TEORIA GERAL DO

PROCESSO CIVIL
PROFESSOR MSC ROBSON PARENTE
 CARACTERÍSTICA DA JURISDIÇÃO
A unidade – a jurisdição não se subdivide. A distribuição da jurisdição em justiça
federal, justiça do trabalho, varas cíveis, por exemplo, seria meramente
organizacional.
A existência de lide ou conflito de interesses – a não satisfação de uma pretensão
leva o autor a buscar o Judiciário. Resistida tal pretensão, configura-se a lide posta à
apreciação do julgador.
A definitividade – findos os recursos contra uma decisão judicial, ela se torna
imutável e insuscetível de ser rediscutida no processo em que foi proferida ou em
qualquer outro.
O caráter substitutivo – por esta característica, o Estado atua em substituição das
partes na resolução do conflito.
Inércia: Nos termos do art. 2º do CPC, a jurisdição só age se provocada pelo
interessado por meio do exercício do direito de ação, salvo exceções previstas em
lei.
 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA
JURISDIÇÃO
Princípio da investidura: Princípio da aderência: Princípio da
indelegabilidade:
Por este princípio, a Determina que o juiz deve
jurisdição deverá ser exercer sua jurisdição nos Veda a delegação de
exercida por magistrado, limites territoriais de sua atribuições do poder
devidamente empossado. comarca, se juiz estadual; ou judiciário, ou seja, o
da seção judiciária, no caso julgador não pode delegar
de juiz federal, sob pena de suas funções a outra pessoa
incompetência. ou órgão jurisdicional.
 Princípio da Princípio da Princípio do Juizo Natural:
inevitabilidade: inafastabilidade
(indeclinabilidade): Este princípio desdobra-se
Refere-se à sujeição das em duas garantias básicas
partes aos provimentos Pelos termos do art. 5º expressas no art. 5º XXXVII
jurisdicionais, XXXV da CF, “a lei não e LIII da CF segundo as
significando dizer que a excluirá da apreciação quais, respectivamente, “não
decisão judicial, uma do poder judiciário lesão haverá juízo ou tribunal de
vez transitada em ou ameaça a direito”. exceção” e “ninguém será
julgado, impõe-se à Quer dizer que o juiz processado nem sentenciado
vontade das partes. não pode se recusar à senão pela autoridade
apreciação do litígio. competente”. Tem por
finalidade preservar a
imparcialidade dos
julgadores.
 Princípio do Acesso à Justiça:

A todos é assegurado o acesso ao judiciário

para a defesa de seus direitos.
A expressão “acesso a justiça” serve para
determinar duas finalidades básicas do
sistema jurídico:

b) Deve ele
a) O sistema deve produzir resultados
ser igualmente que sejam
acessível a todos. individual e
socialmente justos.
 COMPETÊNCIA – ART. 43 DO CPC

Trata-se da delimitação da jurisdição, ou seja, o espaço em que cada

jurisdição vai ser aplicada. É o alcance do poder do juiz distribuído por
lei.

Exemplo: Um juiz que atua na vara cível possui

jurisdição, mas somente para julgar questões cíveis.
Não lhe é permitido julgar homicídios (p. ex.), pois é
de competência criminal. (art. 42, CPC).
 QUANDO É ESTABELECIDA?

No momento da distribuição do processo. Será responsável por distribuir a lide

para cada órgão responsável de jurisdição, onde irá tramitar. Em regra, a competência não
se modifica.
 TRÊS PRINCIPAIS PRINCÍPIOS
Tipicidade: toda competência
está tipificada, ou seja, está
prescrito em lei quais são suas
regras, qual órgão é competente
e qual juiz irá julgar.
Esta regra serve basicamente
para evitar o “vai e vem” dos
processos por mudanças;
De fato (ex. domicílio) ou;
De direito (lei afirmando que
quem rouba camisas azuis deve
ser demandado no foro de seu
domicílio).
Indisponibilidade: Esta vigora no Juiz Natural: é a
Processo Penal, a maior parte das determinação do juízo
causas são ações penais públicas competente para a causa,
incondicionadas, não dependem da deve ser feita com base em
vontade da parte, se o crime critérios impessoais,
ocorre, é função do Estado iniciar objetivos e pré-
do processo, não depende da estabelecidos.
provocação da parte, aqui você
não é dono da causa. Nesta toada,
ao juiz não lhe compete
modificações nas regras (acionar a
jurisdição). Ele sendo o
competente para julgar, não pode,
por livre arbítrio, ser dono da
causa.
 CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA
Absoluta: quando a Relativa: quando a competência
competência se determina em tem em vista o interesse de uma
vista do interesse público, a lei das partes (autor ou réu), ela pode
não admite a sua modificação, ser modificada.
pelo que ela é improrrogável.

É o que ocorre nos casos de É o que ocorre nos casos onde há

divisão de competência clausula de foro ou clausula
prevista na lei compromissória em contratos as
quais define a competência para
o litigio decorrente daquele
contrato
 CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA
Originária: é a competência
inicial onde o processo é
distribuído. Onde começa o Exemplo: um recurso segue para
processo é onde se origina, um Tribunal de instância superior,
onde se conhece a demanda ou seja, da competência originária
primeiramente. (a primeira instância) seguiu para
uma instância superior
(competência derivada).
Derivada: é a remessa de um
processo para outra
competência.

LEMBRETE:
Foro: refere-se ao território, em que comarca certo processo deve ser julgado.
Juízo: refere-se à matéria (família, cível, consumidor, penal etc.).
 CRITÉRIOS QUE DETERMINAM A
COMPETÊNCIA
Territorial: Também
denominada “competência de
foro”, corresponde ao local
(territorialmente falando) no
qual deve ser proposta a
ação.
Valor da causa: estabelece-se
em relação ao valor atribuído
à causa.
Função ou
Hierarquia: função ocupada
pelo sujeito da lide, o qual
gera a competência
originária, se quem julgará é
o STJ, STF, Tribunal etc.
Material: referente ao objeto
da lide (família, cível,
consumidor etc.)
 PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA
Juízo inicialmente incompetente, torna-se competente, seja em virtude de determinação
legal, seja por ato de vontade das partes. Assim, a competência relativa prorroga-se em
virtude de:
Lei: quando se trata de conexão ou continência (art. 102 do CPC).

Assim, se duas ações são propostas em unidades territoriais distintas, uma unidade
competente para conhecer de uma ação, e outra unidade competente para conhecer da outra,
prorrogar-se-á a competência de ambas, sendo que será feita a reunião de ambos os
processos perante o juízo que primeiro promoveu a citação do réu (aplica-se o art. 219
do CPC, não o art. 106).

A competência material e em relação à A competência territorial e em valor

hierarquia são sempre absolutas, que da causa são relativas, podem ser
não se modificam. modificadas.
 PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO OU DA
COMPETÊNCIA
Traduz o fenômeno processual pelo qual, firmada a competência de um juízo,
perdura até o final da decisão (sentença) e do seu respectivo cumprimento.

Momento da perpetuação da competência

Não subsiste quando ocorrer quando ocorrer supressão do órgão judiciário, como, por
exemplo, na extinção de comarca, quando todos os processos serão remetidos à nova
comarca; da mesma forma quando houver alteração da competência em razão da matéria ou
da hierarquia, que, por ser absoluta, passa à competência do no novo órgão judiciário.
 IDENTIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA

a) Competência de jurisdição: qual a Justiça competente?

b) Competência originária: dentro da Justiça competente, o conhecimento da
causa cabe ao órgão superior ou ao inferior?
c) Competência de foro: se a atribuição é do órgão do primeiro grau de
jurisdição, qual a comarca ou seção judiciária competente?
d) Competência de juízo: se há mais de um órgão de primeiro grau de
jurisdição com as mesmas atribuições jurisdicionais, qual a vara competente?
e) Competência interna: quando numa mesma Vara ou Tribunal servem vários
juízes, qual ou quais deles serão competentes?
f) Competência recursal: a competência para conhecer do recurso é do próprio
órgão que decidiu originariamente ou de um superior?