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PESSOAS COLECTIVAS (Principais tópicos) – Subturmas 3, 4, 6 e 7

Conceito Centro autó nomo de imputaçã o de direitos e deveres

Princípio de Princípio segundo o qual as pessoas colectivas devem obedecer a uma das formas (tipos)
tipicidade previstas na lei (por razõ es de segurança jurídica e de tutela de terceiros):
 Todos os tipos de pessoas colectivas estã o previstos na lei (numerus clausus).
 Nã o podem ser criadas por analogia pessoas colectivas nã o previstas na lei. Sistema
de tipicidade fechada (nã o há pessoas colectivas atípicas)
 No entanto, frequentemente, a lei, a respeito de cada tipo de pessoa colectiva, confere
uma margem de liberdade ao contrato ou aos estatutos1 (elasticidade dos tipos).
Assim, existe autonomia quanto à decisão de criar a pessoa colectiva e quanto à
modelação dos estatutos, mas sempre com respeito pelos limites legais.

Principais tipos de pessoas colectivas de direito privado previstas na lei: associaçõ es,
fundaçõ es, sociedades (cf. esquema infra a distinçã o entre elas).

Substrato = realidade social que suporta a personificaçã o. Constituído por determinados


Substrato e elementos (que se interligam). A lei é pouco exigente, fixando apenas requisitos mínimos:
elementos  elemento pessoal
 elemento patrimonial
 elemento teleoló gico (fim)

A importâ ncia destes elementos varia consoante o tipo de pessoa colectiva (cf. esquema
infra). É comum distinguir-se as pessoas colectivas de tipo associativo (com substrato
pessoal) e as pessoas colectivas de tipo fundacional (com substrato patrimonial). No primeiro
grupo integrar-se-ã o as associaçõ es e as sociedades (que sã o agrupamentos de pessoas) e no
segundo as fundaçõ es (que sã o a institucionalizaçã o de fins a cuja prossecuçã o sã o afectados
determinados bens). No fundo, a classificaçã o traduz a diferente importâ ncia relativa dos
dois elementos. O elemento teleoló gico é sempre decisivo.

Sistemas de  Reconhecimento por concessã o: necessidade de intervençã o de autoridade administrativa


reconheci- (fundaçõ es: 158.º/2, 185.º/2 e 188.º - artigo 6º, Lei Quadro das Fundaçõ es)
mento  Reconhecimento normativo: depende apenas da constituiçã o pela forma prevista na lei
(158.º/1).

Consequên-  Autonomia jurídica da pessoa colectiva: separaçã o entre a pessoa colectiva e os seus
cias da membros ou fundadores (autonomia é graduá vel).
personifica-
ção  Uma importante dimensã o da autonomia jurídica é a autonomia patrimonial, que significa
que a pessoa colectiva tem um patrimó nio pró prio, distinto do dos seus membros ou
fundadores, e que responde pelas dívidas da pessoa colectiva (e só por estas). A
autonomia patrimonial pode ser maior ou menor; ela é completa quando pelas dívidas da
pessoa colectiva só responde o respectivo patrimó nio, e nã o também o dos seus membros
(cf. esquema infra). Fala-se, a este respeito, em limitaçã o da responsabilidade.

 Responsabilidade civil2: independentemente da responsabilidade dos titulares dos ó rgã os,

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A propó sito da distinçã o da pessoa colectiva, distingue-se normalmente o contrato (acto constitutivo) e os
estatutos. O acto constitutivo (normalmente um contrato, mas por vezes um acto unilateral, como no caso da fundaçã o)
corresponde a uma ou mais declaraçõ es de vontade tendentes à constituiçã o da pessoa colectiva, aprovando os estatutos.
Os estatutos corporizam-se num documento (por vezes autó nomo) que regula as características e o funcionamento da
pessoa colectiva (têm um conteú do organizató rio).
a pró pria pessoa colectiva é responsá vel pelos actos praticados em seu nome e por sua
conta (através dos seus ó rgã os e outros representantes). O art. 165.º determina que a
pessoa colectiva responde nos termos que os comitentes respondem pelos actos dos
comissá rios (art. 500.º). Mas, independentemente disso, enquanto ente jurídico
autó nomo, a pessoa colectiva pode preencher por si as previsõ es de responsabilidade civil
delitual (art. 483.º) ou contratual (798.º), como qualquer pessoa singular. (Hoje até a
responsabilidade penal está prevista no Có digo Penal)

Organização  A pessoa colectiva age através dos seus ó rgã os, os quais exprimem a vontade
juridicamente imputá vel à pessoa colectiva. Art. 162.º: os estatutos regulam os ó rgã os
 Os ó rgã os podem ser singulares ou colegiais, consoante tenham um ou mais titulares. Fala-
se em decisõ es quando o ó rgã o é singular e em deliberaçõ es quando o ó rgã o é colectivo.
 Há , normalmente, 3 tipos de ó rgã os: assembleia geral, administraçã o e conselho fiscal,
mas nem sempre estã o todos presentes (cf. esquema infra)
 Cada ó rgã o tem diferentes competências (sem prejuízo de poder haver sobreposiçõ es):
 Assembleia geral: ó rgã o deliberativo por excelência; elege e controla a administraçã o
(mas nã o assume a gestã o)
 Administraçã o: gestã o (direcçã o interna dos assuntos da sociedade) e representaçã o
(externa) da sociedade (representaçã o orgâ nica). É o ó rgã o executivo
 Conselho fiscal: fiscalizaçã o da gestã o e das contas da sociedade

 Medida concreta dos direitos e obrigaçõ es de que a pessoa colectiva é susceptível de ser
titular

 Tradicionalmente, entende-se que a capacidade é limitada pelo princípio da especialidade,


o que significaria que a pessoa colectiva só poderia ser titular dos direitos e deveres
necessá rios ou convenientes à prossecuçã o do seu fim. O art. 160.º pretende consagrar
esse princípio.

Caso o princípio da especialidade efectivamente vigorasse, a pessoa colectiva teria uma


Capacidade capacidade de gozo específica, e nã o genérica, ao contrá rio das pessoas singulares. Os
actos que nã o fossem necessá rios ou convenientes à prossecuçã o do respectivo fim (actos
ultra vires) seriam nulos, nos termos do art. 294.º do CC. No entanto, grande parte da
doutrina afirma hoje que este princípio nã o está em vigor. E com bons argumentos:

 Desde logo, o princípio da especialidade surgiu por razõ es histó ricas, que já nã o têm
cabimento. Com efeito, este princípio tem origem nos países anglo-saxó nicos, onde a
personalidade era outorgada por um acto dos poderes pú blicos e havia uma lei a definir a
finalidade do ente jurídico em criaçã o: daí que os actos que ultrapassassem esse â mbito
fosse invá lidos (actos ulta vires, i.e, para além das forças). Nos países latinos, o princípio
terá surgido, a partir da Idade Média, devido à preocupaçã o de limitar aos bens que eram
doados à s ordens religiosas e que estavam fora do comércio jurídico (os bens de mã o
morta), impondo-se uma exigência de autorizaçã o para essas doaçõ es.

 Se se conclui que desapareceram os motivos que historicamente explicam o princípio da


especialidade, pergunta-se, de seguida, se há qualquer outra razã o que possa explicar,
ainda hoje, a manutençã o deste princípio. A resposta é negativa. Assim, nã o será a pessoa
colectiva susceptível de ser titular de todas as situaçõ es jurídicas salvo as que forem, pela
sua natureza, acessíveis apenas às pessoas singulares? A resposta é afirmativa. Nã o há , na

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Nã o deve confundir-se “responsabilidade” patrimonial e responsabilidade civil: no primeiro
caso, a expressã o responsabilidade é utilizada em sentido impró prio e está apenas em causa
saber quem responde por determinada dívida; no segundo caso, está em causa a fonte da
obrigaçã o de indemnizar e exige-se o preenchimento dos pressupostos estudados.
realidade, qualquer motivo para se dizer que as pessoas colectivas nã o podem ser titulares
de todos os direitos e obrigaçõ es, salvo, naturalmente, os inerentes à personalidade
singular (ex. direito à vida, ao sono, ao repouso, etc).

Tal nã o significa que nã o haja limites à actuaçã o das pessoas colectivas: claro que
tais limites existem. Simplesmente, sã o limites legais específicos (como pode haver à
actuaçã o das pessoas singulares) e nã o sã o já restriçõ es da capacidade (p.ex., os
bancos só podem ser titulares de imó veis para as suas instalaçõ es e funcionamento:
é uma proibiçã o legal, mas nã o se limita a capacidade).

Assim, a capacidade das pessoas colectivas nã o é específica mas sim genérica (tal
como a das pessoas singulares: também estas nã o podem ser titulares das situaçõ es
jurídicas que sejam incompatíveis com a sua natureza: p.ex., nã o podem cindir-se,
fundir-se, etc).

[Note-se que não faz sentido, também, falar em incapacidade de exercício da pessoa
colectiva: poderia pensar-se que esta teria uma incapacidade genérica de exercício
que seria suprida por um regime de representação. Não é assim: as pessoas
colectivas, pela sua própria natureza, precisam de órgãos para agir. Estes são a sua
forma de agir e não a forma de suprir uma incapacidade genérica de exercício. Por
isso se diz que a organicidade é característica das pessoas colectivas e que só por
comodidade de expressão se fala em representação orgânica].

 Tomando como ponto de partida a ilimitaçã o da capacidade da pessoa colectiva,


pergunta-se, depois, qual entã o o sentido do art. 160.º se nã o é o de fixar o âmbito da
capacidade. Como interpretar este artigo? De acordo com o Professor Pais de
Vasconcelos, sabendo-se que a pessoa colectiva tem capacidade, o que está em causa
é saber se pode praticar determinado acto em concreto: por outras palavras, o art.
160.º regula a legitimidade da pessoa colectiva para a prá tica de um determinado
acto em concreto (designadamente, do ponto de vista do seu fim imediato ou
concreto, i.e., do seu objecto, i.e., a actividade através da qual se alcança o fim
mediato).

Quando se fala de legitimidade, nã o se está a falar da susceptibilidade de ser titular


das situaçõ es jurídicas (como acontece com a capacidade) mas sim da
susceptibilidade de actuar em relaçã o a uma concreta situaçã o. É um conceito
relacional. Pode-se ser titular e nã o ter legitimidade para agir em relaçã o à s situaçõ es
jurídicas (p.ex., quem for declarado insolvente continua titular dos seus bens mas
nã o tem legitimidade para exercer os direitos correspondentes, porque quem passa a
ter legitimidade é o administrador da insolvência) e pode-se ter legitimidade e nã o
ser titular (p.ex., admite-se que uma dívida seja paga por terceiro).

No art. 160.º nã o se pergunta, portanto, se a pessoa colectiva tem ou nã o tem


capacidade (esta é genérica, com o limite da natureza das situaçõ es jurídicas) mas
antes se a pessoa colectiva tem ou nã o tem legitimidade para praticar aquele
concreto acto, maxime tendo em conta o seu objecto (fim concreto, imediato).

 Aqui chegados, resta perguntar qual a consequência de ser praticado um acto fora do
objecto. A lei nã o determina essa consequência (designadamente, nã o determina a
aplicaçã o do art. 294.º e, portanto, a nulidade do acto, além de que, em rigor, sã o os
estatutos – nã o a lei – que sã o violados). O art. 160.º deve ser interpretado
sistematicamente, harmonizando-o com o regime do art. 6.º do Có digo das
Sociedades Comerciais, transposiçã o da I Directiva sobre sociedades. Com efeito, as
diferenças existentes entre as sociedades comerciais, a que se aplica directamente o
art. 6.º do CSC, e as pessoas colectivas que se regem pelo art. 160.º nã o sã o
relevantes do ponto de vista do objecto, devendo procurar-se uma soluçã o uniforme.
Assim se garante a unidade do sistema jurídico.

Do art. 6.º/4, do CSC resulta que o acto praticado fora do objecto é vá lido, mas gera
responsabilidade para quem o pratica.

Assim, o acto praticado pelo administrador fora do objecto, apesar de o


responsabilizar, é vá lido e, em princípio, vincula a pessoa colectiva, salvo se nã o
houver um terceiro de boa-fé a proteger. É possível estabelecer uma analogia com os
arts. 260.º do CSC (sociedades por quotas) e 409.º do CSC (sociedades anó nimas),
que determinam que a sociedade fica vinculada, salvo se o terceiro conhecesse ou
devesse conhecer o objecto da sociedade (sendo que a lei determina expressamente
que nã o basta a publicaçã o dos estatutos para haver dever de conhecer).

A soluçã o tem a vantagem, fundamental, de proteger a confiança dos terceiros: nã o


seria razoá vel que a pessoa colectiva pudesse opor aos terceiros os limites
decorrentes do seu objecto, que apenas internamente sã o relevantes, e que se
obrigasse os terceiros a indagar o objecto da pessoa colectiva cada vez que
pretendessem contratar. I.e., do ponto de vista externo, protege-se os terceiros,
considerando o acto vá lido; internamente, os prejuízos que a pessoa colectiva sofra
sã o indemnizados pelos titulares do ó rgã o que tenha praticado o acto
(responsabilidade civil).

 Assim se chega a uma correcta interpretaçã o do art. 160.º do CC. De qualquer


maneira, teria sido claramente preferível que, em vez da formulação consagrada, se
tivesse adoptado a do anteprojecto de Ferrer Correia: «salvas as excepções
determinadas na lei, a capacidade das pessoas colectivas estende-se a todos os direitos
e obrigações que, segundo a natureza das coisas ou a índole da sua disciplina legal não
forem inseparáveis da personalidade singular».

Desconside- É um instituto que permite, por exigência do sistema, e, portanto, da boa fé, imputar
ração da per- determinadas situaçõ es ou efeitos jurídicos a uma esfera jurídica distinta daquela a que,
sonalidade prima facie, se destinavam. Nã o obstante a separaçã o entre as esferas da pessoa colectiva e
dos respectivos só cios, o Direito imputa ao só cio a autoria ou a responsabilidade de actos da
pessoa colectiva, ou vice-versa (ignorando, pois, a existência de um ente personificado), pois
existiu abuso da personalidade jurídica.

Distingue-se, frequentemente, quatro grupos de casos:


(i) Confusão de esferas: os casos em que a separaçã o entre o patrimó nio dos só cios e o
patrimó nio da sociedade nã o é respeitada, utilizando, por exemplo, o só cio o
patrimó nio da sociedade como se fosse o seu pró prio patrimó nio pessoal. A
desconsideraçã o traduz-se em imputar ao só cio a responsabilidade pela obrigaçã o,
sendo certo que, tratando-se de sociedade de responsabilidade limitada, apenas a
sociedade seria responsá vel.
(ii) Subcapitalização material: caso das sociedades de fachada, constituídas com
patrimó nio insuficiente face à s responsabilidades que assumem (ex. caso do
transporte petrolífero). Também aqui a desconsideraçã o implicaria fazer responder
o só cio pelas dívidas (sendo que este só cio pode ser, ele pró prio, uma pessoa
colectiva)
(iii) Atentado a terceiros: a sociedade é criada directamente para prejudicar terceiros (ex.
a venda de pais a filhos é nula sem consentimento dos irmã os: para fugir à exigência
de consentimento, a doaçã o é feita a sociedade constituída por um dos filhos).
(iv) Todos os demais casos em que existe abuso da personalidade
ASSOCIAÇÕES (167.º ss.) SOCIEDADES CIVIS SIMPLES (980.º ss.)

Pessoa colectiva de tipo corporativo Cf. noçã o art. 980.º.


(=associativo) sem fim lucrativo (cf. art. No caso da sociedade civil personificada (cf.
157.º. infra o problema da personificaçã o): pessoa
colectiva de tipo corporativo ou associativo
O facto de o fim ser não lucrativo não cujo fim é a repartiçã o de lucros entre os
significa que não possa obter os meios só cios.
económicos necessários à prossecução
do seu fim; está interdita, simplesmente, Grande importâ ncia do elemento pessoal.
a sua distribuição pelos associados, caso
em que já haveria sociedade Naquilo que nã o esteja especialmente
regulado, submetem-se ao regime da
Maior importâ ncia do elemento associaçã o.
pessoal, por confronto com o elemento
patrimonial. Alem das sociedades civis simples, regidas
Caracteri- pelos art. 980.º ss. CC, há outros tipos de
zaçã o geral Tipo paradigmá tico de pessoa colectiva sociedades:

Atençã o: há associaçõ es sem  Sociedades civis simples: 980.º CC


personalidade jurídica  Sociedades comerciais: 1.º CSC (têm
por objecto a prá tica de actos de
comercio e revestem a forma de
sociedades em nome colectivo,
sociedades por quotas, sociedades
anó nimas ou sociedades em
comandita)
 Sociedades civis sob forma comercial:
art. 1.º/4 CSC (nã o praticam actos de
comércio mas revestem uma das
formas típicas da sociedade
comercial, aplicando-se o regime
comercial, nomeadamente no que
toca à limitaçã o da responsabilidade,
no caso de se tratar de sociedades por
quotas ou anó nimas)

O CC nã o inclui as sociedades no capítulo


Personali- Expressamente atribuída por lei: relativo à s pessoas colectivas mas sim na
dade aquisiçã o da personalidade pelo parte dos contratos em especial, gerando a
contrato celebrado na forma legal (art. dú vida sobre se as sociedades civis têm
158.º/1) personalidade jurídica. Cf., no Manual,
argumentos a favor e contra.

Associaçõ es sem personalidade jurídica As sociedades comerciais têm personalidade


jurídica expressamente atribuída pelo art. 5.º
do Código das Sociedades Comerciais
Constitui- Liberdade de constituiçã o Liberdade de constituiçã o
çã o
Art. 168.º 981.º: nã o está sujeito a forma especial, à
excepçã o daquela que for exigida pela
(nã o esquecer que há , hoje, uma forma natureza dos bens com que os só cios entram
simplificada de consituiçã o: as para a sociedade (p.ex. bens imó veis).
associaçã o “na hora”)
Atençã o: no caso de se pretender constituir
uma sociedade civil personificada, exigir-se-á
o respeito pelos requisitos dos art. 158.º,
167.º e 168.º (tutela de terceiros)
A autonomia patrimonial das sociedades civis
nã o é completa: apesar de terem patrimó nio
pró prio, separado do dos só cios, sã o
sociedades de responsabilidade ilimitada, por
contraposiçã o a sociedades de
responsabilidade limitada.

Nas sociedades de responsabilidade limitada


(p.ex., sociedades comerciais por quotas e
anó nimas), só o patrimó nio da sociedade
responde por dívidas desta e nã o o
patrimó nio pessoal dos só cios. Nas
Autonomia Autonomia patrimonial perfeita sociedades de responsabilidade ilimitada,
patrimonial (limitaçã o da responsabilidade dos além do patrimó nio social, também podem
e responsa- associados): pelas dívidas da associaçã o ser chamados a responder os só cios.
bilidade só responde o patrimó nio desta e este
patrimó nio nã o responde por dívidas Art. 997.º:
dos associados. O patrimó nio dos  responsabilidade primá ria da
associados nunca responde. sociedade, i.e., primeiro responde o
patrimó nio social
 Responsabilidade subsidiá ria dos
só cios: o patrimó nio pessoal do só cio
responde mas só se sociedade nã o
tiver patrimó nio suficiente.

Uma vez que a sua responsabilidade é


subsidiária, os sócios têm o chamado
benefício da excussão prévia, o que
significa que se forem demandados antes
da sociedade, podem recusar-se a pagar
até que seja excutido (i.e., esgotado) o
património social.

A responsabilidade dos só cios é solidá ria,


o que significa que cada só cio é obrigado
a pagar a totalidade da dívida e nã o
apenas uma parte (sem prejuízo de ter
direito de regresso nas relaçõ es internas).

Organiza- 3 ó rgã os obrigató rios (além da AG, é Há sempre assembleia geral e ó rgã o de
çã o obrigató rio existir ó rgã o de administraçã o (como resulta das regras dos
administraçã o e conselho fiscal): arts. 980.º ss.). No caso das sociedades civis
personificadas, aplica-se ainda o art. 157.º e,
Assembleia Geral: 172.º ss. ó rgã os consequentemente, o art. 162.º, pelo que
deliberativo por excelência, que integra parece obrigató rio também o conselho fiscal.
a universalidade dos associados
Assembleia geral: ó rgã o deliberativo, que
Administraçã o: gere (internamente) e integra a universalidade dos só cios.
representa (externamente) a sociedade.
Competências fixadas nos estatutos Administraçã o:
(162.º). Titulares, por regra, eleitos pela  Em regra, pertence a todos os só cios
AG (170.º) (985.º)
 Competência: gestã o (interna) e
Conselho Fiscal: fiscaliza actividade e representaçã o (externa) da sociedade
contas da associaçã o. Titulares, por (996.º, quanto à representaçã o)
regra, eleitos pela AG (170.º)

Posiçã o Direitos dos associados Direitos dos só cios


jurídica dos  Direito de participar nos ó rgã os  Direito aos lucros (991.º, 992.º)
membros sociais  Direito de participar nos ó rgã os
 Direito de beneficiar de sociais
vantagens da associaçã o (ex.  Etc.
usar instalaçõ es...)
 Direitos honoríficos (direito de
usarem o título, p.ex. em Obrigaçõ es dos só cios:
associaçõ es de grande  Obrigaçã o de entrada (980.º e 983.º:
prestígio) obrigam-se a contribuir com bens ou
serviços). Pode haver entradas em
Obrigaçõ es dos associados dinheiro, em espécie (i.e., com bens
 Obrigaçã o de contribuir para o diferentes de dinheiro) ou em indústria
patrimó nio social: art. 167.º/1. (i.e., serviços)
Pode ser no momento inicial  Obrigaçã o de participar nas perdas
(jó ia) ou, depois, (992.º)
periodicamente (quota).  Etc.
 Etc.
Extinçã o 182.º + 166.º (destino dos bens) 1007.º ss.
FUNDAÇÕES (185.º ss)

Caracteri- Pessoas colectivas de cará cter institucional que correspondem à institucionalizaçã o de fins
zaçã o geral humanos a cuja prossecuçã o é afectada uma organizaçã o dotada dos bens e do suporte
econó mico necessá rios.

Maior importâ ncia do elemento patrimonial, por confronto com o elemento pessoal (ao
contrá rio das associaçõ es e sociedade, nã o têm natureza corporativa ou associativa): o
instituidor que constitui a fundaçã o nã o faz parte do seu substrato e a sua intervençã o
esgota-se no acto de instituiçã o; isto sem prejuízo de poder integrar os seus ó rgã os.

O substrato compreende dois elementos: uma massa de bens (elemento patrimonial) e um fi


institucional (elemento teleoló gico).

Exige-se, para além da dotaçã o patrimonial, um fim de interesse social (157.º e 188.º/1).
Interesse “social” nã o se confunde com interesse pú blico ou com interesse geral; basta que
seja fim desinteressado e que dele resulte utilidade para a comunidade
Personali-
dade Aquisiçã o através do reconhecimento pela autoridade administrativa (art. 158.º/2).

Constitui- 3 Fases:
çã o  Instituiçã o: negó cio jurídico unilateral pelo qual uma pessoa (o instituidor) afecta
um patrimó nio a uma pessoa colectiva a criar. 185.º e 186.º. Podem ser constituídas
em vida (por escritura pú blica) ou por morte (por testamento)
 Elaboraçã o dos estatutos: 186.º/2 e 187.º
 Reconhecimento: 185.º/2, 188.º: não são expressão da liberdade de associação, ante
se exige o reconhecimento estadual. O reconhecimento compete ao Governo, através
do ministro em cujo sector a fundaçã o pretende actuar, e está sujeita aos requisitos
do art. 188.º/1 e 2 (idoneidade do fim e suficiência do patrimó nio).

Autonomia e Absoluta autonomia patrimonial. Pelas dívidas da fundaçã o respondem os bens que
respons. constituem o seu patrimó nio.
Organiza- Dois ó rgã os: administraçã o e conselho fiscal. Nã o há assembleia geral (porque nã o tem, em
çã o rigor, membros, como a associaçã o tem associados, atendendo ao seu substrato
patrimonial).

162.º: administraçã o (gere e representa) e conselho fiscal. A administraçã o reú ne ainda as


competências que numa associaçã o pertenceriam à assembleia geral.

É possível os estatutos preverem outros ó rgã os: por vezes surge, p.ex., a assembleia de
fundadores, pró xima da assembleia geral.
Posiçã o Nã o se aplica (por se tratar de pessoa colectiva de substrato patrimonial e nã o pessoal: nã o
jurídica dos há “membros”)
membros
Extinçã o 192.º ss.

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