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Conceito de Direito?
Ao contrário das outras normas sociais ou morais, as jurídicas podem sofrer acção coactiva
para que o seu cumprimento seja real.
Direito será então um conjunto de normas que permitem ao destinatário dessas mesmas
normas reger-se. Permite uma coexistência pacífica entre os membros da sociedade. As
normas permitem gerir os interesses de conflito.
O Direito cria normas para uma existência pacífica, uma harmonia em sociedade.
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“ Ora sendo nós muitos, e sendo o mundo um só, estamos compelidos a repartir esse mesmo
mundo no nosso encontro. E sendo assim o outro aparece sempre como um meio ou um
obstáculo de acesso de cada um ao mundo, e é neste contexto que surgem os conflitos de
interesse.
O direito faz prevalecer o interesse de um dos sujeitos e faz preterir o interesse de outro.
Ex: Dois sujeitos querem passar a ponte ao mesmo tempo em sentidos opostos, mas a via só
tem espaço para um deles.
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1. Ubi homo, ibi societas: O Homem tem uma natureza iminentemente social.
2. Ubi societas, ibi ius: O Homem vive em sociedade, em convivência com os outros
homens, pelo que o Direito vai promover a solidariedade de interesses e resolver o
conflito de interesses, surgindo como uma ordem normativa.
“ Com o fito de obstar á anarquia e ao caos, existe na vida em sociedade uma autoridade social
(Estado) que recebe o poder directivo destinado a:
a) Estabelecer regras de conduta para todos os membros da sociedade – Poder
legislativo/normativo (A.R; Governo)
b) Tomar decisões concretas em relação a cada problema do dia a dia – Poder
decisório/executivo (Governo e estrutura adjacente)
c) Impor com autoridade, as regras de conduta e as decisões concretas aos destinatários
e caso não as cumpram, aplicar-lhes as sanções – Poder sancionatório/Judicial
(Tribunais, polícias) ”
Existem duas concepções da sociedade, uma naturalista que encontra o seu fundamento na
natural sociabilidade do Homem e uma contratualista onde pensadores como:
Hobbes – “O Homem tem uma natureza iminentemente má”( visão pessimista)
Locke – “O Homem era tendencialmente bom mas vivendo em natureza tinha
tendência para julgar e reprimir os outros por violação da lei natural
(visão realista)
Rousseau – “O Homem tem tendência para demonstrar toda a sua bondade vivendo
num estado de natureza” (visão optimista)
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Defendem que a vida em sociedade não era natural, pois resultava de um acordo de vontades.
Assim o Homem que vivia num estado de natureza transitou por celebração de um contrato
social, para o Estado de sociedade. Neste momento priva-se de alguns dos seus direitos
naturais para fomentar o equilíbrio da sociedade regida por uma ordem social.
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Sentidos do Direito
1. Direito Objectivo (Law)
Conjunto de normas jurídicas de conduta social com proteção coactiva;
conjunto de regras de conduta que se impõem a todos os Homens, estabelecidas
objectivamente e a que todos devem obediência. (ex: Direito Civil, Direito do trabalho)
“Está acima do homem” Norma de agir
O Direito rege os Homens. Direito como conjunto de normas
2. direito subjectivo (right)
Vantagens, faculdades, poderes que por aplicação das regras de Direito objectivo, são
atribuídas a pessoas determinadas, uma vez verificados certos eventos previstos
naquelas mesmas regras. (Ex. direito de propriedade, direito de crédito)
“ Está inerente ao sujeito” Faculdade de agir.
O exemplo do art.1305º CC. É uma norma, logo é Direito objectivo, mas o que ela
consagra é direito subjectivo.
3. Outros sentidos
Direitos aduaneiros – valores pagos sobre mercadorias no atravessar de
fronteiras
Direitos Reais – Direito sobre as coisas
Ciência do Direito: ciência social que teoriza cientificamente o Direito
objectivo e os direitos subjectivos. É neste sentido que se diz que o
individuo Y é professor de Direito.
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Na linha ascendente do triângulo estabelecem-se as relações entre os cidadãos e o
Estado, com este num plano de supremacia. Assim a ordem jurídica estabelece
aquilo que os cidadãos devem à sociedade (ex: pagar impostos)
Na linha descendente estão as relações entre o Estado e os cidadãos. Aparecendo
este com responsabilidades face aos seus cidadãos. Relações estabelecidas através
dos seus agentes de modo a proporcionar bem-estar aos cidadãos (saúde,
educação)
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Direito e Estado
Estado - Sociedade
Elementos:
o Povo - conjunto de pessoas submetidas à ordem jurídica estatal.
o Território – Elemento material, espacial ou físico do Estado, marcado por
fronteiras, que podem ser naturais ou artificiais e que compreende a superfície
do solo que o Estado ocupa, o espaço fluvial, marítimo, lacustre e aéreo
o Poder político – Organização necessária ao exercício do poder político
Funções:
o Função política – Consiste na definição e prossecução pelos órgãos do poder
político, dos interesses essenciais da colectividade.
o Função legislativa - Traduz-se na prática de actos legislativos pelos órgãos
constitucionalmente competentes.
o Função jurisdicional – Consiste no julgamento de litígios suscitados por
conflitos de interesses e na punição da violação das normas jurídicas.
o Função administrativa – Consiste na satisfação das necessidades que incube ao
Estado Português
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O Direito entre as Ordens normativas
“É usual referir-se que a moral tem relevância interior e que o direito tem relevância
exterior. No entanto considera-se que não é correcta esta distinção entre “interioridade e
exterioridade” porquanto a moral social contém imperativos de conduta para com
terceiros (por exemplo dar de comer a quem tem fome) e o Direito penetra
frequentemente no interior psicológico das acções humanas (por exemplo é mais grave a
pena do homicídio doloso do que do homicídio involuntário ou por negligência). De
qualquer modo ao Direito nada interessam os pensamentos que não se traduzem em actos
e a moral não se satisfaz com uma observância exterior antes exige a intenção.
Pode o cidadão adoptar uma moral diferente daquela que inspira o direito que rege a
sociedade em que se insere?- Pode por objecção de consciência
O cidadão pode efectivamente adoptar uma moral diferente nas situações
excepcionais previstas na lei de objecção de consciência (por exemplo o médico que
não quer realizar um aborto embora a situação esteja permitida pela lei). Nos demais
casos o cidadão não pode desobedecer à lei alegando o carácter imoral da norma tal
como prevê o art. 8º nº2 CC.
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Norma Jurídica Norma religiosa
Criada pelos homens Criadas por seres transcendentes
Regula relações entre os homens para Regula as relações entre os crentes e Deus,
assegurar o respeito pela justiça, pela bem como as relações entre os crentes
segurança e pelos direitos humanos Não é coercível materialmente: obrigam
Coercibilidade material: obrigam todos os apenas os crentes e são dotadas de sanções
cidadãos, sob a ameaça de sanções temporais espirituais ou intraindividuais (castigo
ou terrenas supraterreno)
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17-10-11
Não obstante, a divergência entre estas duas correntes encontra-se no ponto de saber
se tais leis, porque contrárias ao Direito Natural, são inválidas, pelo que se não lhes
deve obediência “Lex injusta non est lex”
Porém o art. 8º nº2 CC dispõe que mesmo que se considere a lei injusta o seu
destinatário deve-lhe obediência “Dura lex sed lex”
Assim o único expediente que pode ser utilizado perante uma lei injusta será invocar a
sua inconstitucionalidade junto dos tribunais
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Os fins do Direito
Segurança
O direito prossegue outros valores como o da segurança, como por exemplo:
A segurança internacional, sem a qual não haverá paz entre os povos
A segurança pública, sem a qual fica perturbada a ordem pública
A segurança sócio económica, que se consegue através do estimulo à
poupança e do recurso a seguros
A segurança social que procura assegurar a todos uma base de sustento
Segurança jurídica que impõe a coação de mecanismos capazes de
contribuir para a certeza do Direito e se necessário sacrificar a justiça:
o “Prescrição” – determina a extinção de direitos subjectivos quando
não exercitados durante certo tempo fixado na lei (art. 309º CC)
o “Caso julgado “- decorrendo um determinado período, passa a ser
insusceptível de recurso, ñ se prolongando infinitamente no
tempo
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o Não retroactividade da lei – impossibilita que as nossas condições
de vida sejam destruídas por uma lei que se aplique no futuro
o Caducidade (art.328º CC e ss)- pela via do qual um direito se
extingue pelo facto de ter decorrido o prazo assinalado na lei ou
derivado da vontade das partes.
o A usucapião - para evitar que alguma coisa seja possuída por
alguém que não é o seu proprietário infinitamente.
o Desconhecimento da lei - não desculpa o não cumprimento da
mesma. “Ignorantia legis non excusat”
Pode por vezes existir sobreposição entre estes dois valores (Justiça e segurança), pois,
“Por vezes há na ordem jurídica uma necessária sobreposição da segurança á justiça. Pense-se
por exemplo na prisão preventiva de um suspeito de prática de um crime que se vem a revelar
inocente. Pense também nos prazos de prescrição estabelecidos por lei por razões de certeza
jurídica.
Outras vezes verifica-se a prossecução paralela de ambos os fins como por exemplo o sujeito
ser condenado fazendo-se assim justiça e assegurando-se que não cometerá crimes enquanto
está encarcerado e servindo também de aviso aos potenciais delinquentes.”
Este fim do Direito poderá por vezes entrar em conflito com o fim da segurança
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Sistema Jurídico
1. Sistema
O Direito é um sistema normativo, portanto, um conjunto articulado e coerente de normas
jurídicas ditadas por princípios e orientadas para certos fins. Isto porquê?
As normas encontram-se articuladas entre si de uma maneira coerente,
orientadas para um determinado fim. Não pode haver conflitos entre elas de
modo a potenciar segurança.
Existe uma interpretação sistemática, nunca de uma maneira isolada mas sim com
critérios lógicos e técnicos.
Integração de lacunas (art10º,nº3, do CC): Actividade que permite a integração de
norma em casos não regulados. Existem duas situações aplicáveis.
o Analogia: Aplicar uma norma análoga
o Aplicação do “Espírito do sistema” ou seja o legislador cria uma
“norma” para um caso específico tendo em atenção que essa norma
não pode ser conflituante com as restantes normas do sistema Esta
norma não ganha carácter de lei mas é somente aplicada a esses caso
particular.
Este conjunto de normas está organizado, enquadrado e enformado por
princípios gerais. Os princípios gerais do Direito:
o Princípio da boa fé
o Princípio da liberdade contratual
o Princípio do Estado de Direito Social
o Princípio do “pacta sunt servanda”
o Princípio da confiança
o Princípio da justiça distributiva
Vigora o princípio da ordem jurídica, portanto em cada sociedade existe uma,
e apenas uma, ordem jurídica
Existe a preocupação de uma interpretação e aplicação uniformes do Direito,
não haver disparidade em acórdãos.
Vigora neste sistema o princípio da plenitude da ordem jurídica
(arts. 10º e 8º,nº1, do CC e 20º da CRP).
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“Existe sempre uma solução adequada para oferecer ao cidadão que reclama
justiça, mesmo que não exista lei expressa directamente aplicável ao caso.”
Frequência
????
Caracteres e aspetos do sistema jurídico
Coercibilidade: Uso da força para poder executar a norma jurídica aplicável, mesmo
contra a vontade do destinatário.
“ A coercibilidade ou a possibilidade de proteção coativa significa que o sistema
jurídico é dotado de um conjunto de meios que permite assegurar o cumprimento das
normas jurídicas pela força física se necessário for e mesmo contra a vontade dos seus
destinatários”
Será que as pessoas podem ilimitadamente querer sujeitar ou não sujeitar à tutela do Direito
os acórdãos e os contratos que celebrem entre si?
Regra: Os acórdãos entre pessoas sobre os seus interesses e conduta futura são tutelados pelo
Direito
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Excepção: Simples acordos que não tem tutela jurídica como é o caso dos acordos de
cavalheiros (acordos que versam sobre matéria sobre a qual regra geral se concluem negócios
jurídicos mas que excepcionalmente foram realizados sem intuito negocial)
Ex: os casos de pura obsequiosidade.
20-10-11
Estrutura:
Estatuição: A norma vai impor ou uma conduta activa ou passiva que há-de ser
obrigatoriamente prosseguida ou então a produção de um efeito jurídico.
Temos por exemplo o art.879º CC que tem um exemplo de uma estatuição com imposição de
uma conduta activa. Por outro lado o art.1038,al.d, CC é um exemplo de uma conduta passiva.
No caso de a estatuição apresentar uma produção de efeito jurídico temos o exemplo do art.
122º CC
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Sanção: Basicamente é a consequência da violação da estatuição. Caso exista um
comportamento que não vá de acordo com o que está descrito na estatuição acarreta uma
sanção. Nem todas as normas contem sanção, logo são chamadas de Normas imperfeitas.
31-10-11
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Imperatividade: A norma jurídica impõe uma conduta, um comportamento. Com
efeito a norma jurídica não sugere ou aconselha uma conduta, mas antes impõe esse
mesmo comportamento. Mesmo quanto às normas permissivas estas não são
desprovidas de características da imperatividade dado que o comando que nelas se
manifesta resulta de uma articulação de normas imperativas.
Violabilidade: A norma jurídica é violável, ou seja, padece da susceptibilidade de ser
violada ou não acatada já que se dirige ao Homem enquanto ser livre que pode eximir-
se ao cumprimento das condutas que lhe são impostas, tal como sucede com as
demais normas de conduta social. Recorde-se que as leis da natureza ao contrário das
normas de conduta social não são violáveis, ou seja, executam-se e exprimem um ser,
ao contrário que as demais normas de conduta social exprimem um dever ser.
Bilateralidade: Alguns autores falam de bilateralidade, na medida em que é próprio da
regra jurídica ligar entre si dois ou mais sujeitos de maneira que a posição de uns é
contrapartida da posição dos outros. Existem no entanto algumas normas jurídicas em
que tal asserção não corresponde à verdade. É o caso da norma que pune os maus
tratos aos animais. Na verdade o que os autores pretendem exprimir é a sociabilidade
da regra jurídica. De facto a regra jurídica não se ocupa de posições individuais senão
para demarcar uma posição socialmente relevante do sujeito.
Coercibilidade: Traduz-se na possibilidade de usar a força para impedir ou reprimir a
violação da norma. Note-se porém que a coercibilidade não se manifesta
necessariamente em coerção efectiva. Aliás a maior parte das imposições legais são
acatadas pelos destinatários. Refira-se ainda que em certos casos não sendo
materialmente possível assegurar o cumprimento da estatuição a coercibilidade vai
funcionar como a imposição de uma sanção. Por exemplo em caso de homicídio
manifesta-se por uma aplicação de uma sanção criminal e por uma sanção do dano da
morte.
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Normas de estatuição Projetam o seu comando sobre a vida social, ou seja
material a sua estatuição reporta-se a actos dessa vida
Ex: art. 1323º CC
Normas de estatuição jurídica Normas cujo conteúdo se esgota no plano jurídico
Estatui-se algo, mas sob a forma de consequência
jurídica
Ex: art. 130º CC
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Normas remissivas: São aquelas que não regulam directamente determinada matéria, mas
antes remetem para outras regras que contém o regime aplicável
Remissão explícita: referem expressamente as normas para que remetem
Remissão implícita: Estas não remetem expressamente para uma norma mas
estabelecem que o facto ou situação a regular se considera igual ao facto ou situação
disciplinada por outra norma para a qual implicitamente remete.
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Norma perfeita Leges perfectae - só determinam a nulidade dos
actos contrários, sem aplicação de pena
Ex: art.2189º CC
Norma menos que perfeita Leges minus quam perfectae: Não estabelecem a
invalidade do acto contrário, mas determinam que
não produzirá todos os seus efeitos
Ex: art. 1604º, al.a)
Norma mais que perfeita Leges plus quam perfectae: determinam a nulidade
dos actos que a violam e aplicam, ainda, uma pena
aos infractores
Ex: art. 280º,nº1,CC
Norma imperfeita Norma que não tem sanção.
Ex: a norma que estabelece as competências do
Presidente da Republica
Quanto à relação com a vontade dos seus destinatários, as normas jurídicas podem ser:
Normas imperativas: a sua aplicação não depende da vontade das pessoas. Impõem
um dever, um comportamento que pode ser positivo ou negativo. Assim temos:
o Normas preceptivas: imposição de uma conduta por meio de uma acção, um
facere
Ex: art.1320,nº2 CC
o Normas proibitivas: imposição de uma conduta por meio de uma omissão, um
non facere
Ex: art.1347º CC; grande parte das normas penais
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o Normas supletivas: suprem a falta de manifestação da vontade das partes
sobre determinados aspectos dum negócio jurídico que carecem de
regulamentação. Se as partes não tiverem manifestado uma vontade contrária
á prescrição legal, a norma supletiva tem o mesmo valor das demais, e
portanto o seu cumprimento já não depende da vontade das partes
Será possível identificar normas supletivas pelas seguintes expressões: Na falta
de convenção em contrário, excepto se o próprio contrato o dispensar, na
falta de estipulação das partes. Ex: art.772º CC
Existem situações em que o legislador afasta a possibilidade de se tratar de
norma supletiva, nomeadamente quando utiliza a expressão “ Não obstante
convenção em contrário”. Ex: art.1037º CC (norma imperativa), 988º CC.
Normas Gerais: São aquelas que constituem o regime regra aplicável á generalidade
das situações ou relações jurídicas de um determinado tipo (sector de relações que
disciplinam)
Ex: art.219º CC
Normas especiais: São as que, em termos de concordância com as normas gerais,
regulam, de forma particular, uma espécie de situações ou relações jurídicas, tendo
exactamente em conta particularidades que tipifiquem tais relações
Ex: Normas de Direito comercial, Direito Penal militar, etc.
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Normas excepcionais: São as que, em contradição com as normas gerais disciplinam,
um sector restrito de relações jurídicas. Consagram um ius singulare
Todas as normas que exigem forma são excepcionais
Ex: art.875º CC; art.11º CC
A diferença das normas excepcionais face às normas especiais, é que as normas especiais
diferem das normas gerais apenas por irem mais além contemplando particularidades sem
contraditarem as grandes linhas contidas nas normas gerais, enquanto que as normas
excepcionais estatuem em oposição aos princípios contidos nas normas gerais.
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Protecção coactiva
Sanções materiais:
Sanções compulsórias: São aquelas que visam, embora tardiamente, coagir o infractor a
adaptar a conduta devida e a que a violação não se prolongue no tempo. Por isso cessam logo
que a norma jurídica desrespeitada seja observada.
Sanção pecuniária compulsória: Será aplicável nas prestações de facto infungível
(facto que apenas pode ser prestado, pelo obrigado, e não por outra pessoa em sua
substituição), com excepção das que exigem qualidades científicas do obrigado.
Traduzem-se na imposição ao devedor de um pagamento de uma quantia pecuniária,
por cada dia de atraso ou por cada infracção.
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Art. 829ºA CC
Ex: devolução de uma colecção de moedas que A emprestou a B e que este ainda não
devolveu pese vontade expressa de A em as reaver.
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Sanções punitivas:
Aplicam um mal ao infractor como castigo da violação de uma norma jurídica:
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Sanção disciplinar: É a sanção aplicável à infracção de deveres de determinadas
categorias profissionais no exercício da respectiva actividade laboral
Ex: despedimento, suspensão
Sanção contra ordenacional: É geralmente dimanada da Administração pública e pune
com coimas certas condutas susceptíveis de lesarem certos interesses fundamentais
Ex: coima ambiental, coima fiscal, etc.
Sanções Jurídicas
Aplica-se quando a violação da norma se destina a projectar os seus efeitos na ordem jurídica.
Estamos então no domínio dos actos, com os quais se pretendem efeitos jurídicos, ou seja,
estamos no domínio dos negócios jurídicos.
Esta sanção irá traduzir-se na alteração ou invalidação de um efeito jurídico.
Inexistência jurídica: ocorre quando nem sequer aparentemente se verifica qualquer
materialidade de certo ato jurídico e neste caso nem sequer produz quaisquer efeitos,
não havendo sequer necessidade de um reconhecimento da sua invalidade.
Invalidade: o ato existe materialmente, mas sofre de um vício que conduz a que não
produza os efeitos jurídicos a que tende. Por isso, se possível, deve ser restituído tudo
o que tiver sido prestado. Compreende duas modalidades:
Nulidade (art.286º CC): Destina-se a salvaguardar o interesse público e
verifica-se quando o acto não produz desde o início os efeitos jurídicos a que
tendia. Como ofende um interesse público não carece de ser invocada por
quaisquer interessados, mas sim por qualquer pessoa que tenha interesse na
não produção dos efeitos jurídicos.
Não existe a possibilidade de confirmar
Art.289º CC: “tem efeitos retroactivos”
É consequência dos seguintes vícios:
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Vício de forma; art.220º CC: é exigida forma para celebrar um
determinado contrato. Se tal não se verificar implica a nulidade do
negócio.
Ex: Compra de imóvel (art.875º CC)
Vício de objecto; art.280º CC: O objecto do contrato é contrário á lei,
logo o contrato é considerado nulo
Ex: Contrato de arrendamento para efectuar tráfico de
estupefacientes.
Falta de vontade:
o Falta de consciência da declaração: art.246º CC
Ex: Situação do leilão; acenar/ confusão com licitar
o Coacção física: art.246º CC
Ex: forçar, fisicamente, alguém a assinar algo
o Declarações não sérias: art.245º CC
o Simulação de algo; art. 240º CC:
Ex: duas partes em conluio declaram algo que na realidade
nunca aconteceu
Contrariedade á lei: art.294º CC
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o Incapacidade acidental: alguém que temporariamente
embriagado vende o seu veiculo por um valor irrisório
art.257ºCC
Ineficácia em sentido estrito (art.270º e ss): Supõe que o acto não possui, segundo a
lei, qualquer vício intrínseco, mas não obedece a um requisito extrínseco, a algo
exterior ao acto em si, tal como a lei o configura, mas de que depende a sua eficácia.
Nesse caso, o acto pode não produzir quaisquer efeitos ou apenas parte dos seus
efeitos jurídicos.
Pode apresentar uma:
Condição suspensiva: determinado negócio só começa a produzir efeitos a
partir da total verificação de determinado evento.
Condição resolutiva: produz efeito desde o inicio, mas se ocorrer
determinado evento, deixa de produzir esses efeitos, tendo também
efeitos retroactivos.
Protecção preventiva
Existem também meios de prevenção que se destinam a afastar a eminência da violação da
estatuição da norma:
Medidas de segurança
o Privativas da liberdade (art.91º ss e 104 e ss do CP)
Internamento de certos inimputáveis ou imputáveis com anomalias psíquicas,
consideradas perigosos e assim retirando do circuito social indivíduos que pela sua
conduta, possam pôr em perigo os seus semelhantes.
o Não preventivas de liberdade (art.100º a 104º CP)
Medidas de igual modo julgadas aptas a evitar o cometimento de actuações
previsivelmente praticáveis, que atinjam interesses primordiais de terceiros.
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o Obrigação permanência habitação
o Prisão preventiva
Consoante a qualidade do seu agente protector, a protecção coactiva ou a tutela dos direitos
pode ser:
Justiça privada:”autotutela”
Elemento fundamental:
Da acção directa é evitar a inutilização prática de um direito do próprio sujeito
Da legítima defesa é a agressão actual e ilícita de um direito do agente ou terceiros
Do estado de necessidade é afastar o perigo de um dano manifestamente superior
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3. Seja indispensável para evitar a inutilização prática desse direito
4. O agente não pode exceder o necessário para evitar o prejuízo, ou
seja, deve haver racionalidade de meios
5. Não pode sacrificar interesses superiores aos que o agente visa
assegurar ou realizar.
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O prejuízo provocado em estado de necessidade deve ser
indemnizado pelo agente ou até por terceiro tal como prescreve o
art.339º,nº2, CC.
Ex: condutor que realiza uma manobra de salvamento, para evitar um
atropelamento de uma criança, ou ciclista descontrolado.
o Segurança privada
A lei permite em certos casos, e dentro de dados limites que a segurança de
pessoas e bens, possa ser organizada por empresas privadas especialmente
licenciados para o efeito.
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