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ABREU MOTTA

ADVOGADOS

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 8ª VARA CÍVEL


DA COMARCA DE OSASCO-SP

Processo nº 1005631-85.2022.8.26.0405

PEDRO JANDI DA SILVA e MARIA HELENA DA SILVA, já


qualificados nos autos do processo em epigrafe, que lhe move ASSOCIAÇÃO DOS
PROPRIETÁRIOS DA RUA FIORAVANTE VIEL, por sua advogada que esta subscreve
(doc. 01), vêm, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar sua

CONTESTAÇÃO C/C RECONVENÇÃO

nos termos do artigo 335 e seguintes do Código de


Processo Civil e demais dispositivos legais aplicados ao caso, pelos motivos de fato e de
direito a seguir aduzidos:

I - DA SÍNTESE DOS FATOS


Trata-se de associação, sem fins lucrativos, constituída a
partir de um estatuto unilateralmente firmado, cujo artigo 4º do respectivo estatuto
exerce compulsoriamente os moradores que ali residem para se associarem, senão
vejamos:

Rua Rego Barros, nº 1155 – 121C – Bairro Vila Formosa, São Paulo/SP.
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E-mail: nat.motta@gmail.com
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“Farão parte da associação os proprietários do Imóvel da Rua Fioravante Viel, os quais


deverão acatar as determinações deste estatuto, bem como contribuir para o bom
funcionamento da associação”. (grifamos)

Aduz na sua exordial diversos artigos e informações


correlacionadas ao estatuto, visando à contribuição coercitiva pelos Requeridos, sob a
égide de arrecadar e gerenciar as “áreas de comuns”, comparando-se a um
condomínio, o que certamente não nunca será.
Que, através do decreto municipal nº 10.527 (bolsão
residencial), este se assemelharia a um condomínio ou loteamento fechado,
ressaltando- se desde já tal decreto Municipal se sobrepõe à Constituição Federal.
Alega em apertada síntese, ser o condomínio
resguardado de segurança com sistema de câmeras, portaria, jardinagem, etc.
Dado tais fatos, entende a associação estar legitimada a
cobrar dos proprietários, associados e usuários, o valor devido por cada um deles no
rateio das despesas comuns. Que havendo ausência do pagamento da taxa associativa
poder-se-á configurar enriquecimento sem causa pelos Requeridos.
Dispõe que o valor do débito apurado se encontra na
soma de R$ 36.522,82 (trinta e seis mil, quinhentos e vinte e dois reais e oitenta e dois
centavos), valores estes regulamentado pelo estatuto social.
Ao final requerer a procedência da ação. No entanto, tais
alegações não devem prosperar, senão vejamos:

PRELIMINARMENTE

I - DA JUSTIÇA GRATUITA
Postulam os requerentes, desde já, pela concessão dos
benefícios da gratuidade da Justiça, nos termos do art. 98 e seguintes, do CPC c/c
artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, por não possuir condições financeiras
para arcar com as despesas e custas processuais, sem prejuízo do próprio sustento,

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conforme declaração de hipossuficiência anexos.

II - TEMPESTIVIDADE

O art. 335, I do CPC prevê o prazo de 15 dias para


contestar a contar da data juntada aos autos do aviso de recebimento da carta de
citação. A juntada do aviso de recebimento se deu em 17/05/2022, sendo dia
18/05/2022 a data do início da contagem do prazo, sendo seu prazo final o dia
07/06/2022. Sendo assim, tempestiva, pois, a presente contestação c/c reconvenção.

III - DA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO


De início, cabe ressaltar que a ação em referência merece
ser rechaçada desde início, tendo em vista a impossibilidade jurídica do pedido, o que
será explanado a seguir.
Denota-se, que o tema em questão já foi objeto de
discussão em outras oportunidades, visto que ao contrário das falsas afirmações
apresentadas pelo Requerente, a Associação dos Proprietários do Imóvel da Rua
Fioravante Viel, não se trata de um condomínio fechado, tampouco, possui chances de
se tornar um.
Logo, verifica-se na ação distribuída que a associação em
questão, se diz ser responsável pela segurança e conservação do “loteamento”, afim
de dar supostamente uma ideia de Condomínio Fechado, quando na verdade trata-se
de uma Rua fechada, com acesso livre de pessoas e coisas, não correspondendo com a
atual realidade dos fatos.
A referida Rua não é e nunca poderá ser um condomínio,
vez que o acesso de pessoas e veículos é livre, não podendo existir qualquer controle
de entrada e saída, tão somente simples abordagem para entrada.
Nesse bojo, apesar da existência de guarita, a segurança

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da Rua é realizada pelas policias do Estado de São Paulo, bem como a limpeza é
realizada pela Prefeitura do Município de Osasco, já sendo deduzidos pelo imposto
recolhido.
A demandante é de fato e de direito, meramente uma
associação civil, onde pessoas com o ânimo voluntário de se associar-se e constituem o
corpo associativo dos Proprietários do Imóvel da Rua Fioravante Viel.
Assim dispõe que a Carta Maior, DEVENDO SE SOBREPOR
ao decreto nº 10.527/2011, visto que o artigo 5° garante que:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo- se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
I - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei
, a de cooperativas independem de autorização,
sendo vedada a interferência estatal em seu
funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por decisão judicial ,
exigindo- se, no primeiro caso, o trânsito em
julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a
associar- se ou a permanecer associado.
(Grifamos)
Extrai-se claramente do texto Constitucional que

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ninguém está compelido a fazer ou deixar de


fazer alguma coisa senão em virtude de lei,
contudo, embora o preceito se refira à
obrigação de fazer, a concretude que lhe é
própria apanha, também, a obrigação de dar.

Verifica-se que a atitude da Requerente vai ao


desencontro do inciso XX do artigo 5º, do Diploma Maior, a qual garante que ninguém
poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado, onde tal garantia
constitucional alcança não só a associação sob o ângulo formal como também tudo
que resulte desse fenômeno e, iniludivelmente, a satisfação de mensalidade ou de
qualquer outra parcela indevida e desprovida de legalidade, além disso como se
verifica pelos próprios documentos juntados aos autos pela requerente, os requeridos
jamais participaram das reuniões ou tão pouco assinaram as atas de constituição da
associação.
Restam comprovado que os Requeridos não são pessoas
associadas, e sendo esta mera associação civil, onde pessoas com o ânimo voluntário
de se associar constituem o corpo associativo, não possuindo o caráter de condomínio,
e consequentemente, não sendo possível exigir, de quem deixou de ser associado, o
pagamento de cobrança de valores a título de taxa associativa.
Ainda que assim não fosse, a 2ª Seção do Superior
Tribunal de Justiça, objetivando uniformizar o entendimento sobre a matéria, julgou,
em 26/10/2005, os Embargos de Divergência no Recurso Especial n° 444.931/SP e
decidiu, por maioria, que: “as taxas criadas por associação de moradores, não podem
ser impostas a proprietário de imóvel que não seja associado, nem aderiu ao ato que
instituiu o encargo”, senão vejamos:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL.
ASSOCIAÇÃO DE MORADORES. COBRANÇA DE
TAXA DE MANUTENÇÃO. PROPRIETÁRIO NÃO

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ASSOCIADO. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO


AGRAVADA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS
FUNDAMENTOS. 1. As taxas de manutenção
criadas por associações de moradores não
obrigam os proprietários não associados ou que
a elas não anuíram. Precedentes do STJ. 2.
Agravo regimental a que se nega provimento.
(STJ – Quarta Turma – Ag Rg no REsp
1193586/SP– Relatora: Ministra Maria Isabel
Galott i – Julgamento: 10/05/2011 – Dje
17/05/2011. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO
REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.
ASSOCIAÇÃO DE MORADORES. COBRANÇA
DE TAXAS E CONTRIBUIÇÕES. PROPRIETÁRIO
NÃO INTEGRANTE. IMPOSSIBILIDADE.
PRECEDENTES. PREQUESTIONAMENTO DA
MATÉRIA. INOVAÇÃO RECURSAL. PRECLUSÃO
CONSUMATIVA. 1. As taxas de manutenção
instituídas por associação de moradores não
podem ser impostas a proprietário de imóvel
que não é associado e que não aderiu ao ato que
fixou o encargo. Precedentes 2. Aplica- se a
Súmula n. 7 do STJ na hipótese em que a tese
versada no recurso especial reclama a análise 6
dos elementos probatórios produz idos ao longo
da demanda. 3. É inviável , diante da preclusão
consumativa, a análise de matéria não suscitada
nas contrarrazões de recurso especial e trazida
posteriormente. 4. Agravo regimental

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desprovido. (STJ – Quarta Turma – Ag Rg no Ag


1161604/SP – Relator : Mini s t ro João Otávio de
Noronha – Julgamento: 05/05/2011 – Dje
12/05/2011) .Nesta toada, cabe elencar o
precedente do SUPREMO TRIBUNAL DE
FEDERAL (RE 432.106/RJ) onde foi decidido
pela i legal idade das cobranças realizadas por
associação de moradores contra os não
associados , tendo sido reconhecida a
repercussão geral da matéria constitucional, a
saber : Recurso Extraordinário 432.106 Rio de
janeiro Relator : Min. Marco Aurélio Recte.
(s ) :Franklin Bertholdo Vieira Adv. (a/s ) :
Gustavo Magalhães Vieira Recdo. (a/s )
Associação de Moradores Flamboyant Adv. (a/s )
: Ivo Tostes Coimbra Adv. (a/s ) : Roberto Roque
ASSOCIAÇÃO DE MORADORES – “MENSALIDADE
– AUSÊNCIA DE ADESÃO.
Por não se confundi r a associação de moradores
com o condomínio disciplinado pela Lei nº
4.591/64, descabe, a pretexto de evitar
vantagem sem causa, impor mensal idade a
morador ou a proprietário de imóvel que a ela
não tenha aderido. Considerações sobre o
princípio da legal idade e da autonomia da
manifestação de vontade –artigo 5º , incisos II
e XX, da Constituição Federal .”

No mais, tal discussão já foi alvo de ação anterior,

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(1011486-55.2016.8.26.0405) na qual ficou comprovado que os requeridos jamais


fizeram parte da associação e por isso seriam indevidas as cobranças ali
apresentadas.
A requerente tenta mais uma vez ilegalmente cobrar os
requeridos de uma dívida que não existe uma vez que conforme já exaustivamente
dito os requeridos jamais fizeram parte da associação, conforme já declarado nos
autos do processo 1011486-55.2016.8.26.0405, cuja cópia acompanha a presente.
Excelência basta uma breve análise dos autos anteriores
para se verificar que a Requerente mais uma vez junta os mesmos documentos que
acostaram a primeira ação tentando assim como fez anterirormente induzir este juízo
ao erro.
Os documentos acostados a peça vestibular nada mais
são do que aqueles já analisados e julgados no autos 1011486-55.2016.8.26.0405, cujo
Desembargador Relator que julgou a apelação em seu voto observa que o único
documento em que consta assinatura de um dos recorridos não se presta para
confirmar que os recorrentes eram associados, pois trata-se DE UMA ATA DE
REUNIÃO PÚBLICA, e não uma ATA DE CONSTIUIÇÃO DE ASSOCIAÇÃO, senão
vejamos:

(...)Na espécie, a autora não trouxe aos autos


nenhuma comprovação de que os réus tenham
a ela se associado, cumprindo observar que o
documento de fls. 124/126, como bem
observado pelos apelantes, se refere, apenas, a
uma reunião pública convocada no dia
01/03/2012 para atender ao disposto no Decreto
nº 10.527/2011, que regulamentou a Lei
Municipal nº 4.455/2010,permitindo o uso da
área de terreno pela associação, a fim de instalar
uma guarita no local. Não se presta, portanto,

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para comprovação da associação dos réus à


autora.(...)

Com isso, tais fundamentos, conclui-se que é defesa da


pretensão do Requerente, estando esta fulminada pela impossibilidade jurídica do
pedido, haja vista que seu pedido afronta diretamente o texto constitucional (art. 5º,
XX), que as segura o direito de livre associação, conforme demonstrado pelos jugados
elencados, em especial o Recurso Extraordinário 432.106/RJ, o qual teve reconhecida a
repercussão geral da matéria.

IV - DO MÉRITO
Na verdade, a Requerente busca subterfúgios para
induzir este Juízo a erro, posto que, a petição inicial apresentada a é indubitavelmente
inepta, não existindo quaisquer resquícios de validade na sua pretensão, conforme
explanado.
Data Vênia basta uma simples leitura dos falhos
argumentos na inicial para verificar a forma impositiva de exigir-se dos Requeridos o
pagamento coercitivo do suposto crédito, “oriundo” de uma contribuição associativa
inexistente.
É carente o direito da Requerente, posto que os
Requeridos não possuem qualquer relação jurídica com a associação.
Vislumbra-se que não é diferente o entendimento do
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em caso análogo, vislumbra-se que
processo trata - se da mesma natureza jurídica, pronunciando-se pela improcedência
do pedido, conforme o aresto da lavra da Eminente Desembargadora Christine Santini:

COBRANÇA - ASSOCIAÇÃO DE MORADORES -


COBRANÇAS DE DESPESAS –
Impossibilidade da cobrança, dadas as peculiar

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idades dos autos – A parte autora, quando era


denominada "Sociedade Condomínio Residencial
Parque dos Príncipes " celebrou com a Promotor
ia de Justiça do Consumidor o TERMO DE
COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO N.23/98"
as sumindo, em especial , a obrigação de:
“..abster – se de encaminhar , remeter ou
apresentar documentos relativos a cobrança
constrangedora, ameaçadora ou impositiva de
pagamento de contribuições associativas aos
moradores do 'Loteamento Parque dos Príncipes
' que não se associarem ou não expressarem
interesse em contribui r espontaneamente pelos
serviços prestados pelo Sociedade Condomínio
Residencial Parque dos Príncipes " -
Caracterização de renúncia, de forma expressa,
ao eventual direito de crédito – Impossibilidade
da imposição de cobrança de contribuições
associativas de quem não é associado ou sequer
manifestou interesse em contribuir
espontaneamente - Improcedência do pedido –
Sentença reformada para esse fim - RECURSO
PROVIDO – Conhecimento de fato superveniente
(mérito indireto) , tendo em vista o resultado do
julgado em outros recursos envolvendo a mesma
associação, com o mesmo objeto destes autos
(Apelações nº 428.171.4/5-00 e 542.169.4/8-00)
(TJ-SP - APL: 9115386182006826 SP
9115386-18.2006.8.26.0000, Relator: Christine

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Santini , Data de Julgamento: 04/05/2011, 5ª


Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
17/05/2011)

Isto posto, verifica-se a impossibilidade do


prosseguimento da presente ação face aos Requeridos, inexistindo qualquer relação
jurídica direta entre eles.
Com isso, destaca-se que o ajuizamento da presente
ação, bem como a distribuição da inicial, além de afrontar diretamente o artigo 5º, XX
da Carta Magna, exige cobrança ilegalmente constituída pela associação. A demanda
apresentada pela Requerida deve ser indeferida de plano.
Posto isso, não obstante a cobrança indevida observa-
se pela simples leitura tanto da exordial, como pela ausência de violação do direito da
Requerente, pois, os Requeridos não possuem qualquer vínculo jurídico com referida
associação, e sequer usufruem de tais “serviços”, pelo contrário são moradores
na região desde 1985, muito antes da constituição da associação, da qual nunca
quiseram fazer parte.
Além disso, Excelência é de conhecimento dos vizinhos
que os requeridos para complementar suas rendas, vendem produtos no SEASA e por
isso são proprietários de um caminhão, que hoje devido a todas as alterações
realizadas na rua após a constituição da Associação – da qual nunca quiseram fazer
parte – não pode mais ficar estacionado na frente da sua residência uma vez que com
as mudanças feitas ficou impossível realizar a manobra do mesmo na rua, o que
gerou um gasto extra aos requeridos que hoje pagam um estacionamento para que o
veículo fique durante a noite.
Sobre esse tema, Alfredo Buzaid explica: A legitimidade,
no dizer de Alfredo Buzaid, conforme já referido (cap. 1,8) é a pertinência subjetiva da
ação, isto é, a regular idade do poder de demandar de determinada pessoa sobre
determinado objeto. A cada um de nós não é permitido propor ações sobre todas as l

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ides que ocorrem no mundo. Em regra, somente podem demandar aqueles que forem
sujeitos da relação jurídica de direito material trazida a Juízo. Cada um deve propor as
ações relativas aos seus direitos .
E incisivamente: A legitimação para ser regular, deve
verificar-se no polo ativo e no polo passivo da relação processual. O Autor deve estar
legitimado para agir em relação ao objeto da demanda e deve ele propô-la contra o
outro polo da relação jurídica discutida, ou seja, o réu deve ser aquele que, por força
da ordem jurídica material, deve, adequadamente, suportar as consequências da
demanda. Usando os exemplos referidos, “o réu da ação de cobrança deve ser o
devedor, da ação de despejo, o locatário, da ação de reparação de danos, o seu
causador.
Em linhas gerais, é certo que no contexto retro, deduz-se
que somente o devedor é quem deve adimplir o seu débito perante o Credor, todavia,
no presente caso, os Requeridos nada devem a Requerente, vez que em momento
algum pretendiam associar-se, não constituindo qualquer relação jurídica.

V - DA INADMISSIBILIDADE DA COBRANÇA PELA ASSOCIAÇÃO

Como já delineado anteriormente, os Requeridos nada


devem a Requerente, pois, não possuem nenhuma obrigação que os façam arcar com
a taxa associativa.
Bem verdade, busca a Autora que sejam os Requeridos
compelidos ao pagamento de taxa associativa, pelo simples fundamento de serem
proprietários de imóvel numa “RUA PÚBLICA”.
Reitera sua pretensão sobre o parco fundamento dos
Requeridos possuírem um imóvel numa “Rua”, sob frágil decreto municipal, se
sobressaindo a Constituição Federal, sob égide da fixação da obrigação contributiva.
É notória a impossibilidade de cobrança de valores pela
Requerente (não associados), bem como pela impossibilidade de cobrança sobre o

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fundamento, da prestação de serviços.


Excelência, a Requerente não é “Condomínio Fechado”
ou constituído, sendo de fato, fechamento de uma RUA PÚBLICA, que por sua vez não
se pode nem se denominar como um “loteamento”, fato este que já se encontra
devidamente exposto nos acórdãos apresentados, em especial o julgado pelo STJ
(1.118.917 – SP; 2008/0247279-8).
Conclui-se que resta inexistente a denominação
‘’condomínio’’ dentro de uma Rua Pública fechada por particulares, eis que passa
longe de ser um dia, nesse sentido, não há que se falar em acesso restrito de pessoas e
veículos, bem como a segurança da Rua é realizada pelas policias civil e militar do
Estado de São Paulo e a limpeza e coleta de lixo é realizada pela Prefeitura Municipal
de Osasco, visto que o controle de acesso é desprovido de quaisquer solicitação pelos
Requeridos.

VI - DA COBRANÇA INDEVIDA/LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ

Conforme já explanado anteriormente os requeridos não


devem a requerente nem um centavo, vez que nunca se associaram não possuindo
qualquer relação jurídica com a associação.

Porém, a requerente mesmo sabendo de decisão que já


analisou os documentos ora aqui acostados, decisão esta que deixou claro que os
requeridos jamais foram a ela associados, bsuca mais uma vez receber valores que não
lhe são devidos sendo assim trata-se de pedido montado à tentativa de
enriquecimento ilícito, vejamos:

O autor não mais uma vez não comprovou a associação


do requeridos não tazendo nenhum documento diferente daqules já analisados na
ação 1011486-55.2016.8.26.0405 e mais alega que os requeridos contrbuiram com a

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associação até o ano de 2018,, deixando de realizar os pagamentos em feereiro do


referido ano.
Um VERDADEIRO ABSURDO Excelência, uma vez que
conforme aqui já relatado os requeridos foram alvo de outra ação de cobrança
1011486-55.2016.8.26.0405, na qual lhes era cobrado valores desde o ano de 2012, foi
justamente nesta ação que os requeridos demonstraram que nunca fizeram parte da
associação.
Na ação citada Excelência, a assinatura do documento
que a requerente alega que os requeridos assinaram não deve ser confundida com a
ata de Constituição da Associação que existe desde 2003 e conforme se verifica nas
listas de presença em Assembleias (fls. 32/42/43/49/56/64/78/100/110/117/118/119
– dos autos anexos) em NENHUMA delas se verifica a assinatura dos APELANTES.

Tal documento assinado pelos requerentes trata-se da


anuência para a implementação do bolsão e foi assinada na reunião pública convocada
em 01/03/2012 (fls. 76), da qual poderiam participar proprietários e público em geral,
a fim de atender o disposto no art. VIII do art. 4º do Decreto 10527/2011, que
regulamentou a Lei Municipal 4455/2010
Como se verifica excelência, em momento algum a
requerente conseguiu nos autos comprovar que os requeridos eram associados, o fato
de concordarem com a implantação do bolsão não os torna associados da requerente
e mais as reuniões eram abertas por ser de interesse público podendo qualquer
morador da região comparecer as mesmas.
Sendo assim, por não serem associados, são indevidas as
cobranças das contribuições conforme alegado em contestação, uma vez que esta
cobrança desrespeita a nossa Constituição.
Como consequência da ambição da requerente, por
pleitear verba da qual sabe não ser merecedor, utilizando-se do processo para obter
objetivo ilegal, deve receber punição.

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Pugna-se o art. 77 do Código de Processo Civil de 2015 o


qual impõe o dever de probidade e lealdade processual às partes e procuradores.
O litigante ímprobo, que vier descumprir tal dever,
sofrerá as sanções previstas ao litigante de má fé, de que tratam os artigos 79 e 80 do
CPC, podendo ser fixada multa até o teto de 10 (dez) salários mínimos a serem fixadas
por arbítrio de Vossa Excelência, situação que cabe a aplicação do referido artigo ao
autor.

O artigo 80 do CPC, I, II, III assim disciplina:

"Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele


que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto


expresso de lei ou fato incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo


ilegal;”

O CPC ainda prevê a condenação do litigante de


má fé ao pagamento de multa, senão vejamos:

“Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz


condenará o litigante de má-fé a pagar multa,
que deverá ser superior a um por cento e
inferior a dez por cento do valor corrigido da
causa, a indenizar a parte contrária pelos

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prejuízos que esta sofreu e a arcar com os


honorários advocatícios e com todas as
despesas que efetuou.”

Sobre o rigor que deve ser dado ao tema, o professor Luiz


Padilla já defendia:

Conforme comentários que inserimos na Revista


de Processo 64, a Acórdão do TARGS que
aplicava a pena de litigância de má-fé, para ser
exemplar, como é do espírito da lei que
proscreve a litigância deletéria, a penalização
deve ocorrer com tintas fortes e carregando nas
tintas (tomada emprestada expressão já
consagrada no magistério de Araken de Assis,
quando tratou das"astreintes"no direito do
consumidor).

Isso se justifica, em especial, quando caráter


vazio da postulação, sem qualquer desforço de
argumentação, muito menos de prova, e cuja
tese sofre de testilha intestina, denotam mero
intuito protelatório.” ( Luiz R. Nuñes Padilla “in”
Revista de Processo, RT abril-junho de 1995, a.
20, v.78, p.101-107 e Revista Trabalho e
Processo, Saraiva, São Paulo, junho de 1995, v. 5,
p. 26-33)

Ora Douto Julgador, é inaceitável que se permita que tal

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argumento falacioso se prospere, pois, dessa forma o autor estaria utilizando de


artifícios pretenciosos para obter o Enriquecimento Ilícito.

Portanto não merece prosperar a cobrança de das


contribuições associativas vez que a dívida é inexistente, uma vez que os requeridos
não são e nunca foram associados.

Concluindo, está claro o equívoco da requerente,


também a ocorrência de má fé ao cobrar uma dívida inexistente.

Face ao exposto, requer-se a condenação do autor ao


pagamento de multa por litigância de má fé nos termos do art. 81 do CPC.

VII - RECONVENÇÃO (CPC, ART. 343)

Reconvenção é a ação do réu contra o autor no mesmo


processo em que aquele é demandado. Não é defesa, é demanda, ataque. Esta ação
amplia objetivamente o processo, obtendo novo pedido na presente ação.

Nesse sentido, o art. 343 do CPC textualiza:

Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor


reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o
fundamento da defesa.

Indubitavelmente, alegar reconvenção na contestação é


lícito, conforme respalda o art. 343 do CPC.

Como amplamente demonstrado nesta resposta, a os

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reconvintes não tem débito algum com a reconvinda, haja vista que nunca foram
associados a ela, tendo já discutido sobre esta alegação em ação anterior.

A reconvinda está cobrando uma dívida que não existe e


nesse sentindo o art. 940 do Código Civil prevê que o credor que demandar por dívida
já paga, ficará obrigado a pagar ao devedor o dobro do que houver cobrado, senão
vejamos:

Art. 940. Aquele que demandar por dívida já


paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as
quantias recebidas ou pedir mais do que for
devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no
primeiro caso, o dobro do que houver cobrado
e, no segundo, o equivalente do que dele exigir,
salvo se houver prescrição.

Assim, como o CC assegura o direito de recebimento em


dobro de valor cobrado indevidamente pelo credor, os reconvintes se usam da
reconvenção para lhe garantir tal direito.

Os reconvintes possuem cristalino direito de receber em


dobro o valor que está lhe sendo imputado como devido, uma vez que encontra
respaldo jurídico no art. 940 do CC conforme mencionado anteriormente e preenche
os requisitos necessários para pleitear e garantir tal direito, quais sejam: pagamento
de valores cobrados indevidamente e a má fé do reconvindo.

A decisão proferida nos autos 1011486-


55.2016.8.26.0405 e a má fé do reconvindo já foi vastamente alegada em tópico
anterior. Assim, resta comprovado o direito da reconvinte de receber em dobro o valor

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que está sendo cobrado.

Portanto, é imperativo que a reconvinda seja condenada


a pagar aos ora reconvintes os valores indevidamente cobrados em dobro, acrescido
de juros e correção monetária, nos moldes do art. 389 do Código Civil Brasileiro.

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor


por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

Portanto, não pode ser proferido outro julgamento senão


a total procedência da presente contestação c/c reconvenção, vez que fora
vastamente comprovado a inexistência do débito alegado e a má fé do reconvindo.
Ainda que ocorra a desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça
o exame do seu mérito, não obsta ao prosseguimento do processo quanto à
reconvenção, conforme preceitua o § 2º do art. 343 do CPC.

VIII - DO VALOR DA RECONVENÇÃO


Dá-se a presente o valor de R$ 73.045,64 (setenta e três
mil e quarenta e cinco reais e sessenta e quatro centavos).

IX - DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Ante o exposto, restando evidenciado o direito e


interesse de agir da reconvinte, requer-se:

a) Pretende-se o conhecimento e acolhimento das


PRELIMINARES arguidas:

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b) Em face do exposto, CONTESTA todos os termos da


inicial, requerendo que seja julgado IMPROCEDENTE os pedidos da presente ação sob
pena de ENRIQUECIMENTO ILICITO, e ainda condenando os requerentes no
pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios, além da multa
por litigância de má-fe nos termos do art. 81 do CPC.

c) Seja o pedido de reconvenção julgado TOTALMENTE


PROCEDENTE, a fim de condenar a reconvinda ao pagamento em dobro do valor
imputado aos reconvintes, ou seja R$ 73.045,64 (setenta e três mil e quarenta e cinco
reais e sessenta e quatro centavos), devidamente atualizados.

d) Seja o reconvindo condenado ao pagamento de custas


e despesas processuais, bem como honorários advocatícios, conforme preceitua o art.
85, § 1º do CPC.

e) Tendo em vista que os requeridos/os reconvintes não


têm condições em arcar com as custas e despesas processuais, requer os BENEFÍCIOS
DA ASSISSTÊNCIA JUDICIÁRIA, conforme reza o art. 98 e seguintes do CPC e a Súmula º:
481 do STJ.

f) Provarão o alegado por todos os meios de provas em


direito admitidos, especialmente o depoimento pessoal do representante legal da
reconvinte, sob pena de confissão, oitiva de testemunhas oportunamente arroladas,
juntadas de documentos, etc. Protestam por outras provas.

g) Ao final, requer que todas as publicações, intimações e


citações sejam endereçadas a advogada Natalia Abreu dos Santos Motta – OAB/SP nº
381.687, sob pena de nulidade do ato praticado.

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Cumpridas as necessárias formalidades legais, deve a


presente ser recebida e juntada aos autos.

Termos em que,
Pede e aguarda deferimento.

Osasco-SP, 06 de junho de 2022.

Natalia Abreu dos Santos Motta


OAB/SP 381.687

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