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DA CONEXÃO E LITISPENDÊNCIA
Não se revela inepta a petição inicial, tampouco ausente o interesse de agir, já que
os documentos colacionados aos autos mostram-se suficientes para o deslinde da matéria.
Insuficiência probatória não se confunde com inépcia da exordial, vez que as partes possuem até o
momento da audiência instrutória ou momento equivalente para produção de provas, além de ainda
ser possível a inversão do ônus probatório.
DA COMPLEXIDADE DE CAUSA
Afasta-se a preliminar de complexidade de causa, haja vista que os fatos alegados
pelas partes podem ser comprovados por documentos e laudos técnicos emitidos por órgão/empresa
imparcial e idôneo, sendo, portanto, competente o Juizado Especial Cível. Preliminar rejeitada.
DO MÉRITO
Verifica-se, inegavelmente, que existe uma relação de consumo e, por isso, resta
patente a incidência do Código de Defesa do Consumidor visto que o(a) requerente se utilizou de
serviço prestado pela requerida como destinatário(a) final. Por seu turno, o artigo 3º, parágrafo
segundo, afirma que fornecedor é toda pessoa que presta serviço mediante remuneração.
Invertido o ônus da prova, não basta somente a Ré dizer que não houve o nexo de
causalidade entre a suspensão de energia e os danos apontados pelo(a) acionante. Para afastar a
pretensão autoral, caberia à Promovida, tendo em vista o seu aparato técnico, comprovar, de forma
inequívoca, que houve efetivo fornecimento de energia elétrica, sem interrupção, no período
impugnado, mas quedou-se inerte.
Ademais, a testemunha ouvida nos autos de nº 0001412-26.2014.8.05.0271, em
audiência de instrução, afirmou ter havido a suspensão do serviço na localidade de Barra de
Serinhaém em março de 2014, ficando toda a comunidade sem energia.
O conflito existente nos autos revela que, de fato, a honra da parte autora fora
sobremodo afetada pelo comportamento ilícito da ré. A narrativa dos fatos, constante na peça
vestibular, traz de forma clara e evidente o dissabor e o transtorno suportados pelo requerente, em
virtude da atuação da demandada. Desse modo é que o transtorno, o aborrecimento, enfim, o dano
experimentado pelo autor, ante a conduta ilegal da demandada, enseja reparação a título de dano
moral. O quantum indenizatório será fixado em valor que assegura o caráter repressivo e
pedagógico da indenização, sem constituir-se elevado bastante ao enriquecimento indevido da parte
autora, levando-se em consideração, ainda, a duração da interrupção do fornecimento de energia
elétrica, bem como o comportamento da ré que, além de nenhuma justificativa ter apresentado como
causa para o defeito do seu serviço, em nenhum momento demonstrou ânimo de minimizar ou
compor os danos causados ao promovente.
Quanto às despesas com o advogado contratado, no valor de R$2.000,00 (dois mil
reais), a pretensão não pode ser acolhida. Em se tratando de juizado especial, não se pode impor tais
despesas à demandada.
Diante do exposto e por tudo mais que dos autos consta, julgo procedente, em
parte, o pedido autoral. Consequentemente, condeno a Ré a pagar ao Autor a quantia de
R$3.000,00 (três mil reais) por danos morais, com correção monetária pelo INPC, a partir desta
data, e juros de mora de 01% (um por cento) ao mês, após 15 (quinze) dias do trânsito em julgado
desta sentença.
Extingo o processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código
de Processo Civil, combinado com o art. 51, caput, da Lei nº 9.099/95.
HOMOLOGAÇÃO