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AO DOUTO JUIZO DE DIREITO DA (...

) VARA CÍVEL DA COMARCA DE


LAVRAS/MG.

LUIZ FELIPE SOUZA portador do CPF: 087.459.366-25,

brasileiro, solteiro, desempregado, estudante, residente e domiciliado à rua Avelino

Giarola, número 199, bairro Vila Nilton Teixeira, no município de Lavras (MG), CEP

37200-000, por suas advogadas infra-assinadas, comparece respeitosamente à

presença de Vossa Excelência, para propor a presente:

AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS, PELO RITO DA

EXPROPRIAÇÃO DE BENS, nos termos do artigo 528 do Código de Processo

Civil.

Em face de AMARILDO RODRIGUES DE REZENDE, estado

civil (...), profissão (...), inscrito no CPF sob o número (...), com endereço eletrônico

(...), residente e domiciliado à Rua Duca Fagundes, número 12, bairro Sevilha, cidade

Santana do Jacaré (MG), CEP 37278-000.

Pelos fatos e fundamentos de direito expostos:


I – DOS FATOS

A genitora de Luiz Felipe Souza, Rosalina Reis Lima de

Souza e seu genitor, Amarildo Rodrigues de Rezende, nos autos de uma ação de

alimentos, acordaram, em composição amigável, na data de 12 de agosto de 1998

no juízo da comarca de Campo Belo, que o genitor ficaria obrigada a pensionar, de

forma mensal, o exequente, observando a porcentagem de 25% do salário-mínimo

vigente à época, ou seja, o valor de R$ 32,50 (trinta e dois reais e cinquenta

centavos).

Registre-se que, como acordado, o valor seria depositado

na conta corrente da genitora do exequente até o dia 10 do mês subsequente.

Cumpre obtemperar, ainda, que na data do dia 10 de

dezembro de 1998 os genitores do exequente (menor de idade à época),

compareceram em audiência com o fito de se ratificar o acordo proposto e assim, foi

homologada a decisão, produzindo então todos os seus efeitos legais e jurídicos,

com julgamento do mérito.

Malgrado o compromisso prestado em juízo, o ora

executado deixou e vem deixando de adimplir na totalidade sua obrigação, conforme

se demonstrará a seguir.

Com efeito, impende-nos dizer que já tramita feito cujo

objeto é a execução da dívida pretérita decorrente do inadimplemento do avençado

no acordo judicial retro falado.


Sendo assim, o presente cumprimento de sentença cingir-

se-á à cobrar o débito alimentício novo, isto é, as três últimas parcelas que

antecedem o protocolo deste, adicionadas das prestações que vierem a ser

insatisfeitas no curso do processo.

Tocantemente, ainda, ao tema versado, mister se faz

ressaltar que o exequente é estudante do curso de Engenharia Agrícola na

Universidade Federal de Lavras e que desde a data de 09/03/2021 vem recebendo

uma bolsa estudantil decorrente do estágio que faz com a instituição, no valor de R$

300,00.

Sem embargos, o seu pai deixou de prestar com o valor

que lhe fora incumbido de arcar na pensão alimentícia, desde o mês 02/2021,

inobservando, assim, o melhor interesse do alimentado.

Cumpre enfatizar, também, que o exequente está

desempregado desde a data de 20/08/2014 e subsiste, portanto, com os valores até

então pagos pelo executado e pelo valor da bolsa do estágio, mas que perdurará até

a data de 09/09/2021.

Ante sua recalcitrância em arcar com a obrigação

alimentícia em tela, a parte autora vê-se compelida a recorrer ao Judiciário para ter

seu direito preservado/reparado. Tem-se, pois, caracterizada o inadimplemento de

Amarildo Rodrigues de Rezende de seu dever de assistência alimentícia ao seu filho

ora exequente.

Insta salientar que as três últimas parcelas encontram-se

sendo executadas em outro processo. Assim, na presente ação, requer-se a


execução do seguinte período: fevereiro/2021 a dezembro/2021, conforme tabela em

anexo, no valor de R$ 3.368,39 (três mil trezentos e sessenta e oito e trinta e nove

centavos).

Eis os fatos.

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

II.I – DA JUSTIÇA GRATUITA – art. 5º inciso LXXIV da

CF/88 e art. 98 e seguintes do CPC.

O exequente pleiteia os benefícios da Justiça Gratuita

assegurada pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e o art. 98 e seguintes do

Código de Processo Civil, a saber:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos;

Em conformidade com o supramencionado artigo, importa

salientar que o exequente não possui condições de arcar com os custos do processo,

posto que não possui nenhum registro de trabalho em sua carteira.

A sua renda familiar advém da pensão alimentícia que o

seu genitor pagava e do valor da bolsa recebida pelo estágio.

Sendo assim, na oportunidade, junta declaração de

hipossuficiência econômica para fins judiciais e pleiteia os benefícios da assistência

judiciária.

É preciso insistir também no fato de que o art. 98 e

seguintes do CPC aduz que:


Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com
insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.

Como se observa, o exequente encaixa-se em todas os

preceitos da referida norma, sendo, assim como inicialmente demonstrado, pessoa

natural, brasileiro e com insuficiência de recursos para pagar todas as custas do

processo, bem como os honorários advocatícios, podendo, então, usufruir do

benefício da gratuidade da justiça.

Pelo exposto, requer o deferimento dos benefícios da

justiça gratuita, sob pena de restar prejudicado o acesso da parte ao Poder Judiciário,

ferindo as disposições constitucionais contidas no art. 5º, LXXIV, da CF/88.

II.II – DA EXPROPRIAÇÃO DE BENS

Como se sabe, o cumprimento de sentença definitivo de

alimentos pelo rito da expropriação será perpetrado nos autos em que fora publicada

a sentença, ou seja, nos mesmos autos, bastando, para tanto, que a petição preencha

as exigências dos arts. 523 e 528, § 8º, do CPC. Vejamos:

Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em


liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o
cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do
exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de
15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.

§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito


será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de
advogado de dez por cento.”

Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de


prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o
juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado
pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou
justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
§ 1º Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o
pagamento, não prove que o efetuou ou não apresente justificativa da
impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento
judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517.

[…]

§ 7º O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que


compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da
execução e as que se vencerem no curso do processo.

§ 8º O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença


ou decisão desde logo, nos termos do disposto neste Livro, Título II,
Capítulo III, caso em que não será admissível a prisão do executado, e,
recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à
impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a
importância da prestação.”

Assim, conforme artigos supra, o devedor deverá ser

devidamente intimado para, no prazo de 15 (quinze) dias, proceder com a quitação do

débito no prazo prescrito em lei.

Não se pode deixar de registrar que há corrente

jurisprudencial nesse sentido que entende:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO DE ALIMENTOS


PROVISÓRIOS - PAGAMENTO PARCIAL - DÉBITOS RELATIVOS A
MENSALIDADE E MATERIAL ESCOLAR - RITO DA PRISÃO CIVIL
CONVERTIDO EM EXPROPRIATÓRIO - CASO CONCRETO -
RAZOABILIDADE - RECURSO DESPROVIDO.
- Decisão que converte a ação de execução de alimentos provisórios
manejada pelo rito da prisão civil (art. 528, §3º, do CPC) para o rito
expropriatório (art. 523 do CPC), cominando multa de 10%, para o caso
de inadimplemento, além da adoção de atos de expropriação de bens,
preferencialmente penhora em dinheiro.
- Hipótese em que o executado, embora esteja em débito com o
pagamento de 50% das mensalidades e dos materiais escolares das
exequentes, vem quitando o valor integral dos alimentos arbitrados em
60% (sessenta por cento) do salário mínimo, de modo que sua eventual
prisão civil pode tornar inviável a continuidade do pagamento da
pensão, em prejuízo às filhas menores.  (TJMG -  Agravo de
Instrumento-Cv  1.0000.21.141600-3/001, Relator(a): Des.(a) Luís Carlos
Gambogi , 5ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 04/11/2021, publicação da
súmula em 08/11/2021).

Desse modo, roga-se pelo cumprimento de sentença de fls.

XXX para que, com fulcro nos arts. 523 e 528, § 8º, ambos do CPC/15, o executado
satisfaça a responsabilidade de cunho alimentício no prazo fatal de 15 (quinze) dias,

sob pena de penhora e expropriação dos bens, sem prejuízo de multa e honorários

advocatícios, na forma do § 1º, do art. 523 do CPC/15.

II.III – DAS PARCELAS VENCIDAS

DOS PEDIDOS:

Diante ao exposto requer de vossa excelência o que

segue:
I. A citação do executado, para, no prazo legal, adimplir o débito que deverá ser

atualizado até a data do efetivo pagamento, e acrescido de juros e correção

monetária sobre o valor do débito ora executado;

II. O benefício da gratuidade processual, nos termos dos artigos 5º, inciso LXXIV

da Constituição Federal de 1988 e o art. 98 e seguintes do Código de Processo

Civil;

III. O julgamento pela procedência do pedido principal, de forma a determinar a

expropriação de bens, por todos os termos e fundamentos já expostos;

IV. A intimação do executado, para que, em 3 (três) dias, pague a quantia de R$

3.668,39 (três mil seiscentos e sessenta e oito e trinta e nove centavos),

atualizada e acrescida dos juros legais, desde o vencimento até a data do

efetivo pagamento, ou apresente, no prazo de 15 dias, justificativa plausível em

face do não pagamento, sob pena de ser protestada a dívida alimentar e de

serem penhorados tantos bens bastem para satisfação do crédito.

V. A condenação do executado ao pagamento das custas processuais, bem como

dos honorários advocatícios a título sucumbencial;

VI. Protesta provar o alegado por todos os meios permitidos em direito e cabíveis

a espécie, em especial documental, pela oitiva de testemunhas e prova pericial

e também pelo depoimento do alimentante, sob pena de confissão;

VII. Requer-se que todas as notificações/intimações alusivas ao feito sejam dadas

às advogadas infra-assinadas, cujo dados contam na procuração;

VIII. Seja o executado condenado a pagar multa por cada dia em que deixe de

cumprir com a determinação de fazer cessar o esbulho, nos termos da lei;

IX. Requer a designação de audiência conciliatória.


Dá-se à causa o valor de R$ 3.668,39 (três mil seiscentos

e sessenta e oito e trinta e nove centavos).

Termos em que, pede deferimento

Lavras (MG), 16 de março de 2022.

Iasmim Cristina Rodrigues Brilhante


OAB/MG: XX.XX

Maria Eduardda de Figueiredo Siqueira Campos


OAB/MG: XX.XX

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