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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Classificação Contratos
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CLASSIFICAÇÃO CONTRATOS: CONCEITO DE


CONTRATO, REQUISITOS DOS CONTRATOS,DOS
CONTRATOS; CONTRATOS NOMINADOS
CONTRATOS:
Em uma visão clássica ou moderna, o contrato pode ser conceituado como um negó-
cio jurídico bilateral ou plurilateral que visa à criação, modificação ou extinção de direi-
tos e deveres com conteúdo patrimonial. Na doutrina atual, muitos autores seguem tal
construção, caso de Álvaro Villaça Azevedo e Maria Helena Diniz.

• Debate sobre os contratos unilaterais – eles são aceitos ou não?


• Lembre-se do art. 117, CC – contrato ou cláusula in rem suam – o mandatário reali-
zando negócios com ele mesmo.
• Considerações doutrinárias – o art. 117, CC não foge da noção de um contrato
bilateral, pois a noção de outorga e bilateralidade permanece.
5m
• Doutrina italiana – esses direitos e deveres devem ter uma noção de patrimonialidade.

Maria Helena Diniz aponta dois elementos essenciais para a formação do instituto:

• Um estrutural: constituído pela alteridade presente no conceito de negócio


jurídico; e
• Outro funcional: formado pela composição de interesses contrapostos, mas har-
monizáveis.

Lembre-se
Vale lembrar que a alteridade se constitui pela presença de pelo menos duas pessoas
quando da constituição do contrato. Justamente pela existência desses dois elementos
é que seria vedada a autocontratação, ou celebração de um contrato consigo mesmo.
Mas dúvidas surgem quanto a essa possibilidade, se analisado o art. 117 do Código Civil:

“Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que
o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o
negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido substabelecidos”.

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EXEMPLOS
• Mandato em causa própria (mandato com cláusula in rem propriam ou in rem suam).
• A regra ainda merece aplicação em casos de substabelecimento (cessão parcial do
mandato), conforme o seu parágrafo único.
• Exemplo: compra e venda. Se um indivíduo dar uma procuração para outrem para
alienar um bem, esse outrem pode alienar para ele mesmo? Sim, pois o indivíduo
outorgou poderes por meio do instrumento de procuração.
• Lembre-se: a nulidade relativa é uma via de anulabilidade.

TARTUCE
“A grande dúvida que surge desse dispositivo é se ele traz ou não uma hipótese de
autocontratação perfeita, em que não há a referida alteridade. Entendo que a resposta
é negativa. Para ilustrar, imagine um caso em que A outorga poderes para B vender um
imóvel, com a autorização para que o último venda o bem para si mesmo. Celebrado esse
negócio, haveria uma autocontratação, pelo menos aparentemente. Mas é interessante
perceber que a alteridade continua presente, na outorga de poderes para que o segundo
negócio seja celebrado. Desse modo, não há uma autocontratação perfeita, sem alte-
ridade, na figura referenciada no art. 117 do CC. O elemento destacado, a presença de
duas pessoas, continua sendo essencial para a validade de todo e qualquer contrato.”

• O conceito clássico, exige-se um conteúdo patrimonial, ou a patrimonialidade,


como afirmam italianos.
• Nessa visão, o casamento, por exemplo, não seria um contrato, eis que o seu con-
teúdo é mais do que patrimonial, é afetivo, visando a uma comunhão plena de vida,
como se extrai do art. 1.511 do CC.
10m

Conceito

Contrato é o negócio jurídico de Direito Privado, por meio do qual dois ou mais
sujeitos se vinculam para regular interesses concernentes a objetos economicamente
apreciáveis, buscando a satisfação de necessidades, em que criam, resguardam, trans-
ferem, conservam, modificam ou extinguem direitos e deveres.
Os sujeitos do negócio são chamados de partes contratantes ou simplesmente partes.

• Diz-se negócio jurídico de Direito Privado em razão de o contrato administrativo


haver ganhado contornos próprios que o distanciam do contrato que ora estudamos.

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Sobre o princípio da autonomia contratual:

• Como regra, a parte tem autonomia para contratar.


• Porém, de certa forma, essa autonomia encontra limites.
• A liberdade contratual é exercida dentro dos limites da função social do contrato.
• A ideia da função social do contrato é concebida por meio de uma cláusula geral.

Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do con-
trato. (Redação dada pela Lei n. 13.874, de 2019)
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da
intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. (Incluído pela Lei
n. 13.874, de 2019)
15m

ENUNCIADOS
• A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláu-
sula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em
relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito (I Jornada de Direito
Civil – Enunciado 21).

Obs.: Sobre a função social do contrato:


 • Viés privado/individual – os contratantes estão buscando satisfazer os seus
próprios interesses.
 • Mas também há a noção do coletivo – de maneira que, a função social, com um
viés de análise do coletivo, trabalha a questão da distribuição de riquezas.
 • Satisfação não apenas dos interesses individuais, mas também dos interesses
metaindividuais e coletivos.

• A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláu-
sula geral que reforça o princípio de conservação do contrato, assegurando trocas
úteis e justas (I Jornada de Direito Civil – Enunciado 22).
• A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina o
princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio
quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dig-
nidade da pessoa humana (I Jornada de Direito Civil – Enunciado 23).
• O contrato empresarial cumpre sua função social quando não acarreta prejuízo a
direitos ou interesses, difusos ou coletivos, de titularidade de sujeitos não partici-
pantes da relação negocial (I Jornada de Direito Civil – Enunciado 26).

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1. (2014/CESGRANRIO/EPE/Advogado) Sobre os contratos, verifica-se que:


a. A expressão maior da liberdade em contratar está no princípio da autonomia da vontade,
o qual prevalece na interpretação contratual, salvo em casos excepcionais em que vigem
limites impostos pela função social do contrato.
b. A boa-fé contratual representa um princípio de negociação aberta e justa, o qual se traduz
formalmente em cláusulas contratuais claras e compreensíveis e materialmente em um
novo patamar de isonomia entre os contratantes, que leve em consideração suas diferenças.
c. Os vínculos jurídicos contratuais são dotados de funções individuais, para o atendimento
aos propósitos específicos das partes e função social, a qual busca o socialmente útil e tem
por finalidade típica o atendimento aos seus objetivos privados.
d. Os critérios lógico-formais devem prevalecer em sua interpretação, uma vez que, sem a
observância de tais critérios, haveria insegurança jurídica entre os contratantes, vício que
inviabiliza a própria manutenção do negócio jurídico idealizado pelas partes.
e. Sua tutela requer adequado controle sobre a equitativa distribuição dos riscos nas
operações econômicas, não podendo, o juiz, entretanto, agir de forma a alterar a equação
econômico-financeira, inicialmente estabelecida pelo vínculo jurídico entre as partes.
20m

Letra “A” – A expressão maior da liberdade em contratar está no princípio da autonomia


da vontade, o qual prevalece na interpretação contratual, salvo em casos excepcionais em
que vigem limites impostos pela função social do contrato.
Código Civil:

Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função
social do contrato.

A liberdade de contratar sempre será exercida em razão e nos limites da função social do
contrato. Ou seja, a função social do contrato não é exceção, mas sim, regra de interpretação
de todos os contratos. O princípio da autonomia da vontade (autonomia privada) foi mitigado
pelo princípio da função social do contrato.
Letra “B” – a boa-fé contratual representa um princípio de negociação aberta e justa, o qual se
traduz formalmente em cláusulas contratuais claras e compreensíveis e materialmente em um
novo patamar de isonomia entre os contratantes, que leve em consideração suas diferenças.
Código Civil:

Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato,


como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.

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O princípio da boa-fé é uma cláusula geral e exige que as partes se comportem de forma
correta não só durante as tratativas como também durante a formação e o cumprimento
do contrato. A boa-fé objetiva, que impõe ao contratante um padrão de conduta, o de agir
com retidão, ou seja, com probidade, honestidade e lealdade.
A aplicação concreta depende das circunstâncias concretas do caso, pois o sistema é aberto,
de forma que o intérprete tem liberdade de estabelecer o seu sentido e alcance em cada caso.
Letra “C” – os vínculos jurídicos contratuais são dotados de funções individuais, para o
atendimento aos propósitos específicos das partes e função social, a qual busca o socialmente
útil e tem por finalidade típica o atendimento aos seus objetivos privados.
Os vínculos jurídicos contratuais são dotados de funções individuais, para o atendimento aos
propósitos específicos das partes e de função social, que serve, principalmente, para limitar a
autonomia da vontade quando tal autonomia esteja em confronto com o interesse social e este
deva prevalecer, ainda que essa limitação possa atingir a própria liberdade de não contratar.
É possível afirmar que o atendimento à função social pode ser enfocado sob dois aspectos:

• Um, individual, relativo aos contratantes, que se valem do contrato para satisfazer
seus interesses próprios;
• E outro, público, que é o interesse da coletividade sobre o contrato. Nessa medida,
a função social do contrato somente estará cumprida quando a sua finalidade —
distribuição de riquezas — for atingida de forma justa, ou seja, quando o contrato
representar uma fonte de equilíbrio social.

Letra “D” – os critérios lógico-formais devem prevalecer em sua interpretação, uma vez
que, sem a observância de tais critérios, haveria insegurança jurídica entre os contratantes,
vício que inviabiliza a própria manutenção do negócio jurídico idealizado pelas partes.
As regras de interpretação dos contratos previstas no Código Civil dirigem-se primeiramente
às partes, que são as principais interessadas em seu cumprimento.

• Interpretação declaratória: diz-se que a interpretação contratual é declaratória


quando tem como único escopo a descoberta da intenção comum dos contratantes
no momento da celebração do contrato; e
25m
• Interpretação construtiva ou integrativa: quando objetiva o aproveitamento
do contrato, mediante o suprimento das lacunas e pontos omissos deixados pelas
partes. A integração contratual preenche, pois, as lacunas encontradas nos con-
tratos, complementando os por meio de normas supletivas, especialmente as que
dizem respeito à sua função social, ao princípio da boa-fé, aos usos e costumes do
local, bem como buscando encontrar a verdadeira intenção das partes.

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Os princípios básicos observados na interpretação do contrato são:


a. Princípio da boa-fé;
b. Princípio da conservação do contrato.
Letra “E” – sua tutela requer adequado controle sobre a equitativa distribuição dos riscos
nas operações econômicas, não podendo, o juiz, entretanto, agir de forma a alterar a equação
econômico-financeira, inicialmente estabelecida pelo vínculo jurídico entre as partes.
Na tutela contratual o princípio da revisão dos contratos opõe-se ao princípio da
obrigatoriedade pois permite aos contraentes recorrerem ao Judiciário para obterem
alteração da convenção e condições mais humanas em determinadas situações.
Cláusula rebus sic stantibus e teoria da imprevisão — a teoria recebeu o nome de rebus
sic stantibus e consiste basicamente em presumir, nos contratos comutativos, de trato
sucessivo e de execução diferida, a existência implícita (não expressa) de uma cláusula, pela
qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de
fato. Se esta, no entanto, modificar-se em razão de acontecimentos extraordinários que
tornem excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento, poderá este requerer
ao juiz que o isente da obrigação, parcial ou totalmente.
A teoria da imprevisão consiste, portanto, na possibilidade de desfazimento ou revisão forçada
do contrato quando, por eventos imprevisíveis e extraordinários, a prestação de uma das
partes tornar-se exageradamente onerosa — o que, na prática, é viabilizado pela aplicação
da cláusula rebus sic stantibus. O juiz pode, dessa forma, agir para alterar a equação
econômico-financeira inicialmente estabelecida pelo vínculo jurídico entre as partes.

• Lembre-se que há a intervenção mínima nos contratos, de acordo com o parágrafo


único do art. 421. Sendo assim, como regra, o magistrado não faz interferências.
• Porém, dentro da noção da teoria da imprevisão, o magistrado pode, sim, realizar
interferências.

Características
30m

• Vínculo entre sujeitos – para regular interesses porquanto, do contrato, nasce uma
relação jurídica em que se estabelecerá alguma norma, ou normas, incidentes entre
as partes para regular seus interesses.
• Objetos economicamente apreciáveis – uma vez que o contrato só opera com
relação a direitos de crédito, os quais se estabelecem acerca de bens passíveis de
medição em dinheiro.
• Satisfação das necessidades – uma vez que tal é a causa geradora dos contratos.
• Criação, resguardo, transferência, conservação, modificação ou extinção de
direitos e deveres – tais são as finalidades das diversas espécies de contratos.

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IMPOSSIBILIDADE: HERANÇA DE PESSOA VIVA


Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

• Trata-se de uma vedação expressa de algo que não é possível contratar.

CONTRATO PRELIMINAR
O contrato preliminar foi positivado no CC/02. Tal modalidade de contrato está disciplinada
na seção que integra as disposições gerais sobre os contratos (Teoria geral dos contratos),
sendo objeto dos artigos 462 a 466 da Lei Civil atual.
O Código Civil de 2002 amplia o contrato preliminar e transcende a compra e venda, com
regras gerais sobre este contrato, relativas a requisitos e pressupostos, efeitos e modalidades
(bilateral e unilateral).
O contrato preliminar também é conhecido como pré-contrato, promessa de contrato,
compromisso, contrato preparatório, dentre outros. O CC elimina esta multiplicidade de
denominações para designá-lo, simplesmente, como contrato preliminar.

Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requi-
sitos essenciais ao contrato a ser celebrado.
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo
antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer
das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à ou-
tra para que o efetive.
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade
da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo
se a isto se opuser a natureza da obrigação.
35m Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra
parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos.
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a
mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo
este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.

O contrato preliminar pode ter por objeto qualquer outro contrato, independentemente
da sua natureza jurídica. O contrato preliminar é classificado como consensual. Portanto,
basta o acordo de vontades para a sua formação e, em consequência, produção de efeitos
jurídicos obrigacionais.
Os contratos podem ser consensuais, reais e formais.

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GABARITO
1. b

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Cristiny Mroczkoski Rocha.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela lei-
tura exclusiva deste material.

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