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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

NPU 1002018-04.2020.8.26.0510

Parte Autora: SELIAL INDÚSTRIA E COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E


EXPORTAÇÃO DE ALIMENTOS EIRELI
Réu:ELEKTRO REDES S/A.

ELEKTRO REDES S.A, já qualificada nos autos em


epígrafe, vem à presença de V. Ex a., com fulcro no § 2º e 3º do Art. 544 do CPC,
respeitosa e tempestivamente, apresentar CONTRARRAZÕES ao AGRAVO em
RECURSO ESPECIAL interposto pela parte adversa, já devidamente qualificada, o
que faz consoante as razões de fato e de direito que a seguir passa a expor.

Termos em que
Pede deferimento.
Recife/PE, 11 de abril de 2022.

Luciana Pereira Gomes Browne


OAB/PE 786-B
CONTRARRAZÕES AO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL

AGRAVANTE: SELIAL INDÚSTRIA E COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E


EXPORTAÇÃO DE ALIMENTOS EIRELI
AGRAVADO:ELEKTRO REDES S/A.
PROCESSO:1002018-04.2020.8.26.0510
JUÍZO DE ORIGEM: 1º VARA CÍVEL DA COMARCA DE RIO CLARO

Egrégia Câmara,
Digno Julgador.

I. DA TEMPESTIVIDADE

Em considerando que o primeiro dia da publicação foi em


23 de novembro de 2021 (fls. 877) e que o prazo para apresentar contrarrazões é de
quinze dias úteis, segundo eloquência do Código de Processo Civil de 2015, uma
vez protocolado nesta data, resta demonstrado o preenchimento do requisito da
tempestividade das presentes contrarrazões.

II. SÍNTESE DA CONTROVÉRSIA – BREVE RESUMO DOS FATOS

Em breve síntese, cuida-se de Ação de Obrigação de


fazer com pedido de tutela de urgência na qual a Agravada informa que possui
débito para com a Agravante e que este débito fora estabelecido por outra empresa
que arrendou seu parque industrial desde o ano de 2017.

Aduz, ainda, que a Agravante interrompeu seu


fornecimento de energia elétrica em novembro de 2020 (pede-se vênia a V.
Exas. para atentarem para esta data) e que luta contra um mercado difícil e que
tenta retornar as suas atividades.
Afirma, também, que a interrupção do fornecimento de
energia é ilegal em razão de discussão de débitos pretéritos e que tal motivo é
impedimento de transferência para o AMBIENTE DE CONTRATAÇÃO LIVRE com a
empresa Witzler Energia Ltda.

III. DAS RAZÕES DE MANUTENÇÃO DA DECISÃO TERMINATIVA


Inicialmente Douto julgadores como é sabido, e bem
elencado em sede da contrarrazões ao recurso especial, consoante a inteligência da
súmula 7 STJ, não devem ser devolvidas questões de fatos perante este tribunal, de
modo que esta súmula, coloca restrição no efeito devolutivo do recurso, no que
concerne a inadmissibilidade de reexame de provas processuais, uma vez que o
referido ato acarretaria inevitavelmente uma revisão das matérias de fato:

Súmula 7. A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso


especial.

Neste ínterim, temos que o cerne da lide processual,


decorre no tocante à análise da regularidade do procedimento administrativo da
Celpe para apuração do débito, referente ao consumo não auferido diante da
irregularidade desvio antes do medidor.
Logo, verifica-se que o recorrente, através do recurso de
agravo em recurso especial, vislumbra sua angústia, no intuito de promover, perante
o órgão colegiado do STJ, uma nova análise acerca do arcabouço fático e
probatório, utilizando-se como subterfúgio, uma suposta ofensa a dispositivo de lei
federal, quando na realidade não existe.
Outrossim, embora destacado, consoante a súmula 7 do
STj, se faz necessário mensurar que a ré cumpriu com todos os procedimentos
estabelecidos pela resolução 414/ANEEL, quais sejam, (1) verificação através de
profissionais habilitados e capacitados, (2), TOI- o qual consta que a inspeção foi
acompanhada pelo responsável e inclusive datado ao final pelo mesmo, (3) fotos da
irregularidade (4) carta de aviso de débito conferindo prazo para apresentação da
defesa administrativa- oportunizando o direito de exercício da ampla defesa e
contraditório (5) a taxa de evolução de consumo pós inspeção, ou seja, Excelência,
fora cumprido todos trâmites legais, sendo desta forma, descabido qualquer
argumentação da parte Agravante do desconhecimento do débito, uma vez que
conforme dito alhures, não se trata de fatura proveniente de consumo regular, mas
sim de consumo não medido referente ao período que perdurou a irregularidade.
Ademais, cumpre registrar que diversamente do que
preclara a parte Agravante, é inaplicável no caso em tela o entendimento da
SÚMULA 13, haja vista não se trata de suspensão de energia elétrica de forma
unilateral por parte da Companhia, uma vez que conforme destacado fora procedido
com todos trâmites legais, inclusive tendo o autor participado no momento do ato de
inspeção, bem como se oportunizou o seu direito de exercer o seu contraditório e
ampla defesa, quebrando-se assim a alegação de unilateralidade da cobrança,
conforme vejamos abaixo:
Logo Excelência, deve ser repelida a aplicabilidade
requerida pelo Agravante da súmula 13, uma vez que trata-se, SIM, de fato
inconteste, confirmado através de processo administrativo elaborado nos termos
da legislação da ANEEL, com respeito ao contraditório e ampla defesa.
Constatando que houve efetivamente manipulação fraudulenta do sistema de
medição de energia elétrica na unidade consumidora, com o objetivo de impedir a
medição do consumo real, independentemente da autoria do fato. Sob outro
prisma, o débito apontado não é fruto de cálculo unilateral e arbitrário. Com efeito,
o artigo 130 e seguintes da Resolução 414/2010 da ANEEL prevê um rigoroso
processo administrativo onde se possa apurar o correto e onde se possibilite o
contraditório e ampla defesa, noções diametralmente opostas à unilateralidade
referida na aludida Súmula. Por essas razões, a Súmula 013 do Egrégio Tribunal
de Justiça de Pernambuco resta manifestamente inaplicável no caso dos autos,
pois:

- discute-se, no presente processo, uma situação de fraude efetivamente


verificada, ou seja, que conta com elemento de constatação técnica, e não
de mera "suspeita".
- o cálculo por estimativa decorre do exercício do poder estatal concedido,
ou seja, expressamente permitido pela Lei de Concessões.

Neste sentido, decisão recente do Colégio Recursal de


Recife, nos autos do processo nº 0037606-30.2015.8.17.8201, senão vejamos:

Em que pese tenha a parte autora/recorrida se insurgido contra a


anormalidade constatada no TOI, limitou-se a dizer que não havia
irregularidade no medidor e que os equipamentos elétricos constantes do
TERMO DE OCORRÊNCIA DE IRREGULARIDADE – TOI não existem.
Acontece que a diligência encetada pelos funcionários da recorrente foi
acompanhada por Ageni Almeida da Silva, tida como proprietária do imóvel,
que assinou o documento. Vê-se, pois, que a recorrente agiu exercitando o
seu direito, haja vista a lavratura do Termo na forma da legislação
pertinente, restando ausente qualquer vício formal ou material. Desse
modo, deu-se à autora a possibilidade de exercer plenamente seu direito de
defesa, acaso não tivesse concordado com o TOI. Volto a dizer que toda a
operação de constatação das irregularidades foi acompanhada pela
proprietária, de forma que não se pode falar em desconhecimento do que
foi constatado no Termo. Conquanto produzido unilateralmente, o TOI
resiste ao precário argumento autoral e ao conjunto probatório exibido com
a inicial, dada a total ausência de elementos a apontar qualquer fragilidade
dos dados nele apostos, principalmente, sobre a irregularidade constatada
(v. fotografias). Devo registrar que o Recorrido em momento algum deste
processo se contrapões aos argumentos da Recorrente no que toca à
legalidade do TOI, devendo considerar-se que a Recorrente demonstra e
prova fato que impede o direito autoral, cumprindo assim a disposição do
art. 373-II, do CPC. Logo, discordo do ínclito Magistrado sentenciante, e
entendo que descabe a desconstituição do débito advindo do consumo
presumido, que foi calculado conforme a norma editada pela ANEEL
(Resolução 414/2010), diante da constatação de irregularidade no medidor
de energia elétrica. Ao contrário do entendimento do juízo a quo, tenho que
a realização de laudo pericial é facultada ao consumidor, e não imposto à
concessionária, que pode ou não realizar a perícia (art. 129-II). Destaco que
no caso em apreço não cabe a aplicação da súmula 13 do TJPE, posto que
considero que não há aqui mera suspeita de fraude no consumo de energia
elétrica, mas sim provada adulteração criminosa no sistema de medição
tendente a sonegar o consumo real, o chamado “macaco”. Pelo exposto,
conheço do RI e dou-lhe provimento para reformar totalmente a sentença
de primeiro grau, julgando improcedentes os pedidos do autor/recorrido e
revogando a decisão liminar proferida.

Somado a isto, temos o entendimento deste tribunal, no


que concerne quanto ao procedimento da companhia, conforme vejamos:

Com efeito, após avaliação do acervo fático-probatório constante nos


presentes autos, os julgadores fundamentaram que “Do histórico de
consumo do autor percebe-se que após a regularização do aparelho de
medição houve efetiva oscilação da quantidade de KWh consumida pela
unidade consumidora, motivo pelo qual restou evidenciado que houve o
benefício decorrente da avaria do medidor”. Outrossim, os doutos
desembargadores proferiram entendimento no sentido de que os
procedimentos administrativos adotados pela concessionária foram
realizados com a devida observância das disposições previstas na
Resolução nº. 414/2010 e 456/2000 da ANEEL, sendo garantido à parte
consumidora o exercício do contraditório e da ampla defesa, razão pela qual
deveria ser reconhecida a licitude da cobrança realizada no caso concreto,
bem como afastada a condenação da CELPE ao pagamento de
indenização por danos morais. Assim sendo, a análise quanto à legalidade
do procedimento administrativo realizado pela concessionária para
apuração do consumo presumido, bem como a respeito da ocorrência dos
danos morais no caso concreto, demandaria, de maneira imprescindível, o
reexame do conjunto fático-probatório apresentado aos autos e considerado
por este Tribunal de Justiça para se chegar à conclusão tida por
insatisfatória pela parte insurgente, o que é manifestamente vedado em
sede de Recurso Especial, a teor do enunciado da Súmula nº 07 do STJ.

Diante disso, compulsando os autos é evidente a


irresignação do Autor com o referido acórdão, uma vez que vislumbra criar uma via
extraordinária, como uma terceira instância, na tentativa de uma nova reanálise dos
fatos e provas, o que deve ser coibido por este juízo.
Posto isto, imperioso asseverar, que in casu, não há que
se falar de eventual indenização por danos morais, uma vez não conter elementos
probatórios acostados nos autos pela parte Autora, assim como já restou claro
perante este juízo que não houve falha na prestação dos serviços, por parte da
Agravada.
Sendo assim, resta claro que a pretensão do recorrente é
obstaculizada pela súmula 7 deste col. STJ, não permitindo reabrir o debate no que
tange a existência, validade e prova que instruíram o processo na instância
originária, uma vez que acarretaria um abarrotamento desnecessário perante o
judiciário, em decorrência de um volume considerável de processos similares.
Além disso, vale destacar que o Agravante, mais uma vez
não parece se atentar aos pressupostos de admissibilidade do recurso especial,
quando suscita divergência jurisprudencial, com o que preza o artigo 105, inc III, da
CF/88, tendo em vista que antes de ingressar com o presente recurso, deveria ter
comparado o acórdão recorrido com outros paradigmas, não bastando assim, a
mera menção ou suas transcrições.
Inclusive, este é o entendimento do Supremo Tribunal
Federal, ao cuidar da admissibilidade do recurso extraordinário com base em
dissídio jurisprudencial, cristalizou o seguinte entendimento na Súmula n.º 291, que
transcrevemos com grifos:

No recurso extraordinário pela letra "d" do art. 101, número III, da


Constituição, a prova do dissídio jurisprudencial far-se-á por certidão, ou
mediante indicação do "Diário da Justiça" ou de repertório de jurisprudência
autorizado, com a transcrição do trecho que configure a divergência,
mencionadas as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos
confrontados.

A propósito do tema, confira-se o aresto abaixo, por ser


extremamente pedagógico, com destaques nossos:

PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - NEGATIVA DE


PROVIMENTO - AGRAVO REGIMENTAL - EMBARGOS DE TERCEIROS -
AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO - DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL -
NÃO COMPROVAÇÃO - ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE AO ART.
1.046 DO CPC - REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA -
SÚMULA 7/STJ - DESPROVIMENTO. 1 - A jurisprudência desta Corte
admite a dispensa da transcrição de trechos do acórdão paradigma e o
cotejo entre ele e o aresto impugnado se notório o dissídio que se pretende
configurar, notadamente quando o confronto se dá com precedentes deste
Tribunal, entretanto essa não é a hipótese dos autos, pois a divergência não
se caracteriza como notória. Ademais, inexiste similitude fática entre os
julgados paradigmas colacionados e o v. acórdão recorrido. 2 - Encerra em
reexame do conjunto fático-probatório a tese suscitada em recurso especial,
uma vez que a análise da caracterização ou não da boa-fé da adquirente do
automóvel exigiria a reapreciação das provas existentes nos autos, o que é
vedado a esta Corte, a teor da Súmula 7/STJ. 3 - Agravo regimental
desprovido (STJ - AgRg no Ag: 681596 DF 2005/0084127-3, Relator:
Ministro JORGE SCARTEZZINI, Data de Julgamento: 02/08/2005, T4 -
QUARTA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 22/08/2005 p. 299)

Ou seja, os julgados colacionados pelo Recorrente


apenas corroboram o que já foi dito pela parte Agravada. Mesmo que houvesse sido
devidamente comprovado nas instâncias ordinárias que houve mácula ao devido
processo legal quanto a apuração do débito oriundo de irregularidade constatada,
em razão de falha na prestação do serviço – o que não foi –, é evidente que a
concessionária cumpriu com todos preceitos legais, desde o ato de inspeção, por
profissionais habilitados, devidamente acompanhado pelo responsável com sua
assinatura data, lavratura de TOI, carta encaminhada oportunizando sua
manifestação administrativa, a qual quedou-se inerte.
Logo, o que está sendo cobrado pela Cia nada mais é do
que lhe é devido pela contraprestação do serviço referente a recuperação do
consumo não medido. Ou seja, não há que se falar em danos morais automáticos,
bem como não há possibilidade de cogitar uma eventual desconstituição do débito
ora questionado, sob pena de gerar enriquecimento ilícito em desfavor da parte
Agravante, além de possibilitar precedente de ocorrência em futuros casos.

Dessa forma, conclui-se que não há similitude fática entre


os acórdãos colacionados pelo recorrente.
Por extrema cautela, prezando-se pelo princípio da
eventualidade, na remota hipótese de Vossa Excelência conhecer o agravo em
recurso especial, sob o preceito de preencher os requisitos de cabimento, diante de
todas considerações já destacadas, vale trazer à tona os respaldos da
concessionários e os fundamentos dos acordos ora acostados.
Como é sabido, a presente lide, teve origem, após a
inspeção realizada pela Companhia, no equipamento de medição da unidade
consumidora, em que se constatou a existência de irregularidade denominada
DESVIO ANTES DO MEDIDOR, razão a qual, foi confeccionado uma fatura
proveniente da recuperação do consumo não auferido relativo à época da
irregularidade no importe de R$1.002,27 (hum mil, dois reais, e vinte e sete
centavos), a qual o Recorrente alega desconhecer.
Neste ínterim, resta claro que o procedimento
administrativo da Agravada, respeitou todos preceitos da norma regulatória,
restando comprovado a irregularidade através de fotos, já colacionadas perante este
juízo, memorial de cálculo, faturamento, carta dando ciência e oportunizando o
exercício de ampla defesa, bem como a tabela de evolução de consumo após a
troca do medidor. Posto isto, verifica-se que o Agravante, limita-se a dizer que
sempre utilizou-se do consumo de energia de forma lícita, entretanto não apresenta
qualquer elemento probatório para corroborar com suas alegações. Em
contrapartida, a Concessionária, conforme denota-se, comprovou de forma
escorreita cumprindo fielmente com os preceitos legais, que a unidade ora discutida
encontrava-se com uma fiação clandestina visando alimentar sua residência, não
computando assim o efetivo consumo da energia elétrica.
Constatada a legalidade da medida, este referido juízo
em sede de acórdão, concluiu que a conduta praticada pela CELPE não resultou em
abalo moral passível de indenização, chegando à conclusão de que do conjunto
probatório colacionado aos autos que não fora demonstrado que a recorrente teria
sofrido abalos psicológicos passíveis de compensação, bem como que o débito
oriundo da constatação de irregularidade no medidor é devido.
Pela contundência, merece registro o seguinte excerto do
acórdão atacado, que tomamos por empréstimo nestas contrarrazões:

(...)
É o relatório no essencial. Decido.
De pronto, observo que o recurso em análise atende aos requisitos
recursais atinentes a representação processual válida e
tempestividade, além disso a parte recorrente é beneficiária da
justiça gratuita.No entanto, à luz da Súmula de n° 07[1], do
Superior Tribunal de Justiça, o presente recurso não pode ser
admitido. Com efeito, após avaliação do acervo fático-probatório
constante nos presentes autos, os julgadores fundamentaram que
“Do histórico de consumo do autor percebe-se que após a
regularização do aparelho de medição houve efetiva oscilação da
quantidade de KWh consumida pela unidade consumidora, motivo
pelo qual restou evidenciado que houve o benefício decorrente da
avaria do medidor”.Outrossim, os doutos desembargadores
proferiram entendimento no sentido de que os procedimentos
administrativos adotados pela concessionária foram realizados
com a devida observância das disposições previstas na Resolução
nº. 414/2010 e 456/2000 da ANEEL, sendo garantido à parte
consumidora o exercício do contraditório e da ampla defesa, razão
pela qual deveria ser reconhecida a licitude da cobrança realizada
no caso concreto, bem como afastada a condenação da CELPE ao
pagamento de indenização por danos morais.Assim sendo, a
análise quanto à legalidade do procedimento administrativo
realizado pela concessionária para apuração do consumo
presumido, bem como a respeito da ocorrência dos danos morais
no caso concreto, demandaria, de maneira imprescindível, o
reexame do conjunto fático-probatório apresentado aos autos e
considerado por este Tribunal de Justiça para se chegar à
conclusão tida por insatisfatória pela parte insurgente, o que é
manifestamente vedado em sede de Recurso Especial, a teor do
enunciado da Súmula nº 07 do STJ.Nesse aspecto, vejamos os
seguintes precedentes:ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
REVISIONAL. ENERGIA ELÉTRICA. JULGAMENTO ANTECIPADO
DA LIDE. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.
REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE, EM RECURSO ESPECIAL.
NECESSIDADE DE EXAME DE MATÉRIA FÁTICA. ALEGADA
VIOLAÇÃO AOS ARTS. 489 E 1.022 DO CPC/2015. INEXISTÊNCIA
DE VÍCIOS, NO ACÓRDÃO RECORRIDO. INCONFORMISMO.
AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. (...) VI. O Tribunal de origem
manteve a sentença de improcedência, consignando que as
provas constantes dos autos são suficientes para o exame
da controvérsia, destacando haver evidência da
irregularidade no medidor. Ressaltou não se tratar de prova
unilateral feita pela concessionária, diante da existência de laudo
do Instituto de Pesos e Medidas de Mato Grosso - IPEM.
Consignou, ainda, a existência de fotos não impugnadas pela parte
autora, atestando a inversão das linhas e, também, o aumento
substancial no consumo nos meses subsequentes à análise do
medidor. Tal entendimento, firmado pelo Tribunal a quo não
pode ser revisto, pelo Superior Tribunal de Justiça, por
exigir o reexame da matéria fático-probatória dos autos.
Precedentes do STJ. VII. Agravo interno improvido. (AgInt no
AREsp 1821823/MT, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 09/08/2021, DJe 16/08/2021).
[Destaquei]ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO
INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. COBRANÇA
DE TARIFA DE ENERGIA ELÉTRICA. OCORRÊNCIA DE
IRREGULARIDADE NO MEDIDOR. ALEGADA VIOLAÇÃO AO ART.
1.022 DO CPC/2015. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS, NO ACÓRDÃO
RECORRIDO. INCONFORMISMO. CONTROVÉRSIA
RESOLVIDA, PELO TRIBUNAL DE ORIGEM, À LUZ DAS
PROVAS DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO, NA
VIA ESPECIAL. SÚMULA 7/STJ. PRAZO PRESCRICIONAL
DECENAL (ART. 205 DO CC DE 2002) OU VINTENÁRIO (ART. 177
DO CC DE 1916), OBSERVADA A REGRA DE TRANSIÇÃO PREVISTA
NO ART. 2.028 DO CÓDIGO CIVIL/2002. TEMA DECIDIDO EM
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA.
ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE
ENTENDEU SUFICIENTE A INSTRUÇÃO DO FEITO. SÚMULA 7/STJ.
CONTROVÉRSIA QUE EXIGE ANÁLISE DE RESOLUÇÃO, ATO
NORMATIVO NÃO INSERIDO NO CONCEITO DE LEI FEDERAL.
INVIABILIDADE. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. (...) II. Na
origem, trata-se de Ação Monitória, ajuizada por CEB Distribuição
S/A em face da parte agravante, objetivando o recebimento do
valor de R$ 606.244,64 (seiscentos e seis mil, duzentos e
quarenta e quatro reais e sessenta e quatro centavos), relativo a
diferenças de medição de energia elétrica, ocasionadas por
irregularidades nos medidores instalados junto à ré. O acórdão do
Tribunal de origem manteve a sentença, que julgara procedente o
pedido. (...) VI. O entendimento firmado pelo Tribunal a quo
- no sentido da existência de irregularidade no medidor de
energia elétrica da parte agravante - não pode ser revisto,
pelo Superior Tribunal de Justiça, em sede de Recurso
Especial, sob pena de ofensa ao comando inscrito na
Súmula 7 desta Corte. Precedentes do STJ. VII. Na forma da
jurisprudência, "o apelo nobre não constitui via adequada para
análise de ofensa a resoluções, portarias ou instruções
normativas, por não estarem tais atos normativos compreendidos
na expressão "lei federal", constante da alínea a do inciso III do
artigo 105 da Constituição Federal" (STJ, REsp 1.613.147/RS, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de
13/09/2016). VIII. Agravo interno improvido. (STJ - AgInt no
REsp: 1725959 DF 2018/0040180-5, Relator: Min. ASSUSETE
MAGALHÃES, Data de Julgamento: 06/09/2018, T2 - SEGUNDA
TURMA, DJe: 13/09/2018). [Destaquei]AGRAVO INTERNO NO
RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. NEGATIVA DE
COBERTURA DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO. MERO
INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. DANO MORAL. NÃO
OCORRÊNCIA. REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA N. 7/STJ. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. A
alteração das conclusões adotadas pela Corte de origem
quanto à não ocorrência de danos morais indenizáveis
demandaria, necessariamente, novo exame do acervo
fático-probatório constante dos autos, providência vedada
em recurso especial, conforme o óbice previsto no
enunciado sumular n. 7 deste Tribunal Superior, aplicável
às alíneas a e c do permissivo constitucional. 2. Agravo
interno a que se nega provimento. (AgInt no REsp 1853280/PR,
Relator: Min. MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, Data
de Julgamento: 19/10/2020, DJe: 26/10/2020). [Destaquei]
Portanto, feitas essas considerações, o recurso em análise não
atende aos requisitos especiais do apelo excepcional, com
fundamento na Súmula nº 7 do STJ.
Deste modo, INADMITO o recurso especial, o que faço com fulcro
no artigo 1.030, inciso V, do CPC/2015, e no artigo 31,
inciso IV, do Regimento Interno desta Corte Estadual.

Ante o exposto, levando-se em consideração, se tratar de


temática já consolidada perante este col. STJ, devem ser repelidas as colocações
da parte Agravante, sem maiores considerações sobre o referido tema, prezando
pela manutenção do acórdão.

III – DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Assim, à luz de todo o acima exposto, vem, essa


Recorrida requer a Vossa Excelência e a este Tribunal que não conheça, do
presente recurso de Agravo Interno em recurso especial, , inadmitido-o, e, na remota
eventualidade de assim não entender, que lhe negue provimento in totum, mantendo
incólume o acórdão,

Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife/PE, data e assinaturas digitais.
Luciana Pereira Gomes Browne
OAB-PE 786-B

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