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AO JUÍZO DA 26ª VARA CÍVIL DA COMARCA DE FORTALEZA/CE

Processo nº: 0177490-08.2016.8.06.0001.

COSMO RIBEIRO DANTAS, já qualificado nos autos da


reintegração de posse que lhe move COMANHIA ENERGÉTICA DO
CEARÁ – ENEL, já qualificada, vem tempestivamente apresentar,

CONTRARRAZÕES

à apelação interposta, requerendo, desde logo, na forma das razões


em anexo e ultimados os trâmites procedimentais de estilo, a remessa dos autos
ao Egrégio Tribunal de Justiça e, ao cabo, o não provimento do recurso.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

RENAN BARBOSA DE AZEVEDO


OAB/CE Nº 23.112

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ

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Apelante: COSMO RIBEIRO DANTAS

Apelado: COMANHIA ENERGÉTICA DO CEARÁ – ENEL

CONTRARRAZÕES À APELAÇÃO

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara:

I- DA SÍNTESE DA DEMANDA:

Trata-se os autos de Ação de obrigação de fazer c/c restituição de valores e


reparação por danos morais e pedido de tutela antecipada, com o objetivo de ver
ressarcidos os danos advindos da conduta ilícita da Apelante.

As fls. O juízo de primeiro grau julgou parcialmente procedente a demanda,


nos seguintes termos:

“Desse modo, o valor da indenização, a fim de reparar os danos morais


sofridos vai fixado em R$ 7.000,00 (sete mil reais), o que se tem como
suficiente e necessário a reparar o constrangimento e os incômodos suportados
pelo consumidor e sua família por dez meses, preservando os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, acima referidos. Isto posto, JULGO
PROCEDENTE EM PARTE os pedidos para condenar a parte ré ao pagamento
de indenização pelos danos morais, no valor de R$7.000,00, corrigido pelo
IPCA, a contar da data do arbitramento e acrescido de juros de mora de 1% ao
mês, a contar da citação, restando confirmada a tutela de urgência deferida e
extinto o presente feito, com resolução de mérito, a teor do artigo 487, I do
CPC.”

Não merece ser acolhida a apelação interposta pela parte apelante, como se
demonstrará a seguir:

II - DA NECESSÁRIA MANUTENÇÃO DA SENTENÇA

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Data venia, não merece acolhimento a apelação interposta pela empresa Ré,
como se demonstrará diante dos fundamentos a seguir expostos:

II. 1 DA EXISTÊNCIA DOS DANOS MATERIAS

Nobre julgador, restou claro na inicial, que houve uma demora injustificada
na ligação da energia na residência do Apelado, refletindo na sua esfera íntima. Visto
que, esse sempre aguardava ansiosamente pela compra de seu imóvel, e quando enfim
conseguiu realizar o negócio, encontra-se impossibilitado de se mudarem em virtude da
falta de energia. Sendo frustrante para o mesmo deparar-se com o injustificável episódio,
com isso, o Apelado sentiu-se humilhado.

No presente caso, não se trata apenas de mero aborrecimento, algo do


cotidiano do cidadão comum. Vai muito além disso. Assim, vale colacionar o seguinte
julgado:

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. ENERGIA. AÇÃO DE


OBRIGAÇÃO DE FAZER COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
SOLICITAÇÃO DE LIGAÇÃO DA ENERGIA. NECESSIDADE DE
EXTENSÃO DA REDE. DEMORA DE 08 MESES. SUPRESSÃO DE
SERVIÇO ESSENCIAL. DANOS MORAIS CONFIGURADOS EM
CONCRETO. QUANTUM MANTIDO. A parte ré pede provimento ao recurso
para que seja reformada a sentença que a condenou ao pagamento de
indenização por danos morais e confirmou a liminar deferida. Com relação a
preliminar arguida, tratando-se de pedido de nova ligação, bem como tendo
restado comprovado nos autos que a solicitação de ligação foi feita pela autora
(fl.08), não há que se falar em ilegitimidade ativa. Restou incontroverso nos
autos que a solicitação de extensão da rede elétrica foi feita pela autora em maio
de 2015. Relação de consumo que opera a inversão do ônus da prova, nos termos
do art. 6º, inciso VIII, do CDC. Logo, cabia à parte ré demonstrar ter efetuado o
projeto e realizado a ligação da unidade consumidora em questão em prazo
razoável, consoante o art. 333, inciso II, do CPC, o que não se verifica nos autos.
Além disso, a tela acostada pela recorrente (fl.79) dá conta de que a ligação só
teria sido efetuada em 21 de janeiro de 2015, ou seja, mais de 08 meses após a
solicitação, prazo que extrapola os limites razoáveis e os prazos previsto no
artigo 34 da Res. 414/2010 da ANEEL. Assim, o dano moral resta configurado
em concreto, haja vista se tratar de supressão de serviço público essencial por
longo... período, o que gera transtornos que ultrapassam o mero dissabor.
Quantum fixado em R$2.000,00 que não merece redução, uma vez que
adequado aos parâmetros utilizados pela presente Turma Recursal no julgamento
de casos análogos. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO.
(Recurso Cível Nº 71005694120, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas
Recursais, Relator: Fabiana Zilles, Julgado em 23/02/2016).

Nessa linha, a Magna Carta em seu art. 5º consagra a tutela do direito à

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indenização por dano material ou moral decorrente da violação de direitos fundamentais,
tais como a honra e a imagem das pessoas:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

[...]

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação;

Assim, a Constituição garante a reparação dos prejuízos morais e materiais


causados ao ser humano. Este dispositivo assegura o direito da preservação da dignidade
humana, da intimidade, da intangibilidade dos direitos da personalidade.

Dessa forma, claro é que a Apelante, ao cometer imprudente ato, afrontou


confessada e conscientemente o texto constitucional acima transcrito, devendo, por isso,
ser condenada à respectiva indenização pelo dano moral sofrido pelos Autores.

Logo, Excelência, a configuração do dano moral é vislumbrada pela lógica


do razoável objetivando evitar a irresponsabilidade moral, bem como a industrialização
do dano. Tal configuração está bem assentada na decisão do Desembargador do Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro, Sérgio Cavalieri Filho, abaixo transcrita, onde verificamos
que o dano moral se enquadra nas situações que fogem da normalidade, dos fatos do
cotidiano. Vejamos:

Na tormentosa questão de saber o que configura o dano moral, cumpre ao Juiz


seguir a trilha da lógica do razoável, em busca da sensibilidade ético-social
normal. Deve tomar por paradigma o cidadão que se coloca a igual distância do
homem frio, insensível, e o homem de extrema sensibilidade. Nessa linha de
princípio, só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou
humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no
comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflição, angústia e
desequilíbrio em seu bem estar, não bastando mero dissabor, aborrecimento,
mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada. Destarte, estão fora da órbita do
dano moral aquelas situações que, não obstante desagradáveis, são necessárias
ao regular exercício de certas atividades, como a revista de passageiros aos
aeroportos, o exame das malas e bagagens na alfândega, ou a inspeção pessoal
de empregados que trabalham em setor de valores.

No que tange a prova do Dano Moral resta estabelecido na jurisprudência, tal


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qual a do Professor Raimundo Simão de Melo que o mesmo não necessita ser provado e
tão somente os fatos por se tratar de algo imaterial, ao contrário do dano material, uma
vez que a dor física, o sofrimento emocional, a tristeza, a humilhação, a desonra, a
vergonha são indemonstráveis por meio de documentos, de depoimentos, de perícias ou
quaisquer outros meios de prova e, por isso, são presumíveis de forma absoluta. O que se
prova são os fatos que dão ensejo ao ato lesivo decorrente da conduta irregular do
ofensor.

O Código Civil agasalha da mesma forma, a reparação dos danos morais. O


art. 186 trata da reparação do dano causado por ação ou omissão do agente, vejamos:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.

Sendo assim, é previsto como ato ilícito àquele que cause dano, ainda que,
exclusivamente moral. Faça-se constar art. 927, caput do mesmo Código:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Diante do exposto, restou claro que o ato lesivo afeta a personalidade do


indivíduo, sua honra, sua integridade psíquica, seu bem-estar íntimo, suas virtudes,
enfim, causando-lhe mal-estar ou uma indisposição de natureza espiritual. Sendo assim,
a reparação, nesses casos, reside no pagamento de uma soma pecuniária, arbitrada pelo
consenso do juiz, que possibilite ao lesado uma satisfação compensatória da sua dor
íntima, e compense os dissabores sofridos pela vítima, em virtude da ação ilícita da
Apelante.

II. 2 DO MANTIMENTO DO VALOR ARBITRADO NA SENTENÇA

Requer o recorrente a minoração dos danos morais, o que não pode ser
deferido.

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Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova testemunhal produzida
no presente processo, o dano moral ficou perfeitamente caracterizado pelo dano sofrido
pelo recorrido ao ter demora injustificada na religação de sua energia , expondo o
recorrido a um constrangimento ilegítimo, gerando o dever de indenizar, conforme
preconiza o Código Civil em seu Art. 186.

Trata-se de proteção constitucional, nos termos que dispõe a Carta Magna de


1988 que, em seu artigo 5º:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

[...]

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação;

Portanto, outro não poderia ser o entendimento se não o necessário


desprovimento do recurso.

III – DA CONCLUSÃO

Pelo exposto, requer a essa Excelentíssima Câmara se digne a negar


provimento ao apelo da empresa Ré, mantendo a sentença de fls. 125-132. Dessa forma,
negando provimento ao recurso interposto pela Apelante, como de direito, bem como
requer a majoração dos honorários de sucumbência arbitrados, conforme o art. 85,
parágrafo 11 do CPC.

Nestes termos,

Espera deferimento.

Fortaleza/CE, 11 de maio de 2022.

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