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Curso: Direito

DISCIPLINA: Teoria Geral do Processo e Fase de Conhecimento no Processo Civil

PROFESSOR(A): Bruno Henrique Andrade Alvarenga


COMPETÊNCIA
Inicialmente, a primeira noção que há de se ter é a distinção entre JURISDIÇÃO e
COMPETÊNCIA.

 Jurisdição é uma função pública, realizada por órgão do Estado, em


consonância com os ditames legais, através da qual e por ato de juízo,
determina-se o direito das partes, com o objetivo de dirimir seus conflitos e
controvérsias de relevância jurídica, por decisões com autoridade de coisa
julgada.

 Competência é o critério de distribuição entre os vários órgãos do Poder


Judiciário das atividades relativas ao desempenho da jurisdição.

A competência pode ser classificada como a medida da jurisdição OU


delimitação da função jurisdicional do órgão (FREIO DA ATUAÇÂO DO JUIZ).
Na última aula tivemos a oportunidade de ler, discutir e verificar as distribuições de
competência de acordo com o artigo 92, da Constituição Federal.

O artigo 43 determina que a competência interna é fixada pela distribuição da


petição inicial. Trata-se do Princípio do Juízo Natural. Haverá apenas um
único juízo competente para julgar cada causa.

Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da


distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de
fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão
judiciário ou alterarem a competência absoluta.

Em aulas passadas pudemos discutir e avaliar, a partir de situações hipotéticas a


atribuição das competências internas e externas, inclusive quando é exclusiva (art.
23, CPC) ou concorrente (arts. 21 e 22, CPC).
Competência Interna

A competência interna é fixada com base em alguns critérios adotados:

a) Território;
b) Matéria;
c) Valor;
d) Função.
TERRITORIAL:
Baseia-se em aspecto de natureza geográfica, isto é, em determinada porção do
território, como, por exemplo, o domicílio do réu, fixada por critérios determinados
em lei, sobre a qual o juiz exerce jurisdição.
Pode ser

• Geral – obedece à regra actor sequitur forum rei, consoante a qual as ações
devem ser propostas no foro em que estiver domiciliado o réu no tocante a
ações pessoais e reais mobiliárias. Contudo, as ações reais imobiliárias são
ajuizadas no foro do local do imóvel (arts. 46 e 47 do CPC/2015);

Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens
móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o
foro de situação da coisa.
• Especial – quando a competência for fixada em função da situação da coisa sobre
que versa a lide, ou das qualidades de pessoa envolvida na lide, ou ainda do local
em que ocorreram os fatos litigiosos (foro do interditando, do alimentando, das
ações de direito de família etc.) (arts. 49 a 53 do CPC/2015).

Ex:
Art. 53. É competente o foro:
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união
estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;
III - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu;
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade
jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento;
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto;
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do
ofício; (...)
MATÉRIA
Considera a natureza do direito material controvertido, a saber, se o litígio versa
sobre Direito Civil, Penal, Trabalhista, etc. Constitui meio de especializar a Justiça,
na medida em que leva à criação de varas exclusivas para a apreciação de
pedidos relacionados com determinado ramo do direito público ou privado.
Como sabemos, uma vez afastadas as hipóteses de competência das justiças
especializadas (militar, trabalhista e eleitoral), devemos avaliar a competência da
justiça comum, que se divide em estadual e federal. Nesse iter, primeiro devemos
avaliar se a matéria está reservada à competência da União. Em caso negativo, a
competência da Justiça Estadual será fixada em critério residual.
VALOR DA CAUSA

É determinada com base no valor atribuído à causa. O grande exemplo é a fixação


da competência dos Juizados Especiais. Hoje temos três leis que tratam do
assunto:

a) Lei n. 9.099/95, que regula os juizados especiais cíveis e criminais no âmbito


estadual – fixa o patamar de 40 salários mínimos (competência relativa);
b) Lei n. 10.259/2001, que dispõe sobre os juizados especiais federais, cíveis e
criminais – fixa o patamar de 60 salários mínimos (competência absoluta); e
c) Lei n. 12.153/2009, que trata dos juizados especiais da Fazenda Pública –
também adota o limite de 60 salários mínimos (competência absoluta).
FUNÇÃO

Em outras palavras, em função das qualidades da pessoa envolvida na lide, pode


se determinar se o processo será da competência de um dos órgãos de
superposição, de uma das Justiças especializadas ou da Justiça comum, seja ela
federal ou estadual (competência de jurisdição).
Além disso, dependendo do que dispuser a Lei de Organização Judiciária,
determinada qualidade da pessoa também pode ser útil para determinar o juízo
competente, como no caso em que exista vara especializada da Fazenda Pública.

Ex: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda


da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-
Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o
Procurador-Geral da República;
Classificação da Competência:

 Originária: é onde o processo nasce aquela atribuída ao juízo que vai conhecer
a causa em primeiro lugar. Geralmente é o juiz singular, mas pode ser também
o Tribunal, nas situações previstas;
 Derivada: atribuída ao órgão que irá rever a decisão proferida em Grau inferior
de Jurisdição.
 Absoluta: para atender a interesse público
 Relativa: amoldada segundo interesses particulares
Em se tratando de competência relativa, em regra ela é modificada mediante uma
acordo de vontade celebrado entre as partes. Há no entanto, disposições legais
que dizem respeito aos critérios que estabelecem a modificação de competência
(as competências absolutas não podem ser modificadas).

Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.

Existem três situações que impõem a modificação da competência relativa:

1. Conexão (art. 54 do CPC).


2. Continência (art. 56 do CPC).
3. Cláusula de eleição de foro (art. 63 do CPC).
1. CONEXÃO: na conexão percebe-se desde já uma relação de semelhança entre
demandas. Cabe, no entanto, destacar que são ações judiciais distintas, mas que
possuem um vínculo de relação. Pode haver conexão em várias hipóteses:
cumulação de pedidos, litisconsórcio, reconvenção, entre outros.

Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela


continência, observado o disposto nesta Seção.

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o
pedido ou a causa de pedir.
§ 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta,
salvo se um deles já houver sido sentenciado.

O intuito da conexão é promover a eficiência da prestação jurisdicional, evitando-se


decisões contraditórias e conflitantes. Garante acima de tudo segurança jurídica e
isonomia entre as partes, ao serem julgadas pelo mesmo juízo.
2. Continência: veja-se o que o Código de Processo Civil disciplina sobre a
continência:

Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser
mais amplo, abrange o das demais.
Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta
anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença
sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente
reunidas.
Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo
prevento, onde serão decididas simultaneamente.

A CONTINÊNCIA NÃO SE CONFUNDE COM A LITISPENDÊNCIA


3. Cláusula de eleição de foro: as partes podem celebrar convenção de eleição
de foro para estabelecer o juízo competente para solucionar determinado(s)
conflito(s) (arts. 63 e 64 do CPC) (CÂMARA, 2015, p. 54). A liberdade das partes
nessa espécie de convenção processual é ampla: permite-se a fixação de diversos
foros competentes para resolver um conflito (DIDIER JÚNIOR, 2016, p. 226).
Para que seja válida e vinculante aos herdeiros das partes (art. 63, § 2º do CPC),
a convenção de eleição de foro deve ser celebrada por escrito (art. 63, § 1º do
CPC). Entretanto, o juiz declarará sua ineficácia caso a considere abusiva após
manifestação das partes sobre o tema (art. 63, § 3º do CPC).
Há que ressalvar-se a impossibilidade de prevalecerem claúsulas abusivas de
eleição de foro no âmbito do direito do consumidor. A norma do art. 101, I, da Lei n.
8.078/90, estabelece regra especial favorecendo o acesso do consumidor lesado
aos órgãos judiciais nas ações que versem sobre responsabilidade civil do
fornecedor de serviços e produtos.
CONCLUSÃO:
A Alegação de modificação de competência relativa NUNCA SE CONFUNDE com
a alegação de incompetência relativa.

Na modificação de competência relativa, o juízo é competente, mas, em razão


de prorrogação de competência, é remetido ao juízo prevento.

Na alegação de incompetência relativa, a parte Ré demonstra que aquele juízo


não é competente para o julgamento da causa, pedindo a sua remessa ao juízo
competente.
INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA INCOMPETÊNCIA RELATIVA
Pode ser alegada a qualquer momento (muito Deve ser alegada em preliminar de Contestação.
embora deva ser alegada em Contestação).
Pode ser reconhecida de ofício pelo próprio
Juiz.
Interesse público. Em regra interesse particular, mas pode também
ser público (conexão e continência).
Não pode ser alterada pela vontade das Pode ser alterada por vontade das partes.
partes.
Não pode ser alterada por conexão e Pode ser alterada por conexão e continência.
continência.
A competência em razão da matéria e A competência territorial em regra é relativa,
funcional sempre terão competência exceto por disposição legal, mesma regra
absoluta. A territorial e o valor da causa terão aplicada em relação à competência em razão do
absoluta apenas quando a Lei assim exigir. valor da causa.
Ação deve ser remetida ao juízo competente. É remetida ao outro Juiz apenas se assim as
partes convencionarem ou no caso de conexão
ou continência.
Processo:
Conceitos e evolução histórica –
A disciplina Teoria Geral do Processo estudada no presente semestre, busca
evidenciar a importância do estudo não apenas da Jurisdição e da Ação, mas
também, do Processo e, nesse sentido, já há que se advertir que somente pode se
falar em processo quando se tem o estudo convergente dos institutos fundamentais
da ampla defesa, contraditório e isonomia, sem os quais não se poderia estudar o
processo enquanto garantia assegurado por normas constitucionais que
fundamentam o devido processo legal.
É importante chamar a atenção para o fato de que, muito embora haja confusões
terminológicas sobre o tema, em que alguns consideram direito processual e
processo como expressões sinônimas, não há campo para tanto. Isso porque, muito
embora o processo seja o tema central do direito processual, o processo somente
pode ser vislumbrado como um “eixo” em torno do qual se desenvolve o direito
processual.
É muito comum ainda, principalmente na linguagem forense a confusão entre
processo e autos do processo. Por muitas vezes se refere aos autos do processo
como se fosse o próprio processo, quando na verdade o processo somente pode ser
compreendido enquanto procedimento em contraditório.
Fato é que o conceito de processo é fenômeno complexo, razão pela qual é objeto de
inúmeros estudos. Não por acaso que há anos, a doutrina tem cuidado de estudar tal
fenômeno, razão pela qual podem se enumerar algumas teorias que cuidaram de
evidenciar o desenvolvimento do pensamento sobre o processo dentro do direito
processual.
Não nos caberá aqui, no entanto, nos aprofundar acerca de cada uma dessas teorias,
cabendo trazer a importância do processo democrático, constitucionalizado, enquanto
procedimento em contraditório em que as partes em simétrica paridade buscam a
construção de um provimento jurisdicional
Dessa forma, ao invés de nos aprofundarmos no estudo das teorias que
emergiram ao longo dos tempos para explicar o processo, passaremos para os
aspectos mais práticos, relacionados à forma como se inicia o processo.
O processo tem início com a distribuição da petição inicial pela parte autora
(Autor). Como já estudamos anteriormente, de forma exaustiva, impera no direito
processual civil brasileiro o princípio da inércia da jurisdição, ou seja, o Estado
somente poderá agir na busca da solução de uma controvérsia ou diante da lesão
de um determinado direito, a partir do momento em que for provocado a tanto.
Nesse sentido, é fundamental destacar que, não podendo agir de ofício para
instaurar um processo, este somente poderá ser iniciado a partir do momento em
que o juízo for provocado para exercer a jurisdição (dizer o direito). Essa
provocação se dará por meio da distribuição da petição inicial pela parte autora.
SUJEITOS DO PROCESSO
PARTES:
Para a compreensão do conceito de parte, é fundamental que se estabeleça,
inicialmente, a distinção entre capacidade material e capacidade processual.

• PARTE PROCESSUAL: é aquela que está em uma relação jurídica processual,


faz parte do contraditório, assumindo qualquer das situações jurídicas processuais,
atuando com parcialidade e podendo sofrer alguma consequência com a decisão.
A capacidade processual é a aptidão para praticar atos processuais
independentemente de assistência ou representação.

• PARTE MATERIAL: Via de regra, a pessoa que ajuíza a ação é chamada de


autora ao passo que a outra é denominada ré. Geralmente quem possui
capacidade material possui também capacidade processual. Há a possibilidade de
alguém possuir capacidade processual sem possuir capacidade de fato
(material). Ex: relativamente incapaz no âmbito civil, se for um cidadão eleitor, com
dezesseis anos completos, poderá propor Ação Popular. Ainda que não tenha a
capacidade material, possui a capacidade processual.
O ADVOGADO
Trata-se de bacharel do curso de Direito que tenha sido devidamente aprovado no
Exame da Ordem dos Advogados do Brasil. O advogado é aquele que possui
capacidade postulatória ou seja, goza de uma capacidade técnica que o habilita
para as práticas dos atos jurídicos dentro das ações judiciais.

Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado regularmente


inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.

Assim como os advogados, também possuem capacidade postulatória: os


Defensores Públicos, Procuradores Federais, Estaduais e Municipais, Ministério
Público, dentre outros.
DEFENSORIA PÚBLICA:

A Defensoria Pública representa instituição indispensável à função jurisdicional.


Com atribuições previstas no art. 134 da CF. Foi instituída para o cumprimento da
promessa constitucional de assistência jurídica integral contida no art. 5º, LXXIV.

Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função


jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do
regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos
direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados,
na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.
Ministério Público
O Ministério Público é uma instituição regulamentada nos arts. 127 a 129 da
Constituição Federal e no CPC, que atua “na defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses e direitos sociais e individuais indisponíveis” (art. 176
do CPC).
Sua atuação busca garantir as funções dos serviços públicos, defender o
patrimônio público, o meio ambiente, defender interesses da população vulnerável,
tais quais pessoas com deficiência, idosos, povos originários, propondo sempre as
ações cabíveis para garantir tais proteções. Além de tudo, exercer outras funções
que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo lhe
vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas, já
que são funções reservadas às advocacias públicas.
O Juiz
Cabe ao Juiz representar o Estado. Cabe a ele, portanto, exercer a função
jurisdicional para a qual foi investido. Para exercer tal função, é necessário que o
Juiz tenha passado por concurso público ou então tenha assumido a função em
decorrência da regra do quinto constitucional, de que trata o art. 94, da CF:

Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos
Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de
membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de
advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de
dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla
pelos órgãos de representação das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice,
enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes,
escolherá um de seus integrantes para nomeação.
IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DO JUIZ
O incidente de arguição de impedimento ou suspeição é a forma estabelecida em lei para
afastar o juiz da causa, por lhe faltar imparcialidade, que é pressuposto processual
subjetivo referente ao juiz. Enquanto a alegação de incompetência se refere ao juízo, o
impedimento e a suspeição se referem à pessoa do juiz, que, neste incidente, é parte (ele
é réu do incidente).
Há dois graus de parcialidade: o impedimento e a suspeição. A parcialidade é vício que
não gera a extinção do processo: verificado o impedimento ou a suspeição do juiz, o
processo deve ser encaminhado ao seu substituto legal.
Os atos decisórios praticados devem ser invalidados, no caso de suspeição ou de
impedimento (art. 146, § 7º, CPC) .
As hipóteses de impedimento (art. 144 do CPC) dão ensejo à NULIDADE. Há uma
presunção legal absoluta de que o magistrado não tem condições subjetivas para atuar
com imparcialidade.
Pode ser a!egado a qualquer tempo e grau de jurisdição (à arguição de impedimento,
apesar de o art. 146 tratar de 15 dias. Por envolver ordem pública não preclui se não
arguida em tal prazo. Pode inclusive ser reconhecido ex officio pelo magistrado.
O vício é tão grave que admite, inclusive, futura ação rescisória (art. 966, II, do CPC), pois
se entende que a condução de todo o procedimento fica comprometida.
OS AUXILIARES DA JUSTIÇA

Órgãos auxiliares são todos aqueles que, atuando ao lado do juiz (órgão principal
em que se concentra a função jurisdicional), contribuem para a realização das
funções do Juízo, dando sequência a atos de vital importância para o
desenvolvimento do processo e para a garantia da infraestrutura necessária ao
exercício da jurisdição. Arts. 149 a 175.

Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam
determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe de
secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o
intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o
distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias.
Os auxiliares que consta no art. 149 não é taxativa. O próprio dispositivo alerta
para o fato de que outras atribuições podem ser determinadas pelas normas de
organização judiciária, tanto da União como dos Estados. Como já mencionado,
cada Estado possui o seu código de organização e divisão judiciária.
Feita essa observação, o novo CPC elenca os seguintes auxiliares da justiça:

a) Escrivão; h) Tradutor;
b) Chefe de secretaria; i) Mediador;
c) Oficial de justiça; j) Conciliador;
d) Perito; k) Partidor;
e) Depositário; l) Distribuidor;
f ) Administrador; m) Contabilista; e
g) Intérprete; n) Regulador de avarias.
LITISCONSÓRCIO

CONCEITO: Litisconsórcio é a pluralidade de sujeitos em um dos polos de uma


relação processual. Há litisconsórcio quando houver mais de um autor ou mais de um réu, por
exemplo. Mas o litisconsórcio não se restringe à principal relação jurídica processual. Pode
haver litisconsórcio em incidentes processuais - mais um de sujeito requer a instauração de um
conflito de competência; pode haver litisconsórcio em um recurso -já presenciamos um caso
em que autor e réu se consorciaram para opor embargos de declaração contra uma sentença
homologatória de transação judicial. Por isso, é melhor dizer que o litisconsórcio é uma
pluralidade de sujeitos em um polo de uma relação jurídica processual.

2. CLASSIFICAÇÃO:
Posição das partes: ativo, passivo ou misto
Formação: inicial e ulterior
Obrigatoriedade: necessário e facultativo
Uniformidade: simples (ou comum) e unitário
2.1. Quanto a posição das partes:
Ativo, passivo e misto
O litisconsórcio pode ser ativo ou passivo, a depender do polo da relação
processual em que ele se formar. Será considerado misto, se a pluralidade de
pessoas ocorrer em ambos os polos da relação.

2.2. Momento de sua formação:


Inicial e ulterior
Litisconsórcio inicial é aquele que se forma contemporaneamente à formação do
procedimento ou do incidente, quer porque mais de uma pessoa postulou, quer
porque em face de mais de uma pessoa a demanda foi proposta.
Litisconsórcio ulterior é aquele que surge após o procedimento ter- se formado.
É visto como algo excepcional, pois tumultua a marcha do procedimento. (Ex:
intervenção de terceiros ou sucessão processual).
2.3. Obrigatoriedade: Necessário ou facultativo

Necessário: quando a sua formação for obrigatória. Ex: Ação contra cônjuges
casados em Regime Comunhão Parcial, quando a Ação versar sobre o imóvel
adquirido na constância do casameento.

Facultativo: O litisconsórcio pode ou não se formar. Trata-se do litisconsórcio cuja


formação fica a critério dos litigantes. Ex. consumidor incluir comerciante e
fabricante no polo passivo.

Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando,


pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença
depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.
2.4. Uniformidade da decisão: simples ou unitários:
Simples ou Comum: É aquele em que a decisão judicial sobre o mérito pode ser
diferente para os litisconsortes. A mera possibilidade de a decisão ser diferente já
torna simples o litisconsórcio.
O litisconsórcio simples é o que parece ser: cada um dos litisconsortes é
tratado como parte autônoma.

Unitário: Há litisconsórcio unitário quando o provimento jurisdicional de mérito tem


de regular de modo uniforme a situação jurídica dos litisconsortes, não se
admitindo, para eles, julgamentos diversos. O julgamento terá de ser o mesmo
para todos os litisconsortes.
LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO

Art. 113.
§ 1o O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes
na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este
comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da
sentença.

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