Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Geral dos
Contratos
I
Prof. Fábio Santos
@fabiosantos.ba
Conceito
- Para Clóvis Beviláqua, contrato é um “acordo de
vontades para o fim de adquirir, resguardar,
modificar ou extinguir direitos”.
- Por seu turno, Fábio Ulhoa Coelho define o
contrato como um “negócio jurídico bilateral ou
plurilateral gerador de obrigações para uma ou
todas as partes, às quais correspondem direitos
titulados por elas ou por terceiros”
Existência,
Validade e
Eficácia
- De antemão, o contrato é um
negócio jurídico. Conforme
conceitua Pontes de Miranda,
o negócio jurídico deve ser
estudado em planos. Desta
maneira, utilizamos a Teoria da
Escada Ponteana.
Artigos importantes
Art. 166 . É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Artigos importantes
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra
credores.
- Tanto o Art. 166 e 171 do Código Civil brasileiro são utilizados para nulidade ou
anulidade do negócio, com base nos requisitos de existência e validade da Escada
Ponteana.
Dica!
- Além disso, quanto a capacidade do
agente, requisito de validade do negócio, é
preciso analisar o Art. 3° (Absolutamente
incapazes) e 4° (Relativamente Incapazes)
do CC/02.
- Quanto a prática dos atos civis, os
absolutamente incapazes necessitam de
representação, enquanto os relativamente
incapazes de assistência.
- Para não esquecer:
RELATIVAMENTE INCAPAZ =
ASSISTÊNCIA
ABSOLUTAMENTE INCAPAZ =
REPRESENTAÇÃO
Princípios do Direito Contratual
1. Da Dignidade da Pessoa Humana
É um princípio basilar do Estado Democrático de Direito e, sua aplicação no Direito Contratual
se dá na observância, literalmente, da dignidade da pessoa humana. Atendendo o respeito da
boa-fé objetiva e a função social. Previsão legal:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
2. Princípio da Autonomia da Vontade
- É o princípio que permite a liberdade de contratar ou não, de escolher quem contratar e
liberdade de dispor sobre o conteúdo do contrato. Consiste justamente na liberdade
contratual do indivíduo de ajustar o contrato da maneira que lhe bem assistir.
- Conforme o pensamento da liberalidade contratual, a força obrigatória dos contratos é uma força
vinculante das convenções contratuais. O contrato se faz lei inter partes.
- PRINCÍPIO RELATIVO
- Esse princípio, poderá ser relativizado por força de lei (Exemplo do Art. 393 e do CDC), por revisão
contratual e por um desequilíbrio contratual (é o caso da cláusula rebuc stant tibus, relacionada a
teoria da imprevisão e da onerosidade excessiva)
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não
era possível evitar ou impedir.
4. Princípio da Função Social do Contrato
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.
(Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
Para Chaves, Netto e Rosenvald, “Aqui surge em potência a função social do contrato. Não para
coibir a liberdade de contratar, como induz a literalidade do art. 421, mas para legitimar a
liberdade contratual. A liberdade de contratar é plena, pois não existem restrições ao ato de se
relacionar com o outro. Todavia, cláusulas autorregulatórias nascidas da plena
autodeterminação das partes e integradas pela boa-fé objetiva serão de alguma forma
sancionados pelo ordenamento – em sua validade ou eficácia -, face à ausência de legitimidade
entre seus objetivos e os interesses dignos de proteção no sistema jurídico.
A Função social é considerada bipartida em interna e externa:
1. Função social interna do contrato: É a função que atende a boa-fé objetiva, sendo a
sua aplicação horizontal (efeito inter partes), devendo haver o respeito ao princípio da
probidade e seus deveres anexos (ou satélites), bem como deve haver justiça contratual
entre as partes.
Exemplo jurisprudencial:
A recusa de renovação das apólices de seguro de vida pelas seguradoras em razão da idade do segurado
é discriminatória e atenta contra a função social do contrato.
Art. 422: Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em
sua execução, os princípios de probidade e boa-fé
Funções da Boa-Fé Objetiva
a) Função Interpretativa: O magistrado não deve interpretar o contrato em sua
literalidade, mas sim de acordo com ao caso concreto
Art. 113 do CC: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os
usos do lugar de sua celebração. (...)
Proteção: É o dever das partes de proteger a outra de possíveis danos à sua pessoa e ao seu
patrimônio.
Ex: Súmula 130 do Superior Tribunal Justiça (STJ)
A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos
em seu estacionamento.
• Tu Quoque: “Tu quoque, Brute, fili mi?». Expressão do latim e de referência ao imperador
Júlio César ao seu filho Brutus, «Até tu, Brutus, filho meu?», que estava entre os seus
assasinos. Para o direito, a expressão é utilizada para situações em que a pessoa que viola a
norma jurídica e por consequência não pode exercer a situação jurídica disposta para que
não tire proveito da situação. Quem não cumpre seus deveres, não pode exigir seus direitos
com base na norma violada. Há o rompimento da confiança. Ex: Art. 476. Nos contratos
bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o
implemento da do outro.
OBS: Difere da Venire, pois nessa ambos os comportamentos não apresentam irregularidades
(apesarem de serem contraditórios), enquanto na tu quoque a exigibilidade do direito é
irregular.
• Exceptio Doli: Oriundo do Direito Romano, a sua tradução é “exceção do dolo”, resume-se na
faculdade do contratante em se voltar a outra parte e anular o exercício de seu direito adquirido ou
exercido de maneira que viole a boa-fé objetiva. A parte dolosa não tem a intenção de preservar a
finalidade do contrato, mas sim prejudicar a outra contratante.
• Duty to Mitigate the Loss: “Duty to mitigate the own loss” O dever de mitigar a própria
perda fundamenta-se, como o próprio nome diz, no dever das partes em mitigar, atenuar, diminuir,
evitar o agravamento do próprio prejuízo. O Enunciado N°169 do Conselho de Justiça Federal
(CJF) coaduna-se com tal princípio com a seguinte redação:
“O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo.”