade.

E mais: os Despachos de Id. nº 65031085 - Pág. 12, da lavra do Peticio-


nante, por si só, também TÊM O CONDÃO DE AFASTAR O DOLO EXIGIDO PARA A CON-
FIGURAÇÃO DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, porquanto comprova que o
mesmo pautou sua conduta dentro dos ditames da Lei de Licitação, visto ter determinado
aos setores competentes a adoção das providências legais cabíveis quanto à realização
da pesquisa de preço e à prévia manifestação acerca da existência de recursos orçamen-
tários, para a cobertura das despesas.

Ora, se porventura a pesquisa de preço não tivesse sido realizada, esta res-
ponsabilidade jamais pode ser atribuída ao Peticionante, tampouco há de se dizer que ele
tenha anuído com a não realização da mesma, sobremaneira por ter tomado decisões
com respaldo a um Parecer idôneo de sua Assessoria Jurídica, bem assim nos posiciona-
mentos do Departamento de Controle Interno e da Controladoria Geral do Município, além
de ter determinado a realização da pesquisa, como já dito.

A bem da verdade, Excelência, OS AUTOS MOSTRAM QUE A PESQUISA


DE PREÇO FOI SIM REALIZADA, tanto é que o subitem 11.2 da Carta Convite estabelece
que “No julgamento das propostas levar-se-ão em consideração o atendimento às especifi-
cações do CONVITE e a conformidade do preço proposto com aquele de mercado ou cons-
tante do sistema de registro de preços”, conforme se vê no Id. nº 65031094 - Pág. 7.
Resta dizer, com isso, que o Peticionante NÃO violou quaisquer dos princípios que
norteiam a gestão da coisa pública, NÃO havendo que se falar em desonestidade em seu
proceder, bem como na conduta dos outros Demandados, TAMPOUCO ato ímprobo por
ele praticado, quer seja na forma dolosa ou culposa, ou de ter ele anuído a qualquer ato
ilícito como inconsequentemente quer fazer crer o Autor.

É que, como se sabe, ainda sob a égide da antiga Lei de Improbidade Ad-
ministrativa, o dolo ou a culpa são requisitos básicos para que esteja caracterizada a im-
probidade dos atos, e inexistindo provas que apontem para a configuração do elemento
volitivo, é impossível que se reconheça a improbidade, devendo ser, de logo, indeferida a
inicial em relação ao Peticionante FRANCISCO ALCIVAN VIANA.

Assim, a improbidade é a ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento


subjetivo da conduta do agente. Dessa forma, para a tipificação das condutas descritas
nos arts. 9º e 11 da Lei 8.429/92 é indispensável para a caracterização de improbidade,
que o agente tenha agido dolosamente e, ao menos, culposamente, nas hipóteses do art.
10 (sem a nova versão dada pela Lei nº 14.230/2021), senão vejamos:

EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGI-


MENTAL EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO
DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. EX-PREFEITO DO MUNICÍPIO
DE PAULA CÂNDIDO/MG. (I) OFENSA AO ART. 535, I E II DO CPC.
INOCORRÊNCIA. (II) ALEGADO DESAPARECIMENTO DE UM TUBU-
LÃO E DE TRÊS VIGAS AFASTADO PELAS INSTÂNCIAS DE ORI-
GEM.PREJUÍZO AO ERÁRIO NÃO CONSTATADO. (III) SENTENÇA E
ACÓRDÃO DE APELAÇÃO QUE CONCLUÍRAM PELA INEXISTÊN-
CIA DE COMPROVAÇÃO DO ELEMENTO DOLOSO OU CULPOSO
NA CONDUTA DO AGENTE PÚBLICO QUE JUSTIFIQUE O AMOL-
DAMENTO DA CONDUTA NOS ARTS. 10 OU 11 DA LEI 8.429/92.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. (...) 2. Para a configu-
ração dos atos de improbidade ora em exame, há necessidade
de haver o preenchimento dos seguintes requisitos: (a) con-
duta ilícita; (b) improbidade do ato, configurada pela tipicidade do
comportamento, ajustado nos arts. 10 ou 11 da LIA; (c) elemento
volitivo, consubstanciado no dolo específico de cometer a ili-
citude e causar prejuízo ao Erário - admitindo-se, excepcio-
nalmente, a modalidade culposa no art. 10; (d) dano efetivo ao
ente estatal (art. 10 da LIA), sendo dispensado de comprovação,
caso a conduta seja enquadrada no art. 11 da Lei mencionada,
que exige tão somente ofensa aos princípios da Administração
Pública. 3. In casu, pugna a parte agravante pela condenação do
agravado nos tipos previstos nos arts. 10 e 11 da Lei de Improbi-
dade, sob o argumento de ter sido negligente quanto à conserva-
ção do patrimônio público, arguindo, nessa seara, que houve a
destruição de um bueiro e o abandono de três vigas numa mata,
materiais estes que estavam sob a responsabilidade do ex-Pre-
feito do Município de Paula Cândido/MG. 4. No tocante ao en-
quadramento do ato no art. 10 da Lei de Improbidade, tanto a
Sentença quanto o acórdão recorrido constataram não restar
comprovado dano efetivo ao Erário, (...) 5. Ademais, o Magis-
trado e o Tribunal de origem consignaram expressamente a
inexistência de dolo, má-fé ou culpa grave na conduta do
Agente, o que torna inviável a condenação do agravado nos
tipos ímprobos ora em exame. 6. Agravo Regimental despro-
vido. (STJ, AgRg no REsp 1325577/MG, Rel. Ministro NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/09/2014,
DJe 17/09/2014) Destaques Acrescidos

Como se vê, em regra, a improbidade administrativa se caracteriza na ação


ou omissão violadora do dever constitucional de moralidade no exercício da função pú-
blica, o que não houve no caso dos autos em relação ao Peticionante FRANCISCO ALCI-
VAN VIANA porquanto ausente em seus atos o dolo, má-fé ou culpa, ainda que em consi-
derando a antiga redação da Lei de improbidade Administrativa, não havendo que se falar
que ele tenha se omitido em seu poder-dever fiscalizador, tampouco em ato ímprobo e
desonesto por ele praticado, muito menos que tenha violado os princípios constitucionais
que norteiam a Administração Pública.

Assim, ainda que as alegações autorais em relação aos outros Demanda-


dos fossem verdadeiras – as quais também não são –, NÃO há qualquer indício ou com-
provação nos autos de que o Peticionante, na condição de Ordenador de Despesas e Ges-
tor Público, tenha agido com dolo e má-fé (ou culpa, sob a égide da antiga norma), inexis-
tindo qualquer ato de improbidade administrativa por ele cometido.

E mais: o fato de existir identidade de propostas dos licitantes também


NÃO é indicação de simulação, como quer fazer crer o Ministério Público, notadamente
porque os convidados apenas seguiram o modelo da proposta fornecido pela Administra-
ção Pública Municipal, conforme se vê no Id. nº 65031090 - Pág. 10 e no Id. nº 65031094
- Pág. 11.

Igualmente NÃO serve de indício de simulação e/ou conluio, a unicidade


de datas constantes em alguns documentos, como também em vão busca fazer crer o
Parquet, pois não se pode olvidar de que, na era da informática, fato comum é os órgãos
públicos manterem rol de arquivo com modelos de peças corriqueiramente utilizadas,
como é a hipótese dos autos, em que a Prefeitura do Município pode manter um banco de
dados de peças usadas em procedimentos licitatórios, VISANDO À CELERIDADE DO
PROCESSO.

Acontece que, ao formular a sua mirabolante e hipotética tese, olvidou-se


o Órgão Ministerial de que os procedimentos licitatórios são regidos pelos PRINCÍPIOS
DA CELERIDADE E DA EFICIÊNCIA, o que foi observado na hipótese em comento.

Destarte, o simples fato de alguns atos terem sido efetivados em um único


dia, NÃO REPRESENTA, NECESSARIAMENTE, INDÍCIOS DE SIMULAÇÃO, FRAUDE OU
MONTAGEM, porquanto os autos mostram que se pretendeu, diferentemente do que quer
fazer parecer o Parquet, implementar a celeridade e a eficiência necessárias às licitações
em geral.
E mais: em razão das inúmeras licitações realizadas pelo Município, a prá-
tica mostra que alguns dos atos do procedimento não requerem maior complexidade para
serem elaborados, visto exigirem apenas simples preenchimento de dados em modelos
matrizes existentes em arquivo informatizado, o que possibilita a celeridade necessária,
não havendo que se falar em indícios de fraude e/ou simulação.

É de se destacar que a Unidade Administrativa é a Prefeitura Municipal de


Caraúbas/RN, que concentra função de licitar, não gozando as Secretarias Municipais de
autonomia administrativa e financeira, o que possibilita ao setor possuir uma série de ar-
quivos digitais que podem ser utilizados como matrizes para serem feitas as adaptações
em cada caso.

Relativamente à presença nos autos de uma lista de assinaturas penden-


tes, é dizer de logo que sequer o Autor aponta quais os documentos que porventura dei-
xaram de ser assinados.

Cabe ressaltar, a propósito, que a Jurisprudência pátria é no sentido de que


a falta de assinaturas no procedimento licitatório é vista como uma MERA IRREGULARI-
DADE:

EMENTA: ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. FALTA DE RECONHECI-


MENTO DE FIRMA EM CERTAME LICITATÓRIO. MERA IRREGU-
LARIDADE. 1. Trata-se de documentação - requisito de qualifica-
ção técnica da empresa licitante - apresentada sem a assinatura
do responsável. Alega a recorrente (empresa licitante não vence-
dora) a violação ao princípio de vinculação ao edital, em razão da
falta de assinatura na declaração de submissão às condições da
tomada de preços e idoneidade para licitar ou contratar com a Ad-
ministração. 2. (...). 3. Porém, há de se reconhecer que, a falta
de assinatura reconhecida em um documento regularmente
apresentado é mera irregularidade - principalmente se o res-
ponsável pela assinatura está presente no ato para sanar tal
irregularidade. Precedente. 4. Recurso especial não provido.
(STJ - REsp: 947953 RS 2007/0100887-9, Relator: Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 14/09/2010, T2 - SE-
GUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 06/10/2010). Destaques
acrescidos

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL / REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO


DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO. PROPOSTA DECLARADA VENCE-
DORA. FALTA DE ASSINATURA NA OFERTA FINANCEIRA. IRRE-
GULARIDADE QUE NÃO COMPROMETE OS PRINCÍPIOS NOR-
TEADORES DO COMPETITÓRIO. AUSÊNCIA DE DIREITO DO
CONCORRENTE DE PUGNAR PELA INABILITAÇÃO. A licitação
destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da
isonomia e da proposta mais vantajosa para a Administração (art.
3º da Lei n. 8.666/93). A Administração acha-se vinculada às con-
dições do edital (art. 41 da Lei n. 8.666/93). Todavia, conforme
entendimento no âmbito do STJ, rigorismos formais extremos
e exigências inúteis não podem conduzir a interpretação con-
trária à finalidade da lei. Tal ocorre no caso dos autos, em que
se mostra correta a decisão administrativa que declarou habili-
tada, concorrente que deixou de assinar a oferta financeira,
porém é identificada através de rubrica e dos demais documentos
que compõem a proposta, que se mostrou mais vantajosa para a
Administração. Ausência de qualquer vulneração dos princípios
da licitação. (...). Apelação provida. Prejudicado o reexame neces-
sário. (TJ-RS - Apelação Cível: 70051147890 RS , Relator: Marco
Aurélio Heinz, Data de Julgamento: 17/10/2012, Vigésima Primeira
Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia
19/11/2012). Destaques acrescidos

EMENTA: APELAÇAO CÍVEL - AÇAO DE COBRANÇA - PRESTAÇAO


DE SERVIÇOS MÉDICOS À PREFEITURA MUNICIPAL DE TOMAR
DO GERU - VÍNCULO JURÍDICO COM A MUNICIPALIDADE INCON-
TROVERSO - INADIMPLEMENTO POR PARTE DO MUNICÍPIO – (...)
- incidência do art. 333, II, do Código de Processo Civil - Município
não comprovou a quitação dos valores - nota de empenho sem
assinatura - fato que não exime o ente público de quitar a obriga-
ção - comprovação do crédito por outros meios - possibilidade de
responsabilização do ente municipal, desde que comprovada a
realização do objeto do contrato - recurso conhecido e improvido
- decisão unânime. - a ausência da assinatura do prefeito na
nota de empenho não exime o Município da responsabilidade
pelo pagamento da dívida, consistindo em mera irregulari-
dade administrativa, ainda mais quando está demonstrada a efe-
tiva realização do objeto contratual por outros meios, sob pena de
enriquecimento ilícito do Ente Público, hipótese vedada em nosso
ordenamento jurídico. (TJ-SE - AC: 2010218470 SE , Relator: DES.
CLÁUDIO DINART DÉDA CHAGAS, Data de Julgamento:
26/06/2012, 1ª.CÂMARA CÍVEL) Destaques acrescidos

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO - AÇÃO DE


COBRANÇA - FALTA DE ASSINATURA NA NOTA DE EMPENHO -
MERA IRREGULARIDADE - RECURSOS PROVIDOS. A ausência
de recolhimento da assinatura do prefeito na época pelo
agente administrativo constitui-se em mera irregularidade for-
mal, tendo em vista que restou comprovada, nos autos, a existên-
cia da despesa empenhada. (TJ-MS - AC: 9313 MS 2001.009313-
8, Relator: Des. Paschoal Carmello Leandro, Data de Julgamento:
13/09/2005, 4ª Turma Cível, Data de Publicação: 07/10/2005)
Destaques acrescidos

Frise-se, ainda, que o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) é


de que meras irregularidades havidas no processo licitatório não são suficientes para pre-
sumir o dolo dos Réus, tampouco são aptas a ensejar a aplicação das sanções da Lei nº
8.429/92. Vejamos o ementário abaixo:

EMENTA: ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


ESPECIAL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LEI N. 8.429/92. DIS-
PENSA DE LICITAÇÃO. AQUISIÇÃO PELO MUNICÍPIO DE TRÊS RE-
TRANSMISSORES DE TELEVISÃO. AUSÊNCIA DE DOLO DOS
AGENTES E DE PROVA DO PREJUÍZO AO ERÁRIO. REVISÃO DO
CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. IMPOSSIBILI-
DADE. SÚMULA 7/STJ. 1. Consta dos autos que o Juiz de primeiro
grau julgou improcedente a ação civil pública ajuizada pelo Minis-
tério Público de Minas Gerais contra o ex-Prefeito do Município de
Ponte Nova/MG, um funcionário e um técnico em eletrônica, pela
suposta prática de atos de improbidade administrativa tipificados
nos arts. 10, caput e incs. VIII, IX, XI, XII, e 11, caput e inc. I, da Lei
n. 8.429/92. 2. O Tribunal de origem manteve a decisão singu-
lar, concluindo que meras irregularidades havidas no pro-
cesso licitatório não são suficientes para presumir o dolo dos
réus, mormente quando provado que 20% da área daquele Muni-
cípio não era coberta pelos retransmissores de televisão e que a
instalação de tais aparelhos não causou prejuízo para o Municí-
pio. 3. (...). 4. Observa-se que o acórdão hostilizado encontra-
se em harmonia com a jurisprudência deste Superior Tribunal,
no sentido de que meras irregularidades administrativas não
são aptas a ensejar a aplicação das sanções previstas na Lei
n. 8.429/1992. 5. (...) . 6 (...) . 7. Agravo regimental a que se nega
provimento. (STJ AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº
270.857 - MG (2012⁄0253567-6), Relator: Ministro OG FERNAN-
DES, Data de Julgamento: 17/10/2013, T2 - SEGUNDA TURMA).
Destaques acrescidos

A propósito, visando demonstrar que a falta de assinatura em determina-


dos documentos é tida como mera irregularidade, o Peticionante faz demonstrar que,
inobstante a ausência de assinatura do Parquet na petição protocolada no Processo nº
0100793-70.2014.8.20.0115, este r. Juízo deferiu o pedido ratificação do Mandado de
Busca e Apreensão formulado pelo Órgão Ministerial.

Outro exemplo é visto também nos autos do Processo nº 0100213-


69.2016.8.20.0115, EM QUE FALTA A ASSINATURA DO PARQUET NOS DOCUMENTOS
DE FLS. 136, 137 e 138, sem que isso retire a autoridade e a autenticidade dos expedien-
tes, muito menos importe em algo ilícito ou delituoso.

Como se vê, Excelência, o caso em testilha é de REJEIÇÃO DA INICIAL em


relação aos Demandados, sobremaneira quanto ao Peticionante, nos termos do § 6º B do
art. 17 da Lei nº 8.429/1992, com a nova redação dada pela Lei nº 14.230/2021, por serem
manifestamente inexistentes os atos de improbidade a eles imputados, ou de JULGA-
MENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO, observada a inexistência manifesta do
ato de improbidade, nos termos do inciso I § 10-B do art. 17 do mesmo Diploma Legal, ou
ainda, finda a instrução processual, de IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO, em sua totalidade,
o que desde já se requer.

V – DA IMPUGNAÇÃO AOS DUCUMENTOS PRODUZIDOS UNI-


LATERALMENTE PELO MINISTÉRIO PÚBLICO:
Comprovada a inexistência de ato de improbidade administrativa, na pre-
sente quadra cumpre asseverar que o Peticionante impugna, desde já, toda e qualquer
prova produzida unilateralmente pelo Ministério Público nos presentes autos, porquanto
produzida sem o crivo do contraditório e da ampla defesa, universo em que também se
encontra o Despacho Ministerial de Id nº 65031713 - Págs. 18 a 20.

VI – DO PEDIDO:

PELO EXPOSTO, o Peticionante FRANCISCO ALCIVAN VIANA requer que


este r. Juízo digne-se em REJEITAR A INICIAL em relação a sua pessoa, nos termos do §
6º B do art. 17 da Lei nº 8.429/1992, com a nova redação dada pela Lei nº 14.230/2021,
por serem manifestamente inexistentes os atos de improbidade a ele imputados.

Não sendo este o entendimento do Vossa Excelência – o que se admite


apenas por elevado amor ao debate e sem prejuízo ao recurso apropriado –, requer que
este r. Juízo digne-se em PROCEDER AO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PRO-
CESSO, OBSERVADA A INEXISTÊNCIA MANIFESTA DO ATO DE IMPROBIDADE, nos ter-
mos do inciso I § 10-B do art. 17 do mesmo Diploma Legal.

Ainda não sendo este o entendimento e sem prejuízo ao recurso cabível,


requer que seja intimado a especificar as provas que pretende produzir, conforme disci-
plina o § 10-E, tudo do mesmo Diploma Legal, para que ao final seja JULGADA IMPROCE-
DENTE a demanda em relação a sua pessoa, na forma dos argumentos lançados no de-
correr desta Contestação, por não se vislumbrar dolo e má-fé (e culpa, sob a égide da
antiga norma) nas suas condutas, necessários à caracterização do ato ímprobo, tam-
pouco violação a qualquer dos princípios constitucionais que norteiam a Administração
Pública.

Outrossim, requer que o Advogado JOÃO PAULO COSTA (OAB/RN nº


14.825) seja intimado de todo e qualquer termo e ato processual, SOB PENA DE NULI-
DADE ABSOLUTA DO PROCESSO.

Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, com ênfase do


depoimento pessoal das partes, a inquirição de testemunhas oportunamente arroladas, a
ser efetivada em audiência, a juntada de novos documentos e outros que se façam neces-
sários, o que desde já se requer.

Termos em que,
Pede e espera DEFERIMENTO.
Caraúbas/RN, 10 de dezembro de 2021.

J. Paulo Costa
Advogado – OAB/RN 14.825

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