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AO JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA DE FAMÍLIA E DE ÓRFÃOS E SUCESSÕES DA COMARCA

DE PLANALTINA, DISTRITO FEDERAL.

Processo n° 0710601-71.2022.8.07.0005

JOSÉ CARLOS CARDOSO BARBOSA DOS SANTOS, devidamente


qualificado nos autos do processo em epígrafe, por meio do advogado que subscreve, vem
em Juízo

JUSTIFICAR A IMPOSSIBILIDADE DO PAGAMENTO DAS PENSÕES ALIMENTÍCIAS DEVIDAS

em face de YNGRID RANNAH NERES CARDOSO, também devidamente


qualificada nos em testilha, pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir e no final
requer.

FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Tratasse de Cumprimento de Sentença de alimentos, sob o rito de prisão


civil, em face do executado JOSÉ CARLOS CARDOSO BARBOSA DOS SANTOS, requerendo o
adimplemento de alimentos na importância de R$ 2.400,59 (dois mil e quatrocentos reais e
cinquenta e nove centavos).
Em cede de exordial, à Exequente aduz que nos autos do processo físico
nº 10609-6/2012, que tramitou perante este Juízo, foi referendado acordo de prestação de
alimentos na importância de 65% (sessenta e cinco por cento) sobre o valor do salário
mínimo vigente, o qual foi devidamente homologado.
Ato contínuo, no ano de 2.022 à Exequente requereu o cumprimento da

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sentença, o qual foi recebido pelo magistrado no id 134091235, o qual determinou o
pagamento da obrigação ou justificativa da impossibilidade de pagamento.
Deste modo o Executado vem Juízo apresentar sua justificativa de
impossibilidade de arcar com o referido pagamento.
Inicialmente deve ser explanado, que no ano de 2.012 o Executado
possuía condição econômica diversa da que é hoje, posto que, embora não estivesse
formalmente empregado, este trabalhava de maneira informal tendo rendimentos
superiores ao qual possui momentaneamente.
É de alvitre frisar, a situação econômica do Executado é precária, pois
este hoje trabalha como empregado na Comarca de Redenção, no Estado do Pará,
recebendo rendimento mensal de apenas um salário mínimo para desempenhar a função
de catador de pedras, raiz e operador de máquina no preparo de áreas para plantio, como
faz prova o contracheque anexo.
No mais, deve ser informado ao Juízo, que o Executado também possui
mais um filho.
Neste diapasão, o Executado tem ciência de sua obrigação alimentar,
tanto que firmou o referido acordo, desejando contribuir da melhor forma para com o
sustento da filha.
Entretanto, vislumbrada a situação financeira a qual se encontra, não
consegue adimplir os alimentos em atraso, posto que a quantia 65% (sessenta e cinco por
cento) sobre o valor do salário mínimo vigente é totalmente fora dos padrões financeiros
em que vive, lhe traria a miséria, visto o salário percebido atualmente.
O Executado, em todo esse período, não deixou totalmente de prestar
auxílio a Exequente, posto que contribui sempre que a Exequente pede.
Outrossim também deve ser informado ao Juízo, que à época do divórcio
com a representante legal da Exequente, foi realizado um acordo extrajudicial, onde foi
entregue um imóvel urbano nesta comarca, como meio de pagamento dos alimentos
vencidos e vincendos, vez que o imóvel poderia ser alugado para a retirada de proventos
alimentares.
O Executado, considerando sua situação financeira atual, requer o
pagamento do saldo residual R$ 2.400,59 (dois mil e quatrocentos reais e cinquenta e nove

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centavos), divididos em 10 (dez) parcelas mensais de R$ 240,06 (duzentos e quarenta reais
e seis centavos), a qual será depositada a primeira parcela quando determinado pelo Juízo.
Neste interim, é de bom alvitre frisar, que o valor da pensão alimentícia
deve ser fixado com esteio no binômio necessidade-possibilidade, sendo este primeiro
atinente à pessoa que vai receber os alimentos e o último àquele que os deve prover,
senão vejamos o dispositivo legal inserto no Código Civil relativo à matéria, in verbis:
“Art. 1694, do CC – (...)
Parágrafo 1º. Os alimentos devem ser fixados na
proporção das necessidades do reclamante e dos recursos
da pessoa obrigada.”

Percebe-se, à evidência, diante dos fatos acima narrados, que o valor da


pensão alimentícia que foi acordado em 2.012, não mais condiz com sua atual possibilidade
de pagamento.
Ademais sobre dívida alimentar, já tem decidido os nossos tribunais
Pátrios no seguinte sentido, in verbis:
“Falta de pagamento da pensão alimentícia não justifica,
pura e simplesmente a medida extrema da prisão do
devedor, havendo que se examinar os fatos apontados pelo
alimentante em sua justificação” (HC – Preventivo 9.050-
S. Plen. J.26.09.95 – Rel. Des. José Marçal Cavalcante).

Registre-se, por demais, que as razões expostas encontram guarida nos


incisos LXVII, do art. 5º da Constituição Federal de 1988, a seguir transcrito in verbis:
“5º (...)
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”.

Conforme se infere do dispositivo constitucional acima colacionado, é


considerada ilegal a prisão decretada de devedor involuntário e escusável de pensão
alimentícia.
Deste modo, vislumbra-se, claramente que o demandado está
involuntariamente inadimplente com a integralidade da pensão alimentícia, tendo em vista
as sérias privações de ordem econômica e de saúde pela qual vem passando.
Com efeito, serve a prisão civil como coação física do devedor ao
cumprimento de sua obrigação alimentícia, justamente porque a sobrevivência de quem
depende o auxílio prometido reclama uma solução dinâmica e de urgência.

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Nesse sentido o STF editou jurisprudência, vejamos:
“A prisão civil não deve ser tida como meio de coação
para adimplemento de parcelas atrasadas de obrigação
alimentícia – acumuladas por inércia da credora – já
que, com o tempo a quantia devida perde o cunho
alimentar e passa a ter o caráter de ressarcimento de
despesas realizadas.” (STF – HC 75.180, Min. Moreira
Alves).

O Superior Tribunal de Justiça - STJ, se posiciona com o seguinte


entendimento, vejamos:
“A decretação da prisão civil deve fundamentar-se na
necessidade de socorro ao alimentado e referir se a
débito atual, por isso que os débitos em atraso já não
tem caráter alimentar.”(STJ – R – HC 4.745, SP, Min.
Anselmo Santiago, in RSTJ 89/403).

Configurar-se-á, portanto, constrangimento ilegal a imposição de prisão


civil ao executado. Isso porque configura uma reprimenda sem utilidade, na medida em
que alcança um devedor com impossibilidade de solver seu débito.
A prisão, nessas condições, perdeu seu sentido efetivo, porque não busca
socorrer filho que necessite com urgência de auxílio.
Em outra decisão, o ilustre Min. Anselmo Santiago, já citado, assim se
manifestou:
“Em execução de dívida pretérita de alimentos,
imprestável para garantir a subsistência dos
alimentados, não se justifica o decreto de prisão civil
do devedor, cujo inadimplemento, além de justificado,
foi parcial.” (STJ, R – HC 5.773 PE, in RSTJ 95/397)

Nessas condições, a prisão perdeu seu sentido efetivo, pois não busca
socorrer a filha que necessite do auxílio com caráter de urgência. Com isso, caberá ao
executado exigir os valores em atraso, pelo procedimento comum, previsto no parágrafo
8º do artigo 528 do CPC.
Assim, esperando a compreensão de Vossa Excelência em face da
impossibilidade absoluta do pagamento da pensão alimentícia por falta de condições
financeiras, roga pela aceitação da presente Justificativa.

DOS PEDIDOS

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Diante de todo exposto, o Executado requer que Vossa Excelência. Se
digne a:

a) acolher a presente Justificação, pois conforme demonstrado, o


Executado não possui capacidade econômica para adimplir o montante da dívida cobrada,
surtindo da decisão todos os efeitos legais, levando-se em conta a argumentação
expendida;

b) requer, outrossim, o executado, o deferimento da proposta de


pagamento dos alimentos em execução na ordem de R$ 2.400,59 (dois mil e quatrocentos
reais e cinquenta e nove centavos), divididos em 10 (dez) parcelas mensais de R$ 240,06
(duzentos e quarenta reais e seis centavos), a serem pagos após manifestação deste Juízo;

c) no mais, os benefícios da gratuidade da justiça, nos termos do artigo 98


do Código de Processo Civil, uma vez que o Executado não possui condições financeiras de
custear à demanda, sem prejuízo do próprio sustento, conforme declaração anexa, por
este ser pessoa pobre nos termos da Lei 1.060/50;

d) que seja concebido dilação de prazo para o Executado apresentar


provas pertinentes que consubstanciam as alegações formuladas no presente exordial, vez
que se encontra trabalhando no perímetro rural da Comarca de Redenção, no Estado do
Pará, sendo necessário do aludido prazo para juntar documentação necessária;

Protesta provar o alegado por todos os meios legais em direito admitidos,


quais sejam: juntada de documentos, e o que demais se fizer necessário para o julgamento
do feito, tudo, de logo, requerido.

Pede deferimento.
Redenção/PA. 19 de outubro de 2.022

Dr. VINISCIO GOMES DE CARVALHO


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