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RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
SUMÁRIO
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RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
TEMA DO DIA
Conceito. Fontes
Princípios
2. Princípios Processuais
1. CONCEITO DE PROCESSO
perspectiva de análise realizada. Assim, pode ser, segundo Fredie Didier Jr.1,:
c) relação jurídica.
Processo como método de produção de normas jurídicas: sob o enfoque da Teoria da Norma
jurídicas. Lembrando que o poder normativo só pode ser exercido processualmente, seja pelo:
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DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador:
Juspodivm, 2015. p. 33-34.
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Administração Pública;
c) Processo jurisdicional: produção de normas pela jurisdição. Nesse caso, para ser válido, o
processo deve seguir o modelo previsto na Constituição Federal com todos seus institutos
e direitos fundamentais
Processo como ato jurídico complexo: Para essa acepção, o processo seria sinônimo de
procedimento. É considerado um ato jurídico complexo, formado por vários atos jurídicos, em que
temos o ato final que o caracteriza, mas também ato ou atos condicionantes do ato final, que se
relacionam entre si, ordenadamente no tempo, de modo que constituem partes integrantes de um
processo. É, assim, o conjunto ordenado de atos destinados a um fim; um “ato compexo de formação
Processo como relação jurídica: o processo é o conjunto das relações jurídicas que vão sendo
estabelecidas entre os sujeitos processuais, que envolvem o juiz, as partes, os auxiliares da justiça,
dentre outros. Assim, o conjunto de relações jurídicas formam uma relação jurídica maior,
denominada processo. Nesse sentido, processo é uma relação jurídica complexa, composta por um
De acordo com Marcus Vinicius Rios Gonçalves2, o Processo Civil pode ser conceituado como
“o ramo do direito que contém as regras e os princípios que tratam da jurisdição civil, isto é, da
aplicação da lei aos casos concretos, para a solução dos conflitos de interesses pelo Estado-juiz. O
conflito entre sujeitos é condição necessária, mas não suficiente para que incidam as normas de
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GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 84.
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Por sua vez, Fredie Didier3 conceitua como o “conjunto de normas que disciplinam o processo
jurisdicional civil – visto como ato-jurídico complexo ou como feixe de relações jurídicas. Compõe-se
das normas que determinam o modo como o processo deve estruturar-se e as situações jurídicas
Em resumo, o Processo Civil é o ramo do Direito que disciplina as normas da jurisdição civil,
Para a doutrina4, há diferenças entre direito material e processual e uma relação íntima entre
eles (“relação circular entre o direito material e o processo”), o que, em última análise, leva, como
A) Direito Material: são normas que indicam os direitos das pessoas. Corresponde a uma
normas de direito material, permitindo que seu titular possa recorrer ao Poder Judiciário
para fazer cumprir seu direito. O Processo não é um fim em si mesmo, mas um meio para
E, assim, diante da clara e necessária relação existente entre direito material e processual, tem-
aplica a lei ao caso concreto. Não é um fim em si, já que ninguém deseja a
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DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador:
Juspodivm, 2015. p. 34.
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GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 86.
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solucionando o conflito.”5
Em resumo: “O direito material sonha, projeta; ao direito processual cabe a concretização tão
jurídico autônomo, mas também um instrumento específico de atuação a serviço do direito material,
haja vista que seus institutos básicos são concebidos e se justificam para garantir a efetividade do
direito substancial ou material, na hipótese de uma determinada controvérsia jurídica ser sujeita à
O processo, enfim, realiza o direito material, e o direito material confere sentido ao processo,
de Direito, todo e qualquer ato estatal de poder deve ser construído através de processos, sob pena
de não ter legitimidade democrática, e, por conseguinte, ser incompatível com o Estado
Constitucional.
Sob essa perspectiva, o processo civil brasileiro é construído – e deve ser entendido - a partir
formado pelos princípios do devido processo legal, da isonomia, do juiz natural, da inafastabilidade
5
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 86.
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DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador:
Juspodivm, 2015. p. 39.
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Outros princípios que são expressamente referidos como normas fundamentais do processo civil são os da dignidade da
pessoa humana, proporcionalidade, razoabilidade, legalidade, publicidade e eficiência (art. 8º, CPC).
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Constituição Federal, que serve ao processo como fonte de validade, influenciando a interpretação
de seus dispositivos.
As normas processuais não podem conflitar com as normas constitucionais, sobretudo no que
tange ao devido processo legal. Em resumo, todas as normas processuais devem ser interpretadas
Destaque-se que “O que hoje parece uma obviedade, era quase revolucionário numa época
em que a nossa cultura jurídica hegemônica não tratava a Constituição como norma, mas como pouco
que é conduzido por diversos sujeitos (partes, juiz, MP), todos igualmente importantes na construção
art. 6º do CPC.
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[...] a atividade de aplicação do ordenamento jurídico passa a exigir um recinto de procedimentalidade discursiva, marcado
pela efetiva atuação das partes na construção do ato estatal, de forma que elas se identifiquem não apenas como
destinatárias, mas, também, como coautoras das decisões judiciais. (FARIA, Gustavo. Jurisprudencialização do Direito:
reflexões no contexto da processualidade democrática. Arraes. 2012, p. 61)
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comunidade de trabalho, na qual se potencializa o franco diálogo entre todos os sujeitos processuais
[...] fazendo com que o contraditório, como direito de informação/reação, ceda espaço a um direito
deliberativa no campo do processo, reforçando, assim, o papel das partes na formação da decisão
Dito por outras palavras, [...] a atividade de aplicação do ordenamento jurídico passa a exigir
um recinto de procedimentalidade discursiva, marcado pela efetiva atuação das partes na construção
do ato estatal, de forma que elas se identifiquem não apenas como destinatárias, mas, também,
como coautoras das decisões judiciais. (FARIA, Gustavo. Jurisprudencialização do Direito: reflexões
Todos os sujeitos processuais devem agir de modo a alcançar uma solução (de mérito) tão
justa e rápida quanto possível, inclusive o juiz.9 Esse novo princípio processual ganha autonomia em
face do princípio da boa-fé. Nesse contexto, a doutrina disciplina a existência de alguns deveres de
● Dever de esclarecimento: que se divide em dois aspectos: 1) O juiz tem o dever de esclarecer
decisões equivocadas;
● Dever de consulta: o juiz tem o dever de consultar as partes acerca de qualquer ponto de fato
ou de direito relevante para sua decisão, mesmo que este ponto possa ser conhecido de ofício
pelo juiz. A decisão do juiz não pode estar lastreada em ponto em que as partes não tiveram
9
“Observação importante que merece ser feita é que a cooperação prevista no dispositivo em comento deve ser praticada
por todos os sujeitos do processo. Não se trata, portanto, de envolvimento apenas entre as partes (autor e réu), mas também
de eventuais terceiros intervenientes (em qualquer uma das diversas modalidades de intervenção de terceiros), do próprio
magistrado, de auxiliares da Justiça e, evidentemente, do próprio Ministério Público quando atue na qualidade de fiscal da
ordem jurídica”. (BUENO, Celso Scarpinella. Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Editora Saraiva. pág.
45).
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oportunidade de se manifestar. (busca evitar que a parte seja surpreendida); Sobre o tema,
● Dever de prevenção: se o juiz identifica alguma falha no processo, ele tem o dever de indicar
a falha processual e o modo como ela deve ser corrigida, evitando o proferimento de decisões
● Dever de auxílio: deve o juiz colaborar com as partes para a superação de dificuldades que
da análise dos artigos 256, § 3º, 319, § 1º, 321, caput, entre outros.
Parte da doutrina divide as normas jurídicas processuais em formais e não formais, embora
São fontes formais as que expressam o direito positivo, as formas pelas quais ele se manifesta.
A fonte formal por excelência é a lei (fonte formal primária). Além dela, podem ser
ordenamento jurídico não pode conter lacunas, cumprindo-lhes fornecer os elementos para supri-
las. Podem ser citadas também as súmulas do Supremo Tribunal Federal (STF), com efeito
vinculante, bem como as decisões definitivas de mérito, proferidas também pelo STF, em controle
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Fonte formal primária – Lei: decorrência do sistema romano germânico que prevalece no
ordenamento jurídico brasileiro. É importante ressaltar que o CPC/15 será a principal lei em direito
processual civil. No entanto, existem outras leis esparsas que serão abordadas ao longo das
rodadas. Ex.: Lei do Mandado de Segurança, Lei da Ação Civil Pública etc.
Fontes formais acessórias – i) analogia, costume e princípios gerais do direito (art. 4º da Lei de
Introdução às Normas do Direito brasileiro); ii) Súmula vinculante do STF nos termos do art. 103-A
da Constituição Federal: são criadas pelo Supremo Tribuna Federal, mediante votação por quórum
qualificado e, vinculam as decisões judiciais e a Administração Pública. Essa súmula deve versar
sobre matéria constitucional e deve existir controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica
e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão; iii) Decisões definitivas de mérito
proferidas pelo STF em controle direto de constitucionalidade (art. 102, § 2º, da Constituição
Federal); iv) os demais precedentes vinculantes, enumerados no art. 927, III, IV e V do CPC
determinada matéria sem que se enquadre nas hipóteses do art. 927 do CPC.
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GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p.
100.
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Numa visão mais contemporânea,11 podemos identificar como rol de fontes da norma
processual:
a. Constituição Federal;
b. Lei federal. Nesse particular, vale lembrar que compete privativamente à União legislar
sobre direito processual,12 cabendo aos estados legislar sobre procedimento em matéria
processuais, como, por exemplo, sobre “algum tema que permitiria o ajuste do procedimento a uma
peculiaridade circunscrita a uma dada região (por exemplo, sobre lugar onde a petição pode ser
d. Medidas provisórias editadas antes da EC 32/2001 (que proibiu a edição de MPs em matéria
processual);
e. Precedentes;
g. Regimentos Internos;
parte e a sua representação processual será feita pelo seu respectivo cacique; a fonte normativa
11
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 24. ed. Salvador:
Juspodivm, 2022. p. 85.
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CF, art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
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CF, art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: [...] XI - procedimentos
em matéria processual;
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Interpretação: consiste na técnica de analisar as normas, que são gerais e abstratas, e buscar
o seu sentido e alcance para posterior aplicação ao caso concreto. A interpretação envolve a tarefa
de alcançar a finalidade pela qual a norma foi editada e compreendê-la no conjunto do ordenamento
jurídico14.
processual deve ser pautada pelos princípios fundamentais do processo previstos no texto
constitucional.
Art. 8º, CPC/15: “Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins
a) Autêntica: é aquela realizada pelo próprio legislador que criou a norma e que, diante da
dificuldade de sua compreensão, edita outra, que lhe aclara o sentido. Ex.: Norma que traz os
b) Jurisprudencial: feita pelos tribunais no julgamento reiterado de casos por ele julgados. A
operadores do direito para fundamentar suas posições quanto ao alcance e sentido de uma norma.
14
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p.
109.
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GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p.
110-111.
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questão e é fundamental para o aprofundamento das discussões. Podem servir para embasar
norma, buscando seu sentido por meio de análise gramatical e linguística. O intérprete deve
normativos. É, portanto, tarefa do intérprete, examinar a norma em seu conjunto e não apenas
obtenção do bem comum e respeitando os objetivos sociais a que se destina. Cabe ao intérprete
estar atento ao texto constitucional, no qual são indicadas as finalidades últimas do Estado e da
d) Histórica: busca interpretar a norma de acordo com a sua evolução histórica, o que inclui o
norma jurídica.
a) Extensiva: concluindo que a norma disse menos do que deveria, o intérprete estende a sua
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b) Restritiva: atribui à norma um alcance menor do que aquele que emanava originariamente do
texto.
c) Declarativa: não é nem restritiva, nem ampliativa. Dá à norma uma extensão que coincide
exatamente com o seu texto, nem estendendo nem reduzindo a sua aplicação.
Vigência: A vigência é o lapso temporal em que a norma tem força obrigatória. O início da
vigência marca o começo de sua exigibilidade. A lei passa por três fases fundamentais para que
tenha validade e eficácia: elaboração, promulgação e publicação. Depois vem o prazo de vacância,
“Vacatio legis”: É o período entre a publicação e o início de vigência da norma. Pode ser
definido como o tempo necessário para que o texto normativo se torne efetivamente conhecido, e
variará de acordo com a repercussão social da matéria. O CPC de 2015 teve “vacatio legis” de 1 ano
por previsão expressa em seu art. 1.045 nas Disposições Finais e Transitória.
processual não retroage e é aplicada aos processos em curso (princípio do “tempus regit actum”).
Além disso, devem ser respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas
consolidadas sob a vigência da norma revogada anterior (“isolamento dos atos processuais”).
Regra: normas de processo têm incidência imediata, atingindo os processos em curso. Nenhum
litigante tem direito adquirido a que o processo iniciado na vigência da lei antiga continue sendo por
Nesse contexto, vale lembrar que o art. 1.046/CPC estabelece que, quando da entrada em
vigor do código, suas disposições se aplicam desde logo aos processos pendentes, ficando revogado
procedimentos especiais que forem revogadas aplicar-se-ão às ações propostas e não sentenciadas
16
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p.
112.
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No mesmo sentido, vide enunciado 568 do Fórum Permanente dos Processualistas Civis
(FPPC): As disposições do CPC-1973 relativas aos procedimentos cautelares que forem revogadas
Atos jurídicos perfeitos: atos já praticados devem ser respeitados na forma realizada pela lei
anterior. Exemplo: recurso que tiver sido impetrado na vigência da lei anterior, quando ainda era
cabível, deve ser recebido e processado, mesmo que a lei posterior o tenha excluído ou restringindo
Teoria do isolamento dos atos processuais17: os atos processuais são sucessivos e ordenados
no tempo. Assim, há a necessidade de ser verificar a fase em que se encontra cada ato: a) já
a) Atos já realizados: a lei nova não atinge esses atos. Aquilo que foi realizado com base na
lei anterior deve perdurar até o fim do processo, não sendo atingido pela nova legislação;
b) Atos que serão ainda realizados: serão completamente regidos pela lei nova;
c) Situações pendentes: é o ponto mais complexo na análise. Prevalece que a lei nova não
Exemplo: se, no curso de um prazo recursal, sobrevém lei nova que extingue o recurso, ou
modifica o prazo, os litigantes que pretendiam recorrer ficarão prejudicados? Não, pois a
lei não pode prejudicar o direito adquirido processual. Desde o momento em que a decisão
foi publicada, adveio para as partes o direito de interpor o recurso que, então, estava
Por fim, uma observação em relação ao princípio do “tempus regit actum” e o direito probatório:
dispõe o art. 1.047/CPC que as disposições de direito probatório adotadas no Código de 2015
aplicam-se apenas às provas requeridas ou determinadas de ofício a partir da data de início de sua
vigência.
Em complemento à citada regra, vale lembrar que o enunciado 366 do FPPC dispõe que o
protesto genérico por provas, realizado na petição inicial ou na contestação ofertada antes da
vigência do CPC, não implica requerimento de prova para fins do art. 1047.
17
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p.
112.
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
E, ainda, ressalte-se que há quem defenda que “o que define a aplicação do CPC 1.047 é o
momento do deferimento ou determinação da prova (visto que o direito à prova surge com seu
deferimento). Se a prova foi requerida na vigência do CPC/73, mas deferida na vigência do CPC/15,
será regida pelo procedimento previsto neste último.” (NERY JR, Nelson. Ob. cit., p. 2.241)
Aplicação espacial: versa sobre o espaço territorial que serão aplicadas as normas
processuais. De acordo com o art. 16, do CPC/15, as normas de Processo Civil têm aplicação em
ATENÇÃO! Não confunda aplicação das normas de Direito Material e de Direito Processual. Um juiz
brasileiro pode aplicar normas de direito material estrangeiro, mas as normas processuais seguirão
Sentença e processos estrangeiros: como regra, não tem eficácia no território nacional, salvo
9. NORMAS FUNDAMENTAIS
estrutura do modelo do processo civil brasileiro e orienta a interpretação das demais normas
texto constitucional.
18
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p.
111.
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DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador:
Juspodivm, 2015. p. 61-62.
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
para o Capítulo I do Título Único do CPC/15 que versa sobre Normas Fundamentais do Processo
Atenção! Caro(a) aluno(a), é fundamental e indispensável para seu concurso, a leitura atenta aos
dispositivos previstos nos art. 1º a 12 do CPC, pois orientam todo o processo civil e serão abordados
Vale ressaltar, também, que algumas normas fundamentais se encontram dispostas em outros
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
Com inspiração na Carta Magna Inglesa, de 1.215,20 o due processo of law funciona como um
justo com ampla participação das partes e a efetiva proteção de seus direitos21. Por exemplo, os
devido processo legal. A Carta Magna dispõe, em seu art. 5º, LIV, da CF/88 que “ninguém será
É importante destacar que o processo deve se conformar com o Direito considerado em seu
● Devido processo legal substancial (ou material): Forma de controle de conteúdo das
O “substantive due processo of law” também pode ser visto sob a perspectiva de limites ao
20
Carta Magna (Inglaterra, 1215), art. 39. Nenhum homem livre será preso, aprisionado ou privado de uma propriedade,
ou tornado fora-da-lei, ou exilado, ou de maneira alguma destruído, nem agiremos contra ele ou mandaremos alguém contra
ele, a não ser por julgamento legal dos seus pares, ou pela lei da terra.
21
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 176-
177.
22
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador:
Juspodivm, 2015. p. 63.
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
processuais mínimas. É voltado ao processo, especialmente ao juiz para que observe os princípios
processuais na condução dos atos processuais. De caráter instrumental, o “procedural due processo
of law” significa o direito a um processo regular e justo, que legitima a atividade estatal (pela via do
formado pelo conjunto de todos os direitos fundamentais, previstos ou não no texto constitucional.23”
Note-se, portanto, que a dignidade humana não é princípio exclusivo do Processo Civil, mas permeia
todos os ramos do direito invariavelmente e deve ser observado entre Estado e indivíduo e entre os
orientativo dos direitos e garantias fundamentais. No âmbito do Processo Civil, o art. 8º do CPC/15
23
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador:
Juspodivm, 2015. p. 75.
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
medidas de ofício que resguardem a dignidade da pessoa humana, como exemplo, a prioridade de
tramitação processual de pessoa com doença grave não elencada no rol do art. 1.048 do CPC.
10.3. Contraditório
É princípio que encontra previsão constitucional no art. 5º, LV, da CF/88: “aos litigantes, em
CONTRADITÓRIO TRADICIONAL
Reação: o contraditório é assegurado ainda que a parte não reaja efetivamente, desde que tenha
tido oportunidade para fazê-lo. Nos processos envolvendo direitos indisponíveis a reação é
obrigatória.
possibilidade de informação + reação, prevê que para sua real efetividade seria necessário exigir que
a reação no caso concreto tenha real poder de influenciar o juiz em seu convencimento24. Voltado
para a concepção democrática atual do processo justo, entende-se que reagir sem obter a “atenção”
do juiz não é suficiente para o respeito à garantia fundamental do contraditório. É necessário que o
24
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 179.
22
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
convencimento.
surpresa25, de acordo com o qual, nos termos do art. 10/CPC, o juiz não pode decidir, em grau
algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes
oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
A decisão que desrespeita a citada norma é conhecida como decisão surpresa (ou decisão de terceira
via), como se vê, inclusive, da orientação do STJ, ao dispor que “a proibição de decisão surpresa -
também conhecida como decisão de terceira via - com obediência ao princípio do contraditório,
assegura às partes o direito de serem ouvidas de maneira antecipada sobre todas as questões
relevantes do processo, ainda que passíveis de conhecimento de ofício pelo magistrado.” (STJ,
REsp 1.676.027/2017)
for proferida a seu favor, que se manifesta como a dispensa do contraditório inútil. Está
indiretamente previsto no art. 9º do CPC, pois somente há vedação para que as decisões sejam
proferidas contra uma das partes sem que ela seja ouvida. Não há proibição para decisões favoráveis
à parte:
Art. 9º do CPC/15: Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que
ATENÇÃO:
Embora a regra seja o contraditório prévio (art. 9º, caput), em algumas hipóteses, o contraditório
pode ser diferido, a exemplo do que ocorre nas tutelas de urgência, situações de extrema
necessidade, nas quais a decisão judicial precede informação e possibilidade de reação da parte
adversa. Um exemplo para ilustrar diz respeito à concessão de tutela antecipada para cobertura de
planos de saúde.
25
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 180.
26
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 182-
183.
23
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
O contraditório diferido somente deve ser aplicado quando o contraditório prévio representar risco
grave à tutela jurisdicional pleiteada27. É o caso, por exemplo, do réu que, tomando ciência do pedido,
pode efetuar atos para impedir que a tutela ocorra como o esvaziamento de contas bancárias etc.
OBSERVAÇÃO: Para parcela da doutrina28, o princípio da ampla defesa está inserido na necessidade
direito de defesa, ou seja, esta se realiza através do contraditório. (MENDONÇA Jr. Delosmar.
Sistema inquisitivo: o juiz é a figura central do processo e cabe a ele a condução sem a
Sistema dispositivo: o juiz tem participação condicionada à vontade das partes, que vão definir
desde a existência até a extensão do processo. Depende para seu prosseguimento da manifestação
das partes.
Sistema misto: adotado pelo sistema processual brasileiro e prevê uma mistura entre sistema
com toques de inquisitoriedade”. Juiz está vinculado à causa de pedir (dispositivo), mas poderá
Previsão no CPC/15 (art. 2º): “O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por
27
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 185.
28
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador:
Juspodivm, 2015. p. 87.
29
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 186.
24
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
Previsão constitucional: Dispõe o art. 93, IX, da CF/88 a necessidade de motivação das
Previsão no art. 11 do CPC/15: “Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
1) Sucumbente: deve ter conhecimento das razões da decisão para poder elaborar seu
2) Órgão jurisdicional recursal: deve ter conhecimento das razões da decisão para apreciar e
Decisões que não são consideradas fundamentadas (art. 489, § 1º, CPC/15): o CPC/15
Comentário: não basta ao julgador indicar o ato normativo, mas deve ser
30
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 189.
25
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
“Em obra clássica enfrentando o tema, bem ensina Karl Engisch ser conceito
agosto de 2018);
[...] a significar algo que pode se usar em diferentes situações, sem risco de
Todavia, vale lembrar, o STJ, por decisão da Corte Especial, já consignou que
26
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
concreto.;
overruling.
A propósito: “A regra do art. 489, §1º, VI, do CPC, segundo a qual o juiz, para
31
Na verdade, a ratio será o que a Corte afirma como como interpretação correta da lei. [...] É a tese jurídica ou interpretação
da norma consagrada na decisão. [...] Regra cuja ausência o caso seria decidido de outra forma. (In MARINONI, Luiz
Guilherme. Uma nova realidade diante do projeto de CPC: a ratio decidendi ou os fundamentos determinantes da decisão).
27
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
OBSERVAÇÃO!
outra decisão anterior ou a parecer do Ministério Público, incorporando esses textos em sua própria
motivação. O STJ admite essa forma de fundamentação. Há, entretanto, posicionamento doutrinário
que entende que essa fundamentação não preenche os requisitos de decisão devidamente
fundamentada32.
Sobre o tema: Não há falar em nulidade do aresto monocrático por ausência de fundamentação, pois
o STJ possui jurisprudência no sentido de que a fundamentação per relationem, por referência ou
remissão, na qual são utilizadas pelo julgado, como razões de decidir, motivações contidas em
decisão judicial anterior ou, ainda, em parecer proferido pelo Ministério Público, tem sido admitida
Previsão constitucional (art. 5º, LX, CF/88): “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;” Note-se, portanto, que
pela legislação.
Previsão no CPC/15 (art. 8º e 11): infere-se dos dispositivos legais que todos os julgamentos
dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, o que, também, é confirmado pelo art. 189, caput, do
CPC.
32
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 195-
196.
28
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
a) Proteção das partes: evita que sejam praticados atos arbitrários e secretos em desfavor
Atenção! O princípio NÃO é absoluto, pois é possível a limitação da publicidade, nas hipóteses de
exigência do interesse público ou de respeito ao princípio da intimidade. Nesse sentido, o art. 189
interesse público];
33
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador:
Juspodivm, 2015. p. 86.
34
A publicidade é instrumento de eficácia da garantia da motivação (DIDER, Fredie. Ob. cit., p. 88)
29
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
Terceiro com interesse jurídico: pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem
como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação (art. 189, § 2º, do CPC/15).
equilibrada a disputa judicial entre as partes. Nesse sentido, serve também para reafirmar a
Previsão na Constituição: art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à
Previsão no art. 139/CPC: O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
Aspecto material do princípio: Não basta tão somente a garantia formal da isonomia, em que
disparidades no plano do direito material ou processual. Nesses casos, alguns sujeitos processuais
possuem tratamento diferenciado no processo, seja pela qualidade de parte ou pela natureza do
da prova do consumidor (art. 6º, VIII, CDC), da representação processual do incapaz, entre outros.
Em outras palavras, o princípio da isonomia processual não deve ser entendido abstrata e sim
concretamente, garantindo às partes manter paridade de armas, como forma de manter equilibrada
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
a disputa judicial entre elas; assim, a isonomia entre partes desiguais só pode ser atingida por meio
ATENÇÃO
processo civil, a exemplo do prazo em dobro para se manifestar36, remessa necessária, isenção do
Necessário destacar ainda que decorre da isonomia a previsão no art. 12 do NCPC, pela qual
máximo de um fim com o mínimo de recursos”38). Encontra previsão expressa no art. 8º do CPC/15:
Art. 8º, CPC/15: Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins
35
Fundação Carlos Chagas. Concurso da Magistratura – 2020, prova objetiva.
36
Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito
público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da
intimação pessoal.
37
Vide, p.ex., lei nº 8.437/92.
38
DIDIER, Fredie. Ob. cit., p. 151.
31
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
3) Eficácia vinculante dos entendimentos dos Tribunais Superiores previstas no art. 927 do
CPC/15;
4) Conexão ou continência;
5) Prova emprestada;
OBSERVAÇÃO: Há, ainda, o entendimento de que esse princípio abrange a tentativa de tornar o
processo o mais barato possível para as partes. É o caso da Assistência Judiciária Gratuita e dos
Juizados Especiais39.
Busca preservar a celeridade processual. No entanto, deve haver uma harmonização, haja vista
que o operador do Direito NÃO pode sacrificar direitos fundamentais das partes com o escopo de
obter a celeridade processual, "assegurando-se que o processo demore todo o tempo necessário
Em outras palavras, “Duração razoável tanto pode significar aceleração da marcha processual,
contraditório e a ampla defesa.” (SOUSA, José Augusto Garcia de. A tríade constitucional da
Previsão constitucional (art. 5º, LXXVIII, CF/88) – “a todos, no âmbito judicial e administrativo,
são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação.”
Previsão no CPC/15 (art. 4º e 6º): No âmbito do Código de Processo Civil, a duração razoável
do processo é associada à necessidade de se buscar uma decisão justa e efetiva em tempo razoável.
Há também determinação para que haja a solução integral do mérito, inclusive em âmbito da
atividade satisfativa. Note-se, portanto, que há relação intrínseca entre esse princípio e o princípio
39
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 204.
32
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
da primazia do julgamento de mérito que será abordado nos próximos tópicos. Instrumentos para
2) Mandado de segurança contra omissão judicial com ordem para se proferir a decisão;
Vale lembrar, por fim, que antes mesmo da EC 45/2004 introduzir a garantia fundamental no
rol do art. 5º da CF, já havia previsão do princípio no Pacto de São José da Costa Rica (do qual o
Brasil é signatário), nos termos do artigo 8º - Garantias judiciais. 1. Toda pessoa terá o direito de ser
ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal
acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter
Dispõe sobre a possibilidade de sanar eventuais falhas processuais que não maculem o
processo, para buscar, sempre que possível, o julgamento do mérito. Nesse sentido, os arts. 4º e 6º
do CPC:
Art. 6º. Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se
33
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
Art. 282. [...] § 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem
Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá
Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão
Vale lembrar, ainda, que tal princípio também deve ser aplicado no julgamento de recursos,
ocasião em que se fala do “princípio da primazia do julgamento do mérito recursal”. Como exemplo,
é possível citar a concessão de prazo para o recorrente trazer peças eventualmente ausentes no
(.)
concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício
Segundo o STF (ARE 953221 AgR/SP, Rel. Min. Luiz Fux, j. 7/6/2016), o prazo
aos casos em que seja necessário sanar vícios formais, como ausência de
Assim, esse dispositivo não incide nos casos em que o recorrente não ataca
34
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
Forma do ato: Como regra geral, os atos e os termos processuais independem de forma
determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir (art. 188/CPC). Se houver forma prevista
em lei para a realização do ato, é necessário que ela seja observada, sob pena de nulidade.
Finalidade do princípio: Busca aproveitar o ato viciado, ainda que praticado em desrespeito à
● NÃO haja prejuízo à parte contrária ou ao processo (pas de nullité sans grief).
essencial.
finalidade.
Art. 283. [...] Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados
Nas palavras do STJ, “Segundo o princípio da instrumentalidade das formas, não se deve
decretar a nulidade do ato quando este não houver gerado prejuízo para as partes e tiver alcançado
35
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
Ou, ainda, segundo as lições do professor Humberto Theodoro Jr.: “A preocupação maior do
aplicador das regras e técnicas do processo civil deve privilegiar, de maneira predominante, o papel
da jurisdição no campo da realização do direito material, já que é por meio dele que, afinal, se
compõem os litígios e se concretiza a paz social sob comando da ordem jurídica” (THEODORO JR.,
Humberto. Curso de Direito Processual Civil, Vol. I, 55ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 33)
A boa-fé é regra de conduta que deve nortear o comportamento das partes, bem como a
interpretação da postulação e da sentença. Sua previsão consta do art. 5º do CPC, segundo o qual
aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.
A boa-fé, nas palavras do STJ, se apresenta como uma exigência de lealdade, modelo objetivo
de conduta, arquétipo social pelo qual impõe o poder-dever de que cada pessoa ajuste a própria
conduta a esse modelo, agindo como agiria uma pessoa honesta, escorreita e leal.” (STJ, REsp
803.481/2007).
Destaque-se que a boa-fé a que se refere o CPC é a boa-fé objetiva, ou seja, aquela em que
não se analisa a intenção do sujeito ao praticar certo ato, sendo relevante, apenas, o seu
comportamento.
Além disso, são aplicadas ao processo civil algumas figuras parcelares da boa-fé objetiva
qualificada de uma das partes em exercer um direito ou uma faculdade, criando para a outra parte
a legítima expectativa de ter havido a renúncia àquela prerrogativa. (STJ, AgInt no AREsp
296.214/2018).
entendida como “aquela que, podendo ser sanada pela insurgência imediata da defesa após ciência
do vício, não é alegada, como estratégia, numa perspectiva de melhor conveniência futura. Observe-
36
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
se que tal atitude não encontra ressonância no sistema jurídico vigente, pautado no princípio da boa-
fé processual, que exige lealdade de todos os agentes processuais. (STJ, Informativo 741, AgRg no
HC 732.642/2022)
Judiciário: “Situação em que se cria expectativa por uma das partes, em razão de conduta indicativa
do princípio da boa-fé, quando vier a ser praticado ato contrário ao previsto, com surpresa e prejuízo
da boa-fé objetiva:
Não tem interesse recursal o autor que, requerendo desistência do processo, argui, contra a
contra factum proprium -, pelo que, tendo o recorrente atuado em juízo efetuando o pagamento das
Diante da prática de ato que macule o processo, o NCPC tutela mecanismos para coibir a
serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por
lei, o juiz proferirá decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, de
37
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
exequente.
Sobre tal princípio, remetemos o leitor ao item 3 (“Processo Civil Constitucional”), onde
lançamos explicações sobre o assunto. Prevê que todos os sujeitos processuais devem cooperar
entre si para obter, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva (art. 6º).
Ordem cronológica de julgamento: O CPC/15 estabelece em seu art. 12 uma ordem que deve
ser observada pelo juiz para conclusão do processo destinado a proferir a decisão final. É a
pessoas tenham seus processos julgados de forma mais rápida de maneira indevida”. (MARINONI,
40
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador:
Juspodivm, 2015.
38
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
computadores.
demandas repetitivas;
de Justiça;
competência penal;
fundamentada.
formulado pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto
diligência.
39
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
Ordem preferencial: A Lei nº 13.256/2016 modificou o art. 12 do CPC para prever que a ordem
cronológica deve ser seguida preferencialmente pelos juízes. Ainda assim, a ordem prevista
estabelece, como regra, a necessidade dos julgadores de decidirem os processos mais antigos.
1) Processos que devem ocupar o primeiro lugar da fila (art. 12, § 6º, CPC):
a) tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de
especial ou extraordinário que tiver fixado entendimento contrário ao do tribunal de segundo grau.
Convém destacar, ainda, que o art. 153 trata de assunto conexo, indicando que o escrivão ou
publicação e efetivação dos pronunciamentos judiciais, excluídos da regra geral os atos urgentes,
assim reconhecidos pelo juiz no pronunciamento judicial a ser efetivado e as preferências legais.42
41
Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma: II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem, reexaminará o
processo de competência originária, a remessa necessária ou o recurso anteriormente julgado, se o acórdão recorrido
contrariar a orientação do tribunal superior.
42
Art. 153, § 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-ão a ordem cronológica de recebimento entre os atos urgentes
e as preferências legais.
§ 4º A parte que se considerar preterida na ordem cronológica poderá reclamar, nos próprios autos, ao juiz do processo,
que requisitará informações ao servidor, a serem prestadas no prazo de 2 (dois) dias.
§ 5º Constatada a preterição, o juiz determinará o imediato cumprimento do ato e a instauração de processo administrativo
disciplinar contra o servidor.
40
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
Referências Bibliográficas:
Fredie Didier Júnior. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil.
QUESTÕES PROPOSTAS
01. (MPT - 2017 - MPT - Procurador do Trabalho) Sobre as inovações do Código de Processo Civil
I - Por previsão expressa, as normas do CPC serão interpretadas de acordo com a Constituição da
República.
III - Foram explicitadas hipóteses de decisões judiciais que não se consideram fundamentadas.
coerente, comando que se aplica até mesmo para o Supremo Tribunal Federal.
e) Não respondida.
02. (FCC - 2017 - TST - Juiz do Trabalho Substituto) Considerando as normas fundamentais do
processo civil, de acordo com a Parte Geral do Código de Processo Civil, é correto afirmar:
41
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
a) A legislação atual assegura às partes o direito de obtenção, em lapso temporal razoável, da plena
execução.
b) É possível decidir questão de ofício sem oportunizar a manifestação das partes sobre o
fundamento adotado quando a decisão judicial estiver sendo tomada no âmbito jurisdicional dos
tribunais superiores.
c) O juiz não deve proferir decisão contra uma das partes sem que lhe seja dada oportunidade de se
manifestar, ainda que a decisão seja proferida em ação monitória, quando evidente o direito do autor.
d) Mesmo em questões a respeito das quais o magistrado está legalmente autorizado a decidir de
ofício, o juiz não está autorizado a proferir decisão sem oportunizar que as partes tenham assegurado
e) O dever de todos os sujeitos processuais, inclusive o perito, cooperarem para buscar a obtenção
de decisão que julgue o mérito da demanda judicial, em tempo razoável, de modo justo e efetivo,
03. (FCC - 2015 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Juiz do Trabalho Substituto) Quando o novo Código de
a) serão atingidos todos os processos e atos processuais em curso, tendo em vista o efeito imediato
da lei nova, salvo quanto aos atos que constituírem direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa
julgada.
b) serão atingidos todos os processos, incluindo os que possuam decisão transitada em julgado,
c) serão atingidos todos os processos em curso, sem exceção de qualquer ato, tendo em vista o efeito
d) todos os processos em curso, assim como os atos processuais posteriores ao início da vigência da
e) serão atingidos todos e quaisquer processos e atos processuais, tendo em vista o efeito imediato
42
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
I – O processo começa por iniciativa da parte e somente se desenvolve por impulso oficial.
estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive
III – Não se admite exceção à regra a qual não se proferirá decisão contra uma das partes sem que
a) I
b) II
c) I e III
d) II e III
e) Todas
I – Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, sendo que nos casos de
segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de
III – O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do
qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, exceto se tratar de matéria sobre
a) I
b) II
c) I e II
d) II e III
e) Todos
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RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
pedido e o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento
de casos repetitivos;
a) I
b) II
c) I e III
d) II e III
e) Todos
I – No que se refere à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão, após a
inclusão do processo na lista de processos aptos a julgamento, o requerimento formulado pela parte
não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura da instrução ou
II – A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições
específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte.
III – A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso,
norma revogada.
a) I
44
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
b) II
c) I e III
d) II e III
e) Todos
08. (2016 - CESPE - PGE-AM - Procurador do Estado) A respeito das normas processuais civis
O novo CPC aplica-se aos processos que se encontravam em curso na data de início de sua vigência,
assim como aos processos iniciados após sua vigência que se referem a fatos pretéritos.
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RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – META 01
1. A
2. D
3. A
4. B
5. C
6. C
7. E
8. Certo
46