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FUNDAMENTOS

JURÍDICOS
PROF. FLÁVIA CARRIJO NUNES
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior


A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à
geração, sistematização e disseminação do conhecimento,
para formar profissionais empreendedores que promovam
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e
cultural da comunidade em que está inserida.

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emissão de conceitos.
FUNDAMENTOS JURÍDICOS
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SUMÁRIO
AULA 01 LICITAÇÃO - DISPOSIÇÕES GERAIS 05

AULA 02 LICITAÇÃO - FINALIDADES 09

AULA 03 LICITAÇÃO - MODALIDADES 12

AULA 04 LICITAÇÃO - PREGÃO 17

AULA 05 LICITAÇÃO - TIPOS DE LICITAÇÃO 22

AULA 06 LICITAÇÃO - ESPÉCIES 28

AULA 07 LICITAÇÃO - DISPENSADA, DISPENSÁVEL E 34


INEXIGÍVEL

AULA 08 DIREITO DO TRABALHO - REFORMA TRABALHISTA 38


2017

AULA 09 DIREITO DO TRABALHO - EVOLUÇÃO HISTÓRICA 43

AULA 10 DIREITO DO TRABALHO - REQUISITOS 48

AULA 11 PERÍCIA - CONCEITO 54

AULA 12 PERÍCIA - DIREITOS 61

AULA 13 PERÍCIA - RESPONSABILIDADE DO PERITO 64

AULA 14 DIREITOS AUTORAIS - CONCEITO 68

AULA 15 DIREITOS AUTORAIS - PIRATARIA 72

AULA 16 DIREITOS AUTORAIS - ESPÉCIES 78


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INTRODUÇÃO

A matéria de Direito é um ramo jurídico que regula as relações da sociedade perante às


leis, quais são os seus direitos e deveres.
Seu estudo deve se iniciar pela apresentação das características essenciais sobre Licitação,
permitindo a visualização de seus contornos e peculiaridades próprias e é o que será feito nos
capítulos a seguir, onde serão estudados os tópicos como: definição, denominação, conteúdo
e função da Licitação, sobre o novo projeto da Lei de Licitações que no caso do Direito
Administrativo, que é o que mais nos interessa no momento, veremos suas características
com mais precisão ao longo do estudo.
Serão examinados os traços que envolvem a relação de emprego noramo do Direito do
Trabalho, tratando-se de temas como: a evolução histórica do Direito do Trabalho, autonomia
dele, seu posicionamento e os aspectos mais importantes e que se destacam no Direito do
Trabalho.
De forma resumida, define-se o Direito do Trabalho como: um complexo de princípios,
regras e institutos jurídicos que regulam a relação empregatícia de trabalho, além de outras
relações laborais específicas.
Já com relação às perícias e os peritos pode ser definido como um complexo de princípios,
regras e institutos jurídicos que regulam as relações de provas que constituem um processo
judicial ou extrajudicial. Dessa forma, interessa-nos saber que no direito é regulado as
responsabilidades dos peritos e, por conseguinte, as perícias por eles declaradas.
Com relaçãoaos Direitos Autorais, a composição do material tem por finalidade
demonstrar que esta matéria tem uma proteção diferenciada e que é crime a utilização
irregular das obras.

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AULA 1
LICITAÇÃO - LEIS N.8.666/93

1.1 Disposições Gerais

A chamada “Lei
“Leide
delicitações”,
licitações”,aaLei
Lein.n.8.666/93,contém
8.666/93,contémasas
principais regras
principais e procedimentos
regras e procedimen-
para as compras
tos para dosdos
as compras órgãos brasileiros
órgãos à AdministraçãoPública.
brasileiros à Administração Pública.
O foco deste livro será as licitações para compras de bens e serviços pela administração
pública no Brasil, aindaque boa parte da análise também se aplique às licitações para
contratação de obras e contratos de concessão.
Licitação é o processo realizado pela Administração Pública, onde consiste na disputa de
igualdade entre os interessados em celebrar contrato com ela, e para a escolha da melhor
proposta.
Esse processo administrativo é para escolher a proposta mais vantajosa para o Poder
Público, porém isso não quer dizer que deva ser necessariamente a mais barata.
Esse tema responde por mais de 70% das assertivas na matéria referente à Administração
Pública.
A matéria tem como base legislativa nas Leis n. 8.666/93 e na 10.520/02, portanto é
importante destacar que o estudo desse tema deve se basear principalmente na fixação do
texto legal.

Portanto, este é um procedimento administrativo formal que regra e se estabelece


de forma prévia às contratações de serviços, aquisições de produtos ou até para
registrar preços para contratações futuras pelos entes da Administração Pública.
Esta também pode ser considerada como um pré-contrato que tem como objetivo
principal a obtenção das propostas mais vantajosas e justas.
Fonte: ROGOSKI (2021). Disponível em:https://www.effecti.com.br/blog/o-que-
e-licitacao/#:~:text=%E2%80%9CLicita%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A9%20
o%20procedimento%20administrativo,pr%C3%A9%2Dcontrato%2C%20que%20
tem%20como

a) Licitações no Brasil

O nosso ordenamento, a Constituição Federal de 1988 em seu art. 37, inciso XX, determinou
a obrigatoriedade da licitação para todas as aquisições de bens e contratações de serviços

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e obras, bem como para alienação de bens, realizados pela Administração no exercício de
suas funções, tanto a Administração Direta como a Indireta deverão obedecer aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, estes princípios estão
disciplinados no artigo 37 e são considerados os princípios base da Administração:

Vejamos o que diz o artigo mencionado:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,


compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública
que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas
que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas
da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento
das obrigações.

1.1.1 Nova Lei de Licitações aprovada e o fim das leis licitatórias

Em dezembro de 2020 o Senado aprovou o PL 4.253/2020 que, após a sanção presidencial,


irá regular as licitações e contratos administrativos, ou seja, a lei mudará.
As mudanças na legislação modernizarão a gestão pública e vão desde a ampliação
de prazo de contratos à elaboração de planos de compras anuais, sem falar que passam
por muitos outros pontos importantes.Contudo, até o momento as leis para os processos
licitatórios são as leis federais vigentes, ou seja, as leis 8.666/93 e 10.520/02.
O texto propõe um novo marco para o processo licitatório, sendo que a nova lei, se aprovada
pelo Presidente da República, unifica as leis das licitações (Lei n. 8.666/93) a do Pregão (Lei n.
10.520/20 e a lei do Regime Diferenciado de Contratações Públicas, o RDC (Lei n. 12.462/11).

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Lei Aprovada. Fonte: https://www.effecti.com.br/blog/nova-lei-de-licitacoes-e-aprovada-pelo-senado//

1.1.2 Prazo de validade

As leis que irão substituí-las contamcom um “prazo de validade” de 2 (dois) anos, ou seja,
após a sanção presidencial, a nova lei de licitações terá validade simultânea com as leis que
foram substituídas.
Cuidado, pois, após o Presidente do Brasil sancionar a nova lei, esta passará a valer junto
com as que futuramente serão revogadas, isso em um prazo de 2 (dois) anos.

1.1.3 Principais alterações da nova lei de licitações

= criar uma nova modalidade de contratação;


= impedir a compra de artigos de luxo;
= exigir o seguro - garantia para as obras de grande porte

A finalidade foi dar e trazer maior transparência eficácia e agilidade nas execuções dos
contratos de licitações.

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Nova Lei. Fonte: https://www.contabeis.com.br/noticias/46368/nova-lei-de-licitacoes-segue-para-sancao-presidencial/

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AULA 2
LICITAÇÃO

2.1 Finalidades

O governo
governocompra
compraeenegocia
negociade
detudoe
tudoaetodo
a todo momento. Essas
momento.Essas compras
compras públicas
públicas contem-
contemplam
plam as áreas
as áreas da educação,
da educação, saúde,saúde, segurança,
segurança, energia,
energia, infraestrutura, prestação
infraestrutura,prestação de serviços
de serviços entre
entre outros.
outros.
Em um universo muito lucrativo, portanto, a concorrência é inevitável e a depender do
caso, poderá ser desleal.
Contudo, as compras públicas devem dar oportunidades iguais a qualquer interessado,
seja ele fornecedor, prestador, usuário.
Finalidades dos certames licitatórios:

a) escolher a melhor proposta, o que não quer dizer a mais barata;


b) permitir igualdade de participação dos interessados, se preenchidos os requisitos
exigidos pelo certame;
c) auxiliar na promoção do desenvolvimento nacional.

2.2 Princípios da Licitação

Princípios. Fonte:https://www.rcc.com.br/blog/quais-sao-os-principios-das-licitacoes/49&rlz=1C1PRFI_enBR871BR881&hl=pt-BR#imgrc=kQZEdkGpfozrVM

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Os princípios estão elencados no artigo 3º da Lei 8.666/93 estabelece:

Art. 3º - A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional


da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e
a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e
julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento
objetivo e dos que lhes são correlatos.

Analisemos cada um:

= Legalidade.

O processo das licitações precisa ser previamente estabelecido em uma lei, no caso das
licitações será a Lei 8.666/93, a Lei 10.520/02 e a 12.462/11. Este princípio objetiva garantir
a observância do princípio constitucional da Isonomia e selecionar a proposta mais vantajosa
para a Administração Pública, de maneira a assegurar a oportunidade igual a todos os
interessados e possibilitando um número maior depossíveis concorrentes.

= Impessoalidade/Igualdade.

É o princípio que garante aos licitantes o mesmo tratamento, ou seja, a igualdade de


oportunidades e condições.

= Moralidade.

É a honestidade das partes e dos interessados dentro de um processo licitatório.

= Publicidade.

Acima de tudo, todo e qualquer processo licitatório deverá ser público.Podendo qualquer
pessoa ter acesso, principalmente, para fins de fiscalização do interesse da coletividade. O
próprio artigo 37, caput, da Constituição Federal, diz que os cidadãos têm o direito de acesso
às informações dos atos praticados pelo Poder Público. Sendo assim, a licitação não será
sigilosa, salvo quanto ao conteúdo das propostas até a data de sua abertura.

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= Probidade Administrativa.

O dever de honestidade e fidelidade se estende tanto com relação ao Estado, quanto com
a população para que haja uma integridade no desempenho de suas funções por parte da
Administração Pública, este princípio possui contornos mais definidos do que a moralidade.

= Vinculação ao Instrumento Convocatório.

Tanto o edital como o convite vinculam os licitantes e também a Administração aos seus
termos. Assim, ambos constituem uma lei interna de licitação, devendo as regras e requisitos
serem observados e respeitados.

= Julgamento Objetivo.

Este princípio afasta a subjetividade, ou seja, afasta o que é pessoal, particular ou de


alguma forma íntimo, busca o critério técnico e impessoal para escolher a proposta mais
vantajosa, repetindo, é a mais vantajosa, mas nem sempre a mais barata.

Há também mais três princípios que podem ser aplicados à Licitação. São eles:

O Princípio da Competitividade - onde tornar a licitação muito mais atraente e com maior
número de interessados possíveis.

O Princípio do Sigilo das propostas - esse princípio existe apenas sigilo até a data de
sua regular abertura dos envelopes com as propostas. Após isso, o seu conteúdo passa a
receber, como todo o restante do processo, o tratamento de publicidade ampla.

Princípio da Adjudicação ao vencedor - onde atribui-se o objeto licitado ao competidor


vencedor.

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AULA 3
LICITAÇÃO

3.1 Modalidades de Licitação

Um dos temas mais importantes da matéria sobre Licitações sãoas modalidades licitatórias.
As modalidades nada mais são do que as categorias de Licitação conforme o preço, tipo
de serviço ou produto e também a depender da situação.

3.1.1 Concorrência

Modalidade destinada OBRIGATORIAMENTE para as transações de MAIOR VULTO, isso


para obras e serviços de engenharia ACIMA de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil
reais) e para compras e demais serviços, acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta
mil reais).
Os prazos dos editais são de 30 dias, como regra geral é de 45 dias para os tipos de
melhor técnica ou técnica e preço ou empreitada integral.
Quaisquer interessado que preencher os requisitos pode concorrer, ou seja, não há a
necessidade que o interessado esteja previamente cadastrado na Administração, nesta
modalidade vige o princípio da universalidade.

3.1.2 Tomada de preços

É destinada para as transações de MÉDIO valor, isso para obras e serviços de engenharia
ATÉ de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) e para compras e demais serviços,
ATÉ de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais).
Os prazos dos editais são de 15 dias, como regra geral é de 30 dias para os tipos de
melhor técnica ou técnica e preço.
Contudo, diferente da concorrência, os interessados devem preencher o requisito de ter
cadastro prévio na Administração, isso até o terceiro dia anterior à abertura das propostas.

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Princípios da Licitação. Fonte: https://triunfolegis.jusbrasil.com.br/artigos/401055684/modalidades-de-licitacao-concorrencia

3.1.3 Convite

Modalidade está destinada às contratações de BAIXO valor, isso para obras e serviços de
engenharia ATÉ de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) e para compras e demais
serviços, ATÉ de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).
Os prazos para apresentação das propostas é de 5 dias úteis.
Diferente das anteriores, no convite a Administração convocará pelo menos três interessados
que sejam do ramo, sejam eles cadastrados ou não.

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Licitação Convite. Fonte: https://triunfolegis.jusbrasil.com.br/artigos/402375533/modalidades-de-licitacao-convite

3.1.4 Leilão

Modalidade destinada à venda de:

a) bens móveis inservíveis para a Administração ou produtos legalmente apreendidos ou


penhorados;
b) bens móveis adquiridos em processos judiciais ou dação em pagamento;

O prazo para o edital é de 15 dias e dispensa a habilitação prévia, sendo necessária


apenas a avaliação.

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Licitação Venda de Bens. Fonte: https://triunfolegis.jusbrasil.com.br/artigos/405740823/modalidades-de-licitacao-leilao

3.1.5 Concurso

Destinado à disputa entre interessados para que se escolha o trabalho técnico, científico ou
artístico, mediante um prêmio ou remuneração ao vencedor, tudo isso conforme os critérios
do edital.
O prazo para o edital ser publicado na impressa oficial é de 45 dias.

Concurso de Pintura. Fonte: https://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/noticia/2020/07/10/concurso-nacional-seleciona-artistas-para-pintar-painel-de-graffiti-em-barra-mansa.


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3.1.6 Pregão

Destina-se à aquisição de bens e serviços comuns, ou seja, são os definidos nos padrões
de desempenho e qualidade no edital.
Há algumas peculiaridades referentes a essa modalidade de Licitação, quais sejam:

1- não há limite de valor;


2- há inversão da ordem procedimental;
3- adota o tipo de Licitação “menor preço”.

Pregão. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/543880092491154107/

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AULA 4
LICITAÇÃO

4.1 Pregão Presencial e Eletrônico

A) Pregão Presencial

No ano de 2002, promulgou-se a Lei 10.520/2002, lei esta que introduziu o pregão presencial,
um procedimento administrativo com dois estágios.
No primeiro procedimento/estágio ocorre um leilão selado de primeiro preço em que
os licitantes entregarão os envelopes lacrados contendo o lance de preço, assim como
ocorrecom as três modalidades já citadas e descritas da Lei 8.666/93.
No segundo procedimento/estágio, adota-se um leilão que será aberto com parte dos
licitantes do primeiro estágio, onde participarão deste o segundo estágio o autor da oferta
de valor mais baixo e os autores das ofertas com preços até 10% (dez por cento) superiores
àquela (inciso VIII, art. 4º da Lei 10.520/2002).
Não havendo pelo menos 3 (três) ofertas dentro dos 10% de intervalo, poderão os autores
das melhores propostas, até o máximo de 3 (três), participar do segundo procedimento e
oferecer de forma oral novos e sucessivos no leilão descendente (inciso IX do art. 4º).
Os participantes que passaram para o segundo estágio fazem novos lances, sendo que
estes lances serão a partir do menor valor da primeira fase. O segundo estágio de leilão
oral aberto descendente define uma oportunidade para o certame com o primeiro estágio
de leilão selado de primeiro preço que dificulta o comportamento cartelizado.
Caso haja desdeo primeiro estágio poucos licitantes, digamos três ou dois, o primeiro
estágio se torna dispensável, pois todos os participantes já estarão automaticamente
“classificados” para o segundo estágio, independente do que façam no primeiro.
A competição vai acontecer mesmo é no segundo estágio e o leilão na prática é oral
eaberto.
Outra importante inovação do pregão foi a inversão das fases da licitação.
Pela Lei 8.666/93 todos licitantes devem se habilitar previamente ao certame. A verificação
da habilitação ocorrerá apenas para o vencedor, o que reduz o custo operacional da licitação
tanto para o Estado quanto para os licitantes (inciso XII do Art. 4, Lei 10.520/2002).

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Conforme explica Rezende (2011, p. 28), quando a habilitação é verificada antes do leilão

todos os licitantes têm potencial interesse de afastar da disputa seus adversários


com base em impugnações dos documentos de habilitação. Assim, há espaço
para se deflagrar uma guerra de todos contra todos, com multiplicação de
recursos contra a habilitação de cada licitante. Esse quadro se modifica
significativamente com a inversão de fases, pois, uma vez conhecido o autor
da melhor proposta, os eventuais recursos serão dirigidos apenas contra ele,
poupando à Administração e aos próprios licitantes tempo e recursos.

No entanto, Ceccato (2012) também mostra que a inversão de fases abre espaço para uma
estratégia cartelizante quando associada ao mecanismo introduzido neste pregão presencial
de filtragem de apenas três licitantes da fase de leilão selado para a de leilão aberto.

B) Pregão Eletrônico

Já no ano de 2005, outra nova modalidade mais modernafoi introduzida aos procedimentos
licitatórios, chamada de “pregão eletrônico”.
Esta modalidade foi criada pelo Decreto 5.450/2005 e sua principal característica é ser
realizada a distância por meio eletrônico, o que reduz o custo de participação de vários
licitantes no certame, e que hoje, em uma situação ímpar que foi e está sendo a pandemia
Covid- 19 seria a modalidade mais viável aos órgãos da Administração Pública.
Este procedimento é definido no art. 4º do Decreto citado que servepara as licitações para
aquisição de bens e serviços será obrigatória a modalidade de pregão, sendo preferencial a
utilização da sua forma eletrônica.
O § 1º deste mesmo artigo define que o pregão só não será utilizado na forma eletrônica
nos casos de comprovada inviabilidade, a ser justificada pela autoridade competente.
Vejamos o quea Lei define:

Art. 4º Nas licitações para aquisição de bens e serviços comuns será obrigatória
a modalidade pregão, sendo preferencial a utilização da sua forma eletrônica.
§ 1º O pregão deve ser utilizado na forma eletrônica, salvo nos casos de
comprovada inviabilidade, a ser justificada pela autoridade competente.
§ 2º Na hipótese de aquisições por dispensa de licitação, fundamentadas no
inciso II do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, as unidades gestoras
integrantes do SISG deverão adotar, preferencialmente, o sistema de cotação
eletrônica, conforme disposto na legislação vigente.

O pregão eletrônico tornou-se uma das modalidades de licitação mais importantes no


nossopaís.

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Os dois estágios do pregão eletrônico funcionam de forma similar ao da modalidade de


pregão presencial: no primeiro estágio cada licitante faz um lance com a sua proposta em
um envelope fechado , onde conterá o respectivo valor.
Após a abertura pelo pregoeiro dos envelopes lacrados com as devidaspropostas é iniciado
o segundo estágio de leilão oral descendente.
A diferença em relação ao pregão presencial é que esta segunda fase no pregão eletrônico
não se restringe aos licitantes que estão dentro do intervalo de 10% acima do preço do lance
mais baixo, como no pregão presencial, se estendendo para toda e qualquer proposta.
Nesse contexto, pode-se dizer que o pregão eletrônico funciona como um leilão oral
descendente, ou seja, só o segundo estágio é realmente relevante no leilão.
Outra diferença essencial que pode ser citada, em relação ao pregão presencial é dada no
§ 5º do art. 24 do Decreto n. 5.450/2005, onde apesar de os licitantes serem continuamente
informados do valor do menor lance registrado, a identidade do licitante que fez este lance
não pode ser realizada até que se encerre a fase de lances.
Nesse caso, nem o pregoeiro sabe quem deu os lances, tanto no primeiro quanto no
segundo estágios, o que diminui bastante a possível ocorrência de fraude.
Vejamos o que diz o artigo:

Art. 24. Classificadas as propostas, o pregoeiro dará início à fase competitiva,


quando então os licitantes poderão encaminhar lances exclusivamente por meio
do sistema eletrônico.
§ 5º Durante a sessão pública, os licitantes serão informados, em tempo real,
do valor do menor lance registrado, vedada a identificação do licitante.

4.2 Consulta

Última modalidade de Licitação, porém para muitos essa modalidade de Licitação nem
poderia ser considerada uma modalidade, mas ela está no rol. Vejamos, ela é reservada
às Agências Reguladoras, por exemplo, são elas: ANATEL, ANAC, ANA etc., onde as Leis n.
9.472/97 e 9.986/00 as regulamentam e servem para a contratação de bens e serviços não
abrangidos pela modalidade pregão.

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Modalidade de Licitação. Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/11955323/

4.3 Tipos de Licitação

Aparentemente há muitas semelhanças entre os termos modalidade de licitação e tipo


de licitação, porém nesse caso eles possuem características distintas.
Enquanto as modalidades (concorrência, leilão, concurso etc.) definem critérios para os
procedimentos licitatórios, os tipos de Licitação definem critérios de escolha do vencedor, ou
seja, os critérios de julgamento das propostas apresentadas pelos participantes interessados.
O tipo de Licitação mais usual/comum é o de menor preço que funciona como regra geral
nas compras da Administração Pública.
É muito comum as pessoas confundirem essas duas características de Licitação, porque
se prendem ao termo geral e não buscam entender a técnica do processo licitatório.
A Lei n. 8.666/93 define em seu artigo 45 os quatros tipos de licitação, definidos a partir
do critério de julgamento que será adotado pela Administração Pública para que esta defina
e escolha qual será a proposta mais vantajosa.

Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de


licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos
de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de
acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar
sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

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§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na


modalidade concurso:
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa
para a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar
a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o
menor preço;
II - a de melhor técnica;
III - a de técnica e preço.
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão
de direito real de uso.

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AULA 5
LICITAÇÃO

5.1 Tipos de Licitação:

5.1.1 Menor Preço

Nesse tipo de Licitação que é a mais comum, prepondera a maior economia possível
na contratação. O critério básico é de que: vence quem apresentar o menor preço entre os
participantes.
Contudo, a Administração Pública deve estabelecer requisitos mínimos de qualidade quanto
ao objeto a ser contratado.

5.2 Melhor Técnica

Esse tipo de Licitação será possível licitar pelo critério de melhor técnica quando versar sobre
a contratação de serviços de natureza preponderantemente intelectual, mais relacionado na
elaboração de cálculos, fiscalização, projetos, supervisão e gerenciamento e de engenharia em
geral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos e projetos básicos e executivos.
Inicialmente, a classificação das propostas se dá pelo quesito técnico.
As atividades contratadas por meio desse tipo de licitação envolvem conhecimentos de nível
elevado e/ou o domínio de tecnologia avançada, podemos citar como exemplos de serviços
de natureza eminentemente intelectual os de elaboração de projetos, cálculos entre outros.
Na melhor técnica, a Administração fixará no edital o preço máximo que poderá e se
propõe a pagar.
É usado quando o serviço ou bem que será adquirido pelo Órgão Público é específico e
não pode ser avaliado apenas pelo valor/preço que é o caso dos trabalhos intelectuais.

5.3 Técnica e Preço

Esse tipo de Licitação é utilizado para a contratação de serviços de natureza


preponderantemente intelectual, mais relacionado na elaboração de cálculos, fiscalização,

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projetos, supervisão e gerenciamento e de engenharia em geral e, em particular, para a


elaboração de estudos técnicos e projetos básicos e executivos.
Na técnica e preço, o que o diferencia da melhor técnica é que a classificação dos
proponentes se faz de acordo com a média das propostas técnicas e de preço, de acordo
com o que foi preestabelecido no instrumento convocatório.
É o critério que alia os dois anteriores tipos de licitação, levando em conta a técnica
(Melhor Técnica) e o preço (média de valores).

5.4 Maior Lance ou Oferta

Tipo de Licitação utilizado nos casos de alienação de bens ou em casos de concessão


de direito real de uso. É cabível em licitações nas modalidades leilão e concorrência.

5.5 Quadro Comparativo

Menor Preço Melhor Técnica Técnica e Preço Maior Lance/Oferta


O b j e t i va a m a i o r Objetiva a contratação Objetiva a contratação Utilizado nos casos
economia possível d e serviços de de serviços d e de alienação de bens
para a Administração natureza intelectual, natureza intelectual, ou de concessão de
Pública. mas c o m p r e ç o mas com amédia das direito real de uso.
máximo pré-fixado propostas técnicas e
no edital. de preço pré-fixado no
edital.

Muito importantedeixar demonstrado a grande diferença entre as modalidades de Licitação


e os tipos Licitatórios, como no quadro a seguir:

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Licitação. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/850195235886469014/

5.6 Licitação

Embora não
nãotenham
tenhamasnomenclaturas
as nomenclaturas
dede espécies
espécies dede Licitações,
Licitações, as as Licitações
Licitações Dispensa-
Dispensadas,
das, Dispensáveis
Dispensáveis e Inexigíveis
e Inexigíveis tenham
tenham nomenclaturas
nomenclaturas muito parecidas,
muito parecidas, estas
estas são são comple-
completamente
tamente
distintas distintas
umas das umas das outras.
outras.
E de forma mais objetiva esta parte da matéria pode ser considerada a mais exigida
em provas e também a de dificuldade maisprecisa, pois as nomenclaturas utilizadas para
diferenciá-las são muito parecidas e os artigos que onde elas se embasam são relativamente
extensos.
E muitas vezes, senão observar as suas peculiaridades, fica difícil distingui-las.
Temos basicamente três espécies de Licitação, quais sejam:

1. Licitação Dispensada.
2. Licitação Dispensável.
3. Licitação Inexigível.

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Hipóteses Legais. Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/378498/

5.6.1 Licitação Dispensada

As principais razões parauma Licitação ser DISPENSADA tem tudo a ver com valores.
Sim, isso mesmo, valores!
Como já vimos, as modalidades de Licitação estabelecem valores.
A dispensa de Licitação ocorre quando o objeto tem seu VALOR INFERIOR a determinada
percentagem do estabelecido na modalidade, seja esta para serviço ou aquisição, compras,
obras e serviços de engenharia.
Vamos ver um exemplo para ficar mais fácil de entender.
Caso um município de um determinado Estado tenha interesse em reformar uma quadra
esportiva, neste caso ele terá que se submeter a realização de um processo licitatório (exemplo
relacionado a obras e serviços de engenharia).
Mas se essa reforma/obra seja de até 10% do limite previsto na Lei de Licitações, a Lei
n. 8.666/93 passa a ser uma Licitação dispensada ou pode-se optar pelo que se chama
dispensa de licitação.
Podemos verificar o artigo 17 da Lei.

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Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse


público devidamente justificado será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração
direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para, inclusive as entidades paraestatais,
dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada
esta nos seguintes casos:
a) dação em pagamento;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública,
de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f e h;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública,
de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas “f”, “h” e “i”;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública,
de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i;
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24
desta Lei;
d) investidura;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo;
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação
ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente
utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse
social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública;
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de
dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública
em cuja competência legal inclua-se tal atribuição;
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação
ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até
250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas
de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da
administração pública;
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas
rurais da União na Amazônia Legal onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze)
módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização fundiária,
atendidos os requisitos legais;
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas
rurais da União e do Incra, onde incidam ocupações até o limite de que trata o § 1o do art.

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6o da Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins de regularização fundiária, atendidos


os requisitos legais; e
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e delicitação, dispensada esta nos
seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de
sua oportunidade e conveniência socioeconômica, relativamente à escolha de outra forma
de alienação;
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica;
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração
Pública, em virtude de suas finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração
Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe.

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AULA 6
LICITAÇÃO

6.1 Continuação das Espécies de Licitação

Neste tópico há a necessidade de fazer a distinção entre as espécies de Licitação, tendo


em vista que as três espécies: Dispensadas, Dispensáveis e Inexigíveis exigem do leitor uma
atenção especial, pois seus artigos são extensos e cria muita confusão na sua diferenciação.

6.1.1 Licitação Dispensável

Há outras situações excepcionais para Licitação ser dispensada

Esta é uma espécie de Licitação, que embora seja possível a sua realização, ela não é
obrigatória.
O extenso artigo 24, incisos I e II, dispensa a licitação por considerar que o valor da
contratação não compensa os custos da Administração com todo o procedimento licitatório.
O artigo 24 em seus incisos trata dos casos em que a Licitação é dispensável. Destes,
destacam-se aqueles que se referem à percentagem mínima da compra ou serviço, contudo,
também há outras situações.
Mas o que interessa é, principalmente, os objetos cujos valores são inferiores ao estipulado
nas modalidades de licitação.
Analisemos o extenso artigo 24:

Art. 24. É dispensável a licitação:


I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto
na alínea “a”, do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma
mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo
local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
I - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na
alínea “a”, do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei,

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desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior
vulto que possa ser realizada de uma só vez;
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência
de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de
pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente
para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as
parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento
e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou
calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder
ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições
preestabelecidas;
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou
normalizar o abastecimento;
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores
aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos
oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e,
persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor
não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços;
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos
ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que
tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que
o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;
IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos
estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional;
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas
da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha,
desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia;
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência
de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e
aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço,
devidamente corrigido;

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XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo


necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente
com base no preço do dia;
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente
da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à
recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação
ético-profissional e não tenha fins lucrativos;
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico
aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente
vantajosas para o Poder Público;
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade
certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da
administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de
informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem
a Administração Pública, criados para esse fim específico;
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira,
necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto
ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for
indispensável para a vigência da garantia;
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios,
embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada
eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por
motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos
legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu
valor não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta Lei:
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais
de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização
requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante
parecer de comissão instituída por decreto;
XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos
e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Admininistração Pública, para a
prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado seja
compatível com o praticado no mercado.

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XXI - para a aquisição de bens e insumos destinados exclusivamente à pesquisa científica


e tecnológica com recursos concedidos pela Capes, pela Finep, pelo CNPq ou por outras
instituições de fomento a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico;
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para pesquisa e desenvolvimento, limitada,
no caso de obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de que trata a
alínea “b” do inciso I do caput do art. 23;
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com
concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica;
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista
com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou
obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no
mercado.
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais,
qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas
no contrato de gestão.
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por agência
de fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou
de exploração de criação protegida.
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade
de sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada
nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação.
XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos
urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados
por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa
renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso
de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que
envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante
parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão.
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes
militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior,
necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e
ratificadas pelo Comandante da Força.
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins
lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito

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do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na


Reforma Agrária, instituído por lei federal.
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da
Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação
dela constantes. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010).
XXXII - na contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos
para o Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990,
conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição
destes produtos durante as etapas de absorção tecnológica.
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, para a implementação de
cisternas ou outras tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e produção
de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta
regular de água. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013).
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito público interno de insumos estratégicos
para a saúde produzidos ou distribuídos por fundação que, regimental ou estatutariamente,
tenha por finalidade apoiar órgão da administração pública direta, sua autarquia ou fundação em
projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico
e estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução
desses projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecnologia de produtos
estratégicos para o Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste artigo,
e que tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde
que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado. (Incluído pela Lei nº
13.204, de 2015).
XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o aprimoramento de estabelecimentos
penais, desde que configurada situação de grave e iminente risco à segurança pública.
§ 1º Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por
cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de
economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei,
como Agências Executivas. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012).
§ 2º O limite temporal de criação do órgão ou entidade que integre a administração pública
estabelecido no inciso VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou entidades que
produzem produtos estratégicos para o SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro
de 1990, conforme elencados em ato da direção nacional do SUS.

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§ 3º A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do caput, quando aplicada a obras


e serviços de engenharia, seguirá procedimentos especiais instituídos em regulamentação
específica.
§ 4º Não se aplica a vedação prevista no inciso I do caput do art. 9o à hipótese prevista
no inciso XXI do caput.

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AULA 7
LICITAÇÃO

7.1 Espécies de Licitação

7.1.1 Licitação Inexigível

No caso dessa espécie de Licitação não há possibilidade jurídica de concorrência, cujo


motivo pode ser a existência de um único fornecedor e/ou objeto, ou seja, quando há a
impossibilidade de competição, sendo inviável a sua realização.
O artigo 25 da Lei de Licitações elenca o rol de casos em que é inexigível a Licitação.
As nomenclaturas de Licitação Dispensada, Dispensável e Inexigível podem em seus
conceitos serem muito semelhantes, porém há uma distinção grande, não só nos conceitos,
mas nos procedimentos também.
Vejamos o que diz o artigo 25 da Lei:

I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos


por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca,
devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão
de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo
Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;

II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza


singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade
para serviços de publicidade e divulgação;

III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através


de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião
pública.

§ 1º Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no


campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências,

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publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados


com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o
mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos respondem solidariamente pelo de


dispensa, se comprovado superfaturamento, dano causado à Fazenda Pública o fornecedor
ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções
legais cabíveis.

Em relação ao inciso I só poderá haver um produtor do serviço ou produto em todo o


território nacional para que possa falar em Licitação Inexigível, e com relação ao comerciante,
ele deverá ser o único na localidade, no registro cadastral ou no País.
Agora com relação ao inciso II, este faz referência aos serviços técnicos do artigo 13,
onde analisaremos a seguir:

Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais
especializados os trabalhos relativos a:

I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;

II - pareceres, perícias e avaliações em geral;

III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;

IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;

V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;

VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;

VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.

O rol de casos elencados no artigo 25 da Lei em questão é um rol meramente exemplificativo,


ou seja, portanto, poderá surgir outras inexigibilidades.
A inexigibilidade tem como requisito principal a inviabilidade de competição. Já no caso
da dispensa, a competição é viável, contudo, realizar tal disputa traz prejuízos para o Órgão
Público.
Para sabermos se há ou não viabilidade de competição, deve-se analisar a presença de
dois requisitos.
O primeiro requisito é de natureza objetiva que vem a ser a natureza singular do serviço
que será prestado, por exemplo, uma simples manutenção de eletricidade, ou seja, serviços

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rotineiros e que podem ser prestados por um número razoavelmente grande de pessoas
não requerem a contratação de um especialista, sendo disponível no mercado uma grande
quantidade de profissional minimamente qualificado e capacitado.
Portanto, serviços passíveis de critérios de ordem objetiva são sujeitos à licitação pública.
Veja-se que a singularidade recai sobre o objeto, ou seja, sobre um serviço técnico singular/
diferenciado, não sobre o prestador é o que dispõe a Súmula nº 264/2011 - TCU:
A inexigibilidade de licitação para a contratação de serviços técnicos com pessoas físicas
ou jurídicas de notória especialização somente é cabível quando se tratar de serviço de
natureza singular, capaz de exigir, na seleção do executor de confiança, grau de subjetividade
insuscetível de ser medido pelos critérios objetivos de qualificação inerentes ao processo
de licitação, nos termos do art. 25, inciso II, da Lei nº 8.666/93.
O que seria então um serviço singular? O inciso II diz que:
São serviços técnicos profissionais especializados e que não podem ser licitados, sendo
contratados por inexigibilidade, sendo aqueles em que:
a) em virtude de suas peculiaridades especiais, faz com que o grau de subjetividade em
relação à sua avaliação, impeça a adoção de critérios objetivos para adequadas mensuração
e avaliação;
b) o objeto, em face das suas peculiaridades especiais, não permite fixar um critério
objetivo de julgamento para a escolha do futuro contratado.
A licitação do tipo técnica e preço não seria aplicável à contratação de tal tipo de serviço
de natureza singular, porque este tipo de licitação tem como pressuposto necessário a
existência de critérios objetivos de julgamento e os serviços singulares não podem ser
reduzidos a um padrão objetivo de julgamento.
O pressuposto básico da licitação é a possibilidade de dispensar tratamento igualitário aos
competidores, foi exatamente em razão de tal impossibilidade que o legislador determinou
que os serviços singulares fossem contratados por inexigibilidade.
Os atributos singulares não podem ser mensurados objetivamente o que torna impossível
a realização da licitação para a seleção de profissional ou empresa para executar serviço
considerado singular.
O segundo requisito é de ordem subjetiva que é atinente à qualidade do profissional apto
a realizar o serviço.
Deve o contratado ser notório especialista e essa notoriedade recai sobre a especialização
do profissional, não sendo necessário que seja este famoso ou amplamente conhecido.

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Ainda que existam várias pessoas notoriamente especializadas isto é plenamente possível,
não se pode fixar critério objetivo de escolha para definir entre uma e outra. Só há um tipo
de escolha, a subjetiva.
A inviabilidade de competição significa a impossibilidade de assegurar os pressupostos
da licitação, sendo o principal deles a igualdade de tratamento aos licitantes no julgamento
de suas propostas.

Licitação. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/565201821984963720/

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AULA 8
DIREITO DO TRABALHO

8.1 Reforma Trabalhista

A expressão reformar é aprimorar, modificar, alterar o que implicaria em consideráveis


mudanças, em tese, uma reforma deve vir para melhorar e não piorar uma situação anterior,
esperando que fique melhor do que era antes.
A Reforma Trabalhista de 2017 foi uma transformação significativa na Consolidação das
Leis do Trabalho, a CLT, sendo que um dos seus objetivos foi combater o desemprego e a
crise econômica no Brasil que teve início no ano de 2014.
Algumas das mudanças foram: contribuição sindical, banco de horas, férias, gravidez,
descanso entre outras.
Com a nova redação e o seu novo sentido, a Consolidação das Leis Trabalhistas, a CLT,
entrou em vigor 120 dias depois de publicada no Diário Oficial, conforme o artigo 6º, mas
a sua publicação foi no dia 14 de julho de 2.017, entrando em vigor mesmo no dia 11 de
novembro de 2.017.
Em razão das constantes mudanças na sociedade, sem dúvidas, a legislação trabalhista
necessitava de uma reforma, sendo que o Direito em si evolui a cada momento.
Infelizmente não é possível prever todas as situações possíveis e imagináveis a respeito
de cada artigo alterado pela reforma. Essa previsão será feita ao longo dos anos, inclusive
à medida que forem submetidos à apreciação do Poder Judiciário.
Houve várias críticas à Reforma Trabalhista com aalegação de que ela violaria a Constituição
Federal e as Convenções Internacionais assinadas pelo Brasil, afirmando a ideia de que a
reforma seria um “retrocesso social”.
Os que se manifestaram favoráveis a reforma defendiam que ela seria uma forma de
regularizar as contas públicas, estimular a economia e criar empregos.
Contudo, mais de um ano após a sua aprovação, verificou-se que a queda de desemprego
foi mínima e que ao mesmo tempo houve um aumento do trabalho autônomo, intermitente,
temporário e terceirizado e que a redução de ações trabalhista foi consideravelmente baixa,
o que era um dos fundamentos e objetivos dessa reforma.

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Alguns dos fundamentos da Reforma:


a) reduzir o número de ações trabalhistas;
b) considerar o empregado uma pessoa capaz de direitos e obrigações e não hipossuficiente;
c) prestigiar as negociações coletivas;
d) incentivar o diálogo entre empregado e empregador, prestigiando a negociação coletiva;
e) permitir que os sindicatos negociem e que isso tenha validade, mas não possa ser
alterado pela Justiça do Trabalho;
f) utilização de meios alternativos de solução de conflitos.

Agora com relação de quem se beneficia mais há controvérsias se seriam os trabalhadores


ou os empregadores. As alterações mais significativas foram: compensação da jornada
de trabalho, trabalho remoto ou home office, férias, mudanças no acordo sindical e essas
mudanças ainda geram diversas discussões.
Mas afinal, a Reforma Trabalhista beneficia os trabalhadores? A interpretação é bastante
polêmica, pois há quem diga que não e há quem diga que sim.
Contudo, em relação a nossa matéria, o que mais nos interessa, por enquanto, são as
alterações com relação aos sindicatos e os acordos sindicais, onde essas matérias são
fruto de discussões há anos, deixando a cobrança sindical de ser obrigatória com a Reforma
Trabalhista.

Reforma Trabalhista. Fonte: http://www.nagliatemelo.com.br/artigos-detalhe.asp?cod_artigo=67

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8.2 Aspectos Gerais

A expressão trabalho tinha como ideia a escravidão, sofrimento e castigo. Esse tipo de
trabalho, se é que podemos chamar de trabalho, existe desde os tempos remotos, no Brasil
ele está relacionado a uma herança cultural, a impunidade e a desigualdade de classes e/
ou gêneros.
Muitos trabalhadores abandonam suas origens e aceitam propostas, muitas delas
sedutoras,no intuito de suprir algumas de suas necessidades básicas, submetendo-se à
escravidão ou até mesmo a práticas análogas à escravidão.
A Constituição Federal Brasileira dita princípios protetivos com relação à situação de
vulnerabilidade e busca a igualdade e dignidade do trabalho, a fim de suprir o que o Estado
deveria lhe fornecer.
Diversas medidas com o intuito de erradicar o trabalho escravo estão sendo tomadas
pelo Estado, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela sociedade.
1o, o princípio da dignidade da pessoa humana está elencado como fundamento
No artigo 1º,
do Estado Democrático de Direito Brasileiro,
deDireito Brasileiro, invocando
invocando em
em vários
vários dispositivos legais e tem
por objetivo a garantia
garantia da
da vida
vidadigna
dignaaoaoser
serhumano.
humano.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático
de direito e tem como fundamentos:
I -a soberania;
II -a cidadania;
III -a dignidade da pessoa humana;
IV -os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V -o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Mesmo tendo um aspecto abrangente, este princípio constitucional é integrado às diferentes


legislações com aspectos próprios de cada área do Direito, por exemplo, a dignidade da
pessoahumana no Direito do Consumidor, que terá como foco as questões relacionados a
riscos de vida; questões de hipossuficiência do consumidor em relação às grandes empresas.
Já no Direito Penal está relacionado às garantias dos investigados/réus/condenados.

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Direitos Humanos. Fonte: https://ogirassol.com.br/opiniao/a-curatela-como-garantidor-da-dignidade-humana

Atualmente, o trabalho passou a designar toda forma de dispêndio de energia pelo homem,
seja ela intelectual e/ou física, com o objetivo de produzir, fornecer ou executar um trabalho.
Pode-se conceituar Direito do Trabalho como um ramo que estuda as relações entre
empregados e empregadores.
Historicamente o Direito do Trabalho teve a sua origem a partir da Revolução Industrial,
com o intuito de reduzir as desigualdades existentes entre empregador e empregados, nesse
contexto que se pode extrair a característica principal do Direito do Trabalho: a proteção ao
trabalhador.
Os ramos do Direito do Trabalho, seja o individual ou coletivo visam à proteção do empregado
ou dos empregadores, estabelecendo vantagens jurídicas aos trabalhadores como forma
de reequilibrar a relação.

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Revolução Industrial. Fonte: https://economiadeservicos.com/tag/revolucao-industrial/

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AULA 9
DIREITO DO TRABALHO

9.1 Evolução Histórica do Direito do Trabalho

Durante a escravidão não havia nenhum tipo de proteção à dignidade do ser humano,
principalmente relacionado ao empregado. Nessa época predominava que o trabalhador
era simplesmente uma coisa, sem possibilidade sequer de se equiparar a sujeito de direito.
Foi a partir do século XIX que se deram os principais movimentos operários visando à
melhoria das condições de trabalho, limitação da jornada de trabalho, proteção ao trabalho,
entre outras reivindicações afins.
Em 1988 no Brasil, foi promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil onde
constitui um importantíssimo instrumento garantidor dos direitos mínimos do trabalhador,
o chamado mínimo existencial, norteado pelo princípio da dignidade humana.
O princípio da dignidade humana, em que pese ser o princípio geral do direito, e mais,
princípio maior da Constituição da República, define-se como sendo uma noção de que
o ser humano é um fim em si mesmo não podendo ser utilizado como meio para atingir
determinado objetivo vedando-se assim, a coisificação do homem trabalhador, e, no caso,
específico o direito laboral, como ocorreu na época da escravidão.

Lumosjuridico. Fonte: http://www.lumosjuridico.com.br/2018/05/22/trabalho-escravo/

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Em outras palavras, o homem trabalhador não deve ser usado como mero instrumento
na busca incessante do lucro e pelos interesses do capitalismo.
Esse princípio se irradia em todas as relações trabalhistas, seja para impor limites ao poder
do empregador, seja vedando à discriminação de raças, sexos, religião ou outra característica,
por exemplo, na limitação das revistas pessoais e/ou íntimas.
Vale ressaltar que esse princípio foi um marco divisor da constitucionalização do direito e
do reconhecimento da força normativa dos princípios. Esse movimento teve como estopim as
barbaridades ocorridas ao longo de toda a história, por exemplo, a segunda guerra mundial,
os movimentos liderados por Hitler e seus seguidores, surgindo dessa forma, a necessidade
de agregar valores à figura do ser humano.
Há também outros princípios que também são relevantes, tais como:
- Valores sociais do trabalho.
- Liberdade profissional, liberdade de crença, liberdade de associação, liberdade de reunião.
- Inviolabilidade da intimidade e da privacidade; entre outros.

9.1.1 Autonomia do Direito do Trabalho

A matéria de Direito do Trabalho é uma matéria independente e autônoma das demais


matérias do ramo da ciência jurídica.
O papel principal do Direito do Trabalho, seja na forma individual, seja na forma coletiva,
é revelar a importância do Direito do Trabalho nas diversas atividades que têm dado maior
abrangência a esse ramo do Direito, a fim de solucionar conflitos existentes na órbita das
leis trabalhistas.
A finalidade precípua do Direito do Trabalho é a proteção do trabalhador para universalizar
os princípios de justiça social e promover a cooperação, com a intenção de melhorar as
condições de vida deste.
Contudo, o Direito do Trabalho é subdividido em Direito do Trabalho Individual e Direito
do Trabalho Coletivo.
Onde o Direito do Trabalho Individual trata das relações entre empregado e empregador
consideradas individualmente, ao passo que, o Direito do Trabalho Coletivo trata das relações
de um determinado grupo, classe ou categoria, que se reúne basicamente através dos
sindicatos.
A base principiológica do Direito do Trabalho está diretamente relacionada a princípios,
pelo dicionário Aurélio podemos definir os princípios como um fundamento usado para
embasar algo; uma razão; dar uma bússola.

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Os princípios têm um papel importantíssimo na prática, pois é a partir deles que se dará
um norte ao caso concreto, servindo eles como uma verdadeira bússola.
Dentre vários, vejamos os principais:
- Princípio da proteção = os princípios são o alicerce de todo o ordenamento jurídico.
Para ressaltar a importância da visão principiológica na aplicação do direito e das garantias
dos direitos fundamentais destaca que esse princípio é o guardião de todos os princípios
fundamentais dos trabalhadores é ele que dá direção e que norteia todo o sentido da criação
do Direito do Trabalho, no sentido de proteger a parte mais frágil na relação jurídica – o
trabalhador.
- Princípio da boa fé = a boa fé é um princípio de grande alcance e, portanto, aplica-se em
vários ramos do direito. Encontramos sua aplicação no direito civil, empresarial, trabalhista
e outros. A boa-fé pressupõe que todos se comportem de acordo com um padrão ético,
moral, de confiança e lealdade que se espera do homem comum.
Assim, num contrato, as partes devem perseguir esse tipo de comportamento, mesmo
que esse padrão não esteja previsto na lei ou no contrato. Trata-se de uma espécie de norma
de conduta que determina como as partes devem agir quando se firma um contrato.
- Princípio da razoabilidade = este princípio é comum a todos os ramos do direito e se
dirige não só ao empregado e empregador, mas, sobretudo, ao legislador e aos magistrados
(juízes), cada um no seu âmbito de atuação, sugerindo-lhes que atuem sempre pautados
no bom senso e coerência.

9.2 Modalidades de Relação de Trabalho

As relações de trabalho são estabelecidas de diversas formas, das quais destacam-seas


espécies a seguir mencionadas.
São as seguintes modalidades:

- Relação de trabalho autônomo.


- Relação de trabalho eventual.
- Relação de trabalho avulso.
- Relação de trabalho voluntário.
- Relação de trabalho de estágio.
- Relação de trabalho institucional.
- Relação de trabalho cooperativo.

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Cada uma dessas modalidades apresenta uma característica singular, que as diferenciam
das demais.
A Relação de Trabalho consiste na prestação de um serviço, de forma remunerada ou
não, ou mesmo com ou sem contrato de trabalho firmado entre as partes.
Nesse sentido, como vimos, existem diversos tipos de relação de trabalho, vejamos os
mais usados por profissionais e empresas:

- Relação de trabalho autônomo = neste modelo de trabalho, o que existe é a prestação


de serviços onde o trabalhador vende o seu trabalho e também o entrega ao contratante,
exemplos: serviços de limpeza; chaveiro; jardineiro.
- Relação de trabalho eventual = prestado de forma esporádica a um empregador, ou
seja, não há uma rotina no seu serviço, realizando-o uma vez ou outra, um exemplo desse
tipo de trabalhador, um eletricista que vai arrumar um problema na fiação, somente realizou
o trabalho e nesse modelo de trabalho não configura o vínculo empregatício, visto que
este não preencheu os requisitos necessários para caracterizar a relação permanente entre
empregado e empregador.
- Relação de trabalho avulso = o trabalhador avulso é facilmente confundido com o
trabalhador eventual, porém essa modalidade de relação empregatícia é diferente, o trabalhador
avulso também presta serviço de forma esporádica, mas presta a vários empregadores ou
empresas e também não possui nenhum vínculo empregatício, sendo contratado por órgãos
ou sindicatos e não são considerados empregados destes, pois não exerce atividade lucrativa
e não recebem remuneração direta desses órgãos ou sindicatos, exemplos dessa modalidade
são os: carregadores.
Desta maneira é possível observar que ambos os trabalhadores, eventual e avulso, não
possuem vínculo empregatício.
- Relação de trabalho voluntário = a Lei 9.608/98 estabeleceu que esse tipo de trabalho
não gera vínculo empregatício, dessa modalidade de trabalho, a atividade não pode ser
remunerada; o que não entra como vínculo empregatício; prestada por pessoa física a entidade
pública ou privada sem fins lucrativos, com os seguintes objetivos: culturais, educacionais,
cívicos, científicos, recreativos ou de assistência social.

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Trabalhador. Fonte: https://br.freepik.com/vetores-premium/trabalhador-com-equipamento-de-protecao_712614.htm

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AULA 10
DIREITO DO TRABALHO

10.1 Requisitos caracterizadores da Relação Empregado x


Empregador

Conforme o artigo 3º da CLT, Consolidação das Leis Trabalhistas, que é um dos artigos
mais importantes do mencionado diploma para definir o que é ou não um empregador.
Os requisitos para a caracterização da relação entre empregado e empregador são:
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não
eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de
trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.
Vejamos agora de forma separada cada definição dos requisitos acima delimitados:

Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de


natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário.
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à
condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.

Empregado Empregador. Fonte: https://ideias.avancadas.info/index.php?option=com_content&view=article&id=2103:o-que-e-vinculo-empregaticio&catid=8&lang=pt&Itemid=101

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Desmembrado o artigo 3º da CLT

Pessoa Física- a primeira característica é a existência de exploração lícita e permitida


da energia do trabalho humano, ou seja, de uma pessoa física. Em outras palavras só uma
pessoa humana poderá ser empregada.
Pessoalidade - o empregador contrata uma determinada pessoa para que execute
determinado serviço pessoalmente, sendo vedado ao empregado se fazer substituir por
outro, exceto mediante autorização do empregador.
Não Eventualidade -o trabalhador não eventual é aquele que executa seu trabalho de
forma repetida não havendo a eventualidade na prestação do serviço.
Contudo, isso não quer dizer que o trabalhador precisa trabalhar de forma contínua, ou
seja, todos os dias, mas deve a atividade se repetir naturalmente junto ao tomador dos
serviços para que possa ser considerada não eventual, por exemplo, todas as segundas,
quartas e sextas-feiras.
Onerosidade - Isso quer dizer que, se de um lado tem a obrigação principal do empregado
em oferecer sua força de trabalho, do outro, tem a obrigação principal do empregador de
remunerar o empregado pelos serviços prestados.

Esquematicamente:

Emprego >>>>>>PRESTAÇÃO DE SERVIÇO >>>>>> Empregador

Emprego <<<<<< $$$ REMUNERAÇÃO $$$ <<<<< Empregador

Subordinação - A subordinação é o requisito mais importante para a caracterização de


uma relação de emprego, onde está fixa o vínculo jurídico empregatício. É o grande elemento
diferenciador entre a relação de emprego e as demais relações de trabalho.
Esta se caracteriza pelo estado em que o indivíduo empregado não tenha a liberdade
para tomar suas próprias decisões, mas esta não se confunde jamais com a expressão
escravidão, embora o trabalho escravo seja também subordinado.
Vale lembrar que a história do trabalho subordinado iniciou-se com a escravidão, persistindo
nos dias atuais com a relação de emprego.
Serão considerados empregados quaisquer pessoas que utilizem de sua força de
trabalho, seja essa força física e/ou intelectual, executando-o para outrem, mediante uma

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contraprestação, que terá natureza retributiva diante da prestação desempenhada. Portanto,


será empregado qualquer pessoa que receba valores em troca do serviço prestado.
Contudo, nem todos os trabalhadores serão abrangidos pela CLT (Consolidação das Leis
Trabalhistas), mas somente aqueles que se enquadrarem no conceito de empregado que
acima foi desmembrado, onde estes terão garantidos todos os direitos conferidos nesta Lei,
como férias, insalubridade, horas extras, periculosidade etc.

Empregado será todo trabalhador que, de forma cumulativa, preencha os requisitos:

o pessoa física,
o pessoalidade,
o subordinação,
o habitualidade e
o onerosidade.

Esses são os pressupostos caracterizadores do vínculo empregatíciosem os quais não


poderá ser considerado empregado, não sendo abrangido pela legislação trabalhista,a CLT.
Algumas são as derivações do vínculo de emprego, tais como: conceder férias, registrar/
assinar a CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social), pagar as horas extras, adicional
noturno etc.
Todos os trabalhadores poderão ajuizar uma ação trabalhista perante à Justiça do Trabalho,
onde esta será competente para dirimir lesões ou ameaças aos direitos trabalhistas.
Agora falaremos um pouco do conceito de empregador.
Conforme o artigo 2º CLT, o empregador é a empresa individual ou coletiva, que assumindo
os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços.
Vejamos o artigo mencionado:

Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,


assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a
prestação pessoal de serviço.
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de
emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações
recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores
como empregados.
§ 2oSempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração
de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia,
integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações
decorrentes da relação de emprego.

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§ 3o Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo


necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse
integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas
dele integrantes.

Características do empregador:

• Admitir/contratar pessoas qualificadas para executarem os serviços.


• Assalariar: pagar o salário respectivo ao empregado pelos serviços prestados.
• Dirigir: o empregador deve controlar e administrar a prestação de serviços dos
empregados.

O empregador têm alguns poderes são eles:

• Poder de direção - é a faculdade determinar o modo como a atividade será executada


pelo empregado.
• Poder de organização: cabe ao empregador organizar e determinar as metas, porém
o empregador não pode exigir atividades que possam constranger seus empregados.
• Poder de fiscalização: é uma faculdade legal de fiscalizar as atividades desempenhadas,
podemos citar, por exemplo, instalar cartão de ponto, fazer revista no fim do expediente
nos funcionários, instalar câmeras de vídeo etc.
• Poder disciplinar: é o direito de impor sanções disciplinares aos seus empregados.
O empregador pode punir o empregado pelas faltas graves cometidas por ele, por
exemplo, pode despedir o empregado que não usa proteção adequada para executar
determinadas tarefas. (CIPA – controle interno a proteção de acidentes).
Há tipos de punições impostas ao empregado pelo empregador, essas punições são meios
pelos quais o empregador se utiliza para punir de alguma forma o empregado que cometeu
uma falta no desempenho de suas atividades.
• Advertência: esta não consta na CLT, mas é fruto dos costumes. Pode ser verbal ou
escrita, tem apenas efeito moral podendo ser prevista no regulamento da empresa
ou não. É aplicada para faltas leves cometidas pelo empregado, por exemplo: atraso,
forma inadequada ao usar o uniforme da empresa etc.
• Suspensão: tem efeito financeiro e é prevista na CLT, em seu artigo 474, e através dela,
o empregado perde o dia de trabalho. Não admite a forma verbal, só a escrita, pelo
efeito financeiro que tem. Pode ser dada nas faltas graves cometidas pelo empregado
que não implique na despedida por justa causa imediata.

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• Despedida por justa causa: considera-se justa causa o comportamento culposo do


trabalhador que, pela sua gravidade e consequências, torne imediata e impossível a
relação empregatícia. O empregado perde alguns dos seus direitos tais como, FGTS,
13º salário, férias proporcionais, ele só terá direito a férias vencidas e saldo de salário
pelos dias trabalhados.
Empregadores por equiparação - empregador é todo ente, dotado ou não de personalidade
jurídica, como também o será tanto a pessoa física como a pessoa jurídica.
Além da empresa, equipara a ela, para fins da relação de emprego, os profissionais liberais,
as instituições de beneficência, as associações recreativas e as instituições sem fins lucrativos.
Há outros que são acrescentados pela doutrina e jurisprudência – o condomínio, a massa
falida, o espólio, a União, os Estados-membros, os Municípios, as autarquias e as fundações
etc.
Concluindo, o empregador é o ente, dotado ou não de personalidade jurídica, com ou sem
fim lucrativo, que tiver empregado.
Para efeitos da relação de emprego podemos equiparar ao empregador os profissionais
liberais, a instituições beneficentes, associações recreativas ou outras instituições sem fins
lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
É a pessoa física ou jurídica que assumindo riscos da atividade econômica, admite, assalaria
e dirige a prestação de pessoal e serviços.
Nesse mesmo artigo no parágrafo 2º temos a conceituação de grupo econômico que
se caracteriza quando uma ou mais empresas, embora cada uma delas com personalidade
jurídica própria estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, podendo ser
um grupo comercial, industrial ou qualquer outra atividade econômica serão para efeitos de
relação de emprego responsáveis solidárias para com a empresa principal e com cada uma
das subordinadas, vejamos o §2º:

Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade
jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra,
ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes
da relação de emprego.

Para que um grupo econômico seja formado dependerá da presença de, no mínimo, duas
empresas, as quais estejam sob direção única existindo sempre uma empresa principal,
controladora das demais.

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Sendo que todas as empresas deverão exercer atividade econômica, mas não
necessariamente a mesma atividade e a atividade econômica do grupo de empresas não
precisam necessariamente ter o mesmo objeto social.
O grupo de empresas são responsáveis solidários ao eventual crédito do empregado,
porém na hipótese de reconhecimento de vínculo empregatício com anotação em CTPS
e ao caracterizar com grupo econômico o empregado poderá prestar serviços para todas
as empresas dentro da sua jornada de trabalho, de acordo com a Súmula 129 do Tribunal
Superior do Trabalho.

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AULA 11
PERÍCIA

11.1 Conceito

A perícia pode ser conceituada como a análise técnica de um caso, fato ou estado redigida
por um especialista em uma determinada área que é o perito. Normalmente esse trabalho
é realizado por um profissional especialista, legalmente habilitado, destinado a verificar ou
esclarecer determinada situação, para apurar as causas e efeitos motivadores ou o estado,
a alegação de direitos ou até mesmo a estimação da coisa que é objeto de um conflito
judicial ou processual.

Perícia. Fonte: https://www.periciacontabilchss.com.br/

É normalmente realizado por um perito profissional na área, pois há casos em que a lei
permite que uma pessoa ou várias pessoas idôneas na matéria possam realizar a perícia,
contudo, isso só ocorre quando no caso concreto não há a possibilidade de exigir que
um profissional a realize, essa exceção é que seja preferencialmente na área que deva ser
determinada a perícia, vejamos o que diz o artigo 159 do Código de Processo Penal:

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Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por
perito oficial, portador de diploma de curso superior.
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área
específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza
do exame.

Em um processo judicial pode ser que as partes ou o juiz precisem de prova pericial, ou
seja, de um documento que esclareça algum ponto importante da causa, que somente pode
ser feito por pessoa com formação especializada, que é o perito.
O Código de Processo Civil fala em seu artigo 156:

Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de
conhecimento técnico ou científico.
§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados
e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido
pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.

A razão de ser da perícia é que seu conteúdo não poderia ser produzido pelo juiz ou pelos
advogados constituídosno processo, por reclamar outras formações intelectuais, como as
de engenheiro civil, médico, dentista, contador etc.
Contudo, o próprio Código afirma que “o juiz não está ligado ao laudo”,o que evita que o
perito se transforme em um julgador da demanda, porém a perícia de alguma forma vincula
o juiz, e este poderá recusá-la.
A perícia tem por finalidade esclarecer à justiça sobre o fato de natureza permanente ou
duradoura.
Quem é o perito?
Perito é um auxiliar da Justiça, uma pessoa hábil e quetem conhecimento em uma
determinada área técnica ou científica que, ao ser nomeado por autoridade competente
deverá esclarecer um fato de natureza duradoura ou permanente. O perito engenheiro é
uma pessoa formada em engenharia, por exemplo, que tem registro no órgão competente,
o CREA e esteestá a serviço da Justiça e isento do sigilo profissional, já que tem o dever de
informar o juiz sobre o fato do ponto técnico.
Qualquer pessoa capaz, idônea, hábil para atos da vida civil e com conhecimento técnico
poderá ser perito, porém, caso haja necessidade, operito pode ser substituído durante o
processo.

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11.2 Perícia como meio de prova

Dentre os vários meios de produção de provas a perícia se destaca como um meio essencial,
na qual um profissional especialista na área em questão faz-se sempre necessário para o
esclarecimento de fatos técnicos.
A complexificação da sociedade exige a análise técnica do caso que irá trazer, à luz, a
veracidade de fatos ou circunstâncias.
A perícia tem várias naturezas, a depender de seu objeto de estudo: pode ser criminal, de
engenharia, de tecnologia,de medicina, ambiental; enfim, das mais variadas áreas em que o
concurso do conhecimento técnico se faça necessário.
Na área do direito, a perícia é um meio de prova em que pessoas tecnicamente qualificadas,
ou seja, os peritos são nomeados pelo juiz do caso, ou até mesmo oficialmente constituídos
por concurso público, analisam casos juridicamente relevantes à causa apreciada, elaborando
um laudo.
É um exame que exige conhecimentos técnicos e científicos a fim de provar a veracidade
de certo fato ou circunstância.
As perguntas técnicas que as partes querem ver respondidas pelo profissional perito são
os quesitos, que, além de auxiliar o trabalho deste, ainda deixam bem clara a objetividade
pretendida.
A elaboração de quesitos é uma parte fundamental na boa produção da prova pericial e
eles serão mais ricos quando bem elaborados.

11.3 Finalidade

A finalidade da perícia técnica é levar conhecimento técnico ao juiz, produzindo provas


para auxiliá-lo no seu livre convencimento e levar também ao processo a documentação
técnica do caso, o qual é feito pelos documentos legais. A perícia é utilizada nos foros cíveis,
criminais e trabalhistas.
O perito é um auxiliar da Justiça, uma pessoa hábil e que tenha conhecimento em uma
determinada área científica ou técnica que, sendo nomeado por magistrado deverá esclarecer
um determinado caso. Por exemplo, o perito médico é uma pessoa formada em medicina,
que tem registro no CRM, que está a serviço da Justiça e isento do sigilo profissional, já que
tem o dever de informar o juiz sobre o fato do ponto técnico.
Qualquer pessoa é capaz de ser perito, sendo ela para atos da vida civil com conhecimento
técnico-formal, idônea e hábil, sem dúvidas, o perito, caso haja necessidade, pode ser

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substituído se durante o processo for verificado que ele não tem conhecimento técnico-
científico para o caso ou deixar de prestar compromisso.
Importante destacar que há algumas pessoas que são impedimentos de serem peritas
no casosão elas:
O incapaz, pois este não é apto para o exercício de seus direitos civis, além de não possuir
conhecimento técnico específico;
Pessoas impedidas (Código de Processo Civil, art. 447 - testemunha, cônjuge ou qualquer
outro parente, em linha reta ou colateral até o 3º grau);
E nos casos de suspeição (CPC, art. 447, § 3º - o amigo íntimo ou inimigo capital de uma
das partes).
Nos casos de impedimento ou suspeição, o perito pode escusar-se ou recusar-se, conforme
proclama o artigo 467 do Código de Processo Civil.

Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou


suspeição.
Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a impugnação,
nomeará novo perito.

Perícia. Fonte: https://tirotti-periciasjudiciais.com.br/servicos/pericia-em-papiloscopia

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11.4 Deveres do perito

Ao aceitar o encargo de executar uma perícia e exercer a função de peritodeve-se respeitar


os prazos determinados, comparecer, caso seja requisitado e/ou necessário às audiências,
mas desde que intimado com antecedência de 5 dias, sob pena de condução coercitiva,
fornecer informações verídicas etc.
O artigo é bem claro que o perito cumprirá com o encargo que lhe foi cometido e isso
independe de termo de compromisso.

Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido,
independentemente de termo de compromisso.

Perito Profissional. Fonte: https://blog.ipog.edu.br/tecnologia/perito-em-documentoscopia/

O perito tem seus deveres, mas também tem seus direitos, tais como: escusar-se do
encargo, pedir prorrogação de prazos, receber informações, ouvir testemunhas, verificar
documentos de qualquer lugar, ser indenizado das despesas relativas ao serviço prestado,
honorários etc.
Vejamos o que diz os artigos 465 Código de Processo Civil e do Código de Processo
Penal, art.159, §1º :

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Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de


imediato o prazo para a entrega do laudo.
§ 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do
despacho de nomeação do perito:
I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso;
II - indicar assistente técnico;
III - apresentar quesitos.
§ 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias:
I - proposta de honorários;
II - currículo, com comprovação de especialização;
III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão
dirigidas as intimações pessoais.
§ 3º As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo,
manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o
valor, intimando-se as partes para os fins do art. 95 .
§ 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos
honorários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, devendo o
remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e prestados
todos os esclarecimentos necessários.
§ 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a
remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho.
§ 6º Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder à nomeação de
perito e à indicação de assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar a perícia.

Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por
perito oficial, portador de diploma de curso superior.
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica,
dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente
desempenhar o encargo.
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao
ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de
assistente técnico.
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a
conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as
partes intimadas desta decisão.

§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à


perícia:

I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a


quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem
esclarecidas sejam encaminhados comantecedência mínima de 10 (dez) dias,
podendo apresentar as respostas em laudo complementar;
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a
ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base
à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre
sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo
se for impossível a sua conservação.

§ 7 o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de


conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um
perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.

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11.5 Classificação das perícias

• Judicial – é determinada pelo o juiz ou a requerimento das partes envolvidas.


• Extrajudicial – é feita a pedido das partes.
• Necessária/obrigatória – feita por imposição da lei ou pela natureza do fato, quando
a materialidade do fato só se prova pela perícia.
• Facultativa – pode ser feita por outros meios que não seja a perícia.
• Oficial – determinada pelo juiz.
• Requerida – solicitada pelas partes envolvidas no litígio.
• Contemporânea ao processo – feita no decorrer do processo.
• Cautelar – realizada na fase preparatória da ação, quando realizada antes do processo.
• Direta – diretamente no objeto da perícia.
• Indireta – feita pelos indícios ou sequelas deixadas.

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AULA 12
PERÍCIA

12.1 Direitos do perito

Como já mencionado o perito pode escusar-se do encargo, pedir prorrogação de prazos,


receber informações, ouvir testemunhas, verificar documentos de qualquer lugar, ser indenizado
das despesas relativas ao serviço prestado, honorários (CPC, art. 465 e Código de Processo
Penal, art.159, §1º) etc.
Vejamos:

Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de


imediato o prazo para a entrega do laudo.
§ 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do
despacho de nomeação do perito:
I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso;
II - indicar assistente técnico;
III - apresentar quesitos.
§ 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias:
I - proposta de honorários;
II - currículo, com comprovação de especialização;
III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão
dirigidas as intimações pessoais.
§ 3º As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo,
manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o
valor, intimando-se as partes para os fins do artigo 95.
§ 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos
honorários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, devendo o
remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e prestados
todos os esclarecimentos necessários.
§ 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a
remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho.
§ 6º Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder à nomeação de
perito e à indicação de assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar a perícia.

12.2 Documentos mais importantes

São eles: atestado, notificação, auto, laudo e parecer.

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A) ATESTADO

É um atestado médico de afirmação simples, exata e escrita de um fato e de suas


consequências.
Este tem por finalidade informar a capacidade ou incapacidade do indivíduo para a realização
de determinado ato. Devendo ter cabeçalho ou preâmbulo, a qualificação do examinado, o
nome de quem solicitou, descrição do caso e, se absolutamente necessário, diagnóstico
através do CID (Código Internacional de Doenças).

B) NOTIFICAÇÃO

A notificação é uma comunicação compulsória às autoridades competentes de um fato


médico por necessidade social ou sanitária sobre doenças infectocontagiosas (Código Penal,
art. 269), por exemplo,coronavírus,sarampo, tuberculose etc.

C) AUTO

Auto é um relatório da perícia médica, ditado diretamente ao escrivão.

D) LAUDO

As conclusões realizadas pelo perito são disponibilizadas e lançadas em uma peça


chamada: laudopericial ou parecer técnico.
Sendo que o laudo pericial éelaborado pelo perito do juízo ou perito oficial, já o segundo,
o parecer técnico, é uma peça técnica elaborada pelo perito de confiança das partes.
Para a elaboração do laudo ou do parecer técnicopodem, os peritos, seja ele nomeado
pelo juiz ou contratado pelas partes, proceder livremente, ouvir testemunhas, colher dados
e informações, juntar pesquisas etc.
Assim como nas demais áreas, a perícia em um exame técnico especializado e na área
da engenharia é essencial para a segurança do usuário, através dela é feita a prevenção de
possíveis desastres e prevenções e isso é feito por meio dos laudos e estudos que detectam
o grau de comprometimento dos casos em concreto.
Laudo é o documento que por ora nos interessa mais, este é feito por escrito pelo perito.
Suas partes são:

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1) preâmbulo – ele terá como conteúdo o nome do perito, seus títulos, nome da autoridade
que o nomeou, motivo da perícia, nome e qualificação do indivíduo a ser examinado;
2) histórico – que é a recordação do caso, colheita de informações do fato, local, envolvidos
etc;
3) descrição – que é a parte mais importante, deve ser minuciosa ao relatar as lesões e
sinais do indivíduo, e se envolver cadáver tem que constar os sinais da morte, identidade,
exame interno e externo;
4) discussão – que é o diagnóstico onde o perito dará a sua opinião, um relatório dos
critérios utilizados;
5) conclusão – é o que resume o ponto de vista do perito, baseando-se nos elementos
objetivos e comprovadores de forma segura;
6) respostas aos quesitos – por fim, eventualmente oferecidos pelas partes ou juízo.

E) PARECER

É um documento solicitado onde procura documentar o processo com resultados de


exames e considerações médicas referentes à determinada situação de interesse jurídico.
Ou seja, o parecer é uma resposta, uma conclusão.
São suas partes:
1) preâmbulo;
2) exposição dos fatos;
3) discussão do assunto;
4) conclusão;
5)respostas às perguntas.

Perícia. Fonte: http://diegomunozadvogados.com.br/2020/08/04/metodos-de-producao-de-prova-no-direito-do-trabalho/

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AULA 13
PERÍCIA

13.1 Responsabilidades do Perito

A noção de responsabilidade advém da expressão responder a alguma coisa, ou seja, a


necessidade que existe de responsabilizar alguém por seus atos danosos. Essa imposição
está em impor a todos o dever de responder por seus atos, do dever moral de não prejudicar
a outrem.
O problema da responsabilidade surge propriamente de toda manifestação ou atividade
humana, com a obrigação que cabe a uma pessoa reparar o prejuízo causado a outrem por
um fato.
O objetivo da responsabilização é o de reparar o dano causado e que tenha levado a
diminuição do bem jurídico, sendo que a responsabilidade parte do pressuposto que todo
aquele que violar um dever através de um ato lícito ou ilícito, tem o dever de reparar, pois temos
um dever jurídico de não causar danos a outro e ao violar este dever, há a responsabilidade
de reparar.
O Código de Processo Civil em seu artigo 158 reza que o perito que, por dolo ou culpa,
prestar informações e/ou declarações inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à
parte, ficando este inabilitado a funcionar em outras perícias, por2 (dois) a 5 anos (cinco)
anos e incorrerá também na sanção que a lei penal estabelecer.

Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas
responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em
outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das
demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo
órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis.

Salienta que o perito responde, tanto na área civil quanto na criminalmente, pelos
erros, omissões, desídia e venalidade que este assim o fizer, e sem dúvidas também será
responsabilizado perante o órgão da sua categoria (CREA).
O perito deve ser pontual, honesto e prestar suas informações e/ou declarações de seus
trabalhos com qualidade.

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Vamos exemplificar: a não entrega do laudo no prazo legal/estipulado; negligência; carência


na elaboração.
Aplicando o artigo 158 do CPC, o juiz poderá decretar a inabilitação do perito por dois a
cinco anos, onde o profissional ficará impedido de funcionar/trabalhar em qualquer juízo de
comarca do território nacional.
No caso de sanção administrativa, independe de pedido da parte, sentença ou decisão
interlocutória.
Vale ressaltar
ressaltarque
quea aforma
forma
dede atuação
atuação culposa
culposa é aquela
é aquela ondeonde o profissional
o profissional age
age por por
negli-
negligência, imprudência
gência, imprudência ou imperícia,
ou imperícia, sem sem qualquer
qualquer dolo
dolo e ae forma
a formadolosa
dolosaééonde
ondeoo profissional
profissional
tem intenção de causar
causar um
um mal
malaaoutra
outra parte.
A atividade pericial é essencial, principalmente em um processo judicial, tanto na análise
do fato, como para o convencimento do juízo é por isso que o perito judicial tem que agir
sempre nos limites de sua competência, sem fazer qualquer tipo de juízo de valores.
É por isso que não cabe ao perito se manifestar sobre qual das partes está ou não certa,
devendo selimitar a tão somente produzir provas da questão da matéria envolvida.
A função do perito, como um auxiliar da justiça que é, precisa ser exercida de forma
técnica, maspermitindo a compreensão de um leigo, evitando uma dupla interpretação ou
ambiguidade.
Ademais, este deve atuar de forma imparcial, respondendo aos quesitos, sem extrapolá-los.
O perito está vinculado aos quesitos, devendo responder tão somente ao que foi perguntado,
ainda que tais quesitos só atinjam a questão de forma superficial.

13.2 Responsabilidade Civil xResponsabilidade Penal

A responsabilização penal é imprescindível que haja o cometimento de uma infração


penal, já na esfera civil, diferentemente, a responsabilidade independe da existência ou não
de crime, está relacionada a um dano e sua a reparação/compensação.
Enquanto a responsabilidade civil tem porfinalidade reparar um prejuízo/dano causado
pelo agente a uma determinada vítima, a responsabilidade criminal visa a punição desse
agente, a fim de proteger a ordem e segurança social.
em regra a responsabilização civil acarretará na reparação de danos
De modo simples, emregra
materiais e o pagamento de danos morais, sendo que a responsabilização penal se efetuará
com a privação da
da liberdade,
liberdade, restrição
restriçãode
dedireitos
direitose/ou
e/oumulta
multaaplicável
aplicávelao
aoagente.
agente.
Concluímos que, operito pode ser responder criminalmente por sua atuação na hipótese
do artigo 342 do Código Penal:

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Vejamos o artigo mencionado:

Artigo 343 do CP: Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou
administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado
mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir
efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da
administração pública direta ou indireta.
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que
ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.

Observa quea pena será aumentada caso haja suborno e/ou seja cometido com o fim
de obter prova destinada a produzir efeito em um processo.
Contudo,se antes da sentença o peritose retratar ou declarar a verdade, o fato deixará
de ser punível, mas isso somente na esfera penal, pois na esfera cível ele ainda poderá ser
responsabilizado, conforme o § 2o do artigo referido acima.

13.3 Responsabilidade Civil

Conjugam-se os artigosdo Código Civil 186 e 187 com o artigo 927 também do Código
Civil que determinam que:

aquele que, por ato ilícito causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.

A finalidade da responsabilidade civil é restabelecer, repararou compensar a forma que


era antes do dano, dano este que foi suportado pela vítima.
A responsabilização civil pode ser promovida mediante a ação de indenização por danos
materiais, ou morais, ou até mesmo ambas.
A indenização deve ser aqui compreendida em seu sentido de compensação e/ou reparação,
mas essaindenização pode abranger a forma de compensação, pois nos casos dos danos
morais, em que não há possibilidade de restaurar, restabelecer o que era antes, caberá
conforme cada caso, a indenização, onde esta tenta de alguma forma minimizar o prejuízo
causado.
Nesses casos, a indenização serve para remediar o dano sofrido, tentando de alguma
maneira compensar o prejuízo moral suportado pela vítima.

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Já os danos materiais, que atingem a esfera patrimonial da vítima são mais deserem
visualizados e demonstrados, pois estes se caracterizam pela perda financeira e/ou pelo
o que deixou de ser auferido pela vítima, diferentemente dos danos morais que atingem a
honra do ser humano.

Responsabilidade. Fonte: https://flammo.com.br/aprendizados/assumindo-a-responsabilidade/

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AULA 14
DIREITO AUTORAIS

14.1 Conceito

Mesmo que de formasuperficial, com certeza você já ouvir falar sobre isso: os Direitos
Autorais e/ou marcas.
Pode parecer que a Lei de Direitos Autorais não seja tão importante se comparada com as
demais leis, mas para garantir a segurança de alguns procedimentos é fundamental adquirir,
mesmo que seja um básico conhecimento sobrea Lei de Direitos Autorais, já que esse é
um ramo do direito que está diretamente ligado à proteção, reprodução e uso comercial de
criações e invenções.
Esta lei é crucial e importante para qualquer criador de obras ou empresas que exploram
comercialmente programas de marcas, patentes, desenhos, músicas, computadores, obras
plásticas, dentre muitas outras coisas conhecer esta lei para ver os seus direitos e bens
protegidos de forma legal.
Dá-se o nome Direito Autoral ao conjunto de privilégios que a lei garante aos criadores de
obras intelectuais, com o objetivo de garantir e resguardar a exploração de suas criações.
Os Direitos Autorais estão intimamente ligados com a imaterialidade, ou seja, algo que
não consegue ser palpável é imaterial.
A propriedade intelectual garante aos inventores ou responsáveis por qualquer tipo de
produção o direito de obter uma recompensa resultante da sua “criação/invenção”, criação/
invenção resultado da manifestação intelectual do ser humano, eestá relacionada a bens
imateriais ou incorpóreos dentro do domínio científico, literário, artístico ou industrial.
A sua principal característica é a propriedade intelectual, que está presente nas produções
culturais, científicas, artísticas etc. A propriedade intelectual é uma área do Direito que garante
aos inventores e/ou responsáveis por qualquerinvenção do intelecto, garantindo o domínio
industrial, artístico, literário ou científico.
Segundo Buainain (2004, p. 225), a propriedade intelectual:

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“Possibilita transformar o conhecimento, em princípio um bem quase


público, em bem privado e é o elo de ligação entre o conhecimento
e o mercado.”

Este direito ao domínio é por um determinado tempo e tem como contraprestação a


recompensa pela própria criação.
Com a expansão cada vez mais e maior das obras intelectuais através das redes sociais
e os meios de comunicação de forma geral, gerou-se a necessidade de proteger esse direito
autoral pelo mundo.
Para a proteção desse Direito imaterial, procurou-se dar aos autores e/ou editores a mesma
proteção legal que têm os demais direitos.
A Convenção da Organização Mundial da Propriedade Intelectual, de 1970, conhecida
como WIPO (sigla em inglês) define como propriedade intelectual:

a soma dos direitos relativos às obras literárias, artísticas e científicas, às


interpretações dos artistas intérpretes e às execuções dos artistas executantes,
aos fonogramas e às emissões de radiodifusão, às invenções em todos os
domínios da atividade humana, às descobertas científicas, aos desenhos e
modelos industriais, às marcas industriais, comerciais e de serviço, bem como às
firmas comerciais e denominações comerciais, à proteção contra a concorrência
desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade intelectual nos domínios
industrial, científico, literário e artístico (A CONVENÇÃO DA ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL, 1970).

Em suma é tudo
tudo aquilo
aquilo que
que pode
pode ser
ser considerado
considerado inventividade,
inventividade, ou
ou seja,
seja, qualidade de
criar/inventar é conhecimento ee capacidade
capacidade humana
humanade
decriar,
criar,inventar
inventareemodificar
modificarcoisas.
coisas.
Porém, se o ser humanotem
humano temcapacidade
capacidadede
decriar,ele
criar,eletambém
tambémtem
temcapacidade
capacidade de
de copiar,
aí surge a necessidade
necessidade de
de proteger
proteger oo que
quefoi
foiinventado
inventadoe/ou
e/oucriado
criadopor
poralguém,
alguém,passando
passandoo
dono dos
o dono direitos
dos sobre
direitos o invento
sobre a ter
o invento uma
a ter proteção
uma e garantia
proteção sobre
e garantia a obra.
sobre a obra.
Esta garantia dá o incentivo
Estagarantia incentivoaoaocriador e garante
criador queque
e garante o seu nome
o seu e sua
nome obraobra
e sua estarão pro-
estarão
tegidos juridicamente
protegidos por por
juridicamente um um
determinado período
determinado de tempo.
período de tempo.
Podemos tercomo
Podemoster comoexemplo
exemplode
decriação/invenção
criação/invenção remédios,
remédios, produtos
produtos dede consumo,
consumo, máqui-
máquinas
nas entre
entre outros
outros queque nascem
nascem da mente
da mente humana
humana e se
e se transformampara
transformam parao obem
bemda
dasociedade.
sociedade.
Os detentores de direitos de propriedade intelectual são protegidos por leis contra o mau
uso e pela não autorização de seus trabalhos, produtos, processos, marcas e serviços.
Este direito à exploração comercial, mesmo que de forma temporária e exclusiva de uma
propriedade intelectual, estimula a criação humana e o empreendedorismo, além de contribuir

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para a competitividade dentro de uma sociedade, o que beneficia e muito o comércio, o


desenvolvimento tecnológico e a cultural de uma nação.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) criou o Trips - Trade Related Aspects of Intellectual
Property Rights, do qual o Brasil tornou-se signatário desde 1994.
Dizer que o Brasil é signatário de alguma Convenção significa dizer que o Brasil subscreveu
algum tipo de acordo com o qual ele concorda com o conteúdo apresentado, como quando o
Brasil se tornou signatário da famosa Declaração Universal dos Direitos Humanos, a DUDH.
O Trips estabelece um padrão mínimode proteção à propriedade intelectual aos países
que assinaram o acordo.
No Brasil a legislação que regula a propriedade intelectual é a Lei 9.279, de 14 de maio de
1996 e o órgão responsável pela concessão dos direitos de propriedade intelectual no nosso
país é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI, que é uma autarquia federal.

Direitos Autorais. Fonte: https://vcpi.com.br/como-proteger-direitos-autorais/

14.2 O que é a Lei dos Direitos Autorais protege?

A propriedade intelectual abrange vários aspectos, entre eles está:

A) Direito Autoral = este direito compreende as obras e trabalhos artísticos, pinturas,


músicas, filmes, livros, esculturas, artigos científicos, fotografias, poesias etc. Basicamente
decorre da autoria de obras intelectuais nos campos científico, literário e artístico. Podendo
proteger a criação através do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial - Autarquia
brasileira federal, que está vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, estando localizada no Rio de Janeiro).

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Jusbrasil. Fonte: https://duduhvanin.jusbrasil.com.br/artigos/407435408/propriedade-intelectual-conceito-evolucao-historica-e-normativa-e-sua-importancia

B) A propriedade industrial = está focada nas marcas, desenhos industriais, segredo


industrial, patentes, indicações geográficas e atividades empresariais, sendo regulamentada
pela Lei 9.279/96.
Ela engloba um conjunto de direitos e obrigações relacionados a bens objeto de atividades
industriais e assegura ao titular do direito (proprietário) o uso exclusivo referente a fabricação,
comercialização, importação, venda, cessão e uso.

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AULA 15
DIREITOS AUTORAIS

15.1 Pirataria

A propriedade intelectual é a área do Direito que protege as invenções e inovações por


meio de Leis e regras específicas, como também pela Convenção, portanto, a pirataria é o
desrespeito aos direitos de propriedade intelectual, sendo considerada crime pela legislação.
Com a modernidade tecnológica dos dias atuais, tem se ampliado as possibilidades de
transmissão, execução e reprodução das obras autorais.
Com máquinas cada vez mais modernas, hoje, de forma rápida, se faz gravações e/
ou cópias de sons, imagens, fotografias, músicas, textos e outras obras e muitas são as
formas de violação do Direito do Autor, as mais conhecidas são: pirataria, plágio, contração
e reprografia.
Toda vez que uma obra devidamente protegida é utilizada sem a autorização do seu
titular/proprietário, o responsável estará incorrendo no crime de violação ao Direito Autoral,
não importando se a finalidade da obra é ou não para fins lucrativos, basta violar o direito de
quem é proprietário legal, o seu fim comercial, caso hajaa finalidade de lucro apenas agrava
o desrespeito a essa proteção.
Com a ocorrência do crime de violação aos direitos autorais quem primeiro perde é sempre
o autor da obra, depois as empresas que vivem da exploração da arte deste e por fim, a
sociedade, a qual torna-se vítima da incultura.

A Pirataria é uma prática de vender e/ou distribuir produtos sem a expressae


devida autorização dos proprietários de um determinado produto ou marca,
sem dúvidas e como é sabido , a pirataria é considerada crime contra o
direito autoral, a pena para este tipo de delito pode chegar a quatro anos de
reclusão e multa.
F o n t e : h t t p s : // b r a s i l e s c o l a . u o l . c o m . b r / c u r i o s i d a d e s / p i r a t a r i a .
htm#:~:text=Pirataria%20ou%20pirataria%20moderna%2C%20como,anos%20
de%20reclus%C3%A3o%20e%20multa.

Portanto, não caia nessa de que “pirataria não é crime”, pois pirataria é crime e hoje em
dia, nessa era digital, moderna e de informaçãorápida, cursos digitais, conteúdo exclusivo e
afins, a pirataria tornou-se uma doença para a internet.

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A reprodução não autorizada de obras e produtos intelectuais vem merecendo atenção por
parte das autoridades públicas, afinal, além do prejuízo que causam aos legítimos detentores
dos direitos autorais, ainda, de forma indireta, contribuem para a prática de outras atividades
ilícitas.
O Código Penal se dedicou aos crimes contra a propriedade imaterial com o propósito de
coibir, mediante a fixação de sanções mais severas, tal conduta ilícita.
Contudo, a colaboração da sociedade é de fundamental para o sucesso das medidas
propostas pelo legislador, poder público e organizações não governamentais em favor da
erradicação, ou a menos o controle em níveis toleráveis, da pirataria de direitos autorais.
O nosso Código Penal brasileiro, ao tratar no Título III dos crimes contra a propriedade
imaterial classifica como violação de direito autoral a conduta daquele que reproduz, total
ou parcialmente, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, obra
intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do
artista intérprete ou executante, do produtor, ou de quem os represente.
Vejamos:

Violação de direito autoral -Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.


§ 1° Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de
lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual,
interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do
artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os
represente:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2° Na mesma pena do § 1° incorre quem, com o intuito de lucro direto ou
indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta,
tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido
com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante
ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de
obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos
direitos ou de quem os represente.
§ 3° Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra
ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a
seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente
determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou
indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista
intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 4° O disposto nos §§ 1°, 2° e 3° não se aplica quando se tratar de exceção
ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade
com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra
intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista, sem
intuito de lucro direto ou indireto.

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Além dos prejuízos causados ao proprietário daobra intelectual, ainda gera prejuízos fiscais
e sociais ao nosso país.
Contudo, a Lei Autoral é bem clara ao dispor que, dentre outras condutas igualmente vedadas,
a reprodução parcial ou integral de obras intelectuais, tais como musicais, literárias,programas
de computador, audiovisuais, dentre outras, dependem de prévia e expressa autorização
do autor, pois a sua prática, por afetar diretamente os direitos morais e patrimoniais do
proprietário, sujeitando o infrator a sanções de natureza civil e penal.
A lei n° 9.610/98,Lei Autoral, ao tratar das penalidades a serem aplicadas quando da
violação ao direito do autor, dispõe expressamente sobre as sanções civis, estas não afastam
a aplicação da sanção penal decorrente da prática de tal conduta delituosa.
O legislador considerou tão grave a conduta da reprodução não autorizada de obra literária,
artística ou científica, que a condenação decorrente de violação aos direitos de autor poderá
corresponder ao valor de 3000 (três mil) exemplares, além dos apreendidos.
Não obstante as sanções de natureza civil, o alto índice de produtos piratas comercializados
no Brasil levou o legislador a alterar o artigo 184 do Código Penal de modo a tornar mais
rígida a penalidade decorrente desta violação do direito autoral.

Pirataria. Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/a-pirataria-crime.htm

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15.2 Formas de Propriedade Industrial

15.2.1a)Patente

Segundo Bastos (1997, p. 209) patente:

É um direito exclusivo concedido a uma invenção*, que consista em um produto


ou um processo que prevê, em geral, uma nova maneira de fazer algo, ou oferece
uma nova solução técnica para um problema. Título de exploração temporal,
concedido pela Administração ao inventor, em contrapartida à divulgação, bem
como da exploração fidedigna do seu invento. O inventor precisa atender aos
requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Pode-se afirmar
que a Patente é um documento expedido pelo órgão competente do Estado que
reconhece o direito de propriedade industrial reivindicado pelo titular.

Podemos definir o que é patenteável como: “qualquer invenção, de produto ou processo,


em todos os setores tecnológicos, desde que seja nova, envolva processo inventivo e seja
passível de aplicação industrial”, definição esta dada pelo General AgreementonTariffsand
Trade (Acordo Geral de Tarifas e Comércio GATT/TRIPS, art. 27.1).

Patente. Fonte:http://consensojr.com.br/o-que-sao-patentes-e-qual-a-sua-importancia/

O mesmo artigo, no item 27.2 e 3 - GATT/TRIPS define também o que os Estados membros
podem considerar o que não é patenteado, vejamos:

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a) invenções que contrariem a ordem pública e a moralidade e que atentem contra a vida
ou a saúde humana, animal ou vegetal, além daquelas que prejudiquem o meio ambiente;
b) os métodos diagnósticos, terapêuticos e cirúrgicos para tratamento de seres humanos
ou de animais;
c) plantas e animais, exceto micro-organismos e processos essencialmente biológicos
para a produção de plantas ou animais, excetuando-se os processos não biológicos e
microbiológicos.

15.2.2 b) O que não pode ser patenteado - Lei 9.279/97

O artigo 18 da Leidispõe:

Não são patenteáveis:

I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à


saúde públicas;
II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer
espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os
respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de
transformação do núcleo atômico; e
III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que
atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva
e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, microorganismos transgênicos são
organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem,
mediante intervenção humana direta em sua composição genética, uma
característica normalmente não alcançável pela espécie em condições naturais.

O inciso III do referido artigo fala em “mera descoberta”, ou seja,é a revelação de algo que
até então era desconhecido pela sociedade, porém encontra-se inserido na natureza, por
exemplo, uma planta medicinal; um metal etc.

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Descoberta. Fonte: flaticon.com/br/icone-premium/descoberta_2114977

15.2.3 c) Prazo

O prazo de proteção dapatente é de 20 (vinte) anos nos casos em que a patente seja
uma invenção e de 15 (quinze) anos nas patentes de modelo de utilidade, contados a partir
da data de depósito do pedido, após esses prazos o produto caem em domínio público, ou
seja, a sociedade terá acesso a eles.

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AULA 16
DIREITOS AUTORAIS

16.1 Marca

A Marca de um determinado bem ou serviço é o sinal que diferencia e identifica com o


passar dosanos e com a evolução da sociedade, as marcas evoluíram para o atual sistema de
registro e proteção delas, onde esse sistema ajuda os consumidores a identificar e comprar
um produto ou serviço porque sua procedência e qualidade, indicada pela sua marca, atende
as suas necessidades desejadas.
As marcas são assim conceituadas por Vieira e Buainaim (2006, p. 394) como:

“Sinais distintivos que identificam, direta ou indiretamente, produtos ou serviços. A


identificação se realiza através da aposição do sinal no produto ou no resultado do serviço,
etc.”

A Leidiz em seus artigos 122 e 123 que pode ser registrado como marca qualquer sinal
que distingue visualmente um produto ou serviço de outro idêntico ou semelhante ou que
tenha como finalidade atestar a conformidade de um serviço ou produto com as normas e
especificações técnicas .
A proteção e a propriedade sobre uma marca somente é adquirida após o registro dela
perante o órgão responsável (INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial), e o titular
damarca tem o direito de: Ceder o seu registro ou pedido; Licenciar o uso desta;Zelar
pela reputação e integridade de sua marca.

Finalidade da marca - As marcas distinguir: Um produto (OMO; BOMBRIL;MARILAN);


Um serviço (TAM, Mac Donalds; Burger King); Uma marca coletiva (CONAP); Uma marca
de certificação (INMETRO).

As marcas podem se apresentar de forma nominativa a qual é formada por nomes, números,
siglas ou combinações; figurativa, em que fazem parte os desenhos, imagens, símbolos,

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figuras, números ou letras fantasiosos e Mistana qual há uma combinação entre as formas
nominativas e figurativas.

Registro e Prazo da Marca:

O seu registro pode extinguir-se pela expiração do prazo de vigência sem renovação
sequencial seja feita;pela renúncia do titular dos direitos; pela caducidade dos direitos.
O prazo de proteção delas é de 10 (dez) anos contados a partir da concessão do registro,
podendo este ser prorrogado por períodos de 10 (dez) anos iguais e sucessivas vezes, tudo
conforme o artigo 133 da Lei em questão.

Registro. Fonte: https://comunidadesebrae.com.br/blog/quais-problemas-posso-ter-se-nao-fizer-o-registro-de-marca

16.2 Desenho Industrial

Segundo a Leida Propriedade Industrial, é a forma plástica ornamental de um objeto ou o


conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando
resultado visual novo e original podendo consistir em características tridimensionais, ele tem
aplicação em uma grande variedade de produtos da indústria e do artesanato, como por
exemplo artigos de luxo, joias entre outros utensílios e aparelhos.
O artigo 95 da Leidefine o desenho industrial como sendo:

A forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas


e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado novo
e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação
industrial.

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Desde que preenchidos os requisitos legais, todo aquele que cria um desenho industrial
poderá proteger sua criação Os requisitos são: da novidade, da originalidade e que o objeto
seja passível de fabricação.
O Art. 96 da Lei estabelece que o desenho industrial será considerado novo quando não
estiver compreendido no estado da técnica; já no Art. 97 da mesma lei, dispõe que será
considerado original o desenho industrial quando sua configuração visual o distinga dos
objetos anteriores a ele.
Contudo, háos que NÃO podem ser registrados como desenhos industriais: tudo o que
for contrário à moral e aos bons costumes;a forma necessária ou vulgar de um objeto;a
forma determinada pelas considerações técnicas ou funcionais do objeto.
O profissional de Desenho Industrial está voltado para os desenhos técnicos, fabricação
e mecânica, ondeesses desenhos definem, principalmente, o aspecto estético e constitutivo
do item, este profissional poderá atuar diretamente na indústria, mas também na engenharia,
arquitetura ou publicidade e propaganda.
O desenhista industrial cria, projeta, inova e melhora produtos para a indústria, como o
próprio nome já diz.
Por detrás de um produto, comoum fogão, uma moto, uma casa há um desenhista industrial
que projetou seu modelo, pensou em seus materiais e em seu processo de produção, calculou
suas áreas e resumiu essas informações para os demais envolvidos no processo de produção
desses objetos.

Desenho Industrial. Fonte: https://www.fgpi.com.br/o-que-e-design-de-produto-e-como-proteger-desenhos-industriais/

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Prazo

O prazo de proteção é de 10 (dez) anos a partir da data do depósito do pedido, podendo


o mesmo ser prorrogado no máximo por 3 (três) vezes pelo período de 5 (cinco) anos cada.

Marcas. Fonte: https://firstsa.com.br/importacao-paralela-de-produtos-de-marca/

Jusbrasil. Fonte: https://duduhvanin.jusbrasil.com.br/artigos/407435408/propriedade-intelectual-conceito-evolucao-historica-e-normativa-e-sua-importancia

Proteção Sui Generis = com o desenvolvimento avançado da sociedade e o surgimento de


várias e novas criações intelectuais surge também a necessidade de uma proteção diferenciada

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para estas figuras intelectuais, são as denominadas figuras jurídicas intermediárias entre a
propriedade industrial e o direito autoral.

Jusbrasil. Fonte:https://duduhvanin.jusbrasil.com.br/artigos/407435408/propriedade-intelectual-conceito-evolucao-historica-e-normativa-e-sua-importancia

De forma resumida, a propriedade intelectual engloba:

Jusbrasil. Fonte: https://duduhvanin.jusbrasil.com.br/artigos/407435408/propriedade-intelectual-conceito-evolucao-historica-e-normativa-e-sua-importancia

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CONCLUSÃO

Nos primeiros capítulos construiu-se no decorrer desta textualização, que a Lei de Licitações
é uma das leis mais importantes na área do Direito Administrativo e que esta trouxe a
isonomia no processo de seleção e competição no certame licitatório e com o novo projeto
de Lei, assim que sancionada e se tornar lei, trará diversas alterações sobre a contratação do
Poder Público. Por essa razão, para que as novas mudanças se tornem habituais e naturais,
será necessário uma adaptação da sociedade e dos órgãos.
Nos próximos capítulos foram pontuadas as características essenciais e principais na
relação de trabalho para analisar de forma mais precisa as normas que cercam o empregado
e empregador e diferenciar ambas as figuras.
No capítulo a seguir, foi definida a matéria sobre perícia e perito, a sua responsabilidade,
tanto civil como penal, de um perito e de uma perícia mal elaborada e/ou com qualquer tipo
de vício.
Já no último capítulo, dentro da seara dos Direitos Autorais, foram conceituados as regras,
princípios e institutos que regem a existência, normatização e desenvolvimento das marcas,
registro, a proteção que as regem, conforme explicitado no decorrer do estudo e das aulas.
Todo o conteúdo textual deste trabalho conduz à certeza de que a matéria de Direito
assume a conceituação de cada ponto principal para o curso, adquirindo e tornam-se mais
harmônicas e humanas, no sentido de ajudar as pessoas e a terem reconhecido seu direito
perante às leis.
Conclui-se que a matéria de Direito representa muito mais que leis e papéis, mas uma
definição de cada ponto, conforme a necessidadede cada curso e aula.

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ELEMENTOS COMPLEMENTARES

LIVRO

Título: Noções Essenciais deDireito


Autor: NelsonPalaia
Editora: Saraiva
Sinopse: O livro reúne todo o conteúdo necessário
para que possa iniciar os estudos de Direito e
enfrentar, sem dificuldades, as disciplinas jurídicas
do curso.

FILME

Título: Tempos Modernos


Ano: 1936
Sinopse: Um vagabundo está empregado em uma fábrica e acaba sendo preso.

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REFERÊNCIAS

BASTOS, Aurélio Wander. Dicionário de Propriedade industrial e assuntos conexos,


Aurélio Wander Bastos. 1997. Ed lúmen júris.

BEVILACQUA, Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil. Rio de Janeiro: Francisco Alves,
2. ed. revista e atualizada por Caio Mário da Silva Pereira, 1976.

BORTOLETO, Leandro. Direito Administrativo. Salvador: Juspodivm, 2012.

BRASIL. Lei no. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a


legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Diário Oficial [da República
Federativa do Brasil], Brasília [online], 20 fev. 1998. Disponível em: http://www.dou.
gov.br/materias/do1/do1legleg19980220180939_001.htm

CARVALHO SANTOS.Código Civil de 1916 Interpretado, vol. II, 1964. Jurisprudência


RJ 468/87-88.

CECCATO, M. A.Cartéis em Licitações: Estudo Tipológico das Práticas Colusivas entre


Licitantes e Mecanismos Extrajudiciais de Combate. Prêmio SEAE 2012.

CHISUM; JACOBS. Understanding Intellectual Property Law.Matthew Bender 1992.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas,
2010.p.269

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo.23. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

COMPARATO, Fábio Konder.O Poder de Controle nas S. A. Ed. Revista dos Tribunais,
1976.

GANDELMAN, Henrique. De Gutenberg à Internet: direitos autorais na era digital.Rio


de Janeiro: Record, 1997.

GOMES, Orlando. Direito do Trabalho: estudos. SãoPaulo: LTr, 1979.

HEGEL, Principes de PhilosophieduDroit, Gallimard, 1963.

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MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas

MEIRELLES, Hely Lopes. Licitação e Contrato Administrativo.15. ed. São Paulo:


Malheiros, 2010.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo.27.ed. São Paulo:
Malheiros, 2010.

MORAES FILHO, Evaristo de. O problema do sindicato único no Brasil: seus


fundamentos sociológicos. Rio de Janeiro: Ed. ANoite, 1952.

PONTES DE MIRANDA. Tratado de Direito Privado, vol. XVI, § 2005. Borzoi Ed. 1971.

REZENDE, R. M.: O Regime Diferenciado de Contratações Públicas: Comentários à


Lei nº 12.462.Texto para Discussão 100. Núcleo de Estudos e Pesquisas do Senado.
Agosto 2011.

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