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NPU 1002018-04.2020.8.26.0510
Termos em que
Pede deferimento.
Recife/PE, 11 de abril de 2022.
Egrégia Câmara,
Digno Julgador.
I. DA TEMPESTIVIDADE
(...)
É o relatório no essencial. Decido.
De pronto, observo que o recurso em análise atende aos requisitos
recursais atinentes a representação processual válida e
tempestividade, além disso a parte recorrente é beneficiária da
justiça gratuita.No entanto, à luz da Súmula de n° 07[1], do
Superior Tribunal de Justiça, o presente recurso não pode ser
admitido. Com efeito, após avaliação do acervo fático-probatório
constante nos presentes autos, os julgadores fundamentaram que
“Do histórico de consumo do autor percebe-se que após a
regularização do aparelho de medição houve efetiva oscilação da
quantidade de KWh consumida pela unidade consumidora, motivo
pelo qual restou evidenciado que houve o benefício decorrente da
avaria do medidor”.Outrossim, os doutos desembargadores
proferiram entendimento no sentido de que os procedimentos
administrativos adotados pela concessionária foram realizados
com a devida observância das disposições previstas na Resolução
nº. 414/2010 e 456/2000 da ANEEL, sendo garantido à parte
consumidora o exercício do contraditório e da ampla defesa, razão
pela qual deveria ser reconhecida a licitude da cobrança realizada
no caso concreto, bem como afastada a condenação da CELPE ao
pagamento de indenização por danos morais.Assim sendo, a
análise quanto à legalidade do procedimento administrativo
realizado pela concessionária para apuração do consumo
presumido, bem como a respeito da ocorrência dos danos morais
no caso concreto, demandaria, de maneira imprescindível, o
reexame do conjunto fático-probatório apresentado aos autos e
considerado por este Tribunal de Justiça para se chegar à
conclusão tida por insatisfatória pela parte insurgente, o que é
manifestamente vedado em sede de Recurso Especial, a teor do
enunciado da Súmula nº 07 do STJ.Nesse aspecto, vejamos os
seguintes precedentes:ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
REVISIONAL. ENERGIA ELÉTRICA. JULGAMENTO ANTECIPADO
DA LIDE. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.
REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE, EM RECURSO ESPECIAL.
NECESSIDADE DE EXAME DE MATÉRIA FÁTICA. ALEGADA
VIOLAÇÃO AOS ARTS. 489 E 1.022 DO CPC/2015. INEXISTÊNCIA
DE VÍCIOS, NO ACÓRDÃO RECORRIDO. INCONFORMISMO.
AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. (...) VI. O Tribunal de origem
manteve a sentença de improcedência, consignando que as
provas constantes dos autos são suficientes para o exame
da controvérsia, destacando haver evidência da
irregularidade no medidor. Ressaltou não se tratar de prova
unilateral feita pela concessionária, diante da existência de laudo
do Instituto de Pesos e Medidas de Mato Grosso - IPEM.
Consignou, ainda, a existência de fotos não impugnadas pela parte
autora, atestando a inversão das linhas e, também, o aumento
substancial no consumo nos meses subsequentes à análise do
medidor. Tal entendimento, firmado pelo Tribunal a quo não
pode ser revisto, pelo Superior Tribunal de Justiça, por
exigir o reexame da matéria fático-probatória dos autos.
Precedentes do STJ. VII. Agravo interno improvido. (AgInt no
AREsp 1821823/MT, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 09/08/2021, DJe 16/08/2021).
[Destaquei]ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO
INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. COBRANÇA
DE TARIFA DE ENERGIA ELÉTRICA. OCORRÊNCIA DE
IRREGULARIDADE NO MEDIDOR. ALEGADA VIOLAÇÃO AO ART.
1.022 DO CPC/2015. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS, NO ACÓRDÃO
RECORRIDO. INCONFORMISMO. CONTROVÉRSIA
RESOLVIDA, PELO TRIBUNAL DE ORIGEM, À LUZ DAS
PROVAS DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO, NA
VIA ESPECIAL. SÚMULA 7/STJ. PRAZO PRESCRICIONAL
DECENAL (ART. 205 DO CC DE 2002) OU VINTENÁRIO (ART. 177
DO CC DE 1916), OBSERVADA A REGRA DE TRANSIÇÃO PREVISTA
NO ART. 2.028 DO CÓDIGO CIVIL/2002. TEMA DECIDIDO EM
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA.
ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE
ENTENDEU SUFICIENTE A INSTRUÇÃO DO FEITO. SÚMULA 7/STJ.
CONTROVÉRSIA QUE EXIGE ANÁLISE DE RESOLUÇÃO, ATO
NORMATIVO NÃO INSERIDO NO CONCEITO DE LEI FEDERAL.
INVIABILIDADE. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. (...) II. Na
origem, trata-se de Ação Monitória, ajuizada por CEB Distribuição
S/A em face da parte agravante, objetivando o recebimento do
valor de R$ 606.244,64 (seiscentos e seis mil, duzentos e
quarenta e quatro reais e sessenta e quatro centavos), relativo a
diferenças de medição de energia elétrica, ocasionadas por
irregularidades nos medidores instalados junto à ré. O acórdão do
Tribunal de origem manteve a sentença, que julgara procedente o
pedido. (...) VI. O entendimento firmado pelo Tribunal a quo
- no sentido da existência de irregularidade no medidor de
energia elétrica da parte agravante - não pode ser revisto,
pelo Superior Tribunal de Justiça, em sede de Recurso
Especial, sob pena de ofensa ao comando inscrito na
Súmula 7 desta Corte. Precedentes do STJ. VII. Na forma da
jurisprudência, "o apelo nobre não constitui via adequada para
análise de ofensa a resoluções, portarias ou instruções
normativas, por não estarem tais atos normativos compreendidos
na expressão "lei federal", constante da alínea a do inciso III do
artigo 105 da Constituição Federal" (STJ, REsp 1.613.147/RS, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de
13/09/2016). VIII. Agravo interno improvido. (STJ - AgInt no
REsp: 1725959 DF 2018/0040180-5, Relator: Min. ASSUSETE
MAGALHÃES, Data de Julgamento: 06/09/2018, T2 - SEGUNDA
TURMA, DJe: 13/09/2018). [Destaquei]AGRAVO INTERNO NO
RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. NEGATIVA DE
COBERTURA DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO. MERO
INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. DANO MORAL. NÃO
OCORRÊNCIA. REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA N. 7/STJ. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. A
alteração das conclusões adotadas pela Corte de origem
quanto à não ocorrência de danos morais indenizáveis
demandaria, necessariamente, novo exame do acervo
fático-probatório constante dos autos, providência vedada
em recurso especial, conforme o óbice previsto no
enunciado sumular n. 7 deste Tribunal Superior, aplicável
às alíneas a e c do permissivo constitucional. 2. Agravo
interno a que se nega provimento. (AgInt no REsp 1853280/PR,
Relator: Min. MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, Data
de Julgamento: 19/10/2020, DJe: 26/10/2020). [Destaquei]
Portanto, feitas essas considerações, o recurso em análise não
atende aos requisitos especiais do apelo excepcional, com
fundamento na Súmula nº 7 do STJ.
Deste modo, INADMITO o recurso especial, o que faço com fulcro
no artigo 1.030, inciso V, do CPC/2015, e no artigo 31,
inciso IV, do Regimento Interno desta Corte Estadual.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife/PE, data e assinaturas digitais.
Luciana Pereira Gomes Browne
OAB-PE 786-B