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Princípio de Princípio segundo o qual as pessoas colectivas devem obedecer a uma das formas (tipos)
tipicidade previstas na lei (por razõ es de segurança jurídica e de tutela de terceiros):
Todos os tipos de pessoas colectivas estã o previstos na lei (numerus clausus).
Nã o podem ser criadas por analogia pessoas colectivas nã o previstas na lei. Sistema
de tipicidade fechada (nã o há pessoas colectivas atípicas)
No entanto, frequentemente, a lei, a respeito de cada tipo de pessoa colectiva, confere
uma margem de liberdade ao contrato ou aos estatutos1 (elasticidade dos tipos).
Assim, existe autonomia quanto à decisão de criar a pessoa colectiva e quanto à
modelação dos estatutos, mas sempre com respeito pelos limites legais.
Principais tipos de pessoas colectivas de direito privado previstas na lei: associaçõ es,
fundaçõ es, sociedades (cf. esquema infra a distinçã o entre elas).
A importâ ncia destes elementos varia consoante o tipo de pessoa colectiva (cf. esquema
infra). É comum distinguir-se as pessoas colectivas de tipo associativo (com substrato
pessoal) e as pessoas colectivas de tipo fundacional (com substrato patrimonial). No primeiro
grupo integrar-se-ã o as associaçõ es e as sociedades (que sã o agrupamentos de pessoas) e no
segundo as fundaçõ es (que sã o a institucionalizaçã o de fins a cuja prossecuçã o sã o afectados
determinados bens). No fundo, a classificaçã o traduz a diferente importâ ncia relativa dos
dois elementos. O elemento teleoló gico é sempre decisivo.
Consequên- Autonomia jurídica da pessoa colectiva: separaçã o entre a pessoa colectiva e os seus
cias da membros ou fundadores (autonomia é graduá vel).
personifica-
ção Uma importante dimensã o da autonomia jurídica é a autonomia patrimonial, que significa
que a pessoa colectiva tem um patrimó nio pró prio, distinto do dos seus membros ou
fundadores, e que responde pelas dívidas da pessoa colectiva (e só por estas). A
autonomia patrimonial pode ser maior ou menor; ela é completa quando pelas dívidas da
pessoa colectiva só responde o respectivo patrimó nio, e nã o também o dos seus membros
(cf. esquema infra). Fala-se, a este respeito, em limitaçã o da responsabilidade.
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A propó sito da distinçã o da pessoa colectiva, distingue-se normalmente o contrato (acto constitutivo) e os
estatutos. O acto constitutivo (normalmente um contrato, mas por vezes um acto unilateral, como no caso da fundaçã o)
corresponde a uma ou mais declaraçõ es de vontade tendentes à constituiçã o da pessoa colectiva, aprovando os estatutos.
Os estatutos corporizam-se num documento (por vezes autó nomo) que regula as características e o funcionamento da
pessoa colectiva (têm um conteú do organizató rio).
a pró pria pessoa colectiva é responsá vel pelos actos praticados em seu nome e por sua
conta (através dos seus ó rgã os e outros representantes). O art. 165.º determina que a
pessoa colectiva responde nos termos que os comitentes respondem pelos actos dos
comissá rios (art. 500.º). Mas, independentemente disso, enquanto ente jurídico
autó nomo, a pessoa colectiva pode preencher por si as previsõ es de responsabilidade civil
delitual (art. 483.º) ou contratual (798.º), como qualquer pessoa singular. (Hoje até a
responsabilidade penal está prevista no Có digo Penal)
Organização A pessoa colectiva age através dos seus ó rgã os, os quais exprimem a vontade
juridicamente imputá vel à pessoa colectiva. Art. 162.º: os estatutos regulam os ó rgã os
Os ó rgã os podem ser singulares ou colegiais, consoante tenham um ou mais titulares. Fala-
se em decisõ es quando o ó rgã o é singular e em deliberaçõ es quando o ó rgã o é colectivo.
Há , normalmente, 3 tipos de ó rgã os: assembleia geral, administraçã o e conselho fiscal,
mas nem sempre estã o todos presentes (cf. esquema infra)
Cada ó rgã o tem diferentes competências (sem prejuízo de poder haver sobreposiçõ es):
Assembleia geral: ó rgã o deliberativo por excelência; elege e controla a administraçã o
(mas nã o assume a gestã o)
Administraçã o: gestã o (direcçã o interna dos assuntos da sociedade) e representaçã o
(externa) da sociedade (representaçã o orgâ nica). É o ó rgã o executivo
Conselho fiscal: fiscalizaçã o da gestã o e das contas da sociedade
Medida concreta dos direitos e obrigaçõ es de que a pessoa colectiva é susceptível de ser
titular
Desde logo, o princípio da especialidade surgiu por razõ es histó ricas, que já nã o têm
cabimento. Com efeito, este princípio tem origem nos países anglo-saxó nicos, onde a
personalidade era outorgada por um acto dos poderes pú blicos e havia uma lei a definir a
finalidade do ente jurídico em criaçã o: daí que os actos que ultrapassassem esse â mbito
fosse invá lidos (actos ulta vires, i.e, para além das forças). Nos países latinos, o princípio
terá surgido, a partir da Idade Média, devido à preocupaçã o de limitar aos bens que eram
doados à s ordens religiosas e que estavam fora do comércio jurídico (os bens de mã o
morta), impondo-se uma exigência de autorizaçã o para essas doaçõ es.
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Nã o deve confundir-se “responsabilidade” patrimonial e responsabilidade civil: no primeiro
caso, a expressã o responsabilidade é utilizada em sentido impró prio e está apenas em causa
saber quem responde por determinada dívida; no segundo caso, está em causa a fonte da
obrigaçã o de indemnizar e exige-se o preenchimento dos pressupostos estudados.
realidade, qualquer motivo para se dizer que as pessoas colectivas nã o podem ser titulares
de todos os direitos e obrigaçõ es, salvo, naturalmente, os inerentes à personalidade
singular (ex. direito à vida, ao sono, ao repouso, etc).
Tal nã o significa que nã o haja limites à actuaçã o das pessoas colectivas: claro que
tais limites existem. Simplesmente, sã o limites legais específicos (como pode haver à
actuaçã o das pessoas singulares) e nã o sã o já restriçõ es da capacidade (p.ex., os
bancos só podem ser titulares de imó veis para as suas instalaçõ es e funcionamento:
é uma proibiçã o legal, mas nã o se limita a capacidade).
Assim, a capacidade das pessoas colectivas nã o é específica mas sim genérica (tal
como a das pessoas singulares: também estas nã o podem ser titulares das situaçõ es
jurídicas que sejam incompatíveis com a sua natureza: p.ex., nã o podem cindir-se,
fundir-se, etc).
[Note-se que não faz sentido, também, falar em incapacidade de exercício da pessoa
colectiva: poderia pensar-se que esta teria uma incapacidade genérica de exercício
que seria suprida por um regime de representação. Não é assim: as pessoas
colectivas, pela sua própria natureza, precisam de órgãos para agir. Estes são a sua
forma de agir e não a forma de suprir uma incapacidade genérica de exercício. Por
isso se diz que a organicidade é característica das pessoas colectivas e que só por
comodidade de expressão se fala em representação orgânica].
Aqui chegados, resta perguntar qual a consequência de ser praticado um acto fora do
objecto. A lei nã o determina essa consequência (designadamente, nã o determina a
aplicaçã o do art. 294.º e, portanto, a nulidade do acto, além de que, em rigor, sã o os
estatutos – nã o a lei – que sã o violados). O art. 160.º deve ser interpretado
sistematicamente, harmonizando-o com o regime do art. 6.º do Có digo das
Sociedades Comerciais, transposiçã o da I Directiva sobre sociedades. Com efeito, as
diferenças existentes entre as sociedades comerciais, a que se aplica directamente o
art. 6.º do CSC, e as pessoas colectivas que se regem pelo art. 160.º nã o sã o
relevantes do ponto de vista do objecto, devendo procurar-se uma soluçã o uniforme.
Assim se garante a unidade do sistema jurídico.
Do art. 6.º/4, do CSC resulta que o acto praticado fora do objecto é vá lido, mas gera
responsabilidade para quem o pratica.
Desconside- É um instituto que permite, por exigência do sistema, e, portanto, da boa fé, imputar
ração da per- determinadas situaçõ es ou efeitos jurídicos a uma esfera jurídica distinta daquela a que,
sonalidade prima facie, se destinavam. Nã o obstante a separaçã o entre as esferas da pessoa colectiva e
dos respectivos só cios, o Direito imputa ao só cio a autoria ou a responsabilidade de actos da
pessoa colectiva, ou vice-versa (ignorando, pois, a existência de um ente personificado), pois
existiu abuso da personalidade jurídica.
Organiza- 3 ó rgã os obrigató rios (além da AG, é Há sempre assembleia geral e ó rgã o de
çã o obrigató rio existir ó rgã o de administraçã o (como resulta das regras dos
administraçã o e conselho fiscal): arts. 980.º ss.). No caso das sociedades civis
personificadas, aplica-se ainda o art. 157.º e,
Assembleia Geral: 172.º ss. ó rgã os consequentemente, o art. 162.º, pelo que
deliberativo por excelência, que integra parece obrigató rio também o conselho fiscal.
a universalidade dos associados
Assembleia geral: ó rgã o deliberativo, que
Administraçã o: gere (internamente) e integra a universalidade dos só cios.
representa (externamente) a sociedade.
Competências fixadas nos estatutos Administraçã o:
(162.º). Titulares, por regra, eleitos pela Em regra, pertence a todos os só cios
AG (170.º) (985.º)
Competência: gestã o (interna) e
Conselho Fiscal: fiscaliza actividade e representaçã o (externa) da sociedade
contas da associaçã o. Titulares, por (996.º, quanto à representaçã o)
regra, eleitos pela AG (170.º)
Caracteri- Pessoas colectivas de cará cter institucional que correspondem à institucionalizaçã o de fins
zaçã o geral humanos a cuja prossecuçã o é afectada uma organizaçã o dotada dos bens e do suporte
econó mico necessá rios.
Maior importâ ncia do elemento patrimonial, por confronto com o elemento pessoal (ao
contrá rio das associaçõ es e sociedade, nã o têm natureza corporativa ou associativa): o
instituidor que constitui a fundaçã o nã o faz parte do seu substrato e a sua intervençã o
esgota-se no acto de instituiçã o; isto sem prejuízo de poder integrar os seus ó rgã os.
Exige-se, para além da dotaçã o patrimonial, um fim de interesse social (157.º e 188.º/1).
Interesse “social” nã o se confunde com interesse pú blico ou com interesse geral; basta que
seja fim desinteressado e que dele resulte utilidade para a comunidade
Personali-
dade Aquisiçã o através do reconhecimento pela autoridade administrativa (art. 158.º/2).
Constitui- 3 Fases:
çã o Instituiçã o: negó cio jurídico unilateral pelo qual uma pessoa (o instituidor) afecta
um patrimó nio a uma pessoa colectiva a criar. 185.º e 186.º. Podem ser constituídas
em vida (por escritura pú blica) ou por morte (por testamento)
Elaboraçã o dos estatutos: 186.º/2 e 187.º
Reconhecimento: 185.º/2, 188.º: não são expressão da liberdade de associação, ante
se exige o reconhecimento estadual. O reconhecimento compete ao Governo, através
do ministro em cujo sector a fundaçã o pretende actuar, e está sujeita aos requisitos
do art. 188.º/1 e 2 (idoneidade do fim e suficiência do patrimó nio).
Autonomia e Absoluta autonomia patrimonial. Pelas dívidas da fundaçã o respondem os bens que
respons. constituem o seu patrimó nio.
Organiza- Dois ó rgã os: administraçã o e conselho fiscal. Nã o há assembleia geral (porque nã o tem, em
çã o rigor, membros, como a associaçã o tem associados, atendendo ao seu substrato
patrimonial).
É possível os estatutos preverem outros ó rgã os: por vezes surge, p.ex., a assembleia de
fundadores, pró xima da assembleia geral.
Posiçã o Nã o se aplica (por se tratar de pessoa colectiva de substrato patrimonial e nã o pessoal: nã o
jurídica dos há “membros”)
membros
Extinçã o 192.º ss.