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Jurisprudência

do TST

Aula no 27º Curso de Formação


de Magistrados na ENAMAT
Prof. Fabiano Coelho
FABIANO COELHO
DE SOUZA
• Juiz Titular da Vara do Trabalho de
Formosa-GO.
• Mestre em Direito pela PUCGO
• Doutorando em Direitos Humanos
pela UFG
• Juiz Auxiliar da Presidência do TST e
Coordenador Nacional do PJE-JT no
biênio 2016/2018
• Criador e instructor do curso de
atualização jurisprudencial TST2021
IMPORTÂNCIA DA JURISPRUDÊNCIA
A jurisprudência como parâmetro para suprir lacunas da
legislação trabalhista – CLT, art. 8º, caput
Disciplina judiciária como elemento de estabilização social, segurança
jurídica e previsibilidade dos julgamentos
É possível ter disciplina e independência na atividade judicante de modo
simultâneo.
A construção jurisprudencial como um “romance em cadeia” (Ronald
Dworkin)
A integridade da jurisprudência molda os padrões de conduta dos atores
sociais, das partes integrantes de uma relação de trabalho, dos litigantes
e dos advogados.
IMPORTÂNCIA DA JURISPRUDÊNCIA
A inobservância da jurisprudência consolidada provoca
insegurança.
Se o juiz não aplica a jurisprudência consolidada, as partes recebem tal
conduta como um estímulo à não adequação de suas posturas na relação
de trabalho, além de aumentar a litigiosidade e as taxas de
recorribilidade.
A inobservância da jurisprudência, especialmente em matéria processual,
pode gerar incidentes desnecessários e prejuízo processual aos litigantes.
Colocar a jurisprudência consolidada em segundo plano leva os tribunais
ao descrédito, passando a impressão de que ganhar ou perder um
processo, ter uma preliminar acolhida ou rejeitada, passa a ser uma
questão de sorte.
DEVER DE UNIFORMIZAÇÃO DA
JURISPRUDÊNCIA
CPC, Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua
jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente.
• § 1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos
fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados
de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante.
• § 2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-
se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram
sua criação.
OBSERVÂNCIA DA JURISPRUDÊNCIA
CPC, Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
• I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle
concentrado de constitucionalidade;
• II - os enunciados de súmula vinculante;
• III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou
de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de
recursos extraordinário e especial repetitivos;
• IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal
em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça
em matéria infraconstitucional;
• V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais
estiverem vinculados.
• (...)
OBSERVÂNCIA DA JURISPRUDÊNCIA
CPC, Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
• (...)
• § 1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art.
489, § 1º, quando decidirem com fundamento neste artigo.
• § 2º A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em
julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências
públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam
contribuir para a rediscussão da tese.
• § 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo
Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de
julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da
alteração no interesse social e no da segurança jurídica.
• § 4º A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada
ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a
necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os
princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da
isonomia.
• § 5º Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os
por questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na
rede mundial de computadores.
CRITÉRIO DE ESCOLHA DOS TEMAS
Qualquer tema imaginado permitiria uma exposição ampla e
interminável.
Foco em questões que trazem maior impacto no cotidiano da
jurisdição, com risco de incidentes processuais, insegurança jurídica e
prejuízo processual de algum dos litigantes.
Cuidado em não considerar uma decisão turmária, por mais relevante
que seja, como a posição dominante no TST e esperada nas instâncias
inferiores.
TEMA 1 – REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL
Discussão sobre a regra de indicação do valor do pedido e
possível extinção do processo sem resolução do mérito em
relação a esta circunstância (CLT, art. 840, § 1º)
Consequência do tema:
- indeferimento da petição inicial quanto a pedidos não
liquidados (em aberto a necessidade de abrir prazo para
emenda à inicial)
- limitação da execução aos valores liquidados na inicial
- não limitação da execução quando os valores são indicados
por mera estimativa
- cabimento ou não de honorários advocatícios de
sucumbência na extinção do processo sem resolução do mérito por
ausência de liquidação do pedido (questão em aberto)
REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL
“(...) JULGAMENTO ULTRA PETITA. PEDIDOS LÍQUIDOS.
LIMITAÇÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO AOS VALORES
INDICADOS EXPRESSAMENTE NA PETIÇÃO INICIAL. Para se
concluir pela existência de julgamento ultra petita , é necessário
que a decisão julgue além (a mais) do que foi pedido pelo
reclamante na petição inicial, como disposto nos artigos 141 e 492
do Código de Processo Civil de 2015. No caso dos autos, verifica-
se que, embora indique valores para cada pedido, o autor faz
ressalva expressa de que se trata de "mera estimativa, não
servindo, como fundamento para limitação do "quantum debeatur",
o qual será apurado em regular liquidação de sentença". A decisão
regional, portanto, encontra-se em consonância com o teor do
artigo 492 do CPC/2015. Agravo conhecido e não provido" (Ag-
AIRR-2319-48.2013.5.15.0096, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio
Mascarenhas Brandao, DEJT 26/03/2021).
Liquidação – rito sumaríssimo
“(...) 2. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES PLEITEADOS. Ante
a demonstração de possível ofensa ao art. 5º, II, da CF, merece
processamento o recurso de revista . Agravo de instrumento conhecido e
provido . B) RECURSO DE REVISTA. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS
VALORES PLEITEADOS. A submissão da reclamação trabalhista ao
procedimento sumaríssimo impõe a observância de diversos requisitos, entre
eles, a formulação de pedido certo ou determinado, com a indicação do valor
correspondente, por força de disposição expressa do art. 852-B, I, da CLT.
Por seu turno, é imperioso destacar que, segundo a disposição contida no
artigo 141 do CPC/2015, "o juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas
partes", sendo "vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da
pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto
diverso do que lhe foi demandado", por força do comando contido no artigo
492 do CPC/2015. Nesse contexto, ainda que a indicação do valor
correspondente aos pedidos formulados na inicial constitua um dos requisitos
essenciais da reclamação trabalhista submetida ao procedimento
sumaríssimo, impõe-se ao Juízo a observância dos limites da lide, ou seja,
dos valores indicados na peça vestibular. Trata-se, inclusive, de uma garantia
que visa assegurar a plena observância do contraditório e do devido
processo legal. Recurso de revista conhecido e provido" (RRAg-10781-
60.2019.5.15.0006, 8ª Turma, Rel. Min. Dora Maria da Costa, DEJT
21/05/2021).
Indeferimento da inicial – Hon. advocatícios
“(...)2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO EM RAZÃO DE INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. BENEFICIÁRIO
DA JUSTIÇA GRATUITA. CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DOS HONORÁRIOS.
POSSIBILIDADE. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. CONHECIMENTO E
PROVIMENTO. I. Hipótese em que se discute a possibilidade de condenação da parte
Reclamante, beneficiária da justiça gratuita, ao pagamento de honorários advocatícios em
favor do patrono da parte Reclamada, nos casos de extinção do processo sem resolução do
mérito . II. Pelo prisma da transcendência, trata-se de questão jurídica nova, uma vez que se
refere à interpretação da legislação trabalhista (art. 791-A, caput e § 4º, da CLT), sob enfoque
em relação ao qual ainda não há jurisprudência consolidada no âmbito do Tribunal Superior
do Trabalho ou em decisão de efeito vinculante no Supremo Tribunal Federal. Logo,
reconheço a transcendência jurídica da causa (art. 896-A, § 1º, IV, da CLT) . III. Sob a ótica
dos princípios da sucumbência e da causalidade, a condenação em honorários advocatícios é
cabível mesmo nas hipóteses em que o processo é extinto sem resolução do mérito. A
condenação é imposta mesmo que a parte Reclamante seja beneficiária da justiça gratuita,
caso em que deverá ser aplicado o disposto no art. 791-A, §4º, da CLT. IV. Conforme o
aludido dispositivo celetista, só será exigido do beneficiário da justiça gratuita o pagamento de
honorários sucumbenciais caso ele tenha obtido, neste ou em outro processo, créditos
capazes de suportar a despesa. Do contrário, a obrigação ficará sob condição suspensiva de
exigibilidade por 2 (dois) anos, extinguindo-se após o transcurso desse prazo. V. Ao impor o
pagamento de honorários sucumbenciais ao beneficiário da justiça gratuita, o legislador
restabeleceu o equilíbrio processual entre as partes litigantes, deixando claro o seu objetivo
de responsabilizar as partes pelas escolhas processuais, bem como desestimular lides
temerárias. Incólumes, portanto, as garantias constitucionais da isonomia, do acesso à justiça
e da assistência judiciária gratuita e integral prestada pelo Estado. VI . Sob esse enfoque, fixa-
se o entendimento no sentido de que, em se tratando de reclamação trabalhista ajuizada após
a vigência da Lei nº 13.467/2017, como no presente caso, deve ser aplicado o disposto no art.
791-A, e parágrafos, da CLT, sujeitando-se a parte reclamante à condenação em honorários
de sucumbência, mesmo sendo beneficiária da gratuidade de justiça. Sendo assim, se o feito
é extinto sem resolução do mérito em razão de inépcia da petição inicial, a parte Reclamante
está sujeita ao pagamento de honorários advocatícios aos advogados da parte Reclamada.
VIII. Recurso de revista de que se conhece, por violação do art. 791-A, caput , da CLT, e a
que se dá provimento" (RR-100030-37.2018.5.01.0009, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre
Luiz Ramos, DEJT 09/04/2021).
Tema 2 – competência territorial

A interpretação que o juiz der às regras de competência


territorial (CLT, art. 651) ou ao processamento da exceção de
incompetência territorial (CLT, art. 800) pode redundar em
insegurança, materializada em incidentes processuais.
O TST não reconhece ao reclamante liberdade plena de escolha do
juízo: deve ajuizar a ação no local da prestação de serviços ou do
contrato, com exceção das hipóteses de empresa com atuação
nacional, arregimentação no local de residência ou quando a
questão puder ser analisada na ótica da proteção do menor ou do
idoso.
Preclusividade do prazo de 5 dias para apresentação da exceção
de incompetência, contando a partir da notificação.
EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL
"CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. EXCEÇÃO DE
INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL. REFORMA TRABALHISTA. RITO PREVISTO NA NOVA
REDAÇÃO DO ART. 800 DA CLT. PRAZO PRECLUSIVO. 1. O Juízo da 11.ª Vara do Trabalho da
Zona Leste/SP, entendendo que o local da prestação de serviços do reclamante ocorreu na
Cidade de São José dos Campos, declinou de sua competência para processar e julgar a
Reclamação Trabalhista para o Foro daquele Município. O Juízo da 1.ª Vara do Trabalho de São
José dos Campos, para onde foi remetido o feito, reconhecendo que a ação foi ajuizada sob a
égide da Lei n.º 13.467/2017, consignou que a exceção de incompetência deveria ter sido
apresentada na forma e no prazo do art. 800 da CLT, o que não foi feito pela parte demandada,
gerando a preclusão e, em consequência, a prorrogação da competência para o Juízo originário.
2. O art. 800 da CLT contém expressa disposição para que a exceção de incompetência territorial
seja apresentada antes da audiência, no prazo de 5 dias, a contar da notificação. Não se extrai
da literalidade da norma a ideia de que seja uma faculdade da parte opor a exceção no interregno
e na forma ali prescritos, de modo a afastar a compreensão de que se trata de prazo preclusivo.
Ao revés. Há de se entender que a defesa processual relativa à exceção de incompetência
territorial destacou-se da norma geral, gravada no art. 847, caput e § 1.º, da CLT, no que tange,
sobretudo, à sua apresentação na audiência inaugural, para, em face da nova redação do art.
800 do mesmo diploma legal, ser arguida em procedimento prévio, quebrando, nessa exata
medida, o princípio da concentração da defesa. E assim foi concebido tal rito para, à luz do
princípio do acesso à Justiça, otimizar a defesa do demandado, de forma a evitar deslocamento
possivelmente desnecessário e dispendioso, no momento em que a tecnologia dá todo o suporte
para a consecução de tais propósitos. Diante da existência da fixação de um rito próprio e com
fins específicos, naturalmente perceptíveis, não parece crível que a lei permitiria outro momento
processual para a prática do mesmo ato, até porque possibilidade desse jaez tem caráter
excepcional, devendo, regra geral, expressar-se na norma. Entende-se, assim, que o prazo do
art. 800 da CLT tem, efetivamente, natureza preclusiva, de modo que, não tendo a parte exercido
seu direito de defesa de opor exceção de incompetência territorial na forma e no interregno ali
prescritos, prorroga-se, nesse momento, a competência territorial do juízo em que proposta a
ação, tal como compreendido pelo Juízo Suscitante. Conflito de Competência admitido para
declarar a competência do Juízo da 11.ª Vara do Trabalho da Zona Leste/SP para processar e
julgar a Reclamação Trabalhista " (CC-10467-93.2019.5.15.0013, Subseção II Especializada em
Dissídios Individuais, Relator Ministro Luiz Jose Dezena da Silva, DEJT 25/09/2020).
COMPETÊNCIA TERRITORIAL
"RECURSO DE EMBARGOS. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014 - IN COMPETÊNCIA TERRITORIAL. AJUIZAMENTO DA AÇÃO NO
DOMICÍLIO DO EMPREGADO NÃO COINCIDENTE COM O LOCAL DA
CONTRATAÇÃO OU DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. AUSÊNCIA DE
REGISTRO DO ALCANCE GEOGRÁFICO ATUAÇÃO DA EMPRESA. Cinge-se o
debate à competência territorial da Vara do Trabalho do domicílio do empregado
quando não coincidente com o local da prestação de serviços, tampouco com o
local da contratação ou da arregimentação do empregado. A regra de
competência em razão do lugar traçada no art. 651, "caput", da CLT incide
apenas no caso de empregado que presta serviço em local fixo coincidente com o
da celebração do contrato de trabalho. Se não coincidem, aplica-se a norma do
art. 651, § 3º, da CLT, sendo competente tanto o foro do local da contratação,
ainda que o empregador não desenvolva atividades nesse lugar, quanto o foro do
local da prestação de serviços. A SBDI-1 do TST, interpretando ampliativamente o
disposto no art. 651, § 3º, da CLT de modo mais favorável ao trabalhador, vem
permitindo o ajuizamento da reclamação trabalhista no seu domicílio quando este
não coincide com nenhum dos permissivos do art. 651 da CLT, desde que a
reclamada atue em diferentes localidades do território nacional, hipótese não
configurada no caso concreto. Apelo que não ultrapassa o óbice do art. 894, § 2º,
da CLT. Recurso de embargos não conhecido" (E-ED-RR-1504-
94.2014.5.08.0101, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator
Ministro Breno Medeiros, DEJT 28/05/2021).
COMPETÊNCIA TERRITORIAL – acidente com óbito - mãe
"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA . RECURSO DE REVISTA.
VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014 E DA IN 40/TST . COMPETÊNCIA TERRITORIAL.
DISSÍDIO INDIVIDUAL ATÍPICO. ACIDENTE DE TRABALHO. FALECIMENTO DO
EMPREGADO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL. DIREITO
PRÓPRIO . FORO DO DOMICÍLIO DA MÃE DO "DE CUJUS". O Tribunal
Regional, com base no princípio do livre acesso ao Judiciário, manteve a
competência territorial da Vara do Trabalho de Teresina-PI, juízo diverso do local
da contratação ou da prestação de serviço do "de cujus", entretanto mais próxima
ao domicílio da autora, sob o fundamento de que o caso envolve a defesa de
direito próprio, consistente em ação de indenização por danos morais e materiais
movida pela mãe do ex-empregado, vítima fatal de acidente de trabalho. Constou
a ausência de prejuízo à parte reclamada quanto ao direito de produzir provas no
processo. Decisão proferida em conformidade com a jurisprudência desta Corte
Superior a respeito da competência territorial, caracterizada, em regra, pelo local
da contratação ou da prestação dos serviços, na forma do art. 651 da CLT,
admitida a flexibilização, de forma excepcional, nas hipóteses envolvendo
dissídios individuais atípicos, de modo a imprimir efetividade aos princípios do
livre acesso à Justiça, previsto no art. 5º, XXXV, da CF/1988, e da proteção ao
hipossuficiente, quando constatada, em todo caso, a ausência de prejuízo para o
direito de defesa da parte reclamada. Nesse quadro, caracterizada a situação
excepcional, amparado está o deslocamento da competência para o domicílio da
reclamante. Precedentes . Agravo de instrumento a que se nega provimento. (...)"
(RRAg-81734-36.2014.5.22.0004, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena
Mallmann, DEJT 21/05/2021).
COMPETÊNCIA TERRITORIAL – acidente com óbito - ECA
"COMPETÊNCIA TERRITORIAL . JUSTIÇA DO TRABALHO. DISSÍDIO INDIVIDUAL
ATÍPICO. ACIDENTE DE TRABALHO. FALECIMENTO DO EMPREGADO. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAL E MATERIAL. VIÚVA E HERDEIROS MENORES
DE IDADE. PRETENSÃO DEDUZIDA EM NOME PRÓPRIO 1 . A determinação da
competência territorial para o dissídio individual típico, no processo do trabalho, define-
se, em regra, pelo local da prestação dos serviços do empregado, seja ele reclamante
ou reclamado, nos termos do artigo 651, caput, da CLT. Norma de cunho protecionista
e ditada pela observância do princípio constitucional da acessibilidade (art. 5º, inciso
XXXV, Constituição Federal). Excepcionalmente, toma-se em conta o juízo da
localidade da contratação (§ 3º do artigo 651 da CLT). 2. Em alguns casos, as regras
objetivas de fixação da competência territorial do artigo 651 da CLT revelam-se
insuficientes, sobretudo em virtude de não abarcarem o complexo mosaico de lides
hoje confiadas à competência material da Justiça do Trabalho, mormente a partir da
Emenda Constitucional nº 45/04. Nesses casos, à falta de norma específica definidora
da competência territorial, cumpre ao órgão jurisdicional colmatar a lacuna mediante a
aplicação de norma compatível com o princípio da acessibilidade por que se norteia o
sistema processual trabalhista. 3. Ação de indenização movida por viúva e filhos
menores de idade de ex-empregado falecido, na defesa de direito próprio e não fruto
de transmissão do "de cujus". Ausente disciplina legal específica na CLT. Admite-se a
fixação da competência territorial, excepcionalmente, pelo foro do local de domicílio
dos Reclamantes, por aplicação analógica do disposto no artigo 147, I, do Estatuto da
Criança e do Adolescente. A prevalência do foro da localidade da prestação de
serviços do falecido empregado, além de contemplada para lide de natureza diversa,
em que o próprio empregado figure como demandante ou demandado, poderia
implicar denegação de justiça em situações desse jaez. 4. Embargos dos Reclamantes
de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se dá provimento para
reconhecer a competência territorial do foro do domicílio dos Autores" (E-RR-86700-
15.2009.5.11.0007, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Redator Ministro
João Oreste Dalazen, DEJT 18/12/2015).
COMPETÊNCIA – contratação por meio telemático
"CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CONTRATAÇÃO POR MEIO TELEMÁTICO. PRÉ-CONTRATAÇÃO EFETUADA POR TERCEIROS.
PONDERAÇÃO ENTRE OS PRINCÍPIOS DO ACESSO À JUSTIÇA E DA AMPLA DEFESA. ART. 651 DA CLT. AMOSTRA FRAGMENTÁRIA DA
REALIDADE SOCIAL. TECNOLOGIAS DISRUPTIVAS. INAPLICABILIDADE DA REGRA GERAL. I . As normas de Processo do Trabalho
positivadas na Consolidação das Leis do Trabalho, como toda e qualquer norma jurídica, devem ter em conta a ambiência e os dados reais do
mundo, a fim de que não se mostrem insuficientes como instrumentos de operacionalização do direito por evidente descompasso ou não
aderência à realidade fenomênica atual. O avanço tecnológico, as empresas virtuais, o trabalho sob demanda, a inteligência artificial, enfim a
conjuntura disruptiva de certo ocasiona hodiernas vicissitudes no mundo do trabalho, refletindo nas demandas materialmente afetas à
competência desta Justiça Especial, fazendo surgir para além das lacunas normativas, lacunas ontológicas e axiológicas. O direito tem o dever
de acompanhar a modernização do modo de vida, decorrente da tecnologia, onde relações de trabalho são forjadas de maneira virtual a
demonstrar que o foco da era moderna vem ganhando um redimensionamento, no qual se observa que a pessoalidade como elemento decisivo
do contrato cede espaço para o objeto do contrato. II. Ora, se no campo do direito do trabalho o conceito de espaço e de tempo à disposição do
empregador demanda novos significados, também haveria de se exigir no campo do direito processual uma nova compreensão do que seria
local de trabalho, local da contratação ou mesmo local da prestação de serviços. Por esta razão, nos casos em que o postulado do acesso à
justiça se mostra ameaçado em decorrência do custo econômico que recai sobre o demandante para ter a devida prestação jurisdicional por
órgão cuja localidade distancia-se em muito de seu próprio domicílio, há registros doutrinários e jurisprudenciais no sentido de se excepcionar
as regras objetivamente previstas no art. 651 caput e §3º da CLT, permitindo ao trabalhador demandar no juízo de seu domicílio. III. Nesses
casos, há necessidade de adequação e de ponderação entre os princípios do acesso à justiça e da ampla defesa, normas fundantes da
Constituição para permitir-lhes a compatibilidade sistêmica. IV. A melhor solução é aquela que otimizará o princípio do efetivo acesso à justiça,
sem a necessidade de afastar o princípio do contraditório e da ampla defesa, pois ao se garantir o acesso efetivo à justiça, não se estará,
necessariamente, no caso em exame, conferindo peso menor ao princípio do contraditório, mas apenas reafirmando que a decisão, como posta,
realizará a norma principiológica na maior medida possível (mandamento de otimização). V. No caso concreto, extrai-se dos autos as seguintes
informações incontroversas: (a) o reclamante, mesmo antes da contratação e após o fim do vínculo trabalhista, residia em Goiás; (b) o
reclamante foi contratado por meios telemáticos, através de sítio eletrônico de intermediação de pré-contratação; (c) o reclamante fez os
exames admissionais em Taguatinga-DF; (d) o contrato de trabalho foi efetivamente firmado em Recife/PE; (e) o reclamante prestou serviços de
Técnico de Manutenção Hospitalar; e (f) a prestação de serviços ocorreu no município de Santa Cruz/RN, cuja jurisdição está abrangida pela
comarca de Currais Novos/RN. VI. Demonstra-se, pois, insuficiente o exame da competência territorial pela interpretação literal do art. 651 da
CLT, ainda a seleção de empregados por meios telemáticos reduz custos e amplia a área de atuação na captação de mão-de-obra específica
para todo o território nacional ou mesmo para além de nossas fronteiras. Nesse quadrante, impende ao intérprete da norma ressignificá-la face
à amplitude fenomênica responsável pela mutação do resultado do processo hermenêutico que deságua na norma. Evidencia-se, portanto, que,
se a boa interpretação da norma perpassa pela inserção do intérprete no mundo e na percepção, o tanto quanto possível, da realidade que o
permeia, à luz do princípio da razoabilidade na ponderação entre os postulados do acesso à justiça e da ampla defesa, a declaração da
competência territorial da 7ª Vara do Trabalho de Brasília-DF é medida que se impõe. Isso porque, ao assim decidir, otimiza-se o acesso à
Jurisdição para o trabalhador, diante do custo elevado que, de certo, viria pelo seu necessário deslocamento e eventual permanência à
localidade sobremaneira distante de seu domicílio, sem que tal represente para o demandado barreira significativa à ampla defesa e ao
contraditório. Afinal, não é razoável condicionar o exercício do direito de ação do empregado contratado por meios telemáticos, que realizou
exames admissionais em Taguatinga/DF, firmou contrato em Recife/PE e prestou serviços em Santa Cruz/RN, ao deslocamento de centenas de
quilômetros até a comarca de Currais Novos/RN. VII. Conflito de competência admitido para declarar competente o Juízo da 7ª Vara do
Trabalho de Brasília-DF, suscitada, para proceder no processamento e julgamento do feito" (CCCiv-232-81.2019.5.21.0019, Subseção II
Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao Lopes, DEJT 18/12/2020).
Tema 3 - Arquivamento
Interpretação do art. 844 da CLT.
Aplicação da Reforma Trabalhista apenas para ações
ajuizadas a partir de 11/11/2017
Imposição de custas ao reclamante beneficiário da justiça
gratuita que não comprova motivo justificável para a
ausência que provocou o arquivamento
Honorários advocatícios na hipótese de arquivamento
(questão em aberto)
COMPARECIMENTO EM AUDIÊNCIA
“(...) RECURSO DE REVISTA. DIREITO INTERTEMPORAL. APLICAÇÃO DO ARTIGO 844, § 2º, DA CLT,
INTRODUZIDO PELA LEI Nº 13.467/2017. AUDIÊNCIA REALIZADA NA VIGÊNCIA DA CITADA LEI,
APESAR DE A AÇÃO TER SIDO AJUIZADA ANTES DESSE MARCO. TEORIA DO ISOLAMENTO DOS
ATOS PROCESSUAIS. DIREITO ADQUIRIDO AOS CUSTOS PREVISÍVEIS DA DEMANDA. O artigo 14
do CPC determina a aplicação da lei processual aos feitos em curso, preservando-se, porém, os atos já
praticados na vigência da lei revogada. É o que a doutrina convencionou denominar de Teoria do Isolamento
dos Atos Processuais, cujo objetivo é conciliar a necessidade de modernização das regras instrumentais da
prestação jurisdicional, especialmente para sua adequação social, e o respeito ao direito adquirido, como
valor constitucionalmente consagrado. No caso específico do artigo 844, § 2º, da CLT, ainda que a
audiência inaugural possa ser considerada um ato isolado, no contexto de atos que se sucedem no
desenrolar do processo, com começo, meio e fim que podem ser previstos; é certo que seus efeitos podem
se expandir para além desse limite meramente temporal e alcançar direitos adquiridos sob a égide da lei
revogada. A atribuição da responsabilidade pelo pagamento das custas processuais ao empregado
beneficiário da Justiça Gratuita que não comparece à audiência e não apresenta justificativa no prazo legal
é inovadora em relação à sistemática anterior à Reforma Trabalhista, que não imputava tal ônus ao
trabalhador. Insere-se, assim, no conceito de riscos da demanda , que devem ser previamente avaliados
pelos litigantes e assumidos no momento da propositura da ação (autor) ou do oferecimento da defesa (réu)
. Após esses limites, a parte não deve ser surpreendida com novas possibilidades de encargos, ainda que
se relacionem a atos futuros, pelo menos até a sentença, que expressa a entrega da prestação jurisdicional
em primeira instância. Preserva-se, assim, o direito adquirido aos custos previsíveis da demanda , como
decorrência da garantia de acesso ao Judiciário (artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal), especialmente
porque o pagamento das custas, no caso em estudo, é condição para o ajuizamento de nova ação, após a
extinção do feito sem resolução do mérito (artigo 844, § 3º, da CLT). Essa foi a interpretação acolhida por
esta Corte Superior, conforme texto expresso do artigo 12 da Instrução Normativa nº 41/2018. No caso dos
autos, o autor faz jus aos benefícios da Justiça Gratuita e, por isso, não se sujeita à mencionada restrição.
Recurso de revista não conhecido" (RR-1586-48.2017.5.10.0010, 7ª Turma, Relator Ministro Cláudio
Mascarenhas Brandão, DEJT 14/06/2019).
COMPARECIMENTO EM AUDIÊNCIA
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 . RECLAMAÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA ANTES DA VIGÊNCIA
DA LEI N° 13.467/2017. AUSÊNCIA DO RECLAMANTE À AUDIÊNCIA. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA
GRATUITA. CONDENAÇÃO DO AUTOR AO PAGAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS. DIREITO
INTERTEMPORAL. INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 41 DO TST (ARTIGOS 1º E 12) . Cinge-se a
controvérsia em decidir se o reclamante, beneficiário da Justiça gratuita, deve ser condenado ao pagamento
de custas processuais , diante do arquivamento da reclamação trabalhista por ele proposta antes da
vigência da Lei nº 13.467/2017, pelo não comparecimento à audiência. No caso, o Regional, reformando a
decisão de primeiro grau, isentou o reclamante do pagamento de custas processuais, esclarecendo que, "
quanto aos temas honorários advocatícios, pagamento de custas e emolumentos, bem como benefícios da
justiça gratuita, dentre outros, deverá ser utilizada a legislação vigente na data do ajuizamento da
reclamatória, a fim de resguardar a segurança jurídica daqueles que buscaram o Poder Judiciário e tinham
conhecimento das regras aplicáveis à época da distribuição, bem como em prestígio à diretriz introduzida
pelo art. 10 do Código de Processo Civil de 2015, que veda a chamada decisão "surpresa". Assim, "a
aplicação das disposições contidas na denominada "Reforma Trabalhista" (Lei nº 13.467/2017),
especialmente quanto aos temas acima expostos ou em relação a qualquer outra regra de direito processual
material, aos processos ajuizados antes de sua efetiva vigência, não podem ser invocadas". De início,
registra-se que, nos termos do artigo 1º da Instrução Normativa nº 41 do TST, de 22/6/2018, "a aplicação
das normas processuais previstas na Consolidação das Leis do Trabalho, alteradas pela Lei nº 13.467, de
13 de julho de 2017, com eficácia a partir de 11 de novembro de 2017, é imediata, sem atingir, no entanto,
situações pretéritas iniciadas ou consolidadas sob a égide da lei revogada". Ressalta-se, ademais, que, de
acordo com o artigo 12 da mencionada Instrução Normativa, "os arts. 840 e 844, §§ 2º, 3º e 5º, da CLT, com
as redações dadas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, não retroagirão, aplicando-se,
exclusivamente, às ações ajuizadas a partir de 11 de novembro de 2017". Na hipótese, a reclamação
trabalhista foi proposta em 25/8/2017, antes, portanto, de 11/11/2017, razão pela qual não incidem ao caso
as modificações promovidas pela Lei nº 13.467/2017. Nesse contexto, correta a decisão regional em que se
deu provimento ao recurso ordinário do reclamante, para isentá-lo do pagamento das custas processuais.
Precedentes. Agravo de instrumento desprovido" (AIRR-1001751-58.2017.5.02.0606, 2ª Turma, Relator
Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT 03/05/2019).
COMPARECIMENTO EM AUDIÊNCIA
"RECURSO DE REVISTA DO AUTOR - ARQUIVAMENTO DA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA - AUSÊNCIA
INJUSTIFICADA DO RECLAMANTE NA AUDIÊNCIA - PAGAMENTO DE CUSTAS PROCESSUAIS COMO
CONDIÇÃO PARA A PROPOSITURA DE NOVA DEMANDA, AINDA QUE BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA
GRATUITA - COMPATIBILIDADE DO ART. 844, §§ 2º e 3º, DA CLT COM O ART. 5º, XXXV e LXXIV, DA CF -
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. 1. Nos termos do art. 896-A, § 1º, IV, da CLT, constitui
transcendência jurídica da causa a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação trabalhista
ainda não solvida pelo TST . 2. In casu , o debate jurídico que emerge da presente causa diz respeito à
compatibilidade dos §§ 2º e 3º do art. 844 da CLT, introduzidos pela Lei 13.467/17, que determinam o pagamento
de custas processuais pelo demandante, em casos de arquivamento da reclamação por ausência injustificada do
autor na audiência, ainda que beneficiário da justiça gratuita, sendo o referido recolhimento condição para
propositura de nova ação, frente aos princípios do livre acesso ao Judiciário e da assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem a insuficiência de recursos, esculpidos nos incisos XXXV e LXXIV do art. 5º da
Constituição Federal, questão que, inclusive, encontra-se pendente de análise pela Suprema Corte em sede de
controle concentrado de constitucionalidade (ADI 5.766-DF, Rel. Roberto Barroso). 3. Conforme se extrai do
acórdão recorrido, o Autor, que litiga sob o pálio da justiça gratuita, além de não ter comparecido na audiência, não
apresentou justificativa para a sua ausência, o que ensejou a sua condenação ao pagamento de custas processuais
no importe de R$ 470,07 (quatrocentos e setenta reais e sete centavos). 4. Como é cediço, a Reforma Trabalhista ,
promovida pela Lei 13.467/17, ensejou diversas alterações no campo do Direito Processual do Trabalho , a fim de
tornar o processo laboral mais racional, simplificado, célere e, principalmente , responsável, sendo essa última
característica marcante, visando coibir as denominadas "aventuras judiciais", calcadas na facilidade de se acionar a
Justiça, sem qualquer ônus ou responsabilização por postulações carentes de embasamento fático. 5. Não se pode
perder de vista o crescente volume de processos ajuizados nesta Justiça Especializada, muitos com extenso rol de
pedidos, apesar dos esforços empreendidos pelo TST para redução de estoque e do tempo de tramitação dos
processos. 6. Nesse contexto foram inseridos os §§ 2º e 3º no art. 844 da CLT pela Lei 13.467/17,
responsabilizando-se o empregado, ainda que beneficiário da justiça gratuita, por acionar a máquina judicial de
forma irresponsável, até porque, no atual cenário de crise econômica, por vezes a reclamada é hipossuficiente,
assumindo despesas não só com advogado, mas também com deslocamento inútil, para ver a sua audiência
frustrada pela ausência injustificada do autor. 7. Percebe-se, portanto, que o art. 844, §§ 2º e 3º, da CLT não colide
com o art. 5º, XXXV e LXXIV, da CF, ao revés, busca preservar a jurisdição em sua essência, como instrumento
responsável e consciente de tutela de direitos elementares do ser humano trabalhador, indispensáveis à sua
sobrevivência e à da família. 8. Ainda, convém ressaltar não ser verdadeira a assertiva de que a imposição de
pagamento de custas processuais, inclusive como condição para ajuizamento de nova ação, prevista nos §§ 2º e 3º
do art. 844 da CLT, obsta o trabalhador de ter acesso ao Poder Judiciário, até porque a própria lei excepciona da
obrigação de recolher as referidas custas aquele que comprovar que a sua ausência se deu por motivo legalmente
justificável, prestigiando, de um lado, o processo responsável, e desestimulando, de outro, a litigância
descompromissada. 9. Assim, em que pese reconhecida a transcendência jurídica da questão , não conheço da
revista obreira, por não vislumbrar violação do art. 5º, XXXV e LXXIV, da CF. Recurso de revista não conhecido"
(RR-1000476-65.2018.5.02.0242, 4ª Turma, Relator Ministro Ives Gandra Martins Filho, DEJT 14/06/2019).
Arquivamento – honorários advocatícios
“(...) 2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO EM RAZÃO DA AUSÊNCIA INJUSTIFICADA DO RECLAMANTE NA
AUDIÊNCIA. CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DOS HONORÁRIOS. POSSIBILIDADE.
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. NÃO CONHECIMENTO. I. Hipótese em que se discute a
possibilidade de fixação de honorários advocatícios sucumbenciais em caso de extinção do processo sem
resolução do mérito, em reclamação trabalhista ajuizada após a vigência da Lei nº 13.467/2017. II. Pelo
prisma da transcendência, trata-se de questão jurídica nova, uma vez que se refere à interpretação da
legislação trabalhista (art. 791-A, caput e § 4º, da CLT), sob enfoque em relação ao qual ainda não há
jurisprudência consolidada no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho ou em decisão de efeito vinculante
no Supremo Tribunal Federal. Logo, reconheço a transcendência jurídica da causa (art. 896-A, § 1º, IV, da
CLT). III. No caso em exame, a Corte de origem, diante da ausência injustificada do Autor na audiência,
condenou o Reclamante ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais em favor dos
procuradores da Reclamada. IV. Sob a ótica dos princípios da sucumbência e da causalidade, a
condenação em honorários advocatícios é cabível mesmo nas hipóteses em que o processo é extinto sem
resolução do mérito. A condenação é imposta mesmo que a parte Reclamante seja beneficiária da justiça
gratuita, caso em que deverá ser aplicado o disposto no art. 791-A, §4º, da CLT. V. Sob esse enfoque, fixa-
se o entendimento no sentido de que, em se tratando de reclamação trabalhista ajuizada após a vigência da
Lei nº 13.467/2017, como no presente caso, a fixação de honorários advocatícios sucumbenciais é devida
mesmo nos casos de extinção do processo sem resolução do mérito, mediante aferição da sucumbência e
aplicação do princípio da causalidade, devendo ser aplicado o disposto no art. 791-A, e parágrafos, da CLT.
VI. Recurso de revista de que não se conhece" (RR-1001257-45.2019.5.02.0471, 4ª Turma, Relator Ministro
Alexandre Luiz Ramos, DEJT 21/05/2021).
Tema 4 - Juntada da defesa ao PJE e
desistência
Compreensão do parágrafo único do art. 847 e do § 3º do art.
844 da CLT.
A juntada da defesa aos autos do processo judicial eletrônico
implica em realização plena da contestação nos autos?
(divergência)
Com a juntada da defesa aos autos do Pje, o reclamante pode
desistir sem anuência da reclamada? (divergência)
Cabe honorários advocatícios na hipótese de desistência do autor
(questão em aberto)
DESISTÊNCIA com defesa nos autos do PJE
"I - RITO SUMARÍSSIMO. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A VIGÊNCIA DA LEI
Nº 13.467/2017. PEDIDO DE DESISTÊNCIA. POSSIBILIDADE
ANTES DO MOMENTO PRÓPRIO PARA APRESENTAÇÃO DA
CONTESTAÇÃO. Esta e. Turma tem firme entendimento de que o
momento de apresentação da defesa é aquele que sucede à
tentativa de acordo. E, ainda, que a inserção da contestação no
sistema eletrônico, de forma antecipada, não se presta à impedir o
pedido de desistência da ação. Precedente. Agravo de instrumento
a que se nega provimento" (AIRR-10128-82.2019.5.03.0009, 5ª
Turma, Relator Desembargador Convocado Joao Pedro Silvestrin,
DEJT 18/12/2020).
DESISTÊNCIA – honorários – percentual mínimo
“(...)RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.467/2017. DESISTÊNCIA DA AÇÃO. ANTES DA PROLAÇÃO DA SENTENÇA.
PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. PERCENTUAL. AÇÃO AJUIZADA NA
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA
RECONHECIDA. A condenação da parte reclamante ao pagamento de honorários
advocatícios decorreu da aplicação do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei nº
13.467/2017, que estava em vigor quando do ajuizamento da presente ação. Esta
Turma, analisando caso similar, já se pronunciou no sentido de que os honorários
advocatícios sucumbenciais devem ser suportados pela parte que ensejou a
instauração da demanda, devendo esta ser condenada mesmo nos casos em que a
ação fora extinta sem resolução de mérito. Isso se dá em razão do que disciplina o
princípio da causalidade, que prestigia a atuação do advogado, função essencial à
administração da justiça, nos termos do art. 133 da Constituição Federal, e, ainda,
com lastro na disposição contida no art. 90 do CPC. Precedente desta Turma.
Cinge-se a controvérsia em saber se o magistrado, ao condenar a parte autora em
verba honorária decorrente da extinção do processo, sem resolução do mérito, em
virtude do pleito de desistência da ação, antes da prolação da sentença, está
vinculado aos percentuais de 5% e 15% dispostos no caput do art. 791-A da CLT. Ao
analisar casos análogos, em que o autor, beneficiário da justiça gratuita, desiste da
ação, o Superior Tribunal de Justiça tem condenado a parte hipossuficiente ao
pagamento dos honorários advocatícios, no percentual previsto em Lei, declarando,
no entanto, a condição suspensiva de exigibilidade, nos termos do §3º do art. 98 do
CPC. Precedentes do STJ. Nesse sentido, evidencia-se a aplicabilidade do disposto
no caput do art. 791-A da CLT, bem como da previsão contida no § 4º do referido
artigo, devendo a parte reclamante beneficiária da justiça gratuita ser condenada ao
pagamento de honorários no percentual mínimo de 5%, e, na hipótese de não haver
créditos suficientes para sua quitação, a obrigação ficará sob condição suspensiva
de exigibilidade. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-11104-
03.2018.5.18.0011, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 23/04/2021).
Tema 5 - Prescrição
Interrupção da prescrição pelo protesto (questão em aberto –
primeiras decisões)
Coincidência do termo inicial da prescrição com o vencimento da
obrigação
A interrupção da prescrição alcança tanto a bienal quanto a
quinquenal
Termo inicial da prescrição bienal quando não reconhecido o aviso
prévio indenizado pelo reclamado.
Protesto e interrupção da Prescrição
"RECURSO DE REVISTA DO SINDICATO-AUTOR . LEI Nº 13.015/2014. CPC/2015.
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST. LEI Nº 13.467/2017. INTERRUPÇÃO DA
PRESCRIÇÃO. AJUIZAMENTO DE PROTESTO JUDICIAL. APLICAÇÃO DO ARTIGO
202 DO CÓDIGO CIVIL AO PROCESSO DO TRABALHO APÓS A VIGÊNCIA DA LEI
Nº 13.467/2017. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA E TELEOLÓGICA DO ARTIGO 11,
§ 3º, DA CLT. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA CONSTATADA. Cinge-se a controvérsia
a definir se o protesto judicial ainda interrompe a prescrição no processo do trabalho à
luz do disposto no artigo 11, § 3º, da CLT, introduzido pela Lei nº 13.467/2017. Antes do
advento da referida lei, a questão da interrupção da prescrição mediante o ajuizamento
de protesto judicial estava pacificada nesta Corte, conforme prevê a Orientação
Jurisprudencial nº 392 da SDI-1. Posteriormente, foi acrescentado o § 3º ao artigo 11 da
CLT, que dispõe: "A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de
reclamação trabalhista, mesmo que em juízo incompetente, ainda que venha a ser
extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos
idênticos". Registre-se que, apesar de o referido parágrafo estabelecer que "a
interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação
trabalhista", deve-se interpretar que o termo "reclamação trabalhista" abrange toda ação
tendente a postular o cumprimento ou preservação de direitos, envolvendo empregado e
empregador. No mesmo norte, a doutrina defende que a citada expressão deve ser
interpretada de maneira sistemática e teleológica, de modo a ser entendida de forma
ampla e em harmonia com o artigo 202 do Código Civil. Portanto, o ajuizamento do
protesto judicial pelo sindicato-autor se encontra albergado pelo artigo 11, §3º, da CLT,
isto é, interrompe a prescrição quanto aos pedidos indicados. Isso porque, baseado em
interpretação sistemática e teleológica das normas, não há qualquer incompatibilidade
entre os dispositivos da CLT e do Código Civil. Logo, o acórdão regional deve ser
reformado para declarar que o requerimento da presente medida judicial interrompeu o
prazo prescricional. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-10935-
78.2019.5.03.0017, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT
12/03/2021).
Prescrição: marco inicial pelo vencimento da
obrigação
• EMBARGOS. PRESCRIÇÃO. EXIGIBILIDADE DAS PRESTAÇÕES NO MÊS
SEGUINTE. MARCO INICIAL. VENCIMENTO DA OBRIGAÇÃO. RECURSO DE
REVISTA DO SINDICATO CONHECIDO E PROVIDO. Nos termos do art. 199,
II, do Código Civil, não corre prescrição antes de vencido o prazo para o
adimplemento da obrigação, o que, no caso em tela, se dá com o dia em que
haveria o crédito do salário, até 5º dia útil do mês seguinte ao do vencimento
da obrigação. Logo, considerando o vencimento dos créditos salariais
referente ao mês 06/2008, a prescrição deve ser contada levando em
consideração a data da exigibilidade dos salários, no quinto dia útil do
mês seguinte, a determinar que a prescrição não atingiu o direito dos
empregados substituídos. Embargos conhecidos e desprovidos. (E-ARR -
1234-66.2013.5.15.0083 Data de Julgamento: 23/03/2017, Relator Ministro:
Aloysio Corrêa da Veiga, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,
Data de Publicação: DEJT 31/03/2017)

Termo inicial da prescrição bienal: projeção do
aviso proporcional ao tempo de serviço
"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO.
AVISO-PRÉVIO INDENIZADO. PROJEÇÃO. O reclamante foi dispensado
após a vigência da Lei nº 12.506/2011 que institui nova forma de contagem
do aviso - prévio, o acórdão recorrido restou omisso quanto a esta projeção.
Conforme determina o art. 6º da LINDB, a lei em vigor terá efeito imediato e
geral. O contrato de trabalho do reclamante vigorou no período de
06/04/2004 a 06/05/2013, portanto, durante 9 (nove) anos. Nos termos do
parágrafo único da Lei nº 12.506/2011, serão acrescidos 3 (três) dias por ano
de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias,
perfazendo um total de até 90 (noventa) dias. Considerando o tempo de
serviço de 9 anos, o aviso-prévio proporcional é de 57 dias. Nos termos da
OJ 83 da SBDI-1, o prazo prescricional para reclamar contra eventual lesão
começa a fluir quando esgotado o correspondente ao aviso - prévio, ainda
que indenizado, por constituir a data da efetiva extinção do contrato de
trabalho. O reclamante foi dispensado em 06/05/2013, projetando-se 57 dias,
o aviso-prévio se encerrou em 02/07/2015, sendo que a ação foi ajuizada em
09/06/2015. Portanto, a pretensão autoral não foi atingida pela prescrição
bienal prevista no art. 7º, XXIX, da CF. Embargos de declaração acolhidos,
com efeito modificativo " (ED-RR-1293-11.2015.5.02.0030, 2ª Turma,
Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 30/11/2018).
Termo inicial da prescrição quando o aviso
prévio não foi reconhecido pelo empregador
“(...) PRESCRIÇÃO BIENAL. PROJEÇÃO DO AVISO PRÉVIO. O
biênio prescricional começa a fluir quando esgotado o prazo
correspondente à projeção do aviso prévio, ainda que indenizado,
por constituir a data da efetiva extinção do contrato de trabalho.
Orientação Jurisprudencial 83 da SbDI-1 do TST. Vale ressaltar
que, mesmo nos casos em que o vínculo é reconhecido em juízo,
prevalece o entendimento de que cabe a aplicação do verbete em
destaque. Recurso de revista não conhecido. ANOTAÇÃO NA
CTPS. OBRIGAÇÃO DE FAZER. COMINAÇÃO DE MULTA PELO
DESCUMPRIMENTO. Esta Corte Superior entende que a previsão
legal de anotação da CTPS pela Secretaria da Vara do Trabalho
(art. 39, § 1º, da CLT) não impede a imposição de multa ao
empregador por atraso no cumprimento desta obrigação de fazer.
Recurso de revista não conhecido. (...)" (RR-158-
84.2011.5.04.0761, 8ª Turma, Relator Ministro Marcio Eurico Vitral
Amaro, DEJT 29/09/2017).
Tema 6: Vínculo empregatício e terceirização
na atividade-fim
Aplicação de precedentes do STF que validaram a
terceirização na atividade-fim
Impossibilidade de reconhecimento do vínculo apenas pela
configuração de terceirização na atividade-fim.
Possibilidade ou não de reconhecimento do vínculo com o
tomador de serviço quando houver constatação de fraude
(divergência)
A identidade de função do terceirizado no setor público não
configura direito à isonomia salarial e de benefícios (superação
da OJ 383 da SDI-1 do TST)
Reconhecimento do vínculo pela constatação de
fraude na terceirização
"AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA OI S.A . PROCESSO ANTERIOR À
LEI 13.015/2014 . JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ARTIGO 1.030, INCISO II, DO CPC/2015.
TERCEIRIZAÇÃO. SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES. ARTIGO 94, INCISO II, DA LEI Nº
9.472/97. NECESSIDADE DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE (SÚMULA
VINCULANTE 10 E ARTIGO 97 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL). DECISÃO DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL (ARE-791.932-DF, TEMA 739 DA TABELA DE REPERCUSSÃO
GERAL). LICITUDE DA TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADE-FIM DA TOMADORA DE SERVIÇOS.
EXCLUSÃO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO COM A TOMADORA DE SERVIÇOS.
MANUTENÇÃO DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA TOMADORA (ADPF 324 E DO
RE-958.252-MG, TEMA 725 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL). FRAUDE. PRESENÇA
DOS REQUISITOS DOS ARTS. 2.º E 3.º DA CLT. DISTINGUISHING (SÚMULA 126 DO TST).
JUÍZO DE RETRATAÇÃO NÃO EXERCIDO. O Supremo Tribunal Federal, no dia 30/08/2018,
no julgamento da ADPF 324 e do RE 958252, aprovou a tese em sede de repercussão geral
que: "É licita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a
responsabilidade subsidiária da empresa contratante" (RE 958252). Portanto, de acordo com a
Suprema Corte, é lícita a terceirização em todas as etapas do processo produtivo, sem
distinção entre atividade-meio ou atividade-fim. Sob essa perspectiva, não é mais possível
reconhecer vínculo direto com a tomadora dos serviços, em razão apenas da terceirização da
atividade-fim. Todavia, admite-se a aplicação do distinguishing quanto à tese fixada no
julgamento proferido pelo STF, quando, na análise do caso concreto, verifica-se a existência de
subordinação direta do empregado terceirizado com a empresa tomadora dos serviços,
situação que autoriza o reconhecimento do vínculo empregatício direto com esta, como ocorre
no caso em tela, uma vez que ficou consignado no acórdão do Tribunal Regional que "a prova
oral produzida comprova a existência de subordinação direta do reclamante aos prepostos da
primeira reclamada". Constatada fraude na aplicação da legislação trabalhista, não em razão
do labor na atividade-fim do tomador dos serviços, mas pela subordinação do empregado
terceirizado ao tomador dos serviços, impõe-se reconhecer a ilicitude da terceirização
perpetrada pelas reclamadas. A revisão do entendimento adotado pelo Tribunal Regional
implica no necessário revolvimento de fatos e provas, o que encontra óbice na Súmula 126 do
TST. Dessa forma, não havendo como enquadrar a hipótese em tela ao previsto no art. 1.030,
II, do CPC/15, o qual permite o juízo de retratação, devem os autos ser devolvidos à Vice-
Presidência desta Corte" (Ag-RR-258-69.2012.5.04.0772, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaide
Alves Miranda Arantes, DEJT 21/05/2021).
Afastamento do vínculo – transporte autônomo
"I . AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. REGIDO PELA LEI 13.467/2017.
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS. AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE - ADC
48/DF. DECLARAÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 11.442/2007 PELO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. REQUISITOS DESCRITOS NO ARTIGO 2º DA LEI 11.442/2007
PREENCHIDOS. RECONHECIMENTO DO VÍNCULO DE EMPREGO. IMPOSSIBILIDADE.
TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA CARACTERIZADA. 1. De acordo com o artigo 896-A da CLT, o Tribunal
Superior do Trabalho, no recurso de revista, deve examinar previamente se a causa oferece
transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. 2. O
Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade - ADC 48/DF,
acórdão de relatoria do Excelentíssimo Ministro Roberto Barroso, publicado em 19/05/2020, declarou a
constitucionalidade da Lei 11.442/2007, a qual dispõe sobre o Transporte Rodoviário de Cargas. 3. No
caso presente, o Tribunal Regional, após análise das provas dos autos, registrou que os requisitos
descritos no artigo 2º da Lei 11.442/2007 - contrato de prestação de serviços de transporte de cargas
firmado entre as partes e inscrição do interessado no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários
de Cargas (RNTR-C) na categoria de Transportador Autônomo de Cargas (TAC) - restaram
preenchidos. Nada obstante, manteve a sentença, na qual declarado o vínculo de emprego entre as
partes, registrando estarem presentes os elementos configuradores do liame empregatício (arts. 2º e 3º
da CLT). 4. Nesse cenário, o acórdão regional parece contrário à tese jurídica pacificada pelo Supremo
Tribunal Federal, restando divisada a transcendência política do debate proposto. Ademais, afigura-se
igualmente possível a tese de violação do artigo 5º da Lei 11.442/2007. Agravo de instrumento
conhecido e provido. II. RECURSO DE REVISTA. REGIDO PELA LEI 13.467/2017. 1. TRANSPORTE
RODOVIÁRIO DE CARGAS. AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE - ADC 48/DF.
DECLARAÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 11.442/2007 PELO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. VÍNCULO DE EMPREGO. INEXISTÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da
Ação Declaratória de Constitucionalidade - ADC 48/DF declarou a constitucionalidade da Lei nº
11.442/2007, que dispõe sobre o Transporte Rodoviário de Cargas. Naquela ocasião, a excelsa Corte
concluiu que, preenchidos os requisitos previstos na Lei nº 11.442/2007, inexiste liame empregatício na
prestação de serviços rodoviário de cargas. Pois bem, no presente caso, o Tribunal Regional, apesar de
registrar o preenchimento dos requisitos previstos no artigo 2º da Lei nº 11.442/2007, haja vista o
contrato de prestação de serviços de transporte de cargas firmado entre as partes, bem como a
inscrição do reclamante no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTR-C) na
categoria de Transportador Autônomo de Cargas (TAC), manteve a r. sentença que reconheceu o
vínculo de emprego entre as partes. Com efeito, a presente hipótese não se distingue das situações
regulamentadas pela Lei nº 11.442/2007. Nessa perspectiva, o acórdão regional encontra-se contrário à
tese jurídica pacificada pelo STF, segundo a qual, no transporte rodoviário de cargas, inexiste vínculo
entre as partes. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-80-57.2013.5.07.0011, 5ª Turma, Redator
Ministro Breno Medeiros, DEJT 05/02/2021).
Terceirização: ausência de isonomia no setor público
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI
13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017 . JULGAMENTO ANTERIOR POR ESTA 3ª
TURMA. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS PARA EVENTUAL EMISSÃO DE JUÍZO DE RETRATAÇÃO.
ARTIGO 1.030, INCISO II, DO CPC. TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA. ADEQUAÇÃO AO
ENTENDIMENTO DO STF (TEMA 739 DE REPERCUSSÃO GERAL NO STF - ARE 791.932).
TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA. ISONOMIA SALARIAL NÃO CONFIGURADA. Demonstrado no agravo
de instrumento que o recurso de revista preenchiam os requisitos do art. 896 da CLT, dá-se
provimento ao agravo de instrumento para melhor análise de contrariedade à Súmula 331, I/TST,
porquanto mal aplicada à espécie. Agravo de instrumento provido. RECURSO DE REVISTA.
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017.
JULGAMENTO ANTERIOR POR ESTA 3ª TURMA. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS PARA
EVENTUAL EMISSÃO DE JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ARTIGO 1.030, INCISO II, DO CPC.
TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA. ADEQUAÇÃO AO ENTENDIMENTO DO STF (TEMA 739 DE
REPERCUSSÃO GERAL NO STF - ARE 791.932). TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA. ISONOMIA
SALARIAL NÃO CONFIGURADA. O STF, por maioria, no julgamento do ARE 791.932/DF,
ocorrido em 11/10/2018 e transitado em julgado em 14/03/2019, representativo da controvérsia e
com repercussão geral (tema nº 739), firmou tese jurídica vinculante, no sentido de que "é nula a
decisão de órgão fracionário que se recusa a aplicar o art. 94, II, da Lei 9.472/1997, sem observar
a cláusula de reserva de Plenário (CF, art. 97), observado o artigo 949 do CPC". É necessário,
pois, o exame da matéria à luz da tese firmada pelo STF, relativamente à possibilidade de
terceirização de serviços afetos às atividades precípuas das concessionárias de
telecomunicações, sendo irrelevante perquirir sobre a natureza das atividades exercidas pela
empresa contratada. No caso vertente, apesar de ter o TRT concluído pela isonomia salarial com
os demais empregados da empresa tomadora dos serviços - haja vista a relação direta com a
atividade-fim da tomadora -, há de ser afastada a ilicitude da terceirização, à luz do entendimento
do E. STF e do art. 94, II, da Lei 9.472/97. Consequentemente, não se reconhece a condenação
ao pagamento de direitos e benefícios legais, normativos e/ou contratuais dos empregados da
tomadora daí decorrentes. Ressalva de entendimento pessoal deste Relator. Recurso de revista
conhecido e provido" (RR-10375-58.2015.5.03.0056, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho
Delgado, DEJT 28/05/2021).
Terceirização: ônus da prova acerca da fiscalização do
contrato no setor público
"AGRAVOS DA QUARTA E DA QUINTA RECLAMADAS . MATÉRIA COMUM. ANÁLISE
CONJUNTA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. REGIDOS PELA
13.467/2017. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA. ÔNUS DA PROVA. SÚMULA 331, V, DO TST. JULGAMENTO DO RE
760.931 PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL. AUSÊNCIA
DE TESE ACERCA DO ÔNUS DA PROVA DA CULPA IN ELIGENDO E DA CULPA IN
VIGILANDO DO ENTE PÚBLICO. DECISÃO PROFERIDA PELA SUBSEÇÃO 1
ESPECIALIZADA EM DISSÍDIOS INDIVIDUAIS (SBDI-1), NO JULGAMENTO DO E-RR-
925-07.2016.5.05.0281, EM 12/12/2019. ATRIBUIÇÃO AO ENTE PÚBLICO DO ÔNUS
PROBATÓRIO ACERCA DA REGULAR FISCALIZAÇÃO DO CONTRATO DE
TERCEIRIZAÇÃO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA. 1. O Supremo Tribunal Federal, em
regime de repercussão geral (RE 760.931), consolidou a tese jurídica no sentido de que "O
inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere
automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento,
seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93".
2. A SBDI-1 desta Corte, no julgamento do E-RR-925-07.2016.5.05.0281, em 12/12/2019,
entendeu que o Supremo Tribunal Federal não firmou tese acerca do ônus da prova da
culpa in vigilando ou in eligendo da Administração Pública tomadora de serviços. Concluiu
que incumbe ao Ente Público comprovar que fiscalizou a execução do contrato de
terceirização, ao fundamento de que atribuir ao empregado o ônus de provar a fiscalização
deficiente por parte do Poder Público significa conferir-lhe o encargo de produzir provas de
difícil obtenção (art. 818 § 1º, da CLT). 3. No caso dos autos, a decisão regional, no sentido
de atribuir o ônus probatório quanto à efetiva fiscalização do contrato de terceirização ao
Ente Público, encontra-se em conformidade com o atual entendimento da SBDI-1 desta
Corte, incidindo a Súmula 333/TST e o artigo 896, § 7º, da CLT como óbices ao
processamento da revista. (...)" (Ag-RRAg-100200-29.2017.5.01.0531, 5ª Turma, Relator
Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 28/05/2021).
Tema 7: Vínculo – motorista do Uber (primeiras decisões)
“(...)RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014. VÍNCULO DE EMPREGO. MOTORISTA. UBER. AUSÊNCIA DE
SUBORDINAÇÃO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. Destaque-
se, de início, que o reexame do caso não demanda o revolvimento de fatos e
provas dos autos, isso porque a transcrição do depoimento pessoal do autor no
acórdão recorrido contempla elemento fático hábil ao reconhecimento da
confissão quanto à autonomia na prestação de serviços. Com efeito, o
reclamante admite expressamente a possibilidade de ficar "off line", sem
delimitação de tempo, circunstância que indica a ausência completa e voluntária
da prestação dos serviços em exame, que só ocorre em ambiente virtual. Tal fato
traduz, na prática, a ampla flexibilidade do autor em determinar sua rotina, seus
horários de trabalho, locais que deseja atuar e quantidade de clientes que
pretende atender por dia. Tal auto-determinação é incompatível com o
reconhecimento da relação de emprego, que tem como pressuposto básico a
subordinação, elemento no qual se funda a distinção com o trabalho autônomo.
Não bastasse a confissão do reclamante quanto à autonomia para o
desempenho de suas atividades, é fato incontroverso nos autos que o
reclamante aderiu aos serviços de intermediação digital prestados pela
reclamada, utilizando-se de aplicativo que oferece interface entre motoristas
previamente cadastrados e usuários dos serviços. Dentre os termos e condições
relacionados aos referidos serviços, está a reserva ao motorista do equivalente a
75% a 80% do valor pago pelo usuário, conforme consignado pelo e. TRT. O
referido percentual revela-se superior ao que esta Corte vem admitindo como
bastante à caracterização da relação de parceria entre os envolvidos, uma vez
que o rateio do valor do serviço em alto percentual a uma das partes evidencia
vantagem remuneratória não condizente com o liame de emprego. Precedentes.
Recurso de revista conhecido e provido" (RR-1000123-89.2017.5.02.0038, 5ª
Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 07/02/2020).
Tema 8: JUSTIÇA GRATUITA
Compreensão da forma de comprovação da justiça gratuita, a
partir da Reforma Trabalhista (divergência)
Tese de suficiência da declaração de pobreza.
Tese da superação da súmula 463 do TST.
JUSTIÇA GRATUITA: comprovação efetiva
"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMANTE. INTERPOSTO NA VIGÊNCIA
DA LEI Nº 13.467/2017. BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. REQUISITOS. AÇÃO
AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA
HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. PERCEPÇÃO DE SALÁRIO MUITO SUPERIOR A 40%
DO LIMITE MÁXIMO DOS BENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL.
TRANSCENDÊNCIA. NÃO RECONHECIDA. NÃO CONHECIMENTO. Esclareça-se,
inicialmente, que a reclamação trabalhista foi ajuizada após a vigência da Lei nº 13.467/2017.
Nos termos do artigo 790, §§ 3º e 4º, da CLT, com a redação determinada pela Lei nº
13.467/2017: II - à parte que pedir a concessão dos benefícios da justiça gratuita cabe
comprovar a insuficiência de recursos para o pagamento das custas processuais; e II - é
possível a concessão dos benefícios da justiça gratuita, a requerimento ou de ofício, à parte
que perceber salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral
da Previdência Social. No caso, o egrégio Tribunal Regional consignou expressamente que a
reclamante não comprovou sua insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
processo. Também registrou que a reclamante percebeu o valor de R$ 15.633,57 a título de
salário líquido no mês da rescisão do contrato de trabalho. Assim, conclui-se que, além da
ausência de prova da insuficiência econômica, a reclamante percebia salário em importe muito
superior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social.
Registre-se que as premissas fáticas acima expostas são insuscetíveis de reexame, nos
termos da Súmula nº 126. Em tais circunstâncias, a reclamante não faz jus à assistência
judiciária gratuita, de modo que não há como se vislumbrar violação dos dispositivos indicados
nem contrariedade ao item I da Súmula nº 463. Divergência jurisprudencial não demonstrada
(Súmula nº 296, I). A incidência dos óbices das Súmulas nos 126 e 296, I, a meu juízo, é
suficiente para afastar a transcendência da causa, uma vez que inviabilizará a análise da
questão controvertida no recurso de revista e, por conseguinte, não serão produzidos os
reflexos gerais, nos termos previstos no § 1º do artigo 896-A da CLT. Recurso de revista a que
não se conhece" (RR-224-49.2019.5.21.0005, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto
Caputo Bastos, DEJT 21/05/2021).
JUSTIÇA GRATUITA: suficiência da declaração
"RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DAS LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017.
TRANSCENDÊNCIA. A demanda oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de
natureza política e social , qual seja, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. DECLARAÇÃO DE
HIPOSSUFICIÊNCIA. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.467/2017 . NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ESTADO DE MISERABILIDADE . Cinge-se
a controvérsia a se saber se é necessária a comprovação do estado de miserabilidade no processo
do trabalho para fins de concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita. A Lei nº 1.060/50 ,
que estabelecia as normas para a concessão de assistência judiciária gratuita aos necessitados,
previa no parágrafo único do art. 2º que "Considera-se necessitado, para os fins legais, todo aquele
cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado,
sem prejuízo do sustento próprio ou da família." Por sua vez, o art. 4º estabelecia como requisito para
concessão da gratuidade de justiça que "A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária,
mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as
custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família". Dessa
disposição, as partes começaram a apresentar nos autos a declaração de hipossuficiência. O art. 5º
da referida lei dispunha expressamente que "O juiz, se não tiver fundadas razões para indeferir o
pedido, deverá julgá-lo de plano, motivando ou não o deferimento dentro do prazo de setenta e duas
horas." Portanto, surgiu para as partes requerentes do benefício da gratuidade da justiça a presunção
de veracidade da declaração de hipossuficiência . A jurisprudência do TST havia se consolidado no
sentido de que, para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, bastava a
declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado. Na mesma linha,
o art. 99 do CPC/2015, revogando as disposições da Lei nº 1.060/50 sobre gratuidade de justiça,
trouxe em seu § 3º que "Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente
por pessoa natural". Nesse sentido, após a entrada em vigor do Código de Processo Civil de 2015, o
TST converteu a Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1 na Súmula nº 463. (continua)
JUSTIÇA GRATUITA (cont)
Logo, para a pessoa natural requerer os benefícios da justiça gratuita bastava a juntada de declaração de
hipossuficiência, sendo ônus da parte adversa comprovar que o requerente não se enquadrava em nenhuma
das situações de miserabilidade. No caso de pedido formulado pelo advogado da parte, este deveria ter
procuração com poderes específicos para este fim. No entanto, em 11/11/2017, entrou em vigor a Lei nº
13.467/2017 (Reforma Trabalhista) , que inseriu o parágrafo 4º ao art. 790 da CLT. Dessa forma, as ações
ajuizadas a partir da entrada em vigor da reforma trabalhista estão submetidas ao que dispõe o § 4º do art. 790
da CLT, que exige a comprovação, pela parte requerente, da insuficiência de recursos para a concessão dos
benefícios da justiça gratuita. Sem dúvida, o referido dispositivo inaugurou uma condição menos favorável à
pessoa natural do que aquela prevista no Código de Processo Civil. No entanto, em se tratando de norma
específica que rege o Processo do Trabalho, não há espaço, a priori , para se utilizar somente as disposições
do CPC. Logo, o referido dispositivo implicaria, no ponto de vista do trabalhador, um retrocesso social,
dificultando o acesso deste ao Poder Judiciário. Assim, a par da questão da constitucionalidade ou não do § 4º
do art. 790 da CLT, a aplicação do referido dispositivo não pode ocorrer isoladamente, mas sim deve ser
interpretado sistematicamente com as demais normas, quer aquelas constantes na própria CLT, quer aquelas
previstas na Constituição Federal e no Código de Processo Civil. Dessa forma, à luz do que dispõe o próprio §
3º do art. 790 da CLT c/c com os arts. 15 e 99, § 3º, do CPC, entende-se que a comprovação a que alude o § 4º
do art. 790 da CLT pode ser feita mediante a simples declaração da parte, a fim de viabilizar o pleno acesso do
trabalhador ao Poder Judiciário, dando , assim, cumprimento ao art. 5º, XXXV e LXXIV da Constituição Federal.
Isso porque não se pode atribuir ao trabalhador que postula , junto a esta Especializada , uma condição menos
favorável àquela destinada aos cidadãos comuns que litigam na justiça comum, sob pena de afronta ao
princípio da isonomia, previsto no caput do art. 5º da CF. Além disso, considerando que o Tribunal Regional
registrou que "o autor percebia salário superior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social (último salário indicado: R$ 3.400,00, id 5a9a516, p. 8)", e sendo incontroverso que ele
exercia a profissão de encarregado de obras e que as custas foram fixadas em R$ 4.361,73, associados à
existência de declaração de hipossuficiência, tais elementos, por si só, denotam que o reclamante não tem
condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família . Não
conceder ao autor, no caso dos autos, os benefícios da gratuidade de justiça, é o mesmo que impedir o amplo
acesso ao Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, da CF) e discriminar o trabalhador em relação às pessoas naturais
que litigam na justiça comum (art. 5º, caput , da CF). Recurso de revista conhecido por violação do art. 5º,
XXXV da CF e contrariedade à Súmula 463, I do TST e provido" (RR-1002229-50.2017.5.02.0385, 3ª Turma,
Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 07/06/2019).
JUSTIÇA GRATUITA: suficiência da declaração
• “(...) RECURSO DE REVISTA DO AUTOR. LEI Nº 13.467/2017 . BENEFÍCIO DA
GRATUIDADE DE JUSTIÇA. PESSOA NATURAL. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. SÚMULA Nº 463, ITEM I, DO
TST. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA CONSTATADA . O benefício processual da
gratuidade de justiça está condicionado à declaração do requerente pessoa
natural de que não pode arcar com as custas do processo sem o sacrifício de
subsistência familiar. Sua responsabilidade é pela declaração, não se exigindo
formalização por outro meio. A nova redação do § 4º do artigo 790/CLT,
conferida pela Lei nº 13.467/2017, conquanto faça menção à necessidade de
comprovação, não pode ser aplicada isoladamente, mas interpretada de forma
sistemática em face das demais normas, sejam as constantes na própria CLT, ou
aquelas previstas na Constituição Federal e no Código de Processo Civil e
legislação esparsa. Assim, tendo em vista o disposto no § 3º do próprio artigo
790 da CLT c/c com os arts. 15 e 99, § 3º, do CPC, entende-se que a
comprovação a que alude o § 4º da referida norma da CLT pode ser feita
mediante simples declaração da parte. Nesse sentido está pacificada a
jurisprudência do TST, no item I da Súmula nº 463. No caso concreto, uma vez
presente nos autos a declaração de pobreza, considera-se preenchido o
requisito legal. Logo, a decisão que indefere o benefício da justiça gratuita em
tal contexto contraria a Súmula de jurisprudência uniforme e o iterativo
entendimento desta Corte Superior. Transcendência política constatada.
Recurso de revista conhecido e provido" (ARR-10579-98.2018.5.03.0185, 7ª
Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 07/05/2021).
Tema 9: confissão ficta
• A súmula 74 do TST tem diversas particularidades interessantes.
• Confissão recíproca: a empresa não junta os cartões de ponto ou
junta registros com horários inflexíveis e, em seguida, o reclamante
não comparece à audiência em prosseguimento.
• Arbitramento da premissa fática quando a narração do autor for
inverossímil.
Ausência da juntada de cartões de ponto e
“confissão recíproca”
"EMBARGOS SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 . HORAS EXTRAS.
CONFISSÃO RECÍPROCA . AUSÊNCIA DE JUNTADA DOS CARTÕES DE
PONTO PELA RECLAMADA. NÃO COMPARECIMENTO DO RECLAMANTE
À AUDIÊNCIA EM QUE DEVERIA DEPOR. ART. 894, §2º, DO TST. Na
hipótese, a Eg. 8ª Turma deu provimento ao recurso de revista interposto
pela Reclamada para excluir da condenação o pagamento de horas extras,
nos termos da Súmula 74, I, do TST. Ressaltou que embora a Reclamada
tenha carreado nos autos cartões de ponto inválidos, óbice previsto na
Súmula 338, III, desta Corte, o não comparecimento do Reclamante à
audiência implica confissão quanto à matéria e acarreta a presunção de
veracidade das alegações da ora Embargada. Com efeito, o item I da
Súmula 338, dispõe que é ônus do Empregador enquadrado no art. 74, § 2º,
da CLT colacionar aos autos os controles de jornada dos empregados, sob
pena de presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho alegada na
petição inicial. Nesse cenário, o entendimento dominante nesta Corte no
caso de confissão recíproca, como a situação vertente, é no sentido de que a
pena de confissão ficta aplicada ao Reclamante não afasta a presunção de
veracidade da jornada de trabalho, visto que a apresentação de controles
válidos de frequência pela Reclamada antecede o momento de
comparecimento à audiência e tal ônus decorre de imposição legal (art. 74,
§2º, da CLT). Precedentes. Recurso de Embargos conhecido e provido" (E-
RR-3793-17.2010.5.02.0421, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 23/10/2020).
Juntada de cartões de ponto inválidos e “confissão
recíproca”
"RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. HORAS
EXTRAS. JORNADA DE TRABALHO. CONFISSÃO FICTA. CARTÕES DE
PONTO INVÁLIDOS. ÔNUS DA PROVA. 1. A Oitava Turma, ao conhecer do
recurso de revista, considerou que, mesmo diante da invalidade dos cartões
de ponto juntados pela reclamada, por conterem marcações britânicas, não
seria possível afastar ao efeitos processuais da confissão ficta imputada ao
autor, considerando, para tanto, as disposições contidas no art. 334, II do
CPC e na Súmula nº 74, I desta Corte Superior, concluindo desnecessária a
dilação probatória. 2. Esta Subseção, todavia, firmou entendimento no
sentido de que a confissão ficta aplicada à parte autora, em face do não
comparecimento à audiência de instrução, não conduz, necessariamente, à
improcedência dos pedidos, apenas determinando a presunção relativa de
veracidade dos fatos alegados pela parte reclamada. Nesse contexto,
remanesce o encargo da reclamada quanto à comprovação do horário
efetivamente prestado, mediante a apresentação de registros de jornada
válidos, por se tratar de obrigação prevista no art. 74, § 2º, da CLT. Assim, o
descumprimento dessa obrigação legal submete-se aos efeitos decorrentes
da presunção relativa de veracidade da jornada declinada na petição inicial,
nos termos da Súmula nº 338, item III, do TST. Recurso de embargos
conhecido e provido" (E-ARR-184800-60.2009.5.15.0082, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Walmir Oliveira da
Costa, DEJT 26/04/2019).
NARRATIVA INVEROSSÍMIL
"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA
LEI Nº 13.467/2017. JORNADA DE TRABALHO. INVALIDADE DOS CARTÕES
DE PONTO. PRESUNÇÃO RELATIVA DA JORNADA INDICADA NA EXORDIAL.
JORNADA INVEROSSÍMIL. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. AUSÊNCIA DE
TRANSCENDÊNCIA . O e. TRT, apesar de reconhecer que a invalidade dos
cartões gera presunção relativa da veracidade da jornada de trabalho declinada
na petição inicial, concluiu que tal presunção, ainda que não refutada pela prova
produzida nos autos, pode ser afastada quando tal jornada se mostrar
inverossímil. A decisão regional, ao manter a sentença de origem que não acatou
a jornada declinada na inicial, porque inverossímil, e arbitrou, de acordo com o
princípio da razoabilidade, a jornada de trabalho do reclamante, está em perfeita
harmonia com a jurisprudência desta Corte, segundo a qual a presunção relativa
de veracidade da jornada de trabalho indicada na exordial, por aplicação da
Súmula nº 338 do TST, não pode se convalidada diante de pretensões
insuscetíveis de credibilidade. Incidência da Súmula nº 333 do TST como
obstáculo à extraordinária intervenção deste Tribunal Superior no feito. A maioria
das Turmas desta Corte vem se posicionando no sentido de que existência de
obstáculo processual apto a inviabilizar o exame da matéria de fundo veiculada,
como no caso, acaba por evidenciar, em última análise, a própria ausência de
transcendência do recurso de revista, em qualquer das suas modalidades. Ante a
improcedência do recurso, aplica-se à parte agravante a multa prevista no art.
1.021, § 4º, do CPC. Agravo não provido, com imposição de multa e
determinação de baixa dos autos à origem" (Ag-RR-1002063-63.2015.5.02.0716,
5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 05/06/2020).
Tema 10: depoimento pessoal
O indeferimento do depoimento pessoal do adversário
pode ou não configurar cerceamento do direito de defesa,
a depender do conjunto de provas à disposição das partes
no litígio.
Depoimento pessoal e cerceamento de defesa
"RECURSO DE REVISTA. CERCEAMENTO DE DEFESA. DISPENSA DE OITIVA DO DEPOIMENTO PESSOAL
DO RECLAMANTE. NULIDADE CONFIGURADA. Discute-se, no caso, se a dispensa de oitiva do
depoimento pessoal da parte contrária configura cerceamento do direito de defesa. Importante
salientar que a reclamada tinha o direito constitucional e legalmente assegurado de tentar obter a
confissão do reclamante no seu depoimento pessoal. Conforme é consabido, o artigo 769 da CLT prevê
que as normas e os institutos do direito processual comum serão subsidiariamente aplicáveis ao
processo do trabalho nos casos omissos e se com este último forem compatíveis. Assim, embora o
artigo 848 da CLT preveja o interrogatório das partes apenas por iniciativa do juiz do trabalho, isso, por
si só, não impede a incidência subsidiária do CPC, que prevê o depoimento pessoal das partes como
um dos meios de prova postos à disposição dessas para a defesa de seus interesses em litígio e a
formação do convencimento do julgador - e que, por isso mesmo, pode ser por elas requerido quando
o juiz não o determinar de ofício (artigo 343, caput , do CPC/2015). Em consequência, qualquer dos
litigantes trabalhistas tem o direito de tentar obter a confissão da parte contrária a respeito dos fatos
objeto da controvérsia por meio de seu depoimento pessoal, até para que não seja necessária a
produção de prova testemunhal a esse respeito (CPC/2015, artigos 334, inciso II, e 400, inciso I). O
referido depoimento, pois, não pode ser indeferido sem fundamentação pelo julgador, sob pena de
cerceamento de prova e, consequentemente, nulidade da sentença depois proferida. Se, nos feitos
trabalhistas, as partes rotineiramente são intimadas a comparecer ao prosseguimento da audiência
para depor sob a expressa cominação de confissão ficta, o entendimento de que não seria direito da
parte requerer o depoimento pessoal da parte contrária acarretaria também que a aplicação, ou não,
daquela sanção processual à parte injustificadamente ausente ficasse a cada caso a critério exclusivo
do julgador, em manifesta contrariedade ao entendimento jurisprudencial consagrado na Súmula nº
74 do TST. Desse modo, o Regional, ao considerar desnecessária a oitiva do depoimento pessoal da
parte reclamante, sem justificativa, inquinou de nulidade a sentença, por cerceamento do direito da
reclamada de produzir prova, verificando-se o prejuízo por ela suportado na circunstância de ter sido
impedido de produzir prova oral por meio da qual pretendia demonstrar a veracidade de suas
alegações. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido " (RR-85300-18.2006.5.06.0004, 2ª
Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 18/09/2020)..
Depoimento pessoal e cerceamento de defesa
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO A ACÓRDÃO PUBLICADO
NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/2017. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE DEPOIMENTO PESSOAL DO AUTOR. TRANSCENDÊNCIA DA
CAUSA NÃO RECONHECIDA. 1. O sistema processual pátrio consagra o princípio do
convencimento racionalmente fundamentado, sendo facultado ao magistrado firmar sua
convicção a partir de qualquer elemento de prova legalmente produzido, desde que
fundamente sua decisão. Assim, em relação à arguição de nulidade por cerceamento do
direito de defesa, será possível o reconhecimento da transcendência da causa, nos
aspectos político e jurídico, quando o indeferimento de diligências consideradas inúteis ou
meramente protelatórias, nos termos do artigo 370, parágrafo único, do Código de
Processo Civil, revelar-se carente de fundamentação, de modo a obstaculizar o exercício do
amplo direito de defesa , assegurado no artigo 5º, LV, da Constituição da República. 2. No
caso dos autos, não se vislumbra cerceamento do direito de defesa, visto que a decisão
por meio da qual fora indeferido o pedido de depoimento pessoal do reclamante
encontra-se devidamente fundamentada, na medida em que restou consignado no
acórdão prolatado pelo Tribunal Regional que a dispensa do depoimento pessoal do autor
se deu porque a controvérsia restou dirimida com base no depoimento das testemunhas,
bem como a partir da vasta prova documental carreada aos autos . 3. Dessa forma, não
verificada a nulidade arguida, não há cogitar no reconhecimento de transcendência
política e jurídica . Não se identifica, ainda, a transcendência social da causa, visto que não
se cuida de pretensão recursal formulada em face de suposta supressão ou limitação de
direitos sociais assegurados na legislação pátria. Não há falar, tampouco, em
transcendência econômica, porquanto o valor arbitrado à condenação não se revela
elevado ou desproporcional ao pedido formulado e deferido na instância ordinária. 4.
Agravo de Instrumento não provido" (AIRR-25100-49.2017.5.24.0007, 6ª Turma, Relator
Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 26/03/2021).
Tema 11: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Condenação por sucumbência apenas nas ações ajuizadas na
vigência da Reforma Trabalhista
Pagamento dos honorários pelo beneficiário da justiça gratuita que
perceber “crédito capaz de suportar a despesa”.
Compreensão da expressão “sucumbência recíproca” para exigir
pagamento de honorários pelo autor da reclamação trabalhista.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS e Reforma
Trabalhista
"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA
VIGÊNCIA DA LEI Nº13.467/2017. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
DE SUCUMBÊNCIA. AÇÃO AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA
LEINº13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA .
A condenação da parte reclamante ao pagamento de honorários de
sucumbência decorreu da aplicação do art.791-A da CLT, introduzido
pela Lei 13.467/2017, que estava em vigor quando do ajuizamento da
presente ação. Nesse contexto, não tendo sido apresentados
argumentos suficientes à reforma da r. decisão impugnada, deve ser
desprovido o agravo. Considerando a improcedência do recurso,
aplica-se à parte agravante a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC
. Agravo não provido, com aplicação de multa" (Ag-RRAg-1000097-
94.2019.5.02.0079, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT
28/05/2021).
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS e Reforma
Trabalhista
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE
DAS LEIS Nos 13.015/2014, 13.105/2015 E 13.467/2017. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. AÇÃO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.467/2017. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 791-A, § 4º, DA CLT. 1. A Reforma
Trabalhista, implementada pela Lei nº 13.467/2017, sugere uma alteração de paradigma no
direito material e processual do trabalho. No âmbito do processo do trabalho, a imposição
pelo legislador de honorários sucumbenciais ao reclamante reflete a intenção de
desestimular lides temerárias. É uma opção política. 2. Por certo, sua imposição a
beneficiários da Justiça gratuita requer ponderação quanto à possibilidade de ser ou não
tendente a suprimir o direito fundamental de acesso ao Judiciário daquele que demonstrou
ser pobre na forma da Lei. 3. Não obstante, a redação dada ao art. 791, § 4º, da CLT,
demonstrou essa preocupação por parte do legislador, uma vez que só será exigido do
beneficiário da Justiça gratuita o pagamento de honorários advocatícios se ele obtiver
créditos suficientes, neste ou em outro processo, para retirá-lo da condição de
miserabilidade. Caso contrário, penderá, por dois anos, condição suspensiva de
exigibilidade. A constatação da superação do estado de miserabilidade, por óbvio, é
casuística e individualizada. 4. Assim, os condicionamentos impostos restauram a situação
de isonomia do atual beneficiário da Justiça gratuita quanto aos demais postulantes.
Destaque-se que o acesso ao Judiciário é amplo, mas não incondicionado. Nesse
contexto, a ação contramajoritária do Judiciário, para a declaração de inconstitucionalidade
de norma, não pode ser exercida no caso, em que não se demonstra violação do princípio
constitucional de acesso à Justiça . Agravo de instrumento conhecido e desprovido" (AIRR-
2054-06.2017.5.11.0003, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, DEJT 31/05/2019).
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – sucumbência recíproca
“(...) B) RECURSO DE REVISTA DO RECLAMADO - CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA
GRATUITA AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS - ART. 791-A, § 4º, DA
CLT - SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA - LIMITAÇÃO DE 20% DO CRÉDITO OBTIDO EM JUÍZO PELA
RECLAMANTE PARA PAGAMENTO DA VERBA HONORÁRIA PATRONAL - IMPOSSIBILIDADE -
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA - PROVIMENTO. 1. Nos termos do art. 896-A, § 1º, IV, da CLT,
constitui transcendência jurídica da causa a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação
trabalhista. 2. In casu, o debate jurídico que emerge da presente causa diz respeito à condenação de
beneficiário da justiça gratuita ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais, previsto no art. 791-A,
§ 4º, da CLT, introduzido pela Lei 13.467/17, em caso em que há sucumbência recíproca, mas com limitação de
20% do crédito obtido pela Reclamante para o pagamento da verba honorária patronal. 3. Conforme se extrai
dos autos, a Autora, que litiga sob o pálio da justiça gratuita, foi condenada pelo Colegiado de origem ao
pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais em benefício do Reclamado, no percentual de 5% sobre
parte dos pedidos, ou seja, somente daqueles julgados improcedentes na presente reclamação trabalhista.
Todavia, mesmo diante da sucumbência recíproca, o TRT, sob o fundamento de se tratar de verba alimentar,
limitou em 20% o percentual a ser utilizado do crédito da Reclamante neste processo para suportar a referida
despesa com honorários . 4. Como é cediço, a Reforma Trabalhista, promovida pela Lei 13.467/17, ensejou
diversas alterações no campo do Direito Processual do Trabalho, a fim de tornar o processo laboral mais
racional, simplificado, célere e, principalmente, responsável, sendo essa última característica marcante, visando
coibir as denominadas "aventuras judiciais", calcadas na facilidade de se acionar a Justiça, sem nenhum ônus
ou responsabilização por postulações carentes de embasamento fático. 5. Não se pode perder de vista o
crescente volume de processos ajuizados nesta Justiça Especializada, muitos com extenso rol de pedidos,
apesar dos esforços empreendidos pelo TST para redução de estoque e do tempo de tramitação dos
processos. 6. Nesse contexto foram inseridos os §§ 3º e 4º no art. 791-A da CLT pela Lei 13.467/17,
responsabilizando-se a parte sucumbente, seja a autora ou a demandada, pelo pagamento dos honorários
advocatícios, ainda que beneficiária da justiça gratuita, o que reflete a intenção do legislador de desestimular
lides temerárias, conferindo tratamento isonômico aos Litigantes. Tanto é que o § 5º do art. 791-A da CLT
expressamente dispôs acerca do pagamento da verba honorária na reconvenção. Isso porque, apenas se tiver
créditos judiciais a receber é que terá de arcar com os honorários, se fizer jus à gratuidade da justiça, pois
nesse caso já não poderá escudar-se em pretensa insuficiência econômica. 7. Ainda, convém ressaltar não ser
verdadeira a assertiva de que a imposição de pagamento de honorários de advogado àquele que se declara
pobre na forma da lei implica desvio de finalidade da norma, onerando os que necessitam de proteção legal,
máxime porque no próprio § 4º do art. 791-A da CLT se visualiza a preocupação do legislador com o estado de
hipossuficiência financeira da parte vencida, ao exigir o pagamento da verba honorária apenas no caso de
existência de crédito em juízo, em favor do beneficiário da justiça gratuita, neste ou em outro processo, capaz
de suportar a despesa que lhe está sendo imputada, situação, prima facie , apta a modificar a sua capacidade
financeira, até então de miserabilidade, que justificava a concessão de gratuidade, prestigiando, de um lado, o
processo responsável, e desestimulando, de outro, a litigância descompromissada. 8. Por todo o exposto, os
honorários advocatícios sucumbenciais devidos pela Parte Autora incidem sobre o crédito trabalhista constituído
na ação que seja suficiente ao pagamento dos honorários, nos termos expressos do art. 791-A, § 4º, da CLT,
que não limitou nenhum percentual a tal crédito, de modo que a decisão regional atenta contra a norma legal,
merecendo, assim, reforma. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-181-69.2018.5.17.0002, 4ª Turma,
Relator Ministro Ives Gandra Martins Filho, DEJT 28/05/2021).
Tema 12 - homologação de acordo
extrajudicial
Homologação parcial ou total da avença
Cláusula de quitação geral.
HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL
“(...) II) RECURSO DE REVISTA - ACORDO EXTRAJUDICIAL HOMOLOGADO EM JUÍZO - PROCEDIMENTO DE JURISDIÇÃO
VOLUNTÁRIA - ARTS. 855-B A 855-E DA CLT - QUITAÇÃO GERAL - TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA. 1. Problema que sempre atormentou
o empregador foi o relativo à rescisão do contrato de trabalho e da quitação dos haveres trabalhistas, de modo a não permanecer com a
espada de Dâmocles sobre sua cabeça. 2. A ineficácia prática da homologação da rescisão contratual do sindicato, em face do teor da
Súmula 330 do TST, dada a não quitação integral do contrato de trabalho, levou a SDI-2 desta Corte a não reputar simulada a lide visando a
homologação de acordo pela Justiça do Trabalho, pois só assim se conseguiria colocar fim ao conflito laboral e dar segurança jurídica às
partes do distrato (cfr. TST-ROAR-103900-90.2005.5.04.0000, Rel. Min. Ives Gandra Martins Filho, DEJT de 12/09/08). 3. Para resolver tal
problema, a Lei 13.467/17, em vigor desde 11/11/17, instituiu o procedimento de jurisdição voluntária na Justiça do Trabalho atinente à
homologação, em juízo, de acordo extrajudicial, nos termos dos arts. 855-B a 855-E da CLT, juntamente com o fito de colocar termo ao
contrato de trabalho. 4. Da simples leitura dos novos comandos de lei, notadamente do art. 855-C da CLT, extrai-se a vocação prioritária dos
acordos extrajudiciais para regular a rescisão contratual e, portanto, o fim da relação contratual de trabalho. Não fosse a possibilidade da
quitação geral do contrato de trabalho com a chancela do Judiciário e o Capítulo III-A não teria sido acrescido ao Título X da CLT, que trata do
Processo Judiciário do Trabalho. 5. Curial, ainda, trazer à baila, que a ideia que indelevelmente adere ao acordo extrajudicial é a de que,
retirada uma das cláusulas que o compõem, a parte a quem ela favoreceria não faria o acordo. A alternativa que caberia ao Judiciário,
portanto, seria a homologação integral ou a rejeição da proposta, se eivada de vícios. Tal entendimento resta corroborado pelo STF quanto à
circunstância de a validade do acordo depender da homologação integral ou de sua rejeição total, não podendo ser balanceado pelo Poder
Judiciário (Voto do Min. Teori Zavascki no leading case STF-RE 590.715/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de 29/05/15). 6. Nesse sentido, o
art. 855-B, §§ 1º e 2º, da CLT, que trata da apresentação do acordo extrajudicial à Justiça, a par dos requisitos gerais de validade dos
negócios jurídicos que se aplicam ao direito do trabalho, nos termos do art. 8º, § 1º, da Lei Consolidada e que perfazem o ato jurídico perfeito
(CC, art. 104 - agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não vedada por lei), traçou as balizas para a apresentação do acordo
extrajudicial apto à homologação judicial: petição conjunta dos interessados e advogados distintos, podendo haver assistência sindical para o
trabalhador. 7. A petição conjuntamente assinada para a apresentação do requerimento de homologação ao juiz de piso serve à
demonstração da anuência mútua dos interessados em por fim ao contratado, e, os advogados distintos, à garantia de que as pretensões
estarão sendo individualmente respeitadas. Assim, a atuação do Judiciário Laboral na tarefa de jurisdição voluntária é binária: homologar, ou
não, o acordo. Não lhe é dado substituir-se às partes e homologar parcialmente o acordo, se este tinha por finalidade quitar integralmente o
contrato de trabalho extinto. Sem quitação geral, o Empregador não proporia o acordo, nem se disporia a manter todas as vantagens nele
contida. 8. No caso concreto, o Regional, mantendo a sentença, assentou que a ausência de discriminação das parcelas às quais os
Acordantes conferiam quitação geral e irrestrita, feria o princípio da boa fé e lealdade, registrando, todavia, o cumprimento dos requisitos do
art. 855-B da CLT e daqueles gerais estatuídos pela lei civil para a celebração de negócios em geral. 9. Nesse sentido, a conclusão acerca da
invalidade, total ou parcial, do pacto extrajudicial, por ausência de verificação de concessões mútuas e discriminação de parcelas diz menos
com a validação extrínseca do negócio jurídico do que com a razoabilidade intrínseca do acordo, cujo questionamento não cabe ao Judiciário
nesse procedimento, pois lhe esvazia o sentido e estabelece limites e discussões não queridos pelos Requerentes ao ajuizar o procedimento.
10. Ora, estando presentes os requisitos gerais do negócio jurídico e os específicos preconizados pela lei trabalhista (CLT, art. 855-B), não há
de se questionar a vontade das partes envolvidas e do mérito do acordado, notadamente quando a lei requer a presença de advogado para o
empregado, rechaçando, nesta situação, o uso do jus postulandi do art. 791 da CLT, como se depreende do art. 855-B, § 1º, da CLT. 11.
Assim sendo, é válido o termo de transação extrajudicial apresentado pelas Interessadas, com quitação geral e irrestrita do contrato havido,
nessas condições, que deve ser homologado. Recurso de revista provido" (RR-1000016-93.2018.5.02.0431, 4ª Turma, Relator Ministro Ives
Gandra Martins Filho, DEJT 04/10/2019).
HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL
"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI
13.015/2014 . RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA
LEI 13.467/2017. TRANSAÇÃO EXTRAJUDICIAL. HOMOLOGAÇÃO
PARCIAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 418/TST. O Juiz não está obrigado a
homologar acordo extrajudicial apenas porque há manifestação de
vontades das partes nesse sentido. É poder-dever do Magistrado evitar
eventuais vícios, atos simulados, fraudes ou excesso de lesividade a
alguma das partes, em transação que lhe é submetida. Assim sendo, ao
Juízo incumbe não só propor a conciliação, mas também avaliar a
pactuação proposta. Deve, pois, firmar seu livre convencimento para, só
então, homologar ou não a avença (artigo 765 da CLT). A Súmula 418 do
TST ressalta, inclusive, que a homologação de acordo proposto pelas
partes não constitui seu direito líquido e certo. Dessa forma, a decisão
agravada foi proferida em estrita observância às normas processuais (art.
557, caput , do CPC/1973; arts. 14 e 932, III e IV, "a", do CPC/2015), razão
pela qual é insuscetível de reforma ou reconsideração. Agravo desprovido"
(Ag-RR-1000479-75.2019.5.02.0083, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio
Godinho Delgado, DEJT 07/05/2021).
Tema 13 – Bloqueio de CNH
"RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ATO COATOR QUE DETERMINA
A APREENSÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO COMO PROVIDÊNCIA
EXECUTIVA. APLICAÇÃO DO ART. 139, IV, DO CPC/15. PODER GERAL DE EFETIVAÇÃO
DA TUTELA JURISDICIONAL. SUBSIDIARIEDADE E EXCEPCIONALIDADE DA MEDIDA.
INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS NO CASO CONCRETO QUE COMPROVEM UTILIDADE E
ADEQUAÇÃO DA MEDIDA. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1.
Trata-se de mandado de segurança impetrado contra ato jurisdicional proferido na fase
de cumprimento de sentença em que se ordenou a suspensão da CNH dos impetrantes,
uma vez que "foram realizadas várias tentativas de localização de bens dos executados,
sem êxito". 2. É admissível a imposição de medidas aflitivas na execução de pagar quantia
certa, contanto que seja demonstrada a sua utilidade para a satisfação do crédito
exequendo. A aplicação do art. 139, IV, do CPC/15 será balizada pela observância dos
postulados da proporcionalidade e razoabilidade, do contraditório e da ampla defesa, e
da adequada fundamentação das decisões judiciais. 3. No caso concreto, a apreensão da
Carteira Nacional de Habilitação não se revela medida útil para a satisfação do crédito
alimentar, porque decorreu apenas da constatação da autoridade coatora de que não há
bens do devedor capazes de suportar a execução. 4. Com efeito, não há elementos que
indiquem a oposição injustificada dos devedores ao cumprimento da sentença, tais como
prova da ocultação de bens ou gozo de estilo de vida incompatível com a dívida objeto da
execução. 5. A mera insolvência, em si mesma, não enseja a automática adoção de
medidas limitadoras da liberdade individual do devedor, porquanto a execução civil não
possui o caráter punitivo verificado na execução penal. Mesmo sob a égide do CPC de
2015, é sempre patrimonial a responsabilidade do devedor (art. 789 do CPC de 2015).
Precedentes do e. Superior Tribunal de Justiça. 6. Há, portanto, direito líquido e certo a
ser protegido. Recurso ordinário de que se conhece e a que se dá provimento para
conceder a segurança" (RO-1615-35.2018.5.05.0000, Subseção II Especializada em
Dissídios Individuais, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 04/12/2020).
Tema 14 - PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE
“(...) PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. PROCESSO INICIADO ANTES DA VIGÊNCIA
DA LEI Nº 13.467/17. 1 - Há transcendência política no recurso de revista, quando se
constata em análise preliminar o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência do
Tribunal Superior do Trabalho. 2 - Aconselhável o provimento do agravo de instrumento,
para determinar o processamento do recurso de revista, em razão de provável violação
do art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal. 3 - Agravo de instrumento a que se dá
provimento. II - RECURSO DE REVISTA. LEIS NºS 13.015/2014 E 13.467/2017.
INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 40 DO TST. RECLAMANTE. PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE. PROCESSO INICIADO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.467/17. 1 - O recurso de revista foi interposto na vigência da Lei n° 13.015/2014 e
atende aos requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. 2 - A prescrição intercorrente é
incompatível com a dinâmica do processo trabalhista anterior à Reforma Trabalhista, o
que impossibilita a punição do exequente por inércia e a perda da pretensão executiva.
3 - No caso, conforme se extrai do acórdão recorrido, iniciada a fase de liquidação do
feito, "ocorreram atos reiterados que tornaram clara a limitação de futura execução ao
número de 955 servidores" , tendo o juízo determinado "a apresentação dos
instrumentos de mandato dos autores - já que até então havia apenas duzentas e
oitenta procurações juntadas" , tendo esse ato ocorrido em data anterior a 21/07/2000,
logo anteriormente à Lei nº 13.467/17. 4 - Portanto, o reconhecimento da prescrição
intercorrente na fase executiva significa má-aplicação da prescrição trabalhista e ofende
a coisa julgada, impossibilitando o regular cumprimento da sentença exequenda . 5 -
Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento" (ARR-10782-
10.2016.5.09.0041, 6ª Turma, Relatora Ministra Kátia Magalhães Arruda, DEJT
09/08/2019).
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE
“(...) II - RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017 1
- TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA. Verifica-se a existência de
transcendência social, nos termos do art. 896-A, §1º, III, da CLT. 2 -
EXECUÇÃO. SENTENÇA PROFERIDA EM AÇÃO COLETIVA.
PRESCRIÇÃO. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA PROPOSTA
ANTERIORMENTE À LEI 13.467/2017. Destaca-se que a execução
no presente feito é relativa a titulo judicial constituído em período
anterior à vigência da Lei 13.467/2017, sendo inaplicável, portanto,
o disposto no art. 11-A da CLT que permite a aplicação da
prescrição intercorrente no âmbito trabalhista. O Tribunal Regional,
ao concluir pela prescrição da pretensão executória individual de
sentença proferida na ação coletiva, decidiu de forma contrária ao
entendimento pacificado nesta Corte por meio da Súmula 114,
segundo a qual " É inaplicável na Justiça do Trabalho a prescrição
intercorrente" . Precedentes. Recurso de revista conhecido e
provido" (RR-36-54.2017.5.02.0070, 2ª Turma, Relatora Ministra
Delaíde Miranda Arantes, DEJT 11/10/2019).
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE
• RECOMENDAÇÃO Nº 3/GCGJT, DE 24 DE JULHO DE 2018 – CGJT
• Art. 1º. A prescrição intercorrente prevista no artigo 11-A da CLT somente deverá ser reconhecida após expressa intimação do
exequente para cumprimento de determinação judicial no curso da execução.
• Art. 2º. O juiz ou relator indicará, com precisão, qual a determinação deverá ser cumprida pelo exequente, com expressa
cominação das consequências do descumprimento.
• Art. 3º. O fluxo da prescrição intercorrente contar-se-á a partir do descumprimento da determinação judicial, desde que
expedida após 11 de novembro de 2017 (artigo 2º da IN -TST n.º 41/2018
• Art. 4º. Antes de decidir sobre a ocorrência da prescrição intercorrente, o juiz ou o relator deverá conceder prazo à parte
interessada para se manifestar sobre o tema, nos termos dos artigos 9º, 10 e 921, § 5º, do Código de Processo Civil (artigo 4º
da IN-TST n.º 39/2016 , e artigo 21 da IN -TST n.º 41/2018).
• Art. 5º. Não correrá o prazo de prescrição intercorrente nas hipóteses em que não for localizado o devedor ou encontrados
bens sobre os quais possa recair a penhora, devendo o juiz, nesses casos, suspender o processo (artigo 40 da Lei n.º
6.830/80).
• § 1º Na hipótese do caput deste artigo, os autos poderão ser remetidos ao arquivo provisório (artigo 85 da Consolidação dos
Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho), assegurando-se ao credor o desarquivamento oportuno com
vistas a dar seguimento à execução (§ 3º do artigo 40 da Lei n.º 6.830/80).
• § 2º Decidindo o juízo da execução pelo arquivamento definitivo do feito, expedirá Certidão de Crédito Trabalhista, sem
extinção da execução (artigos 86 e 87 da Consolidação dos Provimentos da CGJT).
• § 3º Não se determinará o arquivamento dos autos, provisório ou definitivo, antes da realização dos atos de Pesquisa
Patrimonial, com uso dos sistemas eletrônicos, como o BACENJUD, o INFOJUD, o RENAJUD e o SIMBA, dentre outros
disponíveis Aos órgãos do Poder Judiciário; e da desconsideração da personalidade jurídica da sociedade reclamada, quando
pertinente.
• § 4º Antes do arquivamento, provisório ou definitivo, o juízo da execução determinará a inclusão do nome do(s) executado(s)
no Banco Nacional dos Devedores Trabalhistas – BNDT e nos cadastros de inadimplentes, e promoverá o protesto
extrajudicial da decisão judicial, observado o disposto no artigo 883-A da CLT e o artigo 15 da IN-TST n.º 41/2018.
• § 5º Uma vez incluído(s) o(s) nome(s) do(s) executado(s) no BNDT e nos cadastros de inadimplentes, sua exclusão só
ocorrerá em caso de extinção da execução, conforme as hipóteses do artigo 86 da Consolidação dos Provimentos da CGJT.
• Art. 6º. Reconhecida a prescrição intercorrente, nos termos desta Recomendação, será promovida a extinção da execução,
consoante dispõe o artigo 924, V, do CPC (artigo 21, da IN-TST n.º 41/2018).
Tema 15: limitação da penhora salarial
"RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO IMPUGNADA
PROFERIDA NA VIGÊNCIA DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 - BLOQUEIO DE
SALÁRIO - POSSIBILIDADE - ESPECIFICIDADE DO CASO CONCRETO - PENHORA
INCIDENTE SOBRE UM SALÁRIO MÍNIMO PERCEBIDO PELA EXECUTADA À TÍTULO DE
REMUNERAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE. O Tribunal Pleno desta Corte superior, mediante a
Resolução nº 220, de 18 de setembro de 2017, decidiu modificar a Orientação Jurisprudencial nº
153 da SBDI-2 para limitar a aplicação da tese aos atos praticados na vigência do CPC de 1973,
passando a dispor que "Ofende direito líquido e certo a decisão que determina o bloqueio de
numerário existente em conta salário, para satisfação de crédito trabalhista, ainda que seja
limitado a determinado percentual dos valores recebidos ou a valor revertido para fundo de
aplicação ou poupança, visto que o art. 649, IV, do CPC de 1973 contém norma imperativa que
não admite interpretação ampliativa, sendo a exceção prevista no art. 649, § 2º, do CPC de
1973 espécie e não gênero de crédito de natureza alimentícia, não englobando o crédito
trabalhista". Nos termos do artigo 833, § 2º, do CPC/2015, a impenhorabilidade de vencimentos,
subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e
montepios "não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia,
independentemente de sua origem". A constatação de que a decisão impugnada foi proferida na
vigência do CPC/2015, e não ultrapassou o percentual legalmente previsto, revela, em tese, a
ausência de ilegalidade, bem como a inexistência de violação a direito líquido e certo da
impetrante. Contudo, conforme definido em precedente de relatoria do Exmo. Min. Evandro
Valadão, no RO-1002653-49.2018.5.02.0000, publicado no DEJT 02/10/2020, a ponderação
entre o direito do reclamante à satisfação de seu crédito e a própria subsistência do executado,
cuja penhora o condenaria à sobrevivência com menos de um salário mínimo até a quitação
total do débito, impõe a salvaguarda deste último, "com base na dignidade da pessoa humana,
fundamento da república (art. 1º, III, da Constituição da República)". Recurso ordinário
conhecido e provido" (RO-301-20.2019.5.05.0000, Subseção II Especializada em Dissídios
Individuais, Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 14/05/2021).
MUITO OBRIGADO!
BIBLIOGRAFIA
INDICADA

• Primeiro livro do Quarteto


Trabalhista.
BIBLIOGRAFIA INDICADA

• Novo livro do Quarteto Trabalhista.


• Preocupação com a prática sem descuidar da
teoria.
Prof. Fabiano coelho

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