O documento discute os tipos de precedentes no direito brasileiro, como eles ganharam eficácia normativa após o novo Código de Processo Civil de 2015 e os desafios em aplicar precedentes vinculantes.
Descrição original:
Fichamento - O supremos e os precedentes constitucionais
Título original
Fichamento - O supremos e os precedentes constitucionais
O documento discute os tipos de precedentes no direito brasileiro, como eles ganharam eficácia normativa após o novo Código de Processo Civil de 2015 e os desafios em aplicar precedentes vinculantes.
O documento discute os tipos de precedentes no direito brasileiro, como eles ganharam eficácia normativa após o novo Código de Processo Civil de 2015 e os desafios em aplicar precedentes vinculantes.
Disciplina: Metodologia da Pesquisa e do Ensino em Direito
Professor:
Trabalho: Fichamento Modelo Resumo ou Conteúdo
Referência: MELLO, Patrícia Perrone Campos. O Supremo e os Precedentes
Constitucionais: como fica sua eficácia após o novo Código de Processo Civil. Universitas Jus, v. 26, n. 2, p.41-53, 2015.
A autora inicia o artigo demonstrando ao que ele se propõe a analisar. Afirma
que o artigo busca estudar os tipos de eficácia dos quais podem ser dotados os precedentes; sobre a eficácia dos precedentes brasileiros em matéria constitucional, em especial antes da vigência do CPC/2015 e sobre esta eficácia após a vigência do CPC /2015; sobre como se deve atuar com precedentes e quais os desafios a serem enfrentados oriundos dessa atuação; sobre o juízo crítico da opção adotada pelo legislador, de ampliar os casos de precedentes normativos, e, por fim mas não menos importante, busca analisar se o bom funcionamento do sistema de precedentes será resultado do desenvolvimento de uma cultura de respeito aos precedentes.
Posteriormente afirma que, em síntese, uma decisão judicial pode produzir
três tipos de eficácia, dentre os quais um precedente de caráter normativo ou precedente vinculante. Quando do desrespeito a um precedente deste tipo, no direito brasileiro, ocorre a propositura de reclamação, diretamente na corte que editou aquele precedente, com a finalidade de obter a cassação da decisão violou determinado entendimento da corte vinculante.
A autora propõe a classificação dos precedentes em categorias. No
ordenamento jurídico brasileiro podemos observar a existência de três tipos de precedente e a partir destes precedentes que as decisões proferidas em sede de repercussão geral ( que declaram a inconstitucionalidade de uma norma, as súmulas e a jurisprudência consolidada nos tribunais) formam os precedentes de eficácia intermediária. Eficácia das decisões do Supremo Tribunal Federal. O papel do Senado Federal no controle de constitucionalidade: um caso clássico de mutação constitucional. "somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público". No ambiente romano- germânico, a princip al fonte do direito é a l ei e, como regra, as decisões judiciais aplicam-se apenas às partes de um jul gado. No outro pólo, o sistema da common law tem no precedente normativo a principal fonte do Direito. Os novos precedentes com eficácia no rmativa no CPC/2015, O art. 988: “Caberá reclamação da parte interessada ou d o Ministério Públi co para: I - preservar a competência do tribunal; II - garantir a autoridade das decisões do tribunal; III - garantir a obse rvância de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; IV - garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de precedente p roferido em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção d e competência”. Comentários ao Código de Processo Civil. Na hipótese do incid ente de demandas repetitivas, o relator selecionará dois ou mais casos representativos da controvérsia par a a apr eciação do órgão colegiado do tribunal. Precedentes com eficácia impositiva intermediária no CPC/2015. O art. juízes e os tribunais devem observar, além dos precedentes normativos16, também (i) os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal, em matéria constitucional, (ii) os enunciados das súmulas do Superior Tribunal de Justiça, em matéria infraconstitucional federal, e (iii) a orientação do plenário ou do órgão especial ao qual tais juízes e/ou tribunais estiverem vinculados. Na mesma linha, o juiz pode, independentemente da citação do réu, julgar li minarmente improcedente o pedido que contrariar enunciado de súmula do STF, do STJ ou do tribunal de justiça. Ratio decidendi ( a razão para a decisão) a definição da ratio decidendi corresponde à razão d e direito, à tese, à interpretação afirmada pelo tribunal para solucionar uma demanda específica. A ratio decidendi corresponderá apenas ao entendimento ou aos argumentos acolhidos pela maioria dos juízes do tribunal e impr escindíveis para justific ar o desfecho do caso. Sua identificação d epende do exame (i) dos fatos juridicamente relevantes de um caso, (ii) da questão ou das qu estões de direito que ele co loca e (iii) d e como ta is questões foram enfrentadas pelo colegiado. Corresponde, portanto, à regra de direito utilizada pelo tribunal como uma premissa nec essária à solução do caso, à luz das razões adota das pela maioria de seus membros. Do efeito vinculante: sua legitimação e aplicação. Do precedente judicial à súmula vinculante. A maior dificuldade na identificação da ratio decidendi está na determinação do nível de generalidade com que se formulará a regra de di reito. Um ex emplo auxilia a compreensão do ponto. O império do direito. Ar gumentação j urídica e teoria do direito. Quanto mais ampla for a definição d a ratio decidendi, meno r liberdade terão os juízes dos casos subsequentes para de cidir. O nível de generalidade da decisão deve ser dis cutido à luz da fundamentação, dos fatos que ela valorizou, dos princípios que ela invocou. A jurisprudência do STF, em sede de controle co ncentrado, rejeita a ideia de que “os motivos determinantes” da decisão também produzem efeitos normativos. Recusa-se, portanto, a atribuir efeitos normativ os à própria ratio decidendi dos julgados proferidos em ação direta. Na visão da Corte, seri a inviável conferir tal alcance aos jul gados proferidos em controle concentrado ou à reclamação. Como se nota, há, na operação dos precedentes normativos pelo STF, certa confusão e certa hesitação que são produto da inexist ência de uma cultura de pr ecedentes com efeitos normativos e da pouca familiaridade com o instrumental adequado para lidar com tais precedentes. Do precedente judicial à súmula vinculante, a Corte entendeu pela constitucionalidade em tese da norma. No mérito, havia jurisprudên cia do STF no sentido de que a supressão do pagamento era il egítima. P rimeiramente, o pleito de restabelecimento do pagamento da verba estava alinhado com a jurisprudência do Supremo. Por iss o e ao contrário d o que se poderia ima ginar, um siste ma de p recedentes com eficácia normativa não necessariamente implica redução d o poder dos juízos vinculados. Sobretudo na hipótese dos precedentes normativos, essa massa de casos ensejará a propositura de reclamações junto ao tribunal vinculante, para que este imponha a eficácia do seu entendimento. Nota-se, portanto, que a adoção de precedentes normativos não necessariamente reduzirá a relevância dos argumentos e do poder de convencimento dos magistrados que compõem as instâncias inferiores. Em síntese, é preciso que o STF compr eenda que o respeito às suas decisões pelas instâncias vinculadas depende da qualidade e do respeito que o próprio Tribunal que reconhecerá às suas decisões. O diploma amplia, porta nto, os casos de precedentes vinculantes e, mesm o na s sit uações em que não cabe reclamação, determinam a observância das súmulas sim ples do STF, do S TJ e dos entendimentos do pleno dos tribunais, argumentação jurídica e teori a do direito, eficácia das decisões do Supremo Tribunal Federal. O papel do Senado Federal no controle d e constitucionalidade: é um caso cl ássico de mutação constitucional, ou seja, é a forma pela qual o poder constituinte difuso se manifesta.