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AO JUÍZO DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE

PAULISTA/PE

URGENTE

ANA XXXXX(consumidora), brasileira, casada, advogada, portadora da


cédula de identidade nº 6.XXXXXX SDS-PE, CPF/MF nº 059.XXX (Doc.01), conta de endereço
eletrônico: silviobatista.adv@gmail.com, residente e domiciliada na rua Cento e Cinco, nº XXX, Jardim
Maranguape, Paulista-PE. CEP. 53.442-040 (Doc.02), Telefone: (81)9.9XXXXXX, através do seu
advogado devidamente constituído (Doc.03), que assina a presente digitalmente, devidamente
habilitado no Pje – TJPE, onde recebe notificações, intimações e demais atos processuais, vem à presença
de V. Exª , apresentar

RECLAMAÇÃO/ IMPUGNAÇÃO DE COBRANÇA


AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Em face de COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE, com nome fantasia


Neoenergia Pernambuco, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. 10.835.932/0001-08,
com sede na Av. João de Barros, n. 111, Boa Vista, Recife-PE, CEP: 50.050-902, pelos motivos de fato e
de direito a seguir aduzidos.

1. DOS FATOS

A parte autora é moradora de um imóvel situado na Cento e Cinco, nº 168, Jardim Maranguape,
Paulista-PE. CEP. 53.442-040, onde mantém relação de consumo com a parte ré (Contrato n. 7030039178)
(Doc.02), residindo com seu esposo SILVIO BATISTA e sua filha de 06 anos de idade MARIA
JÚLIA.
ADIMPLENTE COM TODAS AS SUAS CONTAS, conforme extrato de débitos, salvo
valor impugnado, atualizado de R$ 4.903,12 (quatro mil novecentos e três reais e doze centavos)
(Doc.04)!

Em meados de Agosto do ano de 2022 a autora foi surpreendida ao receber uma notificação em
que foi acusada injustamente de fraude no medidor de consumo de energia. Na notificação, a
Consecionária informava a realização de vistoria de rotina, da qual a autora jamais tomou conhecimento,
onde supostamente foi constatada LIGAÇÃO DIRETA – AUTO RELIGAÇÃO C/ PERDA. Ocorre
Douto Juízo que na residencia da autora nunca houve ligação direta e tão pouco eventual desligameneto
da energia que possibilitasse a Auto Religação suscitada na referida notificação!!!

Indiganada a autora entrou em contato com a concessionária de energia, solicitando a


realização de uma reinspeção, dessa vez com o devido cumprimento das normas técnicas e legais a que
deve se submeter tal procedimento e para sua surpresa foi informada de que isso não seria possível e que
sua única alternativa seria a apresentação de recurso administrativo em posto presencial de atendimento.

Sendo assim, compareceu então a Autora ao posto de atendimento localizado no centro da


cidade de Paulista, protocolou o referido recurso administrativo (Doc.5.1) conforme orientação da
funcionária do teleatendimento, e jamais recebeu qualquer retorno a respeito do vosso pleito.

Contudo, em 16.02.2023, 10h da manhã, a Ré de forma ARBITRÁRIA, COVARDE E


MUITOS OUTROS ADJETIVOS, EXECUTA ATO DE CORTAR O FONECIMENTO DE ENERGIA
DA AUTORA DE FORMA INDEVIDA E ILEGAL.

ATO ILEGAL motivado por inspeção nº 004403990734, realizada em 30.07.2022, SEM A


PRESENÇA DA AUTORA, resultando no TOI – Termo de Ocorrência de Inspeção nº 2101310, que
constatou “a existência de Ligação direta – Auto religação c/ perda”. Ademais, afirma a Ré que para
compensar a suposta energia não faturada, utilizou-se como critério de cálculo: consumo apurado
proporcionalizado em 30 dias. Resultando no valor total de R$ 4.670,70 (quatro mil seis centos e setenta
reais e setenta centavos) devido pela Requerente (Doc.05).

Sem comunicação prévia, direito ao contraditório e com sua residência SEM ENERGIA
ELÉTRICA, a Autora e sua família se viu/se ver numa situação de GRAVE EMERGÊNCIA, pois
todos os produtos alimentícios como p. Ex., Carnes, lanches de sua filha etc... estão sem o devido
acondicionamento, além de ter ido dormir na casa de parentes(Doc.06).

Assim sendo, diante de tamanha violação à sua dignidade, a parte autora


vem, através desta via judicial, requerer o que se segue.

2. DO DIREITO

2.1 DA INAPLICABILIDADE DA MULTA – ERRO NO PROCEDIMENTO

In casu, o procedimento adotado não se aplica, pois o suposto fato gerador acorreu em 22/09/2020,
antes do públicação da RESOLUÇÃO NORMATIVA 1000/2021. Sendo assim, os valores não faturados
e cobrados com fundamento nos arts. 326, 595 e 596 da supracitada Resolução NÃO SE APLICA!

Ressalta-se, que a perícia técnica administrativa realizada unilateralmente por concessionária de


energia elétrica sem a prévia notificação do consumidor para acompanhar os trabalhos, acompanhado de
técnico de sua confiança, invalida o seu resultado por ofensa aos princípios constitucionais da ampla defesa
e do contraditório.

Cumpri destacar que todo processo de aferição da suposta ligação direta se deu SEM O
CONHECIMENTO da consumidora!!!

Resolução Normativa ANEEL nº 414, de 09.09.2010, mas vigente à época do suposto fato gerador,
determina em seu art. 72, II, que a concessionária deverá “promover a perícia técnica, a ser realizada por
terceiro legalmente habilitado, quando requerida pelo consumidor”. E em seu art. 38, §1.º, que “a
concessionária deverá informar, com antecedência mínima de 3 (três) dia úteis, a data fixada para a
realização da aferição, de modo a possibilitar ao consumidor o acompanhamento do serviço”.

Resta evidente que a norma deve ser interpretada de acordo com as disposições do Código de Defesa
do Consumidor, entre eles o direito à informação adequada quanto aos seus direitos (art. 6.º, CDC),
inclusive no que se refere ao acompanhamento da perícia técnica, essencial para o caso em comento
porquanto notória a hipossuficiência técnica da consumidora.

Ocorre que, a despeito do inegável direito da concessionária de cobrar os débitos referentes a


consumo não medido quando evidenciada fraude/avaria no medidor, imperativo que a apuração da fraude
seja acompanhada pela consumidora, que deve ter assegurado o direito de constituir profissional habilitado
para acompanhamento da perícia técnica.
No presente caso, NÃO HOUVE NOTIFICAÇÃO PREVIA da data e horário da realização da
perícia técnica.

Para surpresa da Requerente, foi enviado Carta nº 4403990734/0001, informando a realização da


vistoria em sua unidade consumidora, e já com a discriminação dos valores de energia elétrica não faturada,
constando, ainda, que, em caso de discordância quanto a este montante, deveria a usuária dirigir recurso à
própria concessionária de energia elétrica, o que é insuficiente para a demonstração do respeito ao
contraditório.

BEM POR ISSO, NÃO MERECE PROSPERAR A ALEGAÇÃO DE FRAUDE NAS


INSTALAÇÕES LOCALIZADAS NO IMÓVEL DA CONSUMIDORA.

Vale ressaltar que a existência do TOI, por si só, não conduz ao reconhecimento de que o consumo
de energia não foi aferido de maneira regular. De outra banda, eventual teste realizado no laboratório da
concessionária é uma incógnita e não há prova de que consumidor tenha sido notificado para acompanhar os
trabalhos.

ANTE O EXPOSTO, DESCONSTITUÍDA EVENTUAL PROVA TÉCNICA


UNILATERALMENTE PRODUZIDA PELA CONCESSIONÁRIA SEM A CONVOCAÇÃO DA
CONSUMIDORA PARA ACOMPANHAR SUA REALIZAÇÃO, CAI POR TERRA O SUBSÍDIO
PROBATÓRIO PARA A LEGITIMAÇÃO DA COBRANÇA POR ESTIMATIVA DE CARGA,
DEVENDO SER DECLARADA INEXIGÍVEL A DÍVIDA DA AUTORA.

2.2 DO DANO MATERIAL E MORAL

O Código Civil Brasileiro determina:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

No caso exposto, por se tratar de uma relação de consumo, a reparação se dará independentemente
de o agente ter agido com culpa, uma vez que nosso ordenamento jurídico adota a teoria da
responsabilidade objetiva (Art. 12 do CDC).

Sendo assim, é de inteira justiça que seja reconhecido ao polo ativo o direito básico (Art. 6, VI, do
CDC) de ser indenizado pelos danos sofridos e sua família, em face da conduta negligente da Ré em
INTERROMPER O FORNECIMENTO DE ENERGIA com base em PROCEDIMENTO ERRADO
na apuração regular de fraude no equipamento da Autora.
Em casos semelhantes, já se manifestou o Tribunal de Justiça de Pernambuco:

PROCESSO CIVIL - APELAÇÃO CÍVEL - PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA - REJEIÇÃO -


MÉRITO - COBRANÇA POR ESTIMATIVA DE CARGA - AVALIAÇÃO UNILATERAL DA
CONCESSIONARIA DE ENERGIA ELETRICA - SUSPEITA DE IRREGULARIDADE DO MEDIDOR
- PROCEDIMENTO REALIZADO DE MANEIRA INDEVIDA - NÃO REALIZAÇÃO DA
AVALIAÇÃO TÉCNICA COM ENVIO DE COMUNICAÇÃO AO USUÁRIO PARA POSSIBILIDADE
DE ACOMPANHAMENTO - COBRANÇA INDEVIDA - DANO MORAL. APELO NÃO PROVIDO. 1-
Não existe indícios de que o equipamento se submeteu a perícia técnica especializada com
acompanhamento do consumidor, nos termos do art. 129 da Resolução nº 414/2010 da ANEEL.
Concessionária/Apelante somente realizou o TOI - Termo de Ocorrência de Irregularidade e não enviou
correspondência ao usuário para acompanhar a perícia. 2-Comprovado o erro procedimental da Apelada
para a apuração regular da fraude do equipamento, por tal motivo entende-se pela ilegalidade da medida,
não havendo que se falar em cobrança da carga de consumo supostamente utilizada e não auferida.
Desconstituição do débito arbitrado unilateralmente.3- Mostra-se incontroverso o ilícito praticado pela ré,
ora Apelante, ao cobrar o autor, sob pena de corte no fornecimento de energia, por fatura concebida sem
obediência aos procedimentos cabíveis para o caso de apuração de irregularidade. Dano moral cabível no
valor de R$ 4mil reais que não merece redução.4- Apelo não provido.

(Apelação Cível 567720-30000210-10.2014.8.17.1490, Rel. Humberto Costa Vasconcelos Júnior, 1ª


Câmara Regional de Caruaru - 1ª Turma, julgado em 03/08/2022, DJe 15/08/2022)

2.3 DA TUTELA DE URGÊNCIA

Nos termos do art. 300 do Código de Processo Civil, havendo elementos que evidenciam a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, será concedida a tutela de
urgência.

Nesse sentido, estando presentes os requisitos elencados no artigo 300 do CPC – probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo –, a parte interessada poderá requerer a
antecipação dos efeitos da tutela.

No caso dos autos, não há dúvida de que a probabilidade do direito resta demonstrada. O fumus
boni iuris consubstancia-se em todos os fatos já relatados e em todo o acervo probatório acostado aos autos,
especialmente diante da AVALIAÇÃO UNILATERAL DA CONCESSIONARIA DE ENERGIA
ELETRICA, não seguindo as normais aplicáveis quanto ao procedimento adotado para apurar suposta
fralde, além de NÃO TER ENVIADO CORRESPONDÊNCIA a usuária para acompanhar a perícia,

Por outro lado, o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo também resta demonstrado.
O periculum in mora consubstancia-se especialmente em NÃO UTILIZAR SUA RESIDÊNCIA, diante
da ausência de energia elétrica, não podendo acondicionar seus alimentos sem geladeira, RETORNANDO
A ANTES DA DÉCADA DE 1910, onde em dias amenos de verão - digamos, a 25 graus Celsius -, peixe e
carne duram apenas algumas horas fora da geladeira. Frutas apodrecem em poucos dias e cenouras, com
sorte, talvez sobrevivam por três semanas.

Assim, diante de todo panorama já relatado, é inequívoco que a espera por uma decisão de mérito ao
final do processo gerará, certamente, gravíssimos danos à parte autora, mostrando-se a antecipação de tutela
como uma ferramenta hábil a evitar a ineficácia do provimento final, dada a probabilidade do direito
alegado e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, razão pela qual erguem-se os elementos
autorizativos da concessão da tutela de urgência em caráter liminar.

Destarte, pugna-se pela concessão da tutela de urgência de natureza antecipada, deferindo-se tal
medida liminarmente, para determinar que a parte Ré proceda com o reestabelecimento do fornecimento de
energia elétrica a Autora, sob pena de multa diária de R$ 1.000.00 (mil reais) caso descumpra a ordem.

3. DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer:

a) A concessão da TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA, inaudita altera pars. Nos


moldes do art. 300 do CPC, para que seja determinada o reestabelecimento do fornecimento de
energia elétrica a Autora, sob pena de multa diária de R$ 1.000.00 (mil reais) caso descumpra a
ordem, até que seja resolvido o litígio judicial a respeito da apuração da suposta fraude;

b) DESIGNAR AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E CITAÇÃO DO RÉU, através dos


meios legais, para o seu comparecimento e, não havendo acordo, querendo, apresente sua defesa,
sob pena de incorrer contra si os efeitos da revelia;

c) DECLARAR A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA (Art. 6º, VIII do CDC),


essencialmente para a juntada da comunicação prévia da perícia no medidor para possibilitar, a
Autora acompanhar o procedimento ou contratar perito,
d) No mérito, que seja DECLARADA A INEXISTÊNCIA DOS DÉBITOS fundados em
PROCEDIMENTO ERRADO na apuração regular de fraude no equipamento da Autora, nos
termos da legislação e normas técnicas aplicáveis;

e) CONDENARA RÉ AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS


MORAIS à parte autora, tendo em vista a grave falha na prestação do serviço e, por causar
grave transtorno a toda sua família, no valor de RS 10.000,00 (dez mil reais) dividido pela Ré
ou, caso entenda Vossa Excelência, arbitre de acordo com a concepção deste Juízo, nos moldes
dos fundamentos apresentados;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, em especial, pericial,
juntada de documentos, oitiva de testemunhas e demais que se fizerem necessárias para o correto
deslinde da demanda.

Atribui-se à causa o valor de R$ 14.903,12 (quatorze mil novecentos e três reais e doze centavos).

Nestes termos pede deferimento.

Paulists-PE, 16 de fevereiro de 2023.

SILVIO BATISTA DA SILVA


OAB -PE N° 38.925

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