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Competência interna para execução
A competência será da Justiça Federal nos casos previstos no art. 109 da Constituição
Federal, devendo ali ser processada a execução quando esta tiver como exequente ou
executada a União, ou alguma autarquia ou empresa pública federal.
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A competência para a execução pode ser originária do Supremo Tribunal Federal. A
execução fiscal deve ser, via de regra, intentada perante um juízo de primeira instância.
Há, porém, casos em que ela deve ser proposta, originariamente, perante o STF,
quando a União a propõe contra Estado estrangeiro ou organismo internacional (CF,
art. 102, 1, e). É discutível se cabe ou não uma execução fiscal contra Estado
estrangeiro ou organismo internacional, mercê da imunidade de jurisdição.
Independentemente de ser cabível ou não, se a União ou um Estado-membro intentar
execução fiscal contra Estado estrangeiro ou organismo internacional, deverá fazê-lo
perante o STF.
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É possível haver execução fundada em título extrajudicial na Justiça do Trabalho. Nos
termos do parágrafo único do art. 625-E da CLT, "O termo de conciliação é título
executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas
expressamente ressalvadas''. Cabe, ademais, execução na Justiça do Trabalho do
compromisso de ajustamento de conduta celebrado perante o Ministério Público do
Trabalho (CLT, art. 876), que é título executivo extrajudicial (Lei nº 7.34 7 /1985, art. 5º,
§ 5º). Há, ainda, quem defenda, com razão, que o rol dos títulos executivos
extrajudiciais se aplica aos litígios trabalhistas, o que permite, por exemplo, a execução
de um cheque ou de uma nota promissória vinculados ao pagamento de verbas
trabalhistas.
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Definida a competência funcional, há de se estabelecer a competência
territorial. O art. 781 do CPC estabelece as regras da competência territorial
para as execuções fundadas em título extrajudicial.
Competência territorial
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Quanto ao domicílio do executado, o art. 781 do CPC incorporou regras tradicionais de
competência. Logo, tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado
no foro de qualquer deles. Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a
execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio
do exequente. Havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução
será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do exequente.
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O art. 781 do CPC incorporou as regras de competência para a execução
fundada em título extrajudicial. É preciso, porém, compatibilizá-las com as
regras especiais relativas a alguns títulos executivos.
Por exemplo o cheque, o art. 22, 1, da Lei n. 7.357 /1985 também estabelece
o local do pagamento como o competente para a execução, sendo, na omissão
dele, no foro do local onde o cheque foi emitido. É comum coincidir o local
onde se situa a agência bancária com o do domicílio do emitente. Nesse caso,
a regra de competência pelo local do pagamento cumula-se com a do foro do
domicílio do executado.
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Essas regras precisam ser combinadas com aquelas previstas no art. 781 do
CPC. O local do pagamento, indicado no título executivo, não é uma cláusula
de eleição de foro, pois sua indicação não decorre da vontade das partes, mas
de uma exigência' legal12• É ele que indica o foro competente.
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Competência para execução fiscal
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Caso, todavia, cada executado mantenha um domicílio diferente, não podem
exigir ser demandados cada um em seu domicílio. A execução fundada em
título extrajudicial deve ser intentada no foro de eleição, ainda que haja
pluralidade de executados com domicílios diferentes.
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EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA FUNDADA EM TÍTULO EXECUTIVO
EXTRAJUDICIAL
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Esse procedimento comum, tal como ocorre com o procedimento executivo
calcado em título judicial, apresenta duas fases bem definidas: (I) a primeira,
denominada de fase inicial ou fase de cumprimento voluntário, por meio da
qual se defere ao devedor um determinado prazo para que cumpra,
espontaneamente, o dever que lhe foi imposto; (II) a segunda, denominada de
fase de execução forçada, em que se praticam atos tendentes à satisfação
compulsória do direito de prestação do credor.
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Atos iniciais da execução por quantia fundada em título extrajudicial
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Considerando que o objetivo da execução é a cobrança de quantia, deve o
exequente instruir a sua petição inicial, dentre outras coisas, com o
demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação (art.
798, 1, "b", CPC). Esse demonstrativo deve conter (art. 798, par. ún., CPC): (i) o
índice de correção monetária adotado; (ii) a taxa de juros aplicada; (iii) os
termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da taxa
de juros utilizados; (iv) a periodicidade da capitalização dos juros, se for o
caso; (v) a especificação de desconto obrigatório realizado.
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Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites
do título, o juiz poderá, ex officio, exercer controle prévio sobre esse
montante, valendo-se de contabilista do juízo (art. 524, § 2º, CPC) - trata-se de
controle anterior à citação do executado. Havendo discordância por parte do
exequente quanto ao valor alcançado pelo juízo ou por seu contabilista, "a
execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a
importância que o juiz entender adequada" (art.524, § 1 º, CPC).
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Admitida a petição inicial, o juiz deve fixar, de plano, os honorários
advocatícios de dez por cento sobre o valor do crédito exigido (art. 827, CPC) e
deve determinar a citação do executado para, no prazo de três dias, pagar a
dívida que lhe é cobrada.
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Prazo para cumprimento voluntário
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Havendo litisconsórcio passivo, o prazo é contado individualmente, a partir da
citação de cada litisconsorte (art. 231, §§ 2º e 3º, CPC). Como se trata de
prazo para cumprimento, e não para manifestação, ele não se conta em dobro
mesmo quando há litisconsortes acompanhados por distintos procuradores
(art. 229, CPC).
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Trata-se de dispositivo que visa a induzir o devedor ao cumprimento
voluntário da prestação. A diferença é que, no particular, em vez de buscar
esse adimplemento voluntário pela imposição de uma ameaça, como ocorre
com a previsão da multa legal a que alude o art. 523, § 1 º, do CPC, o
legislador optou por valer-se de um incentivo. É um exemplo do que se
convencionou chamar de sanção premiai, assim entendida a técnica por meio
da qual se busca induzir o cumprimento voluntário de uma prestação
mediante o incentivo.
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O executado pode, contudo, adotar outras posturas:
(i) não pagar nos três dias e apresentar embargos à execução, no prazo de
quinze dias, contados da data da juntada aos autos do comprovante de citação
ou de um dos momentos descritos nos incisos do art. 231 do CPC (art. 915,
CPC)-trataremos do assunto em item específico;
(iii) não pagar nem apresentar embargos ou qualquer defesa, caso em que
terá início a segunda fase da execução, com penhora e subsequentes atos de
expropriação.
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