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AUTOS Nº xxxxxxxxxx
RECURSO INOMINADO
em face da respeitá vel Sentença que julgou improcedente os pedidos formulados nos autos
da açã o em epígrafe, com as razõ es anexas, requerendo que as mesmas sejam remetidas à
Colenda Turma Recursal do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
Requer ainda, o recebimento do presente recurso sob assistência judiciá ria, já que o Autor
está impossibilitado de pagar as custas desta açã o sem prejuízo de seu sustento. Em
atençã o ao princípio da colaboraçã o recursal, requer-se a intimaçã o do Recorrente para
sanar eventual irregularidade que obste o recebimento do recurso.
LOCAL, DATA.
ADVOGADO
OAB/RS XXX
EMÉRITOS JULGADORES
RAZÕES DE RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: PARTE
RECORRIDOS: PARTE.
Com efeito, em que pese o inquestioná vel saber do eminente Julgador, a decisã o merece
reforma, conforme será exposto adiante.
II - DA JUSTIÇA GRATUITA:
Ainda sobre a gratuidade a que tem direito, o novo Có digo Instrumentalista dispõ e em seu
art. 99, § 3º, que “presume-se verdadeira a alegaçã o de insuficiência deduzida
exclusivamente por pessoa natural”. Assim, à pessoa natural basta a mera alegaçã o de
insuficiência de recursos, sendo desnecessá ria, num primeiro momento, a produçã o de
provas da hipossuficiência financeira.
Excelência, no caso dos autos, o juízo de primeiro grau entendeu, em síntese, que a fatura
emitida em valor exorbitante e dissonante dos meses anteriores e posteriores a abril/2021
é vá lida.
Além disso, o julgador deve formar a sua convicçã o de acordo com a prova dos autos, e nã o
com base em juízo hipotético de fatos que nã o se encontram nos autos, pois no presente
caso, o Julgador supõ e que o autor tenha deixado equipamentos ligados em sua residência e
adota tal fundamento infundado para amparar a sua decisã o, o que nã o merece prosperar.
Sobre o ponto, cabe inicialmente destacar que, apó s receber a fatura em valor exorbitante,
o autor abriu o protocolo nº 0170480212, no qual ficou constatado que nã o existia fuga de
energia no medidor da sua residência.
Houve o registro de consumo de 1554 Kwh, sendo que, nos meses anteriores e posteriores,
havia uma média de consumo de 300 Kwh.
Registre-se que a ré se limitou a acostar telas sistêmicas e nã o fez nenhuma prova para
justificar a cobrança exorbitante.
Em situaçõ es aná logas, o TJRS e suas Turmas Recursais têm entendimento firmado no
sentido de desconstituir essas cobranças abusivas, senã o vejamos:
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO.
FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. FATURA MENSAL EXORBITANTE. DESCONSTITUIÇÃO DO VALOR
EXCEDENTE. Fatura mensal com valores excessivos. A desconstituição do valor excedente da fatura com
vencimento no dia 13/11/2019, no valor de R$ 749,59, mostra-se impositiva, porquanto exorbitante o débito em
comparação com a média do consumo mensal de energia elétrica na residência da parte autora. A parte ré, por sua
vez, não se desincumbiu do ônus que lhe cabia de demonstrar a ocorrência do consumo destoante do consumo
regular da autora, bem como de que a leitura era realizada de forma plurimensal, a teor do art. 6º, inc. III, do
Código de Defesa do Consumidor e do art. 373, II, do CPC/15. Contudo, embora tenha restado claro que há
valores a maior na fatura supramencionada, também é certo que a parte autora usufruiu do bem essencial durante
o período, razão pela qual deverá ser recalculado de acordo com a média aritmética do consumo registrado nos
doze meses posteriores a outubro de 2019. (...).(Apelação Cível, Nº 50000643920208210138, Segunda Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Lúcia de Fátima Cerveira, Julgado em: 23-02-2022) (grifei)
RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. ENERGIA ELÉTRICA. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ALEGAÇÃO DE COBRANÇA EXORBITANTE NOS MESES DE
NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2019. AUSÊNCIA DE PROVA DA REGULARIDADE DA COBRANÇA EFETUADA PELA RÉ.
REGISTRO DE CONSUMO MUITO SUPERIOR AO COMUMENTE UTILIZADO PELA PARTE AUTORA. REGULARIDADE DA
AFERIÇÃO QUE NÃO FOI DEMONSTRADA. DESCONSTITUIÇÃO DO DÉBITO. RECÁLCULO DAS FATURAS
DESCONSTITUÍDAS COM BASE NA MÉDIA DOS ÚLTIMOS TRÊS MESES DE EFETIVO CONSUMO, ANTERIORES AO
PERÍODO IMPUGNADO. PEDIDO CONTRAPOSTO IMPROCEDENTE. RECURSO DESPROVIDO.(Recurso Cível, Nº
71010263580, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Ana Cláudia Cachapuz Silva Raabe,
Julgado em: 15-12-2021) (grifei)
De igual forma, merece reforma a decisã o no ponto com relaçã o ao pedido de indenizaçã o
por danos morais.
No caso, é devida a condenaçã o da Recorrida ao pagamento de indenizaçã o por danos
morais em razã o da ausência de prévia notificaçã o ao corte da energia elétrica em sua
residência, bem como por ter efetuado o corte com base em fatura abusiva e exorbitante.
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. ENERGIA ELÉTRICA. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. (...) Relativamente ao período em que a autora ficou sem o
serviço de energia elétrica, tendo o corte ocorrido sem prévio aviso, há incidência do chamado dano moral “in re
ipsa”, decorrente do próprio fato e sua natural repercussão na esfera do lesado, presumível, isto é, sem
necessidade de prova quanto ao efetivo prejuízo sofrido pela parte em razão do evento danoso. A indenização,
todavia, deve ser fixada considerando a necessidade de punir o ofensor e evitar que repita o seu comportamento,
devendo-se levar em conta o caráter punitivo da medida, a condição social e econômica do lesado e a repercussão
do dano. Quantum indenizatório mantido no caso concreto. Apelação desprovida.(Apelação Cível, Nº
70083792978, Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio Heinz, Julgado
em: 23-09-2020) (grifei)
Verifica-se, portanto, que a cobrança exorbitante é indevida e que houve a indevida interrupção do abastecimento
de energia elétrica na residência do autor sem aviso prévio, o que configura dano moral in re ipsa.
LOCAL, DATA.
ADVOGADO
OAB/RS XXXX
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