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TEORIA DO DIREITO PRIVADO

DOMICILIO
DOMICILIO
É a sede jurídica e social da pessoa, para a qual todos se dirigem com a finalidade de se
relacionar juridicamente com ela. “É o lugar de exercício dos direitos e cumprimento das
obrigações, no sentido da exigibilidade”. (Caio Mario)
Transparecem dois elementos: um objetivo – a residência; e outro subjetivo – o ânimo
definitivo.
Porém, pode-se também residir com intuito definitivo e ter outro domicílio que tem como
fator o lugar onde a profissão é exercida.
Art. 71 CC refere-se à fixação em vista da residência: “Se, porém, a pessoa natural
tiver diversas residências onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu
qualquer delas”.
art. 72 trata do lugar do exercício da profissão: “É também domicílio da pessoa natural,
quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida”. Complementa o
parágrafo único, no caso do exercício da profissão em vários lugares: “Se a pessoa exercitar
profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe
corresponderem”.
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ESPÉCIE DE DOMICÍLIO

1- DOMICÍLIO VOLUNTÁRIO:(ARTIGO 70/73 C.C.)

Domicilio Voluntário que é o escolhido livremente pela parte, é o que depende da vontade
da pessoa; e é o fixado pelo fato da residência, e ânimo de continuar a residir. Para se
conservar, basta o ânimo, enquanto por declaração expressa, ou por outras circunstâncias não
se presumir ânimo de o fixar em outra parte.

Domicílio múltiplo - aquele decorrente de várias residências que possui o indivíduo. Tratando
do assunto, assinala o § 1o do art. 46 do CPC: “Tendo mais de um domicílio, o réu será
demandado no foro de qualquer deles”.

O domicílio incerto, ou itinerante, ou ocasional, vem a ser quando não definido pelo ser
humano, que ora está num lugar e ora em outro.
Art. 73 do Código Civil: “Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência
habitual, o lugar onde for encontrada”.

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2- DOMICÍLIO DE ELEIÇÃO OU CONVENCIONAL
Domicílio De Eleição aquele escolhido pelos contratantes Corresponde à escolha de um
local para o cumprimento dos direitos e obrigações, e para a solução judicial das controvérsias.
Art. 78 CC - “Nos contratos escritos poderão os contratantes especificar domicílio onde se
exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes”.
A disciplina ainda os arts. 62 e 63 do CPC:
Súmula no 335, do STJ, “é válida a cláusula de eleição do foro para os processos
oriundos do contrato”.
A cláusula que fixa o domicilio de eleição é válida desde que não constitua um
obstáculo à parte em propor uma ação ou em contestá-la.
Art. 51, inc. I, do Código de Defesa do Consumidor (Lei no 8.078, de 11.09.1990),
cominando de nulidade a cláusula, por impossibilitar, exonerar ou atenuar a
responsabilidade do fornecedor, e por implicar renúncia de direito.
A eleição do foro não obsta à propositura de ação no foro do domicílio do réu. : “No
caso de eleição de foro, tal circunstância não impede que seja a ação intentada no domicílio do
réu e com razão maior quando este, ao excepcionar o foro, não demonstra a existência de
prejuízo”.
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3- DOMICÍLIO NECESSÁRIO OU LEGAL

É aquele que a lei impõe a determinadas pessoas, que se encontram em dadas


circunstâncias.
-O incapaz tem necessariamente o domicílio do seu representante. (art. 50 do
novo CPC).
-O funcionário público reputa-se domiciliado onde exercerem em caráter
permanente suas funções (art. 76 C.C.).
-O domicílio do militar em serviço ativo é o lugar onde servir.
-O preso tem domicílio no lugar onde cumpra a sentença.

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IMPORTÂNCIA DE SE DETERMINAR O DOMICÍLIO DA PESSOA

QUANTO A COMPETÊNCIA PROCESSUAL


O domicílio tem importância para definir a competência das ações judiciais a serem propostas,
isto é, para estabelecer o lugar do ajuizamento das ações..

- art. 46 do Código de Processo Civil - ação fundada em direito pessoal e a ação fundada
em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.
- art. 47 e seus §§ 1º e 2º do CPC, em se tratando de imóveis, predomina o foro da situação
da coisa. Não envolvendo a ação direitos reais – (propriedade, vizinhança, servidão, posse,
divisão e demarcação, e nunciação de obra nova) - dá-se a opção em se encaminhar a ação
no foro do domicílio do réu, ou de eleição.
- Art. 48 do CPC: O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o
inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a
impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for
réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
- art. 53, II, do CPC, o foro competente para se ajuizar a ação de alimentos é o do domicílio
ou residência do alimentando, ou seja, aquele que pede o alimento, o credor.
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QUANTO AO DIREITO OBRIGACIONAL

Os contratos, em regra, estipularão o domicílio onde as obrigações deverão ser


cumpridas (domicilio de eleição), determinando também, de forma implícita, a competência
do juízo onde a ação será proposta, em caso de inadimplemento da obrigação.

Em relação ao lugar de pagamento, a obrigação pode ser:

a. Quérable – situação em que o pagamento deverá ocorrer no domicílio do devedor.


Art.327 do CC- encerra uma presunção (legal) de que não havendo contratação específica
quanto ao local do cumprimento da obrigação, esta será considerada quérable, ou seja, o
credor, quando do vencimento, deve dirigir-se até o domicílio do devedor para receber o
pagamento que lhe é devido.

b. Portable – é a situação em que se estipula, por força do instrumento negocial ou pela


natureza da obrigação, que o local do cumprimento da obrigação será o domicílio do credor
ou de terceiros.
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DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO

- Art. 41 do CC- as pessoas jurídicas de direito público interno são a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Territórios; os Municípios; as autarquias;
- Art. 75 do CC “Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I – da União, o Distrito Federal;
II – dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III – do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV – das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos”.
- Art. 52 do CPC. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja
autor Estado ou o Distrito Federal. Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o
demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato
ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente
federado.
§ 3o art. 109 da CF – ações previdenciárias - na Justiça estadual do foro do domicílio dos
segurados ou beneficiários, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal,
apreciando-se, no entanto, o recurso cabível no Tribunal Regional Federal da área de jurisdição
do juiz de primeiro grau. 8
DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO

Art. 75, IV do CC - Para as pessoas jurídicas de direito privado o domicílio é o lugar


onde se encontram estabelecidas a direção e administração, ou o especial que constar de
seus estatutos.
§ 1o do art. 75 do CC- “Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em
lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados”.
§ 2º do art. 75 do CC- pessoa jurídica com sede ou domicílio no exterior será
acionada no juízo onde se encontra o estabelecimento no Brasil.

Art. 120, I da Lei 6.015 exige para o registro da instituição a declaração de sua sede.
Se o estatuto não declinar também o domicílio, será o do lugar em que a empresa ou
associação for administrada.

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