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Naiara Poliseli

ADVOCACIA

Ao Meritíssimo Juízo de Direito do ____º Juizado Espe-


cial Cível de Londrina – PR.
Competente por distribuição

NAIARA POLISELI RAMOS, brasileira, divorciada, advogada, inscrita


na OAB/PR nº 48.398, com endereço eletrônico naiarapoliseli@hotmail.com,
portadora da Cédula de Identidade RG nº 6868235-5 SESP/PR, inscrita no
CPF sob n º 039.682.069-75, residente e domiciliada à Rua Rev. João Batista
Ribeiro Neto, nº 100, bloco 05, apto 606, na cidade de Londrina/PR, CEP
86.055-645, ambos em causa própria, vem respeitosamente perante vossa
Excelência, propor a presente

AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C PEDIDO DE INDENIZAÇÃO


POR DANOS MORAIS COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

Contra HURB TECHNOLOGIES S.A., sociedade anônima com sede na


Av. João Cabral de Mello Neto, nº 400, 7º andar, CEP: 22.775-057, Rio de
Janeiro/RJ, CNPJ/MF 12.954.744/0001-24, e-mails: juridico@hurb.com e con-
tenciosomassa@hurb.com, tendo em vista os motivos fáticos e jurídicos que
passa a expor:

1
Av. Rio de Janeiro, nº 1500 – 4ª andar – sala 402 – Centro – Londrina/PR – CEP: 86.010-150
Fone/whatsapp: (43) 3337-0053 – naiara@poliseliramos.adv.br
DOS FATOS
Em 27/06/2021, a Autora adquiriu um pacote de viagem intitulado “Pa-
cote de Recife + Maceió + Aracaju - 09 diárias em quarto duplo ou triplo”,
número do pedido 7483495, por R$498,40.
A expectativa foi criada, pois fariam a tão sonhada viagem para conhecer
o Nordeste justamente no ano que celebraria 40 anos de idade.

A descrição do pacote podemos ver no documento enviado no e-mail na


data da compra que contém a identificação do mesmo e o período de utiliza-
ção:

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A data da compra foi 27/06/2021, e o formulário para preenchimento
das datas foi feito em 21/09/2021.
Na aquisição a Ré pede que sejam sugeridas 3 datas, sendo que ela
informa em todos os momentos que seria realizado contato com “até 45 dias
antes da primeira data escolhida. ”
A Autora então, escolheu as datas para utilização em Setembro de 2022,
dentro da validade do pacote contratado, pois é o mês de aniversário da Au-
tora Naiara (19/09):

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Em Julho/2022 a Autora recebeu um e-mail informando que deveria re-
alizar um pagamento de uma TAXA EXTRA em razão de estar viajando sozi-
nha, conforme informado no pacote promocional, sendo assim, a Autora rea-
lizou o pagamento do valor de R$200,00.

Qual não foi a surpresa da Autora ao acessar o aplicativo na tão espe-


rada data, a autora começou a enviar mensagens através do chat questio-
nando o não enviou da sugestão de voos, foi quando apenas em Nov/22 foi
enviado uma sugestão de voo totalmente inviável para a Autora por conta de
compromissos profissionais.
A negativa estava prevista em contrato, então a Ré solicitou novas su-
gestões de data, sendo elas escolhidas para Junho/2023.

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No entanto a Ré decidiu por não cumprir o contratado e ainda, postergou
para mais um ano o pacote turístico, não cumprindo com o prometido.
Foi informado pelo HURB de que a viagem não ocorreria por causa da
demanda e a dificuldade em encontrar voos, e seria necessário reagendar
PARA O PRÓXIMO ANO, 2024 vejamos:

Data vênia, o modelo de datas praticado pelo HURB não dá direito


à Ré de adiar indefinidamente a entrega do serviço oferecido, que deve
ser dentro dos parâmetros contratualmente estabelecidos para a venda.

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O aumento do valor da passagem é um dos riscos inerentes ao ne-
gócio e o consumidor não pode ser penalizado por conta disso.
Diante disso, não há mais como aguardar solução administrativa de
quem não quer ser proativo, requerendo, portanto, a rescisão contratual e a
devolução dos valores pagos com juros e correção monetária pelo INPC, bem
como a multa contratual que a Autora estaria submetida caso desse causa a
rescisão contratual:

Descritivo Data Valor Correção Juros Total


Monetária

Pacote 27/06/2021 R$498,40 R$577,98 R$144,50 R$722,48

Taxa Extra 19/07/2022 R$200,00 R$206,00 R$24,72 R$230,72


Multa contra- R$953,20
tual (100%)

TOTAL R$1.906,40

Sendo assim, serve a presente para requerer a rescisão contratual por


culpa exclusiva da Ré por inadimplemento, com a condenação da mesma na
devolução dos valores pagos com juros, correção monetária e multa contra-
tual atualmente no valor de R$1.906,40 (um mil, novecentos e seis reais e
quarenta centavos).

TUTELA DE URGÊNCIA | ARRESTO

O HURB teve quase 02 anos para cumprir o pactuado, verificar as me-


lhores tarifas de voo, de hotel etc., mas não o fez. No dia de enviar as infor-
mações ao Autor simplesmente não enviaram e, de forma unilateral, falam
que não cumprirão no presente ano, “empurrando” a viagem para 2024. Uma
verdadeira afronta!
A mencionada falha na prestação de serviços é de fácil constatação no
caso concreto:
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O Requerente contrata os serviços (pacote de viagem), com antecedên-
cia de mais de dois anos;

A Requerida, por sua vez, compromete-se a informar, em até 45 dias à


primeira data indicada, as passagens aéreas e hospedagens;

Na data indicada, a Requerida presta informações e não envia os voos


e hospedagens.

Após inúmeras tentativas de SOLUÇÃO, a Requerida informa a impos-


sibilidade de adimplemento e solicita que a data seja alterada para
2023, sem sequer TENTAR solucionar o problema.

É sabido que o Réu vem rotineiramente descumprindo contratos por todo


Brasil, inclusive, com o CEO do Hurb deixar o cargo após pouco mais de um
mês em meio a crise:

Segue link com reportagem anexo aos autos:

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https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/06/03/hurb-faz-novos-can-
celamentos-de-viagens-e-pede-isencao-de-multas-a-pousadas-e-ho-
teis.ghtml
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2023/06/05/ceo-deixa-
hurb-crise-clientes-demissoes.htm

Conforme dispõe o artigo 300 do Código de Processo Civil, conceder-


se-á tutela de urgência quando houver elementos que evidenciem a probabi-
lidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Ademais, acerca da concessão de tutela antecipada para cumprimento
de obrigação de fazer, assim dispõe o Código de Defesa do Consumidor:
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou
não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará provi-
dências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível
se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do
resultado prático correspondente.
§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art.
287, do Código de Processo Civil).
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio
de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
após justificação prévia, citado o réu.
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária
ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível
com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático
equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como
busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra,
impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.

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Conforme exposto nas páginas anteriores, os Autores possuem justa ex-
pectativa de viajar para o Nordeste no ano vigente que seria em Setem-
bro/22, o que não foi cumprido até agora, tendo confiado na ré para a contra-
tação do pacote e adimplido a integralidade do preço por ela cobrado.
Nessa altura, pede-se vênia para solicitar-se a realização de um breve
exercício de empatia por Vossa Excelência: imagine-se planejando uma via-
gem importante há mais de dois anos, tendo confiado na ré para tanto, que
transmite em suas redes sociais suposta credibilidade, por um valor que não
é abaixo daquele praticado pelos seus concorrentes (como Trivago, Booking,
Decolar.com, etc.) e, pouquíssimos dias antes da data selecionada, não rece-
ber nenhuma confirmação, e ainda ser informado que “não estamos encon-
trando disponibilidade dentro do tarifário promocional para os próximos me-
ses.”
É mais do que justo o receio dos autores, diante da vasta procura pelo
destino selecionado e das ocorrências judicias em face da HURB, de não con-
seguir ir viajar no ano vigente, o que faria ir por água abaixo todo o planeja-
mento.
Logo, tem-se que a antecipação da tutela, no caso em mãos, faz-se es-
tritamente necessária, estando presentes, no caso em tela:
I. a probabilidade do direito, marcada pela contratação há mais de quase
dois anos e pagamento integral do pacote de viagem, aliada à ausência de
confirmação pela ré no prazo estipulado e à resposta desanimadora recebida;

II. o perigo da demora, evidenciado pelo atraso das datas indicadas, ali-
ada à completa inércia da ré na busca de qualquer solução, mesmo diante da

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quitação integral do preço cobrado, podendo ocasionar inclusive, o prolonga-
mento sem fim dos adiamentos sob qualquer argumento da Ré, INDEFINIDA-
MENTE.

É plenamente possível o ARRESTO de bens na fase de conhecimento


para garantia do cumprimento da obrigação, em situações excepcionais, nas
quais existe prova inequívoca do ato ilícito – não fornecimento das passagens
aéreas e hospedagens – e a possibilidade de frustração dos meios executó-
rios – é público e notório nacionalmente o descumprimento dos pacotes de
viagem pela Ré – como no caso dos autos.

Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bas-
tem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das cus-
tas e dos honorários advocatícios.

Assim, tendo em vista que a Ré vem descumprindo reiteradamente a


obrigação e lesando os autores e terceiros, sem disponibilizar as viagens pro-
gramadas, e considerando que a data indicada pelos Autores para a viagem
está atrasada, sem que tenha havido o contato prévio prometido pela Ré de
45 dias antes da primeira data, requer-se, com fundamento nos artigos 300
do CPC e 84, §3º, do CDC c/c art. 830 e 831 do CPC, que seja concedida
TUTELA DE URGÊNCIA, determinando o Arresto do valor da dado à
causa pelo sistema BACENJUD, para garantir eventual execução, a con-
cessão da medida não irá trazer nenhum prejuízo a Ré, já que os valores
ficarão à disposição da Justiça.

DA APLICABILIDADE DO CDC NO CASO VERTENTE.


A relação jurídica formada entre as partes é de consumo, sendo aplicá-
vel a esta demanda, para todos os efeitos, o Código de Defesa do Consumi-
dor, por se tratar de norma especial, de ordem pública e interesse social, nos
termos dos artigos 5º, XXXII, e 170, V, da Constituição Federal.
É inegável também, que a relação entre o requerente e a empresa Tele-
fônica é relação consumerista, devendo tal caso ser observado sob a ótica do
Código de Defesa do Consumidor.
Segundo o Código de Defesa do Consumidor, Lei nº. 8.078/90, em seus
artigos 2º e 3º, respectivamente, estabelece:

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Art. 2º Consumidor é toda a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final.
...
Art. 3º Fornecedor é toda a pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional
ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem ativi-
dade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou serviços.
...
§2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitá-
ria, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”. (grifos nossos)

A empresa Ré oferece serviços a uma coletividade de pessoas e tem


como finalidade o comércio de dinheiro, mediante remuneração, não havendo
dificuldades em se visualizar a relação consumerista entre o requerente e a
empresa requerida, pois a população paga os encargos oriundos dessa pres-
tação de serviço.
Desta forma, torna-se INEQUÍVOCA a relação de consumo entre o Re-
querente e Requerido, fazendo-se necessária, a ampla aplicabilidade da Lei
8.078/90 no caso em tela.
De se notar que a responsabilização do requerido independe da de-
monstração de culpa, conforme está expresso no caput do art. 14 do CDC,
devendo traduzir-se na reparação pelos danos materiais e morais causados
ao consumidor, como bem esclarece Silvio de Salvo Venosa:
"Os danos projetados nos consumidores, decorrentes da atividade do fornece-
dor de produtos ou serviços devem ser cabalmente indenizados. No nosso sis-
tema foi adotada a responsabilidade objetiva no campo do consumidor, sem que
haja limites para a indenização. Ao contrário do que ocorre em outros setores,
no campo da indenização aos consumidores não existe limitação tarifada. Desse
modo, por exemplo, medicamento que ocasiona prejuízo à saúde consumidor
ou grupo de consumidores deve ser cabalmente indenizado, no âmbito da res-
ponsabilidade objetiva, abrangendo tanto os danos morais como os danos ma-
teriais. “

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Todas as vítimas do presente evento danoso equiparam-se a consumi-
dores. Vejamos os artigos 17 e 29 do C.D.C., que assim estabelece:
ART. 17 ‘’Para os efeitos desta Seção, que cuida da responsabilidade dos forne-
cedores pelo fato do produto e do serviço, equiparam-se aos consumidores todas
as vítimas do evento"
ART. 29 "Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumi-
dores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previs-
tas"

Ainda, caso o produto comprado não seja entregue no prazo, como


aconteceu, o artigo 35 do Código de Defesa do Consumidor determina que o
cliente possa escolher as seguintes opções:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta,
apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia even-
tualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
Assim, diante da posição de vulnerabilidade dos autores, levando-se em
consideração, principalmente, o maior poder econômico da ré, e como garan-
tia da defesa dos direitos do consumidor às práticas abusivas, requer-se
desde já, seja reconhecido que as normas legais que amparam a presente,
são aquelas previstas no CDC (lei nº. 8.078/90), especialmente o reconhe-
cimento da vulnerabilidade do consumidor (art. 4º, I, II, letra “b”), inversão
do ônus da prova (art. 6º, VIII), dentre outros princípios protetivos.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.

A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, a favor do requerente, faz-se ne-


cessário, haja vista tratar-se de inequívoca relação de consumo e, portanto,
ser o consumidor a parte vulnerável e hipossuficiente.
Portanto o diploma consumerista prescreve o seguinte:

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Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de ex-
periências;

DO DANO MORAL

Conforme demonstrado pelos fatos narrados, o dano moral fica perfeita-


mente caracterizado por todo estresse e preocupação que a Autora sofreu.
A viagem comprada em 2021, que ocorreria em 2022, foi alterada para
2024, perpetuando-se o cumprimento com tempo. Não importa o direito; a re-
lação consumerista, o contrato entra as partes. O Réu descumpre e pronto. A
decisão é unicamente dele.
A viagem era para celebrar o aniversário de 40 anos da Requerente que
não conhece o Nordeste, oportunidade essa única na vida.
E, infelizmente, a situação dos Requerentes, tratados com total descaso
e com silêncio pela Requerida, não se trata de uma situação isolada e excep-
cional, tendo em vista a grande quantidade de reclamações análogas publica-
das na mesma plataforma1, o que escancara o comportamento malicioso e a
desídia da Requerida em cumprir com os prazos por ela mesmo estipulados,
levando a crer em eventual conduta permeada de má-fé.
A fim de se comprovar este fato, por uma busca superficial na internet,
denota-se que são inúmeros os casos de não cumprir o contratado, como o
que aconteceu com a parte Autora, de onde se constata que A RÉ É REINCI-
DENTE NESTE TIPO DE EPISÓDIO:

1
Disponível em https://www.reclameaqui.com.br/empresa/hotel-urbano/lista-reclamacoes/. Acessado
em01.08.2022
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A garantia da reparabilidade do dano moral é absolutamente pacífica
tanto na doutrina quanto na jurisprudência. Tamanha é sua importância, que
ganhou texto na Carta Magna, no rol do artigo 5o, incisos V e X, dos direito e
garantias fundamentais. Faz-se oportuna transcrição:
Inciso V: é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;
Inciso X: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decor-
rente de sua violação;

Faça-se constar o art. 927, caput:


"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repara-lo."
O ato ilícito é aquele praticado em
desacordo com a norma jurídica destinada a proteger interesses alheios, vio-
lando direito subjetivo individual, causando prejuízo a outrem e criando o de-
ver de reparar tal lesão. Sendo assim, o Código Civil define o ato ilícito em
seu art. 186:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
ato ilícito.

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Dessa forma, é previsto como ato ilícito aquele que cause dano, ainda
que exclusivamente moral.
Ressalta-se ainda que como o dano moral hoje está elevado à categoria
de direito fundamental no artigo 5º, incisos V e X, da Constituição Federal, é
buscado pelos Autores, em razão do descumprimento contratual, DESCASO
DA RÉ PARA COM ELES, além da frustração de expectativa pela conduta
praticada pelo Réu.
Assim, requer seja o Réu condenado ao pagamento de R$10.000,00
(dez mil reais), a título de danos morais para a Autora, em razão do exposto

DA JURISPRUDÊNCIA
A conduta da ré é fato reprovável e demonstra o menosprezo e descon-
sideração por aqueles que, efetivamente, lhes garante o emprego e o sus-
tento. Restou assim ampla e cabalmente comprovada a sucessão de lamen-
táveis episódios desagradáveis que poderiam e deveriam ter sido evitados.
Conforme se pode facilmente verificar, a concessão do pedido da parte
REQUERENTE encontra-se amparado pelo entendimento de nossos Tribu-
nais, como bem demonstra o exemplo abaixo:

CONSUMIDOR. Ré que comercializou pacote de viagens, mas não


enviou os vouchers necessários à concretização do serviço. Prova dos
autos que não indica tenham sido encaminhados e-mails ao polo ativo com os
referidos documentos. Ônus da prova. Diversas cobranças realizadas pelos
consumidores. Reembolso integral devido. Correção monetária, a representar
mera recomposição do valor da moeda, que incide do desembolso. Dano mo-
ral in re ipsa caracterizado. Teoria do desvio produtivo. Desnecessidade de
prova. Prevalência do risco proveito. Reparação moral elevada para R$
10.000,00 para cada autor. Montante razoável e proporcional. Hipótese de
responsabilidade contratual. Correção monetária x juros de mora. Termo ini-
cial. Matéria de ordem pública. Acertamento. Diretriz do STJ. Recurso dos
autores provido em parte, desprovido o da ré. (TJSP; Apelação Cível
1010945-29.2021.8.26.0152; Relator (a): Ferreira da Cruz; Órgão Julgador:
28ª Câmara de Direito Privado; Foro de Cotia - 3ª Vara Civel; Data do Julga-
mento: 07/09/2022; Data de Registro: 07/09/2022)

E assim já decidiu inteligentissimamente este Juízo nos autos 1003704-


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16.2022.8.26.0363:

Os documentos de fls. 19/36 e 52/75 comprovam a efetiva contratação


dos pacotes de viagem pelos autores, viagem a ser realizada no mês de ou-
tubro/2022. Ainda, os documentos de fls. 37/39,41/43 e 80/86 demonstram
que os autores tentaram solucionar a questão com a ré, sem êxito. Assim,
tenho por presentes os requisitos que dão ensejo à concessão da medida,
razão pela qual defiro a tutela de urgência, para determinar à ré que emita
bilhetes de passagens aéreas para Orlando/USA, bem como os vouchers de
hospedagem, para uma das datas sugeridas pelos autores (03/10/2022,
15/10/2022 e 22/10/2022), no prazo de05 (cinco) dias, sob pena de multa di-
ária de R$ 1.000,00, limitada a R$ 40.000,00. Valerá a presente decisão, por
cópia assinada digitalmente, como OFÍCIO, o qual deverá ser encaminhado à
ré, pelos autores, que deverão comprovar tal medida nos autos

DOS PEDIDOS

Ante ao exposto, é a presente para requer:


a) Seja concedida TUTELA DE URGÊNCIA, determinando o Ar-
resto do valor dado à causa de R$ 11.906,40 (onze mil, novecentos e seis
reais e quarenta centavos), pelo sistema BACENJUD, para garantir even-
tual execução, a concessão da medida não irá trazer nenhum prejuízo a
Ré, já que os valores ficarão à disposição da Justiça.

b) Seja intimado o Réu por carta e também no e-mail juri-


dico@hurb.com e contenciosomassa@hurb.com a apresentar defesa no
prazo legal, caso queira, e para que junte no prazo da contestação, as comu-
nicações administrativas que provam ainda mais o dano

c) Declarar a aplicação do Código de Defesa do Consumidor e or-


denar, com base no artigo 6º, VIII do CDC, a inversão do ônus da prova sobre
quaisquer provas a serem produzidas;

d) Seja julgada procedente a ação em todos os seus termos, para


declarar a rescisão contratual por culpa exclusiva da Ré por inadimplemento,
com a condenação da mesma na devolução dos valores pagos com juros,

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correção monetária e multa contratual atualmente no valor de R$1.906,40;

e) Seja o demandado condenado em danos morais, tendo em vista


o atraso na disponibilização da viagem e claro descumprimento contratual,
frustrando planos, no valor de R$10.000,00;

f) Seja o Réu condenado custa e honorários de 20%, quando ca-


bíveis;

g) Requer a produção de todos os meios de prova em direito admi-


tidas, em especial depoimento pessoal das partes, prova documental e de-
mais provas que se fizerem necessárias ante o contraditório;

Dá-se valor à causa de R$ 11.906,40 (onze mil, novecentos e seis re-


ais e quarenta centavos), representando o valor do contrato e o pedido em
danos morais.
Termos em que,

Pede Deferimento.

Londrina, 24 de agosto de 2023.

Naiara Poliseli Ramos


OAB/PR 48.398

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