Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MANIFESTAÇÃO PRÉVIA
II – DA TEMPESTIVIDADE:
Com efeito, o art. 23 da Lei 8.429/1992, com redação dada pela novel Lei
nº 14.230/2021, estabelece um novo prazo prescricional de 08 (OITO) ANOS, CONTADOS
A PARTIR A OCORRÊNCIA DO FATO ou, no caso de infrações permanentes, do dia em
que cessar a permanência. Vejamos:
A propósito, cumpre registrar que a Mídia Digital dita juntada aos autos (Id.
65031083 - Pág. 13 e 14; Id. nº 65031085 - Pág. 7) NÃO se encontra disponibilizada no
caderno processual, o que dificulta o exercício do direito de defesa, notadamente porque
o presente processo é eletrônico, razão pela qual todas as provas produzidas deveriam
constar no mesmo, ainda que protegida com senha de acesso, sob a pena de desnaturar
a razão de ser meio processual utilizado. O mesmo ocorre com a mídia da audiência ha-
vida com o Ministério Público no dia 29 de novembro de 2015 (Id. nº 65031704 - Pág. 16).
Art. 1º Omisses
(...)
(...)
Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando
em enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato do-
loso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do
exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego ou de ati-
vidade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notada-
mente:
(...)
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa le-
são ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efe-
tiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entida-
des referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente:
(...)
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública a ação ou omissão
dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e
de legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas:
Destaques acrescidos
1 OSÓRIO, Fabio Medina. Improbidade Administrativa. Ed. Síntese, Porto Alegre, 1998, p. 135.
2 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. Ed. Saraiva, São Paulo, 2005, p. 687
LEI N. 8.429/92. DESCABIMENTO. MERA ILEGALIDADE DES-
PROVIDA DE DOLO. NÃO COMPROVAÇÃO DO ELEMENTO SUB-
JETIVO IMPRESCINDÍVEL PARA A CARACTERIZAÇÃO DA CON-
DUTA ÍMPROBA PREVISTA NA LEI DE IMPROBIDADE ADMINIS-
TRATIVA. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA. SEN-
TENÇA PARCIALAMENTE REFORMADA. AFASTADA A CONDENA-
ÇÃO DO RÉU/APELANTE PELA PRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. 1. Para a configuração dos atos de improbidade
administrativa previstos na Lei nº 8.429/92, não há a necessidade
de comprovação do efetivo prejuízo causado ao erário ou de enri-
quecimento ilícito. Por outro lado, é imprescindível a compro-
vação da conduta dolosa do agente público, por mais com-
plexa que seja a demonstração desse elemento subjetivo.
Doutrina. Precedentes do STJ. 2. A violação ao princípio da le-
galidade só constituirá ato de improbidade administrativa
quando o ato ilegal tiver motivação (dolo) que efetivamente
atente contra as pautas de moralidade administrativa (hones-
tidade, lealdade, boa fé, etc.). Doutrina. 3. Ao inserir no orde-
namento jurídico brasileiro a benfazeja Lei nº 8.429/92, o le-
gislador ordinário objetivou (mens legislatoris) punir somente
o agente público desonesto, o corrupto, aquele desprovido de
lealdade e boa-fé, e não o inábil, despreparado ou desastrado.
Doutrina (Alexandre de Moraes). Precedentes do STJ. 4. A
ofensa à honestidade, à imparcialidade, à legalidade ou à le-
aldade somente adquirem relevância para o fim de configura-
ção de atos de improbidade administrativa previstos na Lei nº
8.429/92 quando se evidenciarem como um meio de realiza-
ção de objetivos ímprobos. E a improbidade tem relaciona-
mento, sempre, com os valores e questões materiais. Doutrina. 5.
Diante da não comprovação do elemento subjetivo (dolo ge-
nérico ou específico), não há como ser mantida a condenação
de ex-agente público pela prática do ato de improbidade pre-
visto no art. 10, VIII e art. 11, II, da Lei nº 8.429/92. 6. A mera
inobservância do disposto no art. 57, da Constituição Federal,
no art. 2º, da Lei nº 8.666/1993 e no art. 97, da Lei Orgânica
Municipal, desprovida de qualquer propósito de prejudicar a
Administração Pública ou mesmo de violar os princípios cons-
titucionais democrático e republicano, poderia até evidenciar
um eventual despreparo ou inabilidade do réu/apelante como
gestor público (no caso, como Chefe do Poder Executivo mu-
nicipal), mas jamais pode ser considerada como uma prova
irrefutável de má-fé ou de desonestidade por parte de referido
agente público. Mesmo porque a má-fé ou a desonestidade
não se presumem e, portanto, devem ser comprovadas por
quem as alega. 7. Em sede de ação de improbidade adminis-
trativa, o dolo, mesmo o genérico, não pode ser presumido;
deve ser efetivamente comprovado por quem o alega. Prece-
dentes do STJ. A prova dos fatos constitutivos de seu direito in-
cumbe à parte autora (art. 373, I, CPC). 8. Apelação cível conhe-
cida e provida. Sentença parcialmente reformada. Julgada impro-
cedente a pretensão deduzida pelo Ministério Público do Estado
do Tocantins na ação civil pública por ato de improbidade admi-
nistrativa originária em relação ao apelante. Quanto à primeira
controvérsia, pela alínea a do permissivo constitucional, alega vi-
olação do art. 10, VIII, da Lei n. 8.429/92 no que concerne à confi-
guração de improbidade administrativa pela parte ora recorrida di-
ante da conduta praticada, trazendo os seguintes argumentos:
Nos termos do art. 10, inciso VIII, da Lei 8.429/92, a fraude no pro-
cesso licitatório, ou sua dispensa indevida, como no caso em
exame, caracteriza ato de improbidade administrativa, indepen-
dentemente de dolo, culpa, ou prejuízo real aos cofres públicos
(fls. 451). Restou demonstrado que o gestor ora recorrido, à época
Prefeito do Município de Tocantinópolis, sem a devida autorização
legislativa e sem licitação, celebrou contrato de concessão de uso
de bem imóvel público com o particular Georgem Brito Canjão,
outorgando-lhe, em regime de exclusividade, pelo prazo de 10
(dez) anos, renovável por igual período, o uso do aludido bem, in-
tegrante do acervo patrimonial daquela municipalidade, em evi-
dente afronta ao disposto no artigo 10, inciso VIII, Lei n. 8.429/92,
malferindo, também, nesse particular, princípios da Administra-
ção Pública. Assim, comprovada a prática de ato de improbidade
administrativa que importa ofensa aos princípios da Administra-
ção Pública, impõe-se a obrigação ao recorrido, de responder
frente às sanções previstas na norma regente (fls. 453). Quanto à
segunda controvérsia, pela alínea a do permissivo constitucional,
alega violação do art. 11, caput, II, da Lei n. 8.429/92 no que con-
cerne à suficiência do dolo genérico para configuração do ato de
improbidade, trazendo os seguintes argumentos: Constitui, ainda,
ato de improbidade administrativa nos termos do artigo 11, caput,
o comportamento que atenta contra os princípios da administra-
ção pública, externado em qualquer ação ou omissão que viole os
deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
instituiçõe (fls. 452). De fato, conforme reiteradas vezes têm en-
tendido esse Tribunal da Cidadania, o elemento subjetivo neces-
sário à configuração de improbidade administrativa previsto pelo
art. 11 da Lei n. 8.429/92 é o dolo eventual ou genérico de realizar
conduta que atente contra os princípios da Administração Pú-
blica, não se exigindo a presença de intenção específica, pois a
atuação deliberada em desrespeito às normas legais, cujo desco-
nhecimento é inescusável, evidencia a presença do dolo. Prece-
dentes, nesse sentido, dentre outros: AgRg no AREsp 8. 937/MG,
rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª T., DJe 02.02.2012. (g. n.). Desse
modo, ao contrário do decidido pelo Tribunal Tocantinense, para
que seja configurada a afronta ao art. 11, caput e inciso II da Lei
de Improbidade, revela-se desnecessária a comprovação de enri-
quecimento ilícito do administrador público ou a caracterização
de prejuízo ao Erário. É, no essencial, o relatório. Decido. Quanto
à primeira controvérsia, na espécie, não houve o prequestiona-
mento da tese recursal, uma vez que a questão postulada não foi
examinada pela Corte de origem sob o viés pretendido pela parte
recorrente. Nesse sentido: "O Tribunal de origem não tratou do
tema ora vindicado sob o viés da exegese dos artigos 131 e 139 do
CPC/1973, e, tampouco o recorrente opôs embargos de declara-
ção visando prequestionar explicitamente o tema. Incidência da
Súmula 211/STJ". (AgInt no REsp n. 1.627.269/PE, relator Ministro
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe de 27/9/2017.)
Confiram-se ainda os seguintes precedentes: AgInt no AREsp
1.514.978/SC, relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Pri-
meira Turma, DJe de 17/6/2020; AgInt no AREsp 965.710/SP, rela-
tora Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe de
19/9/2018; e AgRg no AREsp 1.217.660/SP, relator Ministro Jorge
Mussi, Quinta Turma, DJe de 4/5/2018. Quanto à segunda contro-
vérsia, na espécie, o Tribunal de origem se manifestou nos seguin-
tes termos: Depreende-se dos autos que as provas contidas na
ACP originária não permitem vislumbrar qualquer dolo, má-fé ou
intenção desonesta por parte do réu/apelante Fabion Gomes de
Sousa ao ceder lote a George Brito Canjão em desacordo com o
disposto no art. 57, da Constituição Federal, no art. 2º, da Lei nº
8.666/1993 e no art. 97, da Lei Orgânica Municipal. [...] Diante de
todas as considerações acima expostas, entendo pelo conhe-
cimento da apelação e, no mérito, pelo provimento do recurso
para reformar parcialmente a sentença impugnada, apenas
para julgar improcedente a ação em relação ao segundo re-
querido (Fabion Gomes de Sousa), haja vista que não é possí-
vel vislumbrar dolo, má-fé ou desonestidade por parte do
réu/apelante, requisitos estes imprescindíveis para a configu-
ração do elemento subjetivo, o qual, por seu turno, é conditio
sine qua non para a caracterização do ato ímprobo previsto na
Lei nº 8.429/92. Deixo de arbitrar honorários advocatícios recur-
sais, tendo em vista que não foram arbitrados em primeiro grau
(fls. 430/432) Assim, incide o óbice da Súmula n. 7 do STJ ("A pre-
tensão de simples reexame de prova não enseja recurso espe-
cial"), uma vez que o acolhimento da pretensão recursal deman-
daria o reexame do acervo fático-probatório juntado aos autos.
Nesse sentido: "O recurso especial não será cabível quando a
análise da pretensão recursal exigir o reexame do quadro fático-
probatório, sendo vedada a modificação das premissas fáticas fir-
madas nas instâncias ordinárias na via eleita (Súmula n. 7/STJ)".
(AgRg no REsp 1.773.075/SP, relator Ministro Felix Fischer, Quinta
Turma, DJe 7/3/2019.) Confiram-se ainda os seguintes preceden-
tes: AgInt no AREsp 1.679.153/SP, relator Ministro Marco Aurélio
Bellizze, Terceira Turma, DJe de 1º/9/2020; AgInt no REsp
1.846.908/RJ, relator Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta
Turma, DJe de 31/8/2020; AgInt no AREsp 1.581.363/RN, relator
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de 21/8/2020; e
AgInt nos EDcl no REsp 1.848.786/SP, relator Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, DJe de 3/8/2020; e AgInt no AREsp n.
1.311.173/MS, relator Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma,
DJe de 16/10/2020. Ante o exposto, com base no art. 21-E, V, do
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, conheço do
agravo para não conhecer do recurso especial. Publique-se. Inti-
mem-se. Brasília, 30 de junho de 2021. MINISTRO HUMBERTO
MARTINS Presidente (STJ - AREsp: 1884814 TO 2021/0142476-7,
Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Publicação: DJ
01/07/2021) Destaques acrescido
Ao abordar o tema, Mendonça3 alerta que, pelo que dispõe o art. 38 da Lei
nº 8.666/93, além de ser obrigatório o parecer, ele tem caráter de verdadeiro ato de apro-
vação:
3MENDONÇA, José Vicente Santos de. A responsabilidade pessoal do parecerista público em quatro standards.
Disponível em < http://www.procuradoria.al.gov.br/centro-de-estudos/teses/xxxv-congresso-nacional-de-pro-
curadores-de-estado/direito-administrativo/A%20RESPONSABILDADE%20PESSOAL%20DO%20PARECE-
RISTA%20PUBLICO%20EM%20QUATRO%20STANDARDS.pdf > Acesso em 24 nov. 2021.
e qualificada de manifestação jurídica, gera responsabilidade a
seus prolatores. Porque se torna, mercê da lei, um ato adminis-
trativo de aprovação, não mais, na essência, um parecer jurídico
(obrigatório ou facultativo – tanto faz). Destaques acrescidos
4 BITTENCOURT, Cezar Roberto. Direito Penal das Licitações. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 139/140.
Segue transcrição do ementário citado pelo respeitado autor:
Ora, se porventura a pesquisa de preço não tivesse sido realizada, esta res-
ponsabilidade jamais pode ser atribuída ao Peticionante, tampouco há de se dizer que ele
tenha anuído com a não realização da mesma, sobremaneira por ter tomado decisões
com respaldo a um Parecer idôneo de sua Assessoria Jurídica, bem assim nos posiciona-
mentos do Departamento de Controle Interno e da Controladoria Geral do Município, além
de ter determinado a realização da pesquisa, como já dito.
É que, como se sabe, ainda sob a égide da antiga Lei de Improbidade Ad-
ministrativa, o dolo ou a culpa são requisitos básicos para que esteja caracterizada a im-
probidade dos atos, e inexistindo provas que apontem para a configuração do elemento
volitivo, é impossível que se reconheça a improbidade, devendo ser, de logo, indeferida a
inicial em relação ao Peticionante FRANCISCO ALCIVAN VIANA.
VI – DO PEDIDO:
Termos em que,
Pede e espera DEFERIMENTO.
Caraúbas/RN, 10 de dezembro de 2021.
J. Paulo Costa
Advogado – OAB/RN 14.825