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[Aula 01 – 17.08.2023]
O que é um contrato? -> ao menos 3 signi icados diferentes; (i) instrumento fı́sico da relaçã o
(documento feito para servir de prova); (ii) obrigaçã o/efeitos do contrato; (iii) negó cio
jurı́dico.
O contrato é um fato jurı́dico (cria, extingue ou modi ica relaçõ es), formado pelo encontro de
duas ou mais vontades (doutrina clá ssica) ou pela con iança gerada na parte pelo
comportamento da pessoa. Assim, ele é um negó cio jurı́dico bilateral patrimonial (?).
[Aula 02 – 22.08.2023]
[...]
[Aula 03 – 24.08.2023]
[...]
[Aula 04 – 29.08.2023]
Boa-fé
- Trı́plice funçã o: (i) Interpretativa (art. 113); (ii) Limitadora de abusos (art. 187); e (iii)
Normativa (art. 422 – deveres anexos/laterais/instrumentais).
- Na função normativa, os deveres anexos impostos pela boa-fé nã o sã o acessó rios à
obrigaçã o principal. Dessa forma, impõ em-se os deveres de proteçã o, informaçã o e
colaboraçã o à s partes (rol exempli icativo).
***
Enunciado n° 26: A clá usula geral contida no art. 422 do novo Có digo Civil impõ e ao
juiz interpretar e, quando necessá rio, suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé
objetiva, entendida como a exigê ncia de comportamento leal dos contratantes.
Enunciado n° 27: Na interpretaçã o da clá usula geral da boa-fé , deve-se levar em conta
o sistema do Có digo Civil e as conexõ es sistemá ticas com outros estatutos normativos
e fatores metajurı́dicos.
Enunciado n° 168: O princı́pio da boa-fé objetiva importa no reconhecimento de um
direito a cumprir em favor do titular passivo da obrigaçã o.
Enunciado n° 170: A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de
negociaçõ es preliminares e apó s a execuçã o do contrato, quando tal exigê ncia decorrer
da natureza do contrato.
- Dever de proteção: se impõ e como dever de cuidado para nã o causar dano à parte com o
adimplemento da obrigaçã o principal. Dever de utilizaçã o dos meios, desde que
proporcionais, adequados para o adimplemento. Essa igura está prevista no CDC
(defeito/vı́cio do produto). Atendimento à legitima expectativa de nã o ser prejudicado.
- O dever de informar nã o se refere apenas ao conteú do, mas também à forma. Por vezes, o
excesso de informaçã o piora a qualidade do esclarecimento. Assim, també m é possı́vel haver
quebra do dever de informaçã o pela transmissã o inadequada da mensagem.
- Sã o deveres anexos; assim, não são atingidos pela ine icácia do contrato, já que o
princı́pio acessorium sequitur principale nã o se aplica. Exemplo: compra de um quadro falso.
Anulabilidade do contrato (efeito de dar a coisa como efeito do contrato). O dever de proteçã o
na instalaçã o do quadro, que pode vir a causar danos na parede, nã o é anulado com sua
anulaçã o.
- Os deveres anexos de boa-fé existem antes da celebração do contrato, bem como após o
seu encerramento.
- Doutrina alemã separa em uma terceira categoria: violaçã o positiva do contrato. Violaçã o da
avença cumprindo-a.
- Mas é uma violaçã o da lei sobre o contrato, ou do contrato, em razã o da lei? – textos no
classroom.
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da funçã o social do contrato.
***
Enunciado n° 21: A funçã o social do contrato, prevista no art. 421 do novo Có digo Civil,
constitui clá usula geral a impor a revisã o do princı́pio da relatividade dos efeitos do
contrato em relaçã o a terceiros, implicando a tutela externa do cré dito.
Enunciado n° 22: A funçã o social do contrato, prevista no art. 421 do novo Có digo Civil,
constitui clá usula geral que reforça o princı́pio de conservaçã o do contrato,
assegurando trocas ú teis e justas.
Enunciado n° 23: A funçã o social do contrato, prevista no art. 421 do novo Có digo Civil,
nã o elimina o princı́pio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse
princı́pio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo
à dignidade da pessoa humana.
Enunciado n° 166: A frustraçã o do im do contrato, como hipó tese que nã o se confunde
com a impossibilidade da prestaçã o ou com a excessiva onerosidade, tem guarida no
Direito brasileiro pela aplicaçã o do art. 421 do Có digo Civil.
Enunciado n° 360: O princı́pio da funçã o social dos contratos també m pode ter e icá cia
interna entre as partes contratantes.
Enunciado n° 431: A violaçã o do art. 421 conduz à invalidade ou à ine icá cia do
contrato ou de clá usulas contratuais.
- Importaçã o da ideia de funçã o social da propriedade, uma ideia antiga presente em todo o
sé culo XX.
- No â mbito da propriedade, a tutela do direito atende també m a interesses que nã o sejam os
do titular. Isso se mostra necessá rio em razã o de os direitos reais serem direitos de exclusã o.
Ou seja, se demonstra na consideraçã o dos interesses sociais.
- Assim, a funçã o social do contrato se transmite em uma exigê ncia de que o contrato atenda
a interesses que nã o sejam apenas os dos contratantes. Internalizaçã o, na tutela do direito, de
interesses da coletividade, pessoas que nã o sã o titulares do direito, mas que sã o afetados por
ele.
- Tutela externa do cré dito: contrové rsia quanto à aplicaçã o do princı́pio. Entende-se, a
princı́pio, de que se trata de boa-fé .
- Contrato que prejudica a livre concorrê ncia pode ser objeto de controle judicial, nã o
produzindo efeitos desejados, em razã o do desrespeito a interesses difusos ou coletivos.
[Aula 04 – 29.08.2023]
Equilı́brio contratual
Enunciado n° 365: A extrema vantagem do art. 478 deve ser interpretada como
elemento acidental da alteraçã o das circunstâ ncias, que comporta a incidê ncia da
resoluçã o ou revisã o do negó cio por onerosidade excessiva, independentemente de
sua demonstraçã o plena.
- Grande crı́tica à LLE -> discurso retó rico que nã o altera as hipó teses de revisã o do contrato.
- O contrato, a princı́pio, é equilibrado. A forma com que as partes ajustaram pressupõ e-se
equilibrado para elas (existê ncia de comutatividade/sinalagma, salvo casos de vı́cios da
vontade/sociais, a priori). Contudo, ele pode sofrer um desequilíbrio superveniente.
- Para justi icar a intervençã o excepcional pelo juiz por desequilı́brio superveniente, o
acontecimento deve ser imprevisı́vel, de modo que nã o estaria acobertado pela alocaçã o de
riscos do contrato.
- Exigê ncia de equilı́brio entre as posiçõ es jurı́dicas ocupadas pelas partes. O acordo nã o será
vinculante/intangı́vel se for desequilibrado.
- Para que haja desequilı́brio, deverá haver alguma razã o para isso. Havendo silencio, o
negó cio é invá lido ou ine icaz.
- O có digo nã o coı́be o desequilı́brio originá rio, salvo se causado por um fator subjetivo do
contratante. Assim, é uma proteçã o do direito de contratar. O có digo protege, na lesã o, a
ausê ncia de vontade de contratar (fez porque estava sob premente necessidade). Poré m, se
há razã o para tal desproporçã o, nã o há nulidade.
- Contrato plurilateral (Tullio Ascarelli): terceira categorial na qual todas as partes tê m
direitos entre si, mas nã o sã o recı́procos. Normalmente, contratos que visam a criaçã o de um
outro ente. O fato de uma pessoa desistir nã o invalida o contrato, alé m de que nã o se cabe a
exceçã o de contrato nã o cumprido ou o tu quoque. Comum no direito comercial.
- Gratuito/onerosos: Um contrato gratuito é aquele no qual apenas uma das partes recebe
vantagens econô micas, ao passo que a outra parte nã o recebe benefı́cios, ou entã o sofre
malefı́cios. Por outro lado, um contrato oneroso.
- As classi icaçõ es nã o sã o excludentes. Assim, há atos unilaterais onerosos e bilaterais
gratuitos. Exemplo: Doaçã o com encargo – unilateral oneroso. Mandato – unilateral oneroso
(?).
[Aula 05 – 05.09.2023]
- Os contratos aleató rios podem ser empro spei – art. 458, empro rei speratae – art. 459 ou de
coisas atuais expostas a risco – art. 460/461
Art. 425. E lı́cito à s partes estipular contratos atı́picos, observadas as normas gerais
ixadas neste Có digo.
- Paritá rios/adesã o: no contrato paritá rio, a celebraçã o do contrato se dá de maneira cujo
conteú do é livremente negociado por ambas as partes. Por outro lado, o contrato de adesã o é
um contrato cujo conteú do é pré -determinado por uma das partes ou por algum ó rgã o estatal.
- Contratos de consumo: aqueles que sã o regidos pelo CDC. Nã o tem normas de direito
contratual stricto sensu. Sã o contratos celebrados em relaçã o de consumo, já que CDC tem
regra de responsabilidade civil, parte geral etc.
- Conceito de consumidor no CDC: aquele que adquire o produto ou serviço sendo destinatá rio
inal. Duas correntes interpretativas: (i) maximalista – destinatá rio inal é qualquer um que
retira produto ou serviço da cadeia de consumo (nã o vai revender ou repassar imediatamente
aquele produto ou serviço); e (ii) inalista – destinatá rio inal é aquele que adquire o produto
ou serviço para seu uso pessoal ou familiar; nã o visa a ter lucro com o produto ou serviço.
- Convergê ncia das duas correntes para a inalista mitigada (ou aprofundada), que leva em
conta um crité rio mais funcional: CDC existe para proteger a parte vulnerá vel; para avaliar se
a pessoa é ou nã o consumidora, devemos avaliar se, no caso concreto, a pessoa está em
vulnerabilidade naquela relaçã o.
[Aula 06 – 12.09.2023]
[Aula 07 – 12.09.2023]
- Contratos entre ausentes – ı́nterim entre aceitaçã o da proposta e ciê ncia do proponente
sobre.
4 teorias. (i) agniçã o (momento em que há aceitaçã o); (ii) expediçã o (momento em que a
aceitaçã o é enviada); (iii) recepçã o (momento em que a aceitaçã o é recebida); (iv) cogniçã o
(momento em que há ciê ncia da aceitaçã o)
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitaçã o é
expedida, exceto:
Com a resposta intempestiva, o proponente, entã o oblato, deverá comunicar de sua recepçã o
intempestiva:
Art. 430. Se a aceitaçã o, por circunstâ ncia imprevista, chegar tarde ao conhecimento
do proponente, este comunicá -lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de
responder por perdas e danos.
No direito consmerista, nã o se aplica a questã o do art. 435. Doutrina do “stream of commerce”.
Se o site é .br, aceita moeda nacional, entrega no Brasil etc (acessı́vel), a empresa se coloca à
disposiçã o da legislaçã o brasileira. Aplicaçã o da legislaçã o para onde está dirigida a atividade
empresarial.
Contrato preliminar
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos
essenciais ao contrato a ser celebrado.
Sendo fato que gera obrigaçõ es de fazer, pode ser exigida a contrataçã o. O contrato é vá lido,
ainda que nã o registrado, mas para ser oponı́vel contra terceiros, deverá ser registrado.
Art. 463. Concluı́do o contrato preliminar, com observâ ncia do disposto no artigo
antecedente, e desde que dele nã o conste clá usula de arrependimento, qualquer das
partes terá o direito de exigir a celebraçã o do de initivo, assinando prazo à outra para
que o efetive.
Pará grafo ú nico. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.
Remé dios ao inadimplemento do contrato preliminar: (i) execuçã o especı́ ica (463); (ii)
suprimento de vontade (464); (iii) perdas e danos (465); (iii) astreintes.
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da
parte inadimplente, conferindo cará ter de initivo ao contrato preliminar, salvo se a isto
se opuser a natureza da obrigaçã o.
Art. 465. Se o estipulante nã o der execuçã o ao contrato preliminar, poderá a outra
parte considerá -lo desfeito, e pedir perdas e danos.
O contrato preliminar pode ser unilateral objetivo (nã o há nexo de reciprocidade entre as
prestaçõ es). Nesse caso, apenas uma das partes tem a obrigaçã o de celebrar o contrato
de initivo, podendo a outra parte (e apenas ela) podendo exigir o contrato de initivo. Figura
comum no ambiente empresarial chamado de opçã o de compra/venda de algo (stock Options).
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de icar a mesma
sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que
lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.
Clá usula dentro de contrato que prevê a atribuiçã o de um direito a terceiro. Estipulante
contrata o promitente/promissá rio que se obriga em favor do terceiro (bene iciá rio). Tanto o
estipulante quanto o bene iciá rio podem exigir o cumprimento da prestaçã o, mas apenas o
bene iciá rio pode recebê -la.
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigaçã o.
Os credores do estipulante nã o podem penhorar os bens adquiridos pelo bene iciá rio, porque
nã o faziam parte do patrimô nio do estipulante.
Faculdade de revogaçã o ou substituiçã o do terceiro bene iciá rio. Se nã o há ressalva, o
bene iciá rio adquire o direito mesmo antes de saber do negó cio. Exceçã o ao princı́pio da
relatividade.
Pará grafo ú nico. A substituiçã o pode ser feita por ato entre vivos ou por disposiçã o de
ú ltima vontade.
[Aula 08 – 19.09.2023]
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos,
quando este o nã o executar.
Pará grafo ú nico. Tal responsabilidade nã o existirá se o terceiro for o cô njuge do
promitente, dependendo da sua anuê ncia o ato a ser praticado, e desde que, pelo
regime do casamento, a indenizaçã o, de algum modo, venha a recair sobre os seus
bens.
Art. 440. Nenhuma obrigaçã o haverá para quem se comprometer por outrem, se este,
depois de se ter obrigado, faltar à prestaçã o.
Uma das partes tem a possibilidade de realizar a cessã o de posiçã o contratual pré -
estabelecido. Se difere dessa igura pois ela é realizada posteriormente com a anuê ncia da
outra parte.
Art. 467. No momento da conclusã o do contrato, pode uma das partes reservar-se a
faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigaçõ es
dele decorrentes.
Existê ncia de faculdade de substituiçã o: “pro amico electo” (terceiro indicado) ou “pro amico
eligendo” (terceiro pendente de indicaçã o)
Apó s a nomeaçã o, o terceiro eleito deve aceitá -la. Apó s isso, a alteraçã o subjetiva deve ser
noti icada ao outro contratante. Aplicaçã o do regime de formaçã o de contratos a distâ ncia.
A norma dispositiva impõ e a noti icaçã o em até cinco dias. Alé m disso, a aceitaçã o deve ser
expressa da mesma forma de celebraçã o do contrato original.
Art. 468. Essa indicaçã o deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da
conclusã o do contrato, se outro nã o tiver sido estipulado.
Pará grafo ú nico. A aceitaçã o da pessoa nomeada nã o será e icaz se nã o se revestir da
mesma forma que as partes usaram para o contrato.
A cessã o de posiçã o contratual é ex nunc (nã o retroage). No contrato com pessoa a declarar,
como o terceiro “está desde o inı́cio”, há um efeito retroativo.
Art. 470. O contrato será e icaz somente entre os contratantes originá rios:
Cláusulas de “garantia”
Elementos naturais de determinado negó cio jurı́dico. Funcionam em contratos onerosos: nã o
há vı́cios de fato no bem (defeito que impeça sua utilizaçã o) e vı́cio de direito (como o tı́tulo
de propriedade). Reforço de chance de o credor nã o sofrer prejuı́zo. Clá usulas implı́citas do
contrato, mas que podem ser afastadas. Sã o elas a evicçã o e os vı́cios redibitó rios. Estã o
ligadas a contratos com efeitos translativos.
[Aula 09 – 26.09.2023]
Vícios redibitórios
Garantia quanto a posse ú til do bem (inexistê ncia de defeitos/falhas quanto a sua
funcionalidade). Vem da actio redibitória (açã o que se usa quando o produto adquirido é
defeituoso), que desfaz o negó cio.
Abrangê ncia: nã o se discute se houver clá usula expressa de (nã o) incidê ncia. Quando nã o há
expresso, quando se considera um elemento natural do negó cio?
Contrato comutativo (correspondê ncia entre as prestaçõ es – equilı́brio – não confundir com
sinalagmático) e doaçã o onerosa. Isso porque no contrato comutativo, há equilı́brio entre as
prestaçõ es. Se houver vı́cio, a parte pagou mais do que devia. Assim, haveria desproporçã o
entre as prestaçõ es.
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por
vı́cios ou defeitos ocultos, que a tornem impró pria ao uso a que é destinada, ou lhe
diminuam o valor.
Pará grafo ú nico. E aplicá vel a disposiçã o deste artigo à s doaçõ es onerosas.
***
Enunciado n° 553: O art. 441 do Có digo Civil deve ser interpretado no sentido de
abranger també m os contratos aleató rios, desde que nã o inclua os elementos
aleató rios do contrato.
Aquisiçã o em hasta pú blica: nã o há previsã o legal. Objeto de contrové rsia na UERJ. Parte da
doutrina entende que a parte assume o risco. Outra nã o, já que é um contrato comutativo. A
contrové rsia nã o é maior em razã o de editais de hasta pú blica preverem clá usulas de
afastamento de vı́cio redibitó rio.
Sã o trê s os requisitos para a con iguraçã o do vı́cio redibitó rio: (i) preexistê ncia (res perit
dominus) (art. 444); (ii) defeito é oculto/imperceptı́vel no momento da entrega (art. 441) e
desconhecido (o adquirente nã o sabia ou nã o teria como saber do vı́cio); ou seja, é
imperceptı́vel para pessoas em geral, e nem para o adquirente; e (iii) gravidade do defeito (art.
441)
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder
do alienatá rio, se perecer por vı́cio oculto, já existente ao tempo da tradiçã o.
Diferença do erro para o vı́cio redibitó rio: no erro, há uma caracterı́stica que o bem tem/nã o
tem por sua natureza; no vı́cio, há um defeito daquele bem (algo que (nã o) tem, mas nã o
deveria). Em outras palavras, o erro é um vicio de vontade (subjetivo), enquanto o outro é
objetivo.
Efeitos: (i) redibiçã o (art. 441); (ii) estimaçã o (abatimento do preço) (art. 442). Prazo de um
ano para ambos.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente
reclamar abatimento no preço.
Perdas e danos: ao contrá rio do inadimplemento, nã o há necessidade de culpa. Deve-se provar
má -fé (conhecimento do defeito pelo alienante) (art. 443):
Art. 443. Se o alienante conhecia o vı́cio ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu
com perdas e danos; se o nã o conhecia, tã o-somente restituirá o valor recebido, mais
as despesas do contrato.
Prazo decadencial de trinta dias (mó vel) ou um ano (imó vel) para exercer seu direito, a partir
da entrega da coisa. Se estiver já na posse da coisa, conta-se da alienaçã o com a reduçã o dos
prazos pela metade.
Ademais, se o vı́cio só puder ser conhecido posteriormente, o termo inicial é a ciê ncia do vı́cio,
com prazo de 180 dias (mó veis) ou 1 ano (imó veis). O termo inicial, poré m, só poderá ser ano
má ximo 180 dias para bens mó veis ou 1 ano para bens imó veis a partir da alienaçã o. Esse é o
vı́cio tã o oculto que nã o poderia ser visto no momento de alienaçã o.
Por im, a ciê ncia deve ocorrer peremptoriamente até o 180º dia. Se o vı́cio for conhecido no
dia 181, decai o prazo. Poré m, se for conhecido até o dia 179, pode ser reclamado entre 15
dias e 1 ano, a depender da natureza.
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibiçã o ou abatimento no preço no
prazo de trinta dias se a coisa for mó vel, e de um ano se for imó vel, contado da entrega
efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienaçã o, reduzido à metade.
§ 1º Quando o vı́cio, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo
contar-se-á do momento em que dele tiver ciê ncia, até o prazo má ximo de cento e
oitenta dias, em se tratando de bens mó veis; e de um ano, para os imó veis.
***
Enunciado n° 28: O disposto no art. 445, §§ 1º e 2º, do Có digo Civil re lete a
consagraçã o da doutrina e da jurisprudê ncia quanto à natureza decadencial das açõ es
edilı́cias.
No silê ncio, a garantia contratual soma-se à garantia legal. Poré m, havendo garantia
contratual, é ô nus do adquirente de comunicar o efeito ao alienante (questã o de boa-fé ). Se
nã o comunicar, perde a garantia.
Art. 446. Nã o correrã o os prazos do artigo antecedente na constâ ncia de clá usula de
garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias
seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadê ncia.
Por im, o sistema de prazos é distinto. Se o produto for aparente, é de 30 dias (nã o durá vel)
ou 90 (durá vel). Se nã o for aparente, é de
[Aula 10 – 03.10.2023]
Evicçã o
Assegura a posse pacı́ ica do bem. E uma garantia quanto a problemas de direito.
A evicçã o é a privaçã o de um direito por um fato anterior à sua aquisiçã o. E a perda do direito
em razã o de fato preté rito à sua aquisiçã o. Nã o estamos estudando a evicçã o, mas a garantia
contra ela.
E uma garantia tı́pica dos contratos onerosos.
Requisitos: (i) privaçã o do direito; (ii) preexistê ncia do direito (contrové rsia quanto à
usucapiã o – tempo há bil para defender o direito); e os superados pela doutrina (iii) sentença
judicial (pode ser administrativo, como carro roubado); e (iv) denunciaçã o da lide.
Preenchidos os requisitos, os efeitos sã o: (i) indenizaçã o no valor do bem evicto (valor de
mercado, nã o preço pago) – art. 450; (ii) frutos dados ao evictor; (iii) despesas; (iv)
deterioraçã o; (v) benfeitorias.