Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
CONCEITO DE JURISDIÇÃO:
“É o poder-dever atribuído, constitucionalmente, ao Estado para aplicar a lei ao
caso concreto, compondo litígios e resolvendo conflitos”. (Guilherme de Souza Nucci)
“É um direito fundamental de ser julgado por um juiz, natural (cuja competência
está prefixada em lei), imparcial e no prazo razoável”. (Aury Lopes Jr.)
Uma das características da jurisdição é a substitutividade, qual implica na
atuação do Estado em substituir à vontade das partes na resolução das lides, o que
impede, em regra, a autotutela.
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO:
a) Investidura: Para exercer a jurisdição é necessário ser magistrado, logo,
investido devidamente na função.
nesse caso, o processo deve prosseguir na jurisdição em que foi prolatada (entendimento
do STJ e STF).
c) Indeclinabilidade (ou da inafastabilidade, ou do controle jurisdicional): O
juiz não pode abster-se de julgar os casos que lhe forem apresentados, declinando ou
delegando a outro o exercício da sua jurisdição.
CONCEITOS DE COMPETÊNCIA:
“Competência é um conjunto de regras que asseguram a eficácia da garantia da
jurisdição e, especialmente, do juiz natural”. (Aury Lopes Jr)
“É a delimitação do poder jurisdicional (...). É, portanto, uma verdadeira medida
da extensão do poder de julgar.” (Fernando Capez)
A competência é uma distribuição da jurisdição para que cada juiz possa aplicar
o direito objetivo ao caso concreto.
O artigo 69 estabelece 7 critérios para a fixação da competência:
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:
I - o lugar da infração:
II - o domicílio ou residência do réu;
III - a natureza da infração;
IV - a distribuição;
V - a conexão ou continência;
VI - a prevenção;
VII - a prerrogativa de função.
Atenção! Não existe hierarquia ou ordem entre os incisos.
CONSEQUÊNCIAS DA INCOMPETÊNCIA:
Professora Ana Paula Correia de Souza
Direito Processual Penal I
Diante disso, pode-se concluir que NÃO se aplica ao processo penal a súmula nº
33 do STJ: “a incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”.
Professora Ana Paula Correia de Souza
Direito Processual Penal I
ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA:
a) Ratione materiae: Estabelecida em razão da natureza do crime praticado
(competência em razão da matéria) – Art. 69, III/CPP;
A análise começa pela esfera especial, para, por exclusão, chegar às Justiças
Comuns, para, só então, chegar à Justiça mais residual de todas que é a Justiça Comum
Estadual. Ou seja, primeiro deve-se analisar se o crime é de competência da Justiça
Militar, em não sendo, depois se é da Justiça Eleitoral e, somente com a negativa de
ambas é que se passa à análise da competência da Justiça Comum.
Definida a justiça, deve-se analisar ainda em qual será o nível de jurisdição que
terá autuação originária, em decorrência do cargo que o réu ocupe.
1. TRIBUNAL DO JÚRI:
O Tribunal do Júri é um órgão jurisdicional da justiça comum Estadual e
Federal.
O artigo 5º. XXXVIII, alínea “d” da CF, estabelece a competência do Tribunal
do Júri para julgamento dos crimes dolosos contra a vida. O texto constitucional prevê
apenas a competência mínima, ou seja, existe a possibilidade de ampliação da
competência do Tribunal do Júri. No entanto, atualmente, apenas os crimes previstos
nos artigos 121 a 127 do Código Penal são julgados perante este tribunal, conforme o
disposto no artigo 74, §1º, do CPP.
Ressalta-se ainda que será também de competência do Tribunal do Júri o
julgamento dos delitos conexos, aqueles que, por força da atração exercida pelo júri,
devem ser julgados, também, pelo tribunal popular (artigo 76, 77 e 78 do CPP).
O Código Penal Militar, em seu artigo 9º, define o que é crime militar:
Crimes militares em tempo de paz
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo
diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o
agente, salvo disposição especial;
II – os crimes previstos neste Código e os previstos na
legislação penal, quando praticados: (Redação dada pela Lei nº
13.491, de 2017)
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra
militar na mesma situação ou assemelhado;
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar
sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou
reformado, ou assemelhado, ou civil;
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em
comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do
lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou
reformado, ou civil;
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra
militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o
patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa
militar;
III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou
por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais
não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos
seguintes casos:
Professora Ana Paula Correia de Souza
Direito Processual Penal I
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a
ordem administrativa militar;
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em
situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de
Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função
inerente ao seu cargo;
c) contra militar em formatura, ou durante o período de
prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício,
acampamento, acantonamento ou manobras;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra
militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de
vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou
judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em
obediência a determinação legal superior.
§1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra
a vida e cometidos por militares contra civil, serão da competência do
Tribunal do Júri. (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017)
§2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra
a vida e cometidos por militares das Forças Armadas contra civil,
serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no
contexto: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem
estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro de Estado
da Defesa; (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou
de missão militar, mesmo que não beligerante; ou (Incluído pela Lei nº
13.491, de 2017)
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de
garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em
conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição Federal e na
forma dos seguintes diplomas legais: (Incluído pela Lei nº 13.491, de
2017)
a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código
Brasileiro de Aeronáutica; (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; (Incluída
pela Lei nº 13.491, de 2017)
c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código
de Processo Penal Militar; e (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral.
(Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017).
passou a considerar crimes militares não só os previstos neste mesmo Código Castrense.
Assim, o rol dos crimes militares, em outros termos, foi expandido.
Outro ponto que merece atenção é o fato de que a alteração legislativa não
abrangeu as contravenções penais, uma vez que o art. 9º, II, do Código Penal Militar
considera militar somente os crimes previstos no Código Penal Militar e os previstos na
legislação penal, quando praticados em uma das hipóteses previstas no inciso II.
Nota-se que não houve menção às contravenções penais, mas somente aos
“crimes”. Portanto, não é possível falar em contravenção penal militar.
Professora Ana Paula Correia de Souza
Direito Processual Penal I
- Órgãos jurisdicionais:
1º Grau: Os tribunais de primeira instância da Justiça Militar da União
são chamados de Auditorias Militares. O julgamento é realizado por 2 órgãos:
a) Conselhos Permanentes de Justiça, funcionarão durante três
meses consecutivos, sempre coincidindo com os trimestres do ano civil,
são formados por quatro oficiais e pelo juiz federal da Justiça Militar da
União, com competência para processar e julgar militares que não sejam
oficiais e;
b) Conselhos Especiais de Justiça, com competência para
processar e julgar oficiais, exceto os oficiais generais, que são
processados diretamente no Superior Tribunal Militar.
Os civis são julgados monocraticamente pelo juiz federal da Justiça
Militar da União.
Os recursos às decisões de Primeira Instância são remetidos diretamente
para o Superior Tribunal Militar (STM).
2º grau: Superior Tribunal Militar – é composto por quinze ministros,
sendo dez militares e cinco civis, formando o que tecnicamente é chamado de órgão
escabinato. Possui competência de Tribunal de apelação.
- Órgãos Jurisdicionais:
1º Grau: Os tribunais de primeira instância da Justiça Militar dos Estados
são compostos por 2 órgãos:
a) Auditorias/juízos militares, que julgam os crimes militares
contra civis e ações judiciais contra atos disciplinares militares e;
b) Conselhos Permanentes de Justiça que julgam os praças e os
Conselhos Especiais de Justiça que julgam apenas oficiais.
2º grau: Tribunais de Justiça Militar (RS, SP e MG, pois têm mais de
20.000 militares) ou Tribunais de Justiça do Estado.
CURIOSIDADE: As Justiças Militares Estaduais, após a
Emenda Constitucional nº 45, passam a ter competência
para julgarem as ações judiciais contra atos disciplinares
militares – competência cível.
DICAS DA TEACHER!
É importante saber:
Professora Ana Paula Correia de Souza
Direito Processual Penal I
JUSTIÇA ELEITORAL:
O Código Eleitoral estabelece a competência da Justiça Eleitoral ao prever quais
são os crimes eleitorais.
Ressalta-se que havendo a conexão de um crime eleitoral com um crime comum,
previsto CP, a competência de ambos será da Justiça Eleitoral, conforme o disposto no
artigo 78, inciso IV/CPP:
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência,
serão observadas as seguintes regras:
(...)
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá
esta.
Neste sentido, segue entendimentos do STJ e do STF:
Sobre o tema, o precedente do Supremo Tribunal Federal, formado
pelo seu Plenário no julgamento do Inq. 4435 AgR-Quarto/DF, definiu
ser competente a Justiça Eleitoral para julgar os crimes eleitorais e os
comuns que lhes forem conexos, na forma dos arts. 109, IV, e 121,
ambos da Constituição Federal, bem como do art. 35, II, do Código
Eleitoral, e do art. 78, IV, do Código de Processo Penal.
Ou seja, em caso de conexão ou continência entre crime comum e
delito eleitoral, todos devem ser julgados conjuntamente perante a
Justiça Especializada.
A interpretação do precedente formado no Inq. 4435 AgR-Quarto/DF,
oriunda da leitura de votos dos Ministros que saíram vencedores no
Professora Ana Paula Correia de Souza
Direito Processual Penal I
julgamento, indica que a ação de usar dinheiro, de origem criminosa,
doado para campanha eleitoral, está prevista como delito de
competência da Justiça Especializada, encaixando-se na figura típica
descrita no art. 350, do Código Eleitoral.
Dessa forma, a competência da Justiça Eleitoral, proveniente da
interpretação dada pela Suprema Corte à Constituição Federal e à
legislação dela decorrente, aplica-se sempre que na ação penal houver
qualquer menção a crime dessa espécie, seja na descrição feita pelo
órgão acusatório a respeito da suposta conduta ilícita, seja nas
decisões oriundas dos órgãos jurisdicionais.
De outro lado, a parte final do art. 82, do CPP, assim como o
Enunciado da Súmula 235/STJ, apenas impede a reunião de processos
conexos quando um deles já tenha sido julgado, não incidindo se eles
caminharam conjuntamente, de forma reunida, desde o início da
tramitação, muito anteriormente à prolação da sentença.
Assim, havendo reconhecimento da incompetência absoluta da Justiça
Federal, a ação penal deve ser remetida à Justiça Especializada, mas
com anulação apenas dos atos decisórios praticados e sem prejuízo da
sua ratificação pelo juízo competente. (HC 612.636-RS, Rel. Min.
Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Rel. Acd.
Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por maioria, julgado em
05/10/2021.)
Assim, qualquer crime que atinja bens jurídicos de interesse da União será de
competência da Justiça Federal. Ressalta-se que a competência da Justiça Federal não se
presume, devendo estar expressamente prevista no artigo 109/CF, independentemente
de o inquérito policial ter sido elaborado pela Justiça Federal ou pela polícia civil.
Além disso, deve-se sempre observar a existência de lesão direta à bens,
serviços ou interesse da União (interesse específico ou imediato da União), ou seja, não
basta estar configurado um interesse genérico ou remoto da União no caso.
DICAS DA TEACHER!
É importante saber:
Brasil. [STJ. 3ª Seção.CC 150712-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em
10/10/2018 (Info 636)].
Existe uma polêmica acerca do foro competente para apurar a infração, tendo em
vista a dubiedade do termo “praticada”. Majoritariamente, deve-se considerar o lugar
onde ocorreu a ação ou omissão (teoria da atividade).
Parte da doutrina entende pela aplicação da teoria da ubiquidade para fixação de
competência nos crimes de menor potencial ofensivo, podendo ser tanto o lugar da ação
ou da omissão, quanto o lugar do resultado. Havendo conflito, dirime-se pela
prevenção. (Nucci, Jorge Assaf, Alexandre de Moraes, Mirabete, entre outros). Por fim,
uma corrente minoritária entende como o local onde ocorreu o resultado.
- Evolução Jurisprudencial:
DICAS DA TEACHER!
É importante saber:
- Crimes plurilocais:
São aqueles em que a ação e o resultado ocorre em locais diferentes, mas dentro
do território brasileiro.
Exemplo: “A” atirou em “B” na cidade de Naviraí – interior do Mato Grosso do
Sul/MS. “B” é levado para um Hospital com mais recursos em Dourados/MS, onde vem
a falecer em decorrência das lesões causadas pelo tiro.
Atentando-se para a regra do artigo 70 do CPP, a competência para julgamento
de “B” seria a cidade de Dourados/MS, local em que se consumou o crime de
homicídio. No entanto, entendimento majoritário nos Tribunais brasileiro é de que no
caso de crime plurilocal, deve-se levar em consideração o local onde se esgotou o
potencial lesivo da infração, ainda que distinta do resultado, aplicando-se, portanto, a
TEORIA DA ATIVIDADE, para a fixação da competência (princípio do esboço do
resultado), por atender à necessidade probatória do processo e em respeito ao princípio
da busca da verdade real. (Entendimento contrário: Mirabete e Tourinho Filho).
- Eleição de foro:
Só é possível nos casos de ação penal privada (exclusiva ou personalíssima),
conforme o disposto no artigo 73/CPP:
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá
preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando
conhecido o lugar da infração.
Eugênio Pacelli afirma que essa regra deve ser aplicada com certa reserva e
explica: a regra do lugar do crime, na maioria das vezes, é a mais adequada para a
produção probatória. Por isso, não se pode afastar a possibilidade de uma escolha
premeditada de foro pelo querelante, com o objetivo de enfraquecer a eventual
necessidade de produção de prova (ou contraprova) por parte do querelado. Logo,
Pacelli defende que se o querelante suscitar a incompetência, ante a necessidade da
Professora Ana Paula Correia de Souza
Direito Processual Penal I
DICAS DA TEACHER!
É importante saber:
Professora Ana Paula Correia de Souza
Direito Processual Penal I
Neste caso, NÃO se aplica o disposto no § 4º do artigo 70/CPP, pois ele não trata
da hipótese de estelionato praticado por meio de cheque falso, mantendo a validade do
enunciado da Súmula 48 do STJ:
Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e
julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.
A regra a ser aplicada, portanto, é a do caput do art. 70, o qual estabelece que a
competência será determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de
tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
CONEXÃO E CONTINÊNCIA:
Inicialmente cumpre destacar que a conexão e a continência são institutos ou
regras de modificação de competência territorial (em abstrato) – e não de fixação. São
regras que visam facilitar a colheita de provas e fomentar a economia processual,
reunindo em um só processo, com julgamento único (simultaneus processus) dois ou
mais fatos delituosos, ou dois ou mais réus que praticaram o mesmo crime.
- Classificação de conexão:
De acordo com a doutrina, a conexão se divide em três
espécies:
Professora Ana Paula Correia de Souza
Direito Processual Penal I
- Conceito de Continência:
Como o próprio nome indica, ocorre quando os elementos de um fato criminoso
(partes, pedido e causa de pedir) contém outros, o que impõe que o julgamento de todos
seja realizado em conjunto. É nesse sentido a determinação do artigo 77 do CPP .
Art. 77 - A competência será determinada pela continência quando:
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração
(continência subjetiva);
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos
arts. 70 , 73 e 74 do Código Penal (continência objetiva).
- Classificação de Continência:
a) Subjetiva: quando duas ou mais pessoas forem
acusadas da mesma infração penal – concurso eventual de crimes (art. 29/CP) ou
necessário de crimes (plurissubjetivo). Não há pluralidade de crimes, mas de pessoas.
Exemplo: Coautoria em crime de homicídio.
Afastada a incidência dos incisos III e IV, significa que estamos diante de crimes
submetidos à jurisdição da mesma categoria. Passa-se, então, à análise do inciso II,
logo, caso algum dos crimes seja de competência do Júri, todos irão para o Tribunal do
Júri (vis atractiva). Caso nenhum seja de competência do Júri, passemos então ao inciso
II, sendo suas alíneas consideradas rigorosamente na ordem descrita.
- Obrigatória:
O artigo 79/CPP trata de casos de cisão processual obrigatória, ainda que exista a
conexão ou a continência:
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e
julgamento, salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar; (Súmula 90/STJ)
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
§1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação
a algum corréu, sobrevier o caso previsto no art. 152.
§2º A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver
corréu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a
hipótese do art. 461 (artigo 469 atualmente).
- Comentários ao artigo:
I – A justiça Militar não prevalece, ela cinde. Ou seja, se são todos crimes
militares, vão para a Justiça Militar, do contrário, separa.
Art. 429. Salvo motivo relevante que autorize alteração na ordem dos
julgamentos, terão preferência:
Professora Ana Paula Correia de Souza
Direito Processual Penal I
I – os acusados presos:
II – dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais tempo
na prisão;
III – em igualdade de condições, os precedentemente pronunciados.
- Facultativa:
Está prevista no artigo 80/CPP:
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as
infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de
lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para
não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante,
o juiz reputar conveniente a separação.
- Perpetuação da Jurisdição:
Está prevista no artigo 81/CPP:
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou
continência, ainda que no processo da sua competência própria venha
o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique
a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará
competente em relação aos demais processos.
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por
conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou
impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a
competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente.
Professora Ana Paula Correia de Souza
Direito Processual Penal I