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prático DE
MANUAL
DIREITO DO
CONSUMIDOR
3ª
edição
revista
atualizada
ampliada
2023
termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e
art. 48 de suas Disposições Transitórias” (grifos nossos).
O que é uma norma de ordem pública? Consiste em uma norma co-
gente, de observância obrigatória. O CDC é uma norma de ordem públi-
ca! Veja decisão:
Recurso especial (art. 105, III, “a”, da CRFB). Demanda ressarcitória de se-
guro. Segurado vítima de crime de extorsão (CP, art. 158). Aresto estadual
reconhecendo a cobertura securitária. Irresignação da seguradora. 1. Viola-
ção do art. 535 do CPC1 inocorrente. Acórdão local devidamente funda-
mentado, tendo enfrentado todos os aspectos fático-jurídicos essenciais
à resolução da controvérsia. Desnecessidade de a autoridade judiciária
enfrentar todas as alegações veiculadas pelas partes, quando invocada
motivação suficiente ao bom desate da lide. Não há vício que possa nuli-
ficar o acórdão recorrido ou ensejar negativa de prestação jurisdicional,
mormente na espécie em que a recorrente sequer especificou quais te-
mas deixaram de ser apreciados pela Corte de origem. 2. A redefinição
do enquadramento jurídico dos fatos expressamente mencionados no
acórdão hostilizado constitui mera revaloração da prova. A excepcional
superação das Súmulas 5 e 7 desta Corte justifica-se em casos particula-
res, sobretudo quando, num juízo sumário, for possível vislumbrar primo
icto oculi que a tese articulada no apelo nobre não retrata rediscussão
de fato e nem interpretação de cláusulas contratuais, senão somente da
qualificação jurídica dos fatos já apurados e dos efeitos decorrentes de
avença securitária, à luz de institutos jurídicos próprios a que se reportou
a cláusula que regula os riscos acobertados pela avença. 3. Mérito. Viola-
ção ao art. 757 do CC. Cobertura securitária. Predeterminação de riscos.
Cláusula contratual remissiva a conceitos de direito penal (furto e roubo).
Segurado vítima de extorsão. Tênue distinção entre o delito do art. 157
do CP e o tipo do art. 158 do mesmo Codex. Critério do entendimento
do homem médio. Relação contratual submetida às normas do Código
de Defesa do Consumidor. Dever de cobertura caracterizado. 4. Firmada
pela Corte a quo a natureza consumerista da relação jurídica estabelecida
entre as partes, forçosa sua submissão aos preceitos de ordem pública da
Lei n. 8.078/90, a qual elegeu como premissas hermenêuticas a interpre-
tação mais favorável ao consumidor (art. 47), a nulidade de cláusulas que
atenuem a responsabilidade do fornecedor, ou redundem em renúncia ou
disposição de direitos pelo consumidor (art. 51, I), ou desvirtuem direitos
fundamentais inerentes à natureza do contrato (art. 51, § 1º, II). 5. Embora
a aleatoriedade constitua característica elementar do contrato de seguro,
Por ser uma norma de ordem pública, o magistrado deveria ter o po-
der de apreciar qualquer cláusula abusiva em um contrato de consumo de
ofício, mas não é esse o posicionamento do STJ. Examine:
Agravo regimental no Recurso Especial. Afastamento de ofício de cláusulas
abusivas. Impossibilidade. Cobrança do coeficiente de equiparação salarial.
Possibilidade desde que pactuado. Agravo regimental a que se nega pro-
vimento. 1. Encontra-se consolidado no Superior Tribunal de Justiça o
entendimento acerca da impossibilidade de revisão de ofício de cláusulas
consideradas abusivas em contratos que regulem relação de consumo. 2.
Nos termos da jurisprudência pacífica desta Corte, a cobrança do Coefi-
ciente de Equiparação Salarial – CES é legal, mesmo antes do advento da
Lei n. 8.692/93, desde que previsto contratualmente. 3. Agravo regimen-
tal a que se nega provimento (AgRg no AgRg nos EDcl no REsp 957.158/
RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 21-8-2012,
DJe de 29-8-2012).
Dica!
Diante do exposto, fica clara a relação entre a Constituição Federal e o Código de Defesa
do Consumidor. Por ter sido incluída a defesa do consumidor no art. 5º, XXXII, no rol dos
direitos fundamentais, pode ser sustentado o chamado fenômeno da constitucionalização
do direito privado. Dessa maneira, é possível aplicar os preceitos constitucionais nas rela-
ções privadas, a chamada eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Um dos maiores
exemplos é a aplicação do princípio da dignidade da pessoa humana nas relações de con-
sumo. Também merece destaque o texto da Súmula Vinculante 25: “É ilícita a prisão civil de
depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”.
Dica!
Em certos casos, o STJ busca abrandar o critério subjetivo aplicado pela lei desde que
presente a vulnerabilidade, que é a principal característica do consumidor. Ocorre desse
modo a denominada Teoria Finalista Aprofundada. Confira o teor do julgado:
Direito do consumidor. Consumo intermediário. Vulnerabilidade. Finalismo aprofundado. Não
ostenta a qualidade de consumidor a pessoa física ou jurídica que não é destinatária fática
ou econômica do bem ou serviço, salvo se caracterizada a sua vulnerabilidade frente ao for-
necedor. A determinação da qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita mediante
aplicação da teoria finalista, que, numa exegese restritiva do art. 2º do CDC, considera des-
tinatário final tão somente o destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele
pessoa física ou jurídica. Dessa forma, fica excluído da proteção do CDC o consumo inter-
mediário, assim entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção
e distribuição, compondo o custo (e, portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço.
Vale dizer, só pode ser considerado consumidor, para fins de tutela pelo CDC, aquele que
exaure a função econômica do bem ou serviço, excluindo-o de forma definitiva do mer-
cado de consumo. Todavia, a jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de con-
sumidor por equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação
temperada da teoria finalista frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem
denominando “finalismo aprofundado”. Assim, tem se admitido que, em determinadas hi-
póteses, a pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço possa ser equiparada à
condição de consumidora, por apresentar frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade,
que constitui o princípio-motor da política nacional das relações de consumo, premissa
expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, que legitima toda a proteção conferida ao con-
sumidor. A doutrina tradicionalmente aponta a existência de três modalidades de vulne-
rabilidade: técnica (ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço
objeto de consumo), jurídica (falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de
seus reflexos na relação de consumo) e fática (situações em que a insuficiência econômica,
física ou até mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de desigualdade frente ao
fornecedor). Mais recentemente, tem se incluído também a vulnerabilidade informacional
(dados insuficientes sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisó-
rio de compra). Além disso, a casuística poderá apresentar novas formas de vulnerabilidade
Veja os acórdãos:
Processual civil. Agravo regimental no agravo em recurso especial. Relação
de consumo. Existência. Aplicabilidade do CDC. Teoria finalista. Mitiga-
ção. Possibilidade. Vulnerabilidade verificada. Revisão. Análise do conjunto
fático-probatório dos autos. Óbice da Súmula 7/STJ. Decisão mantida. 1. A
Segunda Seção desta Corte consolidou a aplicação da teoria subjetiva (ou
finalista) para a interpretação do conceito de consumidor. No entanto,
em situações excepcionais, esta Corte tem mitigado os rigores da teoria
finalista para autorizar a incidência do CDC nas hipóteses em que a parte
(pessoa física ou jurídica), embora não seja propriamente a destinatária
final do produto ou do serviço, apresenta-se em situação de vulnerabili-
dade ou submetida a prática abusiva. 2. No caso concreto, o Tribunal de
origem, com base nos elementos de prova, concluiu pela vulnerabilidade
do agravado em relação à agravante. Alterar esse entendimento é inviá-
vel em recurso especial a teor do que dispõe a Súmula 7/STJ. 3. Agravo
regimental a que se nega provimento (AgRg no AREsp 415.244/SC, Rel.
Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, julgado em 7-5-2015, DJe
19-5-2015).
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Petição inicial75
Determinação de emenda da petição inicial76, indeferimento77, julgamento
liminar do pedido78 ou designação da audiência de conciliação ou da sessão
de mediação79
Emenda da petição inicial , interposição do recurso de apelação81 ou
80
Apresentação da defesa82
75. Que deve preencher os requisitos relacionados no art. 319 do CPC, além de requisitos espe-
cíficos, como o dano, o ato do agente e o nexo de causalidade, nas ações de indenização por
perdas e danos.
76. Quando o magistrado constatar a existência de vício sanável, e que, por isso, pode ser eli-
minado. O pronunciamento em que o magistrado determina que o autor emende a petição
inicial não está inserido na relação constante do art. 1.015 da lei processual, e por isso, não
pode ser atacado pelo recurso de agravo de instrumento. A emenda da petição inicial deve
ser providenciada pelo autor no prazo de 15 (quinze) dias úteis.
77. Com fundamento no art. 330 do CPC, quando o magistrado constatar a existência de vício
insanável, como a ilegitimidade da parte, a ausência do interesse de agir, ou quando verificar
que o autor formulou pedido indeterminado, o que é vedado pelo inciso II do § 1º do mesmo
dispositivo, ressalvadas as hipóteses em que é permitida a formulação de pedido genérico.
78. Com fundamento no art. 332 do CPC, o que não é frequente nas ações fundadas nas relações
de consumo.
79. Se o autor manifestar interesse pela autocomposição, na petição inicial (inciso VII do art. 319
do CPC).
80. No prazo legal de 15 (quinze) dias úteis.
81. No prazo legal de 15 (quinze) dias úteis.
82. Sob a forma da contestação, no prazo legal de 15 (quinze) dias úteis, contado em dobro, se a
ação for proposta contra pessoa jurídica de direito público (art. 183/CPC), contra réu represen-
tado pela defensoria pública (art. 186/CPC) ou contra réus (litisconsórcio passivo) representa-
dos por diferentes procuradores, que integrem escritórios de advocacia igualmente distintos, e
desde que o processo tenha curso em autos físicos, o que não é a regra (art. 229/CPC). Além de
contestar, o réu pode opor reconvenção, na própria contestação (art. 343/CPC), contra o autor
e contra terceiro (§ 3º do mesmo dispositivo), como na situação em que, mesmo sendo culpado
por acidente de trânsito, o autor propõe ação contra o proprietário do outro veículo envolvido
na colisão, que contesta a demanda e opõe reconvenção contra o autor e a seguradora.
Réplica83
Saneamento do processo84
Julgamento antecipado do mérito ou do pedido (expressões sinônimas, do
ponto de vista processual)85 ou designação de dia e hora para a realização da
audiência de instrução e julgamento
Produção de provas
Razões finais86
Sentença
Embargos de declaração87
Julgamento dos embargos de declaração88
83. No prazo legal de 15 (quinze) dias úteis (art. 351/CPC), em cuja petição o autor se manifesta
sobre preliminares arguidas pelo réu e/ou sobre documentos que instruíram a contestação.
84. Com fundamento no art. 357 do CPC.
85. Com fundamento no art. 355 do CPC, quando o réu for revel ou quando o magistrado enten-
der que as provas constantes dos autos são suficientes para a formação do seu convencimento,
não havendo necessidade da produção de outras provas.
86. Que devem ser apresentadas por escrito ou oralmente, a depender da complexidade da causa.
87. Com fundamento no art. 1.022 do CPC, quando a parte entender que o pronunciamento é
omisso, obscuro e/ou contraditório, ou que apresenta erro material. O recurso de embargos
de declaração deve ser apresentado no prazo de 5 (cinco) dias úteis, e interrompe o prazo
para a interposição da apelação, em favor de ambas as partes.
88. Independentemente da intimação da outra parte para impugnar o recurso, exceto quando for
interposto com pretensão modificativa ou infringente.
Interposição da apelação89
Apresentação das contrarrazões90
Encaminhamento dos autos ao Tribunal91
Negativa de seguimento da apelação92, julgamento monocrático93 ou
designação de dia e hora para a realização da sessão de julgamento94
Interposição do recurso de agravo interno ou sessão de julgamento
Interposição do recurso de embargos de declaração95
Julgamento do recurso de embargos de declaração
Interposição do recurso extraordinário e/ou do recurso especial96
89. No prazo legal de 15 (quinze) dias úteis, exceto quando o apelante for beneficiado pela regra
da contagem dos prazos em dobro.
90. No prazo legal de 15 (quinze) dias úteis.
91. Independentemente da realização de juízo de admissibilidade pelo juiz (§ 3º do art. 1.010/CPC).
92. Por decisão monocrática do relator, com fundamento no inciso III do art. 932 do CPC, que
pode ser atacada pelo recurso de agravo interno, no prazo legal de 15 (quinze) dias úteis.
93. Pelo relator, com fundamento no inciso IV ou no inciso V do art. 932 do CPC, pronunciamento
que pode ser atacado pelo recurso de agravo interno, no prazo legal de 15 (quinze) dias úteis.
94. Que deve ser antecedida da publicação da pauta, no mínimo 5 (cinco) dias antes da sessão de
julgamento.
95. No prazo legal de 5 (cinco) dias úteis, sobretudo para prequestionar a matéria, preparando
a interposição do recurso especial e/ou do recurso extraordinário, evitando a aplicação da
Súmula 282 do STF.
96. No prazo geral de 15 (quinze) dias úteis, com fundamento no inciso III do art. 102 e/ou no
inciso III do art. 105 da CF. Como esses recursos não são dotados do efeito suspensivo, a
partir desse momento, o vencedor pode requerer a instauração da execução provisória, com
fundamento no art. 520 da lei processual.
Apresentação da queixa97
Designação de audiência una ou da audiência de tentativa de conciliação
Realização de acordo, apresentação da defesa98, manifestação do autor99,
produção de provas
Sentença
Interposição do recurso de embargos de declaração100
ou do recurso inominado101
Apresentação de impugnação ou de contrarrazões pelo vencedor
Encaminhamento dos autos ao Colégio Recursal
Julgamento do recurso inominado
97. Que, quando apresentada por escrito, não exige o preenchimento dos requisitos relacionados
no art. 319 do CPC, limitando-se a conter o nome, a qualificação e o endereço das partes, os
fatos e os fundamentos, de forma sucinta, e o objeto e seu valor (incisos I, II e III do § 1º do
art. 14 da Lei 9.099/95).
98. Que pode ser escrita ou oral.
99. Oralmente, na própria audiência.
100. No prazo de 5 (cinco) dias, quando a parte entender que o pronunciamento é omisso, obscu-
ro e/ou contraditório ou que apresenta erro material.
101. Que deve ser interposto no prazo de 10 (dez) dias, dispondo o recorrente do prazo de 48
(quarenta e oito) horas para realizar e comprovar o preparo.
102. No prazo de 15 (quinze) dias, com fundamento no inciso III do art. 105 da CF.
Entendemos que a petição inicial se constitui num dos atos mais im-
portantes do processo, por definir os chamados elementos da ação (par-
tes, causa de pedir e pedido), e por limitar a atuação do magistrado, em
respeito ao princípio da correlação, da adstrição ou da congruência (art.
141 do CPC103).
Por conta da aplicação desse princípio, se o autor ajuíza ação e requer
que o réu seja condenado ao pagamento de indenização por danos mo-
rais, em valor simbólico, o juiz não pode arbitrar indenização em mon-
tante superior ao postulado pelo demandante, mesmo que entenda que o
prejuízo é maior do que o que foi relatado na primeira peça.
Nas próximas seções, estudamos cada um dos requisitos considera-
dos como sendo essenciais, com base nas normas processuais, nas nor-
mas específicas que constam no CDC e na jurisprudência.
103. “Art. 140. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado co-
nhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige a iniciativa das partes”.
104. “Art. 1º - O Departamento dos Correios e Telégrafos (DCT) fica transformado em empresa
pública, vinculada ao Ministério das Comunicações, com a denominação de Empresa Bra-
sileira de Correios e Telégrafos (ECT; nos termos do artigo 5º, item II, do Decreto lei nº.200
(*), de 25 de fevereiro de 1967. Omissis”.
105. “EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS – ECT. EXTRAVIO DE EN-
COMENDA. RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO. DANOS MORAIS E
MATERIAIS CARACTERIZADOS. CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ART. 37, § 6º. CÓDIGO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR – ART. 14. SENTENÇA CONFIRMADA. Comprovado
nos autos o nexo de causalidade entre o evento danoso e a conduta da empesa pública, incide
na espécie a hipótese de responsabilidade objetiva da Administração, prevista no art. 37, § 6º,
da Constituição Federal e, na hipótese dos autos, combinada com o art. 14 da Lei 8.078/90.
In casu, o autor logrou trazer aos autos comprovação do prejuízo material por ele sofrido
em razão do extravio de sua encomenda. Na hipótese, na esteira da jurisprudência deste
Tribunal, estruturado o pedido de indenização por danos morais no simples extravio de cor-
respondência pela ECT, sem maiores desdobramentos, afigura-se adequada indenização no
valor de R$ 1.000,00 (mil reais). Apelação da ECT conhecida e não provida” (Apelação Cível
00103512920124013304, TRF da 1ª Região, publicado em 2.2.2018).
106. “Art. 64. Omissis. § 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau
de jurisdição e deve ser declarada de ofício. Omissis”.
107. Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação
da coisa. § 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o
litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de
terras e de nunciação de obra nova. § 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro
de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta”.
108. “Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será pro-
posta, em regra, no foro de domicílio do réu. § 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será
demandado no foro de qualquer deles. § 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do
réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor. § 3º
Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de
domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer
foro. § 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no
foro de qualquer deles, à escolha do autor. § 5º A execução fiscal será proposta no foro de
domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado”.
Julgamento da impugnação
Agravo de instrumento
Designação de dia e hora para a realização do leilão
Arrematação do bem
Pagamento ao credor
Extinção da execução
DOS FATOS
01. O autor é genitor da menor BEATRIZ DE DEUS, regularmente ma-
triculada na instituição demandada, sendo aluna do estabelecimento
desde o ano de 2018, encontrando-se, atualmente, com 4 (quatro) anos
de idade.
02. Acessando a plataforma wikipedia.org, obtemos a informação de que a
educação infantil consiste “na educação de crianças, com idades entre
0 e 5 anos (entre 0 e 6 anos de idade para nascidos no segundo semes-
tre). Neste tipo de educação, as crianças são estimuladas – através de
atividades lúdicas, brincadeiras e jogos – a exercitar as suas capacidades
e potencialidades emocionais, sociais, físicas, motoras, cognitivas e a
fazer exploração, experimentação e descobertas. A educação infantil é
ministrada em estabelecimentos educativos divididos nas modalidades
creches e pré-escolas”.
03. Como percebemos, a educação infantil é base para o aprendizado dos
alunos, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança
até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelec-
tuais e sociais, complementando a ação da família e da comunidade
(LDB, art. 29).
04. A importância da educação infantil é detalhada pelo MEC no por-
tal www.educacaointegral.mec.gov.br, do qual extraímos as seguintes
informações:
“Esse tratamento integral das várias dimensões do desenvolvimento infantil
exige a indissociabilidade do educar e do cuidar no atendimento às crianças.
A educação infantil, cuja matrícula na pré-escola é obrigatória para crianças
de quatro a cinco anos, deve ocorrer em espaços institucionais, coletivos, não
domésticos, públicos ou privados, caracterizados como estabelecimentos
educacionais e submetidos a múltiplos mecanismos de acompanhamento e
controle social”.
DO DIREITO
10. O art. 476 do CC apresenta a seguinte redação:
“Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum contratante, antes de cumprida a
sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro”.
12. No caso dos autos, não há dúvidas de que a adversa parte não vem adim-
plindo a principal obrigação que assumiu, como tal, a de prestar serviços
educacionais, o que já se estende por mais de 40 (quarenta) dias.
13. O peticionário não discute se esse descumprimento obrigacional é ou
não voluntário, tendo consciência de que a paralisação da atividade
educacional no Brasil (e em grande parte do mundo) decorre de deter-
minação do poder público.
14. Contudo, é evidente que, não prestado o serviço (que seria a prestação),
não há que se falar na exigência do pagamento das mensalidades esco-
lares (contraprestação), pelo menos não de forma integral.
15. O réu se propôs a ministrar aulas no sistema virtual, mas não vem se
desincumbindo a contento do encargo, disponibilizando aulas grava-
das com duração muito inferior à da carga horária exigida pelo MEC.
DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO
DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA
16. Como é do conhecimento desse douto Julgador, a concessão da tutela
provisória de urgência está condicionada à comprovação da coexistên-
cia da probabilidade do direito e do perigo de dano ou do risco ao re-
sultado útil do processo.
17. Quanto à probabilidade do direito, é inquestionável, já que a LBD não
permite que as escolas que se propõem a prestar serviços na educação
infantil ministrem aulas exclusivamente on-line, para esse público, nem
mesmo em momentos de pandemia.
18. Além disso, e mesmo que a lei permitisse a adoção dessa técnica, a ad-
versa parte não vem prestando serviço satisfatório, ministrando aulas
que preenchem apenas 30% (trinta por cento) da carga horária exigida
pelo MEC, o que, por si só, já poderia fundamentar o pedido de resci-
são do contrato de prestação de serviços celebrado entre as partes.
19. Contudo, a despeito de ter o direito de requerer a rescisão do contra-
to, de extrema boa-fé, o peticionário se limita a requerer a redução
das mensalidades escolares, na proporção do serviço que vem sendo
prestado.
20. No que toca ao perigo de dano, também é inquestionável, já que o pe-
ticionário sofreu severa redução da sua renda mensal, por ser advoga-
do, estando a justiça fechada desde o dia 20.3.2020, com a consequente
suspensão dos prazos dos processos físicos e eletrônicos, como dispõe
a Resolução 314 do STJ.
DOS PEDIDOS
21. Pelo exposto, demonstrado o interesse e a legitimidade do peticionário
em propor a ação sub examine, este requer se digne Vossa Excelência a:
(a) Conceder TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECI-
PADA, initio littis e inaudita altera parte, determinando que a ad-
versa parte reduza o valor das mensalidades escolares da filha do
demandante, em 70% (setenta por cento) do valor cobrado no mês
de março do ano em curso, emitindo boletos com os valores redu-
zidos, já em relação à mensalidade a se vencer no dia 10.5.2020, e
até a revogação do decreto que reconheceu o estado de calamida-
de pública no Brasil, sob pena do pagamento de multa diária, na
quantia de R$ 1.000,00 (mil reais).
(b) Designar dia e hora para a realização da audiência de tentativa de
conciliação (inciso VII do art. 334 do CPC), manifestando seu in-
teresse pela autocomposição.
(c) Determinar o aperfeiçoamento da citação do réu, para que con-
teste a ação no prazo legal (não havendo acordo na audiência de
tentativa de conciliação), sob pena de revelia.
(d) Ao final, JULGAR A AÇÃO PELA PROCEDÊNCIA DOS PEDI-
DOS, para modificar provisoriamente o contrato celebrado entre
as partes, reconhecendo o direito do autor de adimplir a princi-
pal obrigação assumida (pagamento das mensalidades escolares
de sua filha) com a redução de 70% (setenta por cento) do valor
previsto no contrato, durante o período de duração da pandemia
causada pelo coronavírus, com a consequente condenação do réu
ao pagamento das custas, das despesas processuais e dos honorá-
rios advocatícios, que devem ser fixados no percentual máximo.
22. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, tais como a juntada de novos documentos e a ouvida de
testemunhas.
23. Dá à causa a quantia de R$ 1.000,00 (mil reais), para efeitos meramente
fiscais.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local e data.
Nome do advogado
Número de inscrição na OAB
DOS FATOS
01. Os autores, juntamente com os seus filhos CAIO DE DEUS e CAMI-
LA DE DEUS viajaram para os EUA no dia 23.10.2020, partindo da
cidade do Recife, fazendo conexão em São Paulo, onde embarcaram
no voo TAM 8090, que chegou em Miami no início da manhã do dia
24.10.2020.
02. Ao desembarcar na cidade americana referida em linhas anteriores, os
autores constataram a ausência de uma das malas embarcadas ainda
em Recife, identificada com a etiqueta JJ 267275, o que os fez procu-
rar por funcionário da LINHAS AÉREAS ABC, providência seguida
do preenchimento de formulário, intitulado RIB, documento que segue
em anexo.