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PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.

154-18

DIREITO CIVIL 1
Ponto 1 – Lindb

CPF: 860.542.154-18

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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MENSAGEM DO CURSO

Olá Delta, tudo bem?


Estamos diante de uma matéria que costuma ser cobrada com pegada
legalista, com pequenas abordagens de súmulas e jurisprudências do STF e STJ.
Toda a legislação e doutrina necessária já está neste material, em matéria de
LINDB.
Indicamos a realização de outras questões além deste material, vai te ajudar
muito no desenvolvimento.
Aos estudos.
Estamos com você Delta.

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SUMÁRIO

1. DOUTRINA (RESUMO)................................................................................................... 4

1.2. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO ..................................... 4

2. JURISPRUDÊNCIA ........................................................................................................ 31

3. QUESTÕES ................................................................................................................... 31

4. GABARITO COMENTADO ............................................................................................ 36

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DIREITO CIVIL
1. DOUTRINA (RESUMO)
1.1. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) é composta de 30


(trinta) artigos, que cuidam de temas que ultrapassam o direito civil, sendo aplicáveis a
todos os ramos jurídicos.
Cuida-se, em consequência, de uma norma de sobredireito/superdireito, ou
seja, uma norma jurídica que possui o objetivo de regulamentar outras normas -
norma sobre as normas - (Lex legum). Assim, como norma geral de aplicação aos mais
variados ramos do direito, estabelece alguns parâmetros genéricos para formação,
elaboração, vigência, eficácia, interpretação, integração e aplicação das leis.

ATENÇÃO! A lei de introdução é uma legislação que contém princípios gerais sobre a
norma jurídica.

Aplicabilidade da Norma - Esta norma não se aplica somente ao direito civil,


mas a todos os ramos do direito. Dessa forma, está explicada a mudança do nome do
Decreto-Lei pela Lei 12.376/10. Hoje, denomina-se Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (LINDB). 4
Finalidades da LINDB:

- Resolver conflitos de lei no tempo;


- Resolver conflitos de lei no espaço (sentenças estrangeiras,
tratados etc.);860.542.154-18
CPF:
- Estabelecer critérios de hermenêutica (técnicas de
interpretação);
- Estabelecer critérios de integração (inclusão);
- Regular a vigência e eficácia das normas;
- Cuidar de normas de direito internacional privado;
- Elevar os níveis de segurança jurídica e de eficiência na criação
e aplicação do direito público.

Note que a finalidade da antes denominada Lei de Introdução ao Código Civil


brasileiro era muito mais ampla do que a primeira intelecção literal poderia
depreender. Em que pese se referir ao Código Civil, a norma conhecida originalmente
como Lei de Introdução ao Código Civil (em verdade, o Decreto-lei n. 4.657/42) dele
não era parte integrante, constituindo, na realidade, um diploma que disciplina a
aplicação das leis em geral.

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1.2.1. NOÇÕES GERAIS

A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB (Decreto-Lei nº


4.657, de 4 de setembro de 1942) recebeu esse nome com o advento da Lei nº
12.376/2010, sendo anteriormente chamada de Lei de Introdução ao Código Civil –
LICC. Tal mudança nominativa reflete o caráter universal da LINDB, uma vez que suas
normas se estendem a todo direito, e não somente ao direito civil.
Trata-se de uma norma máxima de compreensão do sistema jurídico, que,
além da evidente importância para a soberania nacional, regula a vigência e a eficácia
de todas as outras, trazendo critérios para os seus conflitos no tempo e espaço, bem
como estabelecendo parâmetros para a interpretação normativa (art. 4º) e garantindo
a eficácia global do ordenamento positivo, ao não admitir o erro de direito (art. 3º) e
ao reconhecer a necessidade de preservação das situações consolidadas em que o
interesse individual prevalece (art. 6º).
Cumpre acentuar, neste ponto, que a Lei nº 13.655/2018 inclui no Decreto-Lei
nº 4.657, disposições sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do
direito público, até então inexistentes. Bem por isso, a aplicação desses noveis
dispositivos é afeta ao direito público.
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro sofreu profunda alteração
por meio da promulgação da Lei n. 13.655, de 25 de abril de 2018, que acrescentou os
novos arts. 20 a 30 à LINDB.
O acréscimo dos acenados artigos à LINDB busca trazer pragmaticidade e
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concretude a um dos valores mais basilares do sistema, qual seja: a segurança jurídica.
Trata-se de uma forma de valorizar a segurança e a previsibilidade do Direito,
buscando privilegiar a boa-fé e a confiança do cidadão nos atos do Poder Público.
Todavia, como restará demonstrado, a Lei nº 13.655/2018 possui algumas
contradições.
Adite-se, ainda, queCPF: 860.542.154-18
recentemente o Decreto nº 9.830, de 10 de Junho de
2019 regulamentou o disposto nos acenados arts. 20 ao art. 30.
Sendo uma lei diminuta, a LINDB dedica atenção à própria norma jurídica, e
não a comportamentos humanos, estruturando-se da seguinte forma:

ESTRUTURA
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro

Vigência Arts. 1º e 2º

Obrigatoriedade geral e abstrata das normas ou do ordenamento


Art. 3º
jurídico

Integração normativa ou colmatação de lacunas Art. 4º

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ESTRUTURA
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro

Interpretação das normas ou função social das normas Art. 5º

Aplicação das normas no tempo ou direito intertemporal Art. 6º

Arts. 7º ao
Aplicação da lei no espaço, direito espacial ou direito internacional
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Princípios gerais a serem observados pelas autoridades nas decisões


Arts. 20 a 22
baseadas em normas indeterminadas

Efeitos da invalidação de atos em geral Art. 21

Regula o direito à transição adequada quando da criação de novas


Art. 23
situações jurídicas passivas

Impede a invalidação de atos em geral por mudança de orientação Art. 24

Estabelece o regime jurídico para negociação entre autoridades


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Art. 26
públicas e particulares

Determina a compensação, dentro dos processos, de benefícios ou


Art. 27
prejuízos injustos gerados para os envolvidos

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Impede a responsabilização injusta de autoridade em caso de revisão
Art. 28
de suas decisões

Impõe a consulta pública obrigatória para a edição de regulamentos


Art. 29
administrativos

Determina que as autoridades atuem em prol da segurança jurídica,


inclusive com a expedição de regulamentos, súmulas administrativas Art. 30
e respostas a consultas com caráter vinculante

A lei 13.655/2018, que acresceu dez novos artigos à LINDB, entrou em vigor
na data da sua publicação (25/4/2018), à exceção do art. 29, cuja vacatio legis foi de
180 dias.

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Com o novel acréscimo implementado pela Lei nº 13.655/2018, acabou-se


realçando a ideia de responsabilidade decisória estatal diante da incidência de normas
jurídicas indeterminadas.
De acordo com o professor de Direito Civil Carlos Eduardo Elias de Oliveira, o
diploma que surge poderia ser batizado de Lei da Segurança Hermenêutica na
Administração Pública:

“pois o seu objetivo foi, em síntese, implantar um ambiente de


menor instabilidade interpretativa para os agentes públicos e
para os atos administrativos, os quais sambam nas asas
vacilantes das surpresas provocadas pela superveniência de
interpretações jurídicas advindas especialmente de órgãos de
controle”.

O acenado autor divide a norma em três grupos temáticos, o que serve muito
bem para resumir o seu conteúdo. O primeiro diz respeito à clareza normativa (arts. 29
e 30). O segundo à responsabilização do agente por infração hermenêutica (arts. 22 e
28). O terceiro grupo está relacionado à invalidade de ato administrativo, o que ele
fraciona em quatro subgrupos:

a) princípio da motivação concreta (arts. 20 e 21, caput); 7


b) regime de transição (art. 23), princípio da menor
onerosidade da regularização (art. 21, parágrafo único) e
irregularidade sem pronúncia de nulidade (art. 21, parágrafo
único, e art. 22, caput e § 1º);
c) convalidação por compromisso com ou sem compensações
(arts. 26 e 27);860.542.154-18
CPF: e
d) invalidade referencial (art. 24 da LINDB).

A finalidade da nova normatização se evidencia: busca-se restringir o âmbito


de atuação interpretativa do agente público, nas searas administrativa, controladora
ou judicial, prestigiando-se uma perspectiva “pragmática” ou “consequencialista” em
suas decisões.
A propósito disso, destacamos:

Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não


se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que
sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
(Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a
adequação da medida imposta ou da invalidação de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive

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em face das possíveis alternativas. (Incluído pela Lei nº 13.655,


de 2018)

Esse artigo acrescentado pela Lei nº 13.655/2018 à LINDB, buscando uma


segurança hermenêutica, consagra o dever de motivação concreta e a
responsabilidade decisória dos gestores dos interesses públicos ao julgarem sobre
questões que lhe são levadas a análise.
Ele veda decisões vazias, retóricas e/ou principiológicas, sem a necessária
análise prévia de fatos e de impactos. Obriga o julgador a avaliar, na motivação, a
partir de elementos idôneos obtidos no processo administrativo, judicial ou de
controle, as consequências práticas de sua decisão.
Nota-se, assim, que a análise das consequências práticas da decisão passa a
fazer parte das razões de decidir do julgador. Não se decidirá com base em valores
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
Aliás, essa noção também vale para decisões proferidas nas esferas administrativa e
controladora, não se restringindo à judicial.

ATENÇÃO! Caso sejam indagados acerca do artigo 20, até mesmo em eventual prova
oral, sugiro que se manifestem no sentido de que é recomendável e esperado que o
juiz sopese o impacto da sua decisão e delineie, sim, possíveis consequências e efeitos
discutidos pelas partes ao longo da demanda. No entanto, exigir que o magistrado
anteveja todos os possíveis efeitos e consequências não discutidos no processo é
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juridicamente inviável e humanamente inaceitável.
Se demonstra um evidente exagero essa exigência, contida especialmente no art. 20,
no sentido de que não se decidirá “com base em valores jurídicos abstratos” — afinal,
o que seriam “valores jurídicos abstratos”? Princípios? Cláusulas gerais? Conceitos
normativos? Postulados ou preceitos não densificados? — senão antevendo (todas) as
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consequências práticas da decisão.
Vale lembrar que o dever de motivação das decisões consta do art. 93, inc. IX, da
Constituição Federal de 1988. No mais, o art. 489, II, do Código de Processo Civil de
2015 já contém regra segundo a qual “não se considera fundamentada qualquer
decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão”, que “empregar
conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência
no caso”. Excelente essa previsão na Lei Processual, diferentemente da contida na
nova LINDB, que, diante de “valores jurídicos abstratos”, exige projeções (futuristas)
de (todos) os efeitos e consequências advindos de uma decisão.
Assim, ao tempo em que o art. 20 da LINDB defende decisões não abstratas, a Lei nº
13.655/2018 incorporou na LINDB expressões jurídicas abstratas.

Vê-se, pois, que o parágrafo único do art. 20 se preocupa com decisões que
acarretem invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa. Do
mesmo modo, o art. 21, que estabelece, de forma clara e direta, em seu caput, que:

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“a decisão que, na esfera administrativa, controladora ou


judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste,
processo ou norma administrativa deverá indicar de modo
expresso suas consequências jurídicas e administrativas”.

O dispositivo em questão exige o exercício responsável da função judicante


do agente estatal. Invalidar atos, contratos, processos configura atividade altamente
relevante, que importa em consequências imediatas a bens e direitos alheios.
Decisões irresponsáveis que desconsiderem situações juridicamente constituídas e
possíveis consequências aos envolvidos são incompatíveis com o Direito.
É justamente por isso que se buscou garantir que o julgador (nas esferas
administrativa, controladora e judicial), ao invalidar atos, contratos, processos e
demais instrumentos, indique, de modo expresso, as consequências jurídicas e
administrativas decorrentes de sua decisão1.
Cumpre acentuar, neste ponto, nos termos do Decreto nº 9.830/2019, que a
decisão será motivada com a contextualização dos fatos, quando cabível, e com a
indicação dos fundamentos de mérito e jurídicos (art. 2º).
A motivação da decisão conterá os seus fundamentos e apresentará a
congruência entre as normas e os fatos que a embasaram, de forma argumentativa.
(art. 2º, § 1º).
A motivação indicará as normas, a interpretação jurídica, a jurisprudência ou a
doutrina que a embasaram (art. 2º, § 2º).
9
A motivação poderá ser constituída por declaração de concordância com o
conteúdo de notas técnicas, pareceres, informações, decisões ou propostas que
precederam a decisão (art. 2º, § 3º). Veja aqui a utilização da técnica de motivação per
relationem.
Nessa linha intelectiva, a decisão que se basear exclusivamente em valores
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jurídicos abstratos observará o disposto no art. 2º e as consequências práticas da
decisão (art. 3º).
A propósito, para fins do disposto no Decreto nº 9.830/2019, consideram-se
valores jurídicos abstratos aqueles previstos em normas jurídicas com alto grau de
indeterminação e abstração. (art. 3º, § 1º).
É preciso ficar claro que não está proibido decidir com base em valores
jurídicos abstratos. Contudo, sempre que se decidir com base em valores jurídicos
abstratos, deverá ser feita uma análise prévia de quais serão as consequências práticas
dessa decisão.
Note que ao fundamentar a decisão, deverá ser apontado o maior número de
consequências práticas que se possa vislumbrar. É certo, no entanto, que resta
possível cogitar de alternativas que não foram mencionadas (art. 3º, § 2º).
Perceberam a contradição? Ao tempo em que o art. 20 da LINDB defende
decisões não abstratas, a Lei nº 13.655/2018 incorporou na LINDB expressões jurídicas
abstratas, como, por exemplo, interesses gerais da época, orientação nova sobre

1 https://www.conjur.com.br/dl/parecer-juristas-rebatem-criticas.pdfv

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norma de conteúdo indeterminado, etc. Os demais artigos, adiante, corroboram essa


constatação.
Sublinhe-se que a decisão que decretar invalidação de atos, contratos,
ajustes, processos ou normas administrativos observará o disposto no art. 2º e
indicará, de modo expresso, as suas consequências jurídicas e administrativas (art. 4º).
Adite-se, ainda, nos termos do que dispõe o parágrafo único do art. 21 da
LINDB, que:

“a decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando


for o caso, indicar as condições para que a regularização
ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos
interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos
ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso,
sejam anormais ou excessivos”.

Vale mencionar, também, o teor do art. 22 da LINDB:

Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão


considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e
as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo
dos direitos dos administrados. 10
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de
ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão
consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto,
limitado ou condicionado a ação do agente. (Incluído pela Lei nº
13.655, de 2018)
CPF:
§ 2º Na 860.542.154-18
aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a
gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem
para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou
atenuantes e os antecedentes do agente. (Incluído pela Lei nº
13.655, de 2018)
§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na
dosimetria das demais sanções de mesma natureza e relativas
ao mesmo fato. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

O art. 22 da LINDB traz regra de hermenêutica ou interpretação relativa às


normas sobre gestão pública, devendo ser considerados os obstáculos e as
dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem
prejuízo dos direitos dos administrados. Valoriza-se a primazia da realidade, em
especial as dificuldades que podem ser enfrentadas pelos agentes públicos em suas
decisões interpretativas.
Nos termos do dispositivo supra, o órgão julgador deve considerar não apenas
a literalidade das regras que o administrador tenha eventualmente violado, mas

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também as dificuldades práticas que ele enfrentou e que podem vir a justificar esse
descumprimento.
Esse dispositivo reconhece que os diversos órgãos de cada ente da Federação
possuem realidades próprias que não podem ser ignoradas. E não podia ser diferente,
afinal, óbvio que a realidade de gestor da União é distinta da realidade de gestor em
um pequeno município.
O artigo em apreço assumiu a premissa de que as decisões na gestão pública
não são tomadas em um mundo abstrato dos sonhos, mas de forma concreta e real,
para resolver problemas e necessidades reais. A gestão pública envolve especificidades
que devem ser consideradas pelo julgador para a produção de decisões justas,
corretas.
Nota-se, assim, que o referido artigo criou condicionantes a qualquer
julgador, condicionantes estas que envolvem considerar (i) os obstáculos e a realidade
fática do gestor, (ii) as políticas públicas caso existentes e (iii) o direito dos
administrados envolvidos.
Nesse sentido, o Decreto nº 9.830/2019 dispôs que na interpretação de
normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos, as dificuldades reais
do agente público e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
direitos dos administrados (art. 8º).
Outro dispositivo acrescentado pela Lei nº 13.655/2018, foi o art. 23, que
trata da mudança de interpretação normativa, regime de transição e compromisso
para o ajustamento da conduta. 11
Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que
estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de
conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo
condicionamento de direito, deverá prever regime de transição
quandoCPF: 860.542.154-18
indispensável para que o novo dever ou
condicionamento de direito seja cumprido de modo
proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos
interesses gerais.

O objetivo é não surpreender o agente público, o que representa aplicação da


boa-fé objetiva no plano dos atos administrativos. Há aqui outra influência do
CPC/2015, em especial do seu art. 927, § 3º, in verbis: “na hipótese de alteração de
jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou
daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos
efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica”.
Sublinhe-se que a decisão administrativa que estabelecer interpretação ou
orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado e impuser novo dever ou
novo condicionamento de direito, preverá regime de transição, quando indispensável
para que o novo dever ou o novo condicionamento de direito seja cumprido de modo
proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais (art. 6º do
Decreto nº 9.830/2019).

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Na hipótese de o julgador instituir nova interpretação ou orientação sobre


norma de conteúdo indeterminado, resultando em novo dever ou condicionamento de
direito aos envolvidos, deve, da mesma forma, estabelecer um regime de transição
para o seu cumprimento.
Cuida-se de uma espécie de modulação de efeitos, de sorte a evitar que
mudanças de interpretação lancem situações anteriores em regime de incerteza.
Orientar a transição é dever básico de quem cria nova regulação a respeito de
qualquer assunto.
A propósito, de acordo com o art. 7º do Decreto nº 9.830/2019, quando
cabível, o regime de transição preverá:

I - os órgãos e as entidades da administração pública e os


terceiros destinatários;
II - as medidas administrativas a serem adotadas para
adequação à interpretação ou à nova orientação sobre norma
de conteúdo indeterminado; e
III - o prazo e o modo para que o novo dever ou novo
condicionamento de direito seja cumprido.

A invalidade referencial está prevista no art. 24 da LINDB:


12
“a revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial,
quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma
administrativa cuja produção já se houver completado levará
em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que,
com base em mudança posterior de orientação geral, se
CPF:
declarem 860.542.154-18
inválidas situações plenamente constituídas.”

A propósito, o art. 5º do Decreto nº 9.830/2019, afiança que:

“a decisão que determinar a revisão quanto à validade de atos,


contratos, ajustes, processos ou normas administrativos cuja
produção de efeitos esteja em curso ou que tenha sido
concluída levará em consideração as orientações gerais da
época.”

Afirma, ainda, o parágrafo único do art. 24:

“consideram-se orientações gerais as interpretações e


especificações contidas em atos públicos de caráter geral ou
em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda

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as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo


conhecimento público.”

O ato deverá ser analisado conforme as orientações gerais da época e as


situações por elas regidas deverão ser declaradas válidas, mesmo que apresentem
vícios.
Segundo a doutrina, essa norma fortalece a ideia de irretroatividade do direito
em prejuízo de situações jurídicas perfeitas, constituídas de boa-fé, em coerência com
o ordenamento à época vigente. Visa dar segurança no longo prazo para situações
jurídicas plenamente constituídas à luz de um entendimento geral válido.
Registre-se que, o artigo 25, um dos mais polêmicos do projeto, que criava a
ação civil pública declaratória de validade, com efeito erga omnes, para dar
estabilidade a atos, contratos, ajustes, processos e normas administrativas, foi
integralmente vetado pelo Presidente da República.
O art. 26 da LINDB, por sua vez, afirma que:

“Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou


situação contenciosa na aplicação do direito público, inclusive
no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa
poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após
realização de consulta pública, e presentes razões de relevante 13
interesse geral, celebrar compromisso com os interessados,
observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a
partir de sua publicação oficial. (Incluído pela Lei nº 13.655, de
2018) (Regulamento)
§ 1º O compromisso referido no caput deste artigo: (Incluído
pela Lei nº 13.655, de 2018)
CPF: 860.542.154-18
I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e
compatível com os interesses gerais; (Incluído pela Lei nº
13.655, de 2018)
II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
III - não poderá conferir desoneração permanente de dever ou
condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral;
(Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo
para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de
descumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

O art. 26 da LINDB institui a convalidação do ato administrativo por


compromisso sem compensações.

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O aludido dispositivo criou um regime jurídico geral para a negociação entre


autoridades públicas e particulares, de forma a eliminar eventual irregularidade,
incerteza jurídica ou mesmo uma situação de litígio. Trata-se de uma regra geral que
pode ser complementada pelas legislações específicas sobre o tema.
Com efeito, o art. 26 da LINDB prevê a possibilidade de a autoridade
administrativa celebrar um acordo (compromisso) com os particulares com o objetivo
de eliminar eventual irregularidade, incerteza jurídica ou um litígio (situação
contenciosa).
Acerca da temática, destacamos o teor dos arts. 10º e 11 do Decreto nº
9.830/2019. Estes preveem a celebração de termo de ajustamento de gestão entre os
agentes públicos e os órgãos de controle interno da administração pública
Nos termos do art. 27 da LINDB, temos que:

Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa,


controladora ou judicial, poderá impor compensação por
benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos
resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos.
(Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas
previamente as partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for
o caso, seu valor. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser
14
celebrado compromisso processual entre os envolvidos.
(Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

O dispositivo em comento possui o escopo de evitar que partes, públicas ou


privadas, em processo na esfera
CPF:administrativa, controladora ou judicial obtenham
860.542.154-18
benefícios indevidos ou sofram prejuízos anormais ou injustos oriundos do próprio
processo ou da conduta de qualquer dos envolvidos.
Sublinhe-se que esse artigo teve o cuidado de exigir que a decisão que impõe
compensação seja devidamente motivada e precedida da oitiva das partes (§ 1º).
Possibilitou, ainda, a celebração de compromisso processual entre os envolvidos.
Nos termos do art. 28 acrescentado pela Lei nº 13.655/2018, “o agente
público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de
dolo ou erro grosseiro”. Este último conceito deve ser entendido como culpa grave,
havendo na norma a confirmação da antiga máxima segundo a qual essa se equipara
ao dolo (culpa lata dolo aequiparatur).
Pois bem, o objetivo do dispositivo em apreço é garantir a devida segurança
para que o agente público possa desempenhar suas funções de forma adequada. Não
sem razão, determina que ele só responderá pessoalmente por suas decisões ou
opiniões em caso de dolo ou erro grosseiro, o que incluiria situações de negligência
grave, imprudência grave ou imperícia grave.

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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O Decreto nº 9.830/2019, em seu art. 12 (...) § 2º, dispõe que não será
configurado dolo ou erro grosseiro do agente público se não restar comprovada, nos
autos do processo de responsabilização, situação ou circunstância fática capaz de
caracterizar o dolo ou o erro grosseiro.
O mero nexo de causalidade entre a conduta e o resultado danoso não
implica responsabilização, exceto se comprovado o dolo ou o erro grosseiro do agente
público. (art. 12, § 3º).
De forma consentânea com a transparência e previsibilidade à atividade
normativa do Executivo, a Lei nº 13.655/2018 incluiu, ainda, no Decreto-Lei nº 4.657, o
artigo 29:

Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos


normativos por autoridade administrativa, salvo os de mera
organização interna, poderá ser precedida de consulta pública
para manifestação de interessados, preferencialmente por
meio eletrônico, a qual será considerada na decisão. (Incluído
pela Lei nº 13.655, de 2018) (Vigência) (Regulamento)
§ 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o
prazo e demais condições da consulta pública, observadas as
normas legais e regulamentares específicas, se houver.
(Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) (Vigência)
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) (Vigência)
15

Este dispositivo celebra a transparência da atividade normativa do Executivo


quando da edição de atos normativos, de modo que para a edição de qualquer norma
administrativa poderá ser considerada a realização prévia de consulta/audiência
pública. CPF: 860.542.154-18
Registramos, por oportuno e em arremate, que a Lei nº 13.655/2018 acresceu
à LINDB o seguinte dispositivo:

“Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a


segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio
de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a
consultas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste
artigo terão caráter vinculante em relação ao órgão ou
entidade a que se destinam, até ulterior revisão. (Incluído pela
Lei nº 13.655, de 2018)”

Note que o art. 30 é auto explicativo, prevendo a necessidade de uma atuação


complementar e explicativa das autoridades públicas, esclarecendo às normas então
existentes.

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As autoridades públicas atuarão com vistas a aumentar a segurança jurídica na


aplicação das normas, inclusive por meio de normas complementares, orientações
normativas, súmulas, enunciados e respostas a consultas. (19 do Decreto nº
9.830/2019).
Esses instrumentos terão caráter vinculante em relação ao órgão ou entidade
a que se destinam, até ulterior revisão, sendo perceptível novamente a influência do
CPC/2015, agora quanto ao caráter vinculativo das decisões.

1.2.2. VIGÊNCIA NORMATIVA

No âmbito do Direito Constitucional, analisa-se o processo legislativo das


espécies normativas capituladas no art. 59 da CF/88. Em uma visão ampla, após o
devido processo legislativo – que se desenvolve, em regra, com uma casa iniciadora,
uma casa revisora, quórum de aprovação, parecer de comissões, veto/sanção –, a
norma é promulgada, ato que lhe confere existência e validade.
Após a promulgação, a norma é publicada no Diário Oficial. A publicação é
requisito para que a norma possa produzir seus efeitos, mas não enseja, regra geral, o
vigor normativo imediato. Isso porque, em regra, há um hiato temporal entre a
publicação da norma e o momento em que produzirá seus efeitos chamado vacatio
legis, período no qual a norma está em um verdadeiro estado de latência.
Geralmente, a vacatio legis será de 45 (quarenta e cinco) dias para o 16
território nacional (sistema da obrigatoriedade simultânea) e 3 (três) meses para o
estrangeiro (art. 1º, “caput” e § 1º, LINDB).
Sendo concebida a lei como fonte do direito – mas não como a única e
exclusiva –, a Lei de Introdução consagra no seu início regras relativas à sua vigência. O
art. 1.º, caput, da Lei de Introdução, enuncia que “salvo disposição contrária, a lei
começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente
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publicada”.
De acordo com o art. 1º, § 1º, da Lei de Introdução, a obrigatoriedade da
norma brasileira passa a vigorar, nos Estados estrangeiros, três meses após a
publicação oficial em nosso País, previsão esta de maior interesse ao Direito
Internacional Público.

ATENÇÃO! O prazo de 3 (três) meses para vigência no exterior não é de 90 (noventa)


dias, pois a forma de contagem do prazo em meses e dias é diferenciada.

É certo, no entanto, ser possível a norma autodeclarar prazo diverso,


conforme dicção do art. 1º da LINDB, devendo fazê-lo em dias – não em meses e/ou
anos, conforme art. 8º da LC 95/98, modificada pela LC 107/2001. Exemplo recente de
prazo diverso foi o instituído pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146,
de 6 de julho de 2015), que, em seu art. 127, autodeclarou vacatio legis de 180 (cento
e oitenta) dias.

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Ademais, importante lembrar a possibilidade de uma mesma norma


estabelecer prazos diferentes de vacatio legis para situações diversas.
Em relação à contagem dos prazos, uma forma diferenciada deve ser
observada, em atenção ao que prescreve a LC 95/98, modificada pela LC 107/2001.
Para contabilizar o prazo de vacatio legis, deve-se incluir o dia da publicação e o dia da
consumação do prazo, entrando a lei em vigor na data subsequente à da consumação
do prazo, ainda que este dia seja feriado ou sem expediente forense.
Registre-se, por oportuno, a possibilidade de uma norma produzir seus
efeitos desde a sua publicação nos casos de norma de pequena repercussão geral.
Em caso de reforma total ou parcial da lei durante o período de vacatio legis,
é preciso atenção. Havendo reforma total, a vacatio legis será reiniciada. Em sendo
parcial, por exemplo, tão somente tal parcela sofrerá o reinício do prazo.
Frise-se que, em regra, não se aplica vacatio legis a regulamentos e decretos
administrativos.
Do ponto de vista terminológico, veja-se a diferença entre vigência e vigor.

TERMINOLOGIA ADEQUADA

período de validade da norma – questão meramente temporal –


VIGÊNCIA
duração 17
período de real produção de efeitos – questão de efetiva eficácia –
VIGOR
força vinculante

Uma vez escoado oCPF:


período860.542.154-18
de vacatio legis e tendo início a produção de
efeitos, a lei submete-se ao princípio da continuidade ou permanência, ou seja, a
norma produzirá seus efeitos até que outra a modifique ou revogue, conforme art. 2º
da LINDB. As leis temporárias ou circunstanciais não se submetem ao princípio da
continuidade ou permanência.
Todavia, não se fixando este prazo, prolongam-se a obrigatoriedade e o
princípio da continuidade até que a lei seja modificada ou revogada por outra (art. 2º,
caput, da Lei de Introdução). A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o
declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria
de que tratava a lei anterior (art. 2º, § 1º). Entretanto, a lei nova, que estabeleça
disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei
anterior (art. 2º, § 2º).

1.2.3. DISTINÇÃO ENTRE RETROATIVIDADE E ULTRATIVIDADE OU PÓS-ATIVIDADE

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Retroatividade: É a possibilidade de a lei incidir sobre fatos anteriores à sua


vigência. Ex.: lei que beneficia o réu retroage para alcançar fatos anteriores à sua
vigência.
Ultratividade: Consiste no fenômeno através do qual uma lei, já revogada,
produz efeitos mesmo após a sua revogação. Ex.: lei temporária e lei excepcional.
A revogação da lei admite as seguintes classificações:

CLASSIFICAÇÕES DA REVOGAÇÃO LEGISLATIVA

Ab-rogação Revogação total


QUANTO À
EXTENSÃO
Derrogação Revogação parcial

Expressa Quando há comando expresso na nova norma


QUANTO À
FORMA Quando há incompatibilidade normativa ou
Tácita
regulamentação colidente

A análise detida da revogação legislativa é necessária para compreensão de 18


como é possível sanar eventuais antinomias no ordenamento jurídico, já que a
constante edição de novas leis pode gerar conflitos no ordenamento jurídico.
Para resolver o conflito de normas com o escopo de manter a coerência do
sistema jurídico, Norberto Bobbio prescreveu critérios metajurídicos de resolução de
conflitos:
CPF: 860.542.154-18
CRITÉRIOS PARA SOLUÇÃO DE ANTINOMIAS

HIERÁRQUICO Norma superior prevalece sobre inferior

ESPECIALIDADE Norma especial prevalece sobre a geral

CRONOLÓGICO Norma posterior prevalece sobre a anterior

Há, no entanto, situações em que ocorrem antinomias de segundo grau, ou


seja, os próprios critérios de resolução de conflitos colidem. Nesses casos, há a
seguinte ordem de prevalência:
MODO DE RESOLUÇÃO DE ANTINOMIA DE SEGUNDO GRAU:

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CRITÉRIO HIERÁRQUICO (H) CONFLITOS


H x E = H vence
CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE (E) H x C = H vence
E x C = E vence
CRITÉRIO CRONOLÓGICO (C)

Quando for possível resolver a antinomia de 2º grau por um dos modos acima
indicados, é o caso de antinomia aparente. Em não sendo viável sanar o conflito de
normas via critérios hierárquico, especial ou cronológico, pode-se afirmar que se trata
de uma antinomia real, oportunidade em que deve recorrer aos métodos de
integração do direito (que serão vistos a seguir).
Em regra, não se admite no direito brasileiro a repristinação, ou seja, a
revogação de lei revogadora não faz restaurar (repristinar) os efeitos da lei revogada.
Para efeitos didáticos, veja o esquema abaixo:

19
Lei A de 2010 Lei B de 2015 Lei C de 2017
Revogada Revogadora Revogadora da revogadora

A Lei A de 2010 foi revogada em 2015 pela Lei B. Após, em 2017, a Lei C
CPF: 860.542.154-18
revogou a Lei B. De acordo com o art. 2º, § 3º, da LINDB, o fato de a Lei B ter sido
revogada não permite, de maneira automática, que a Lei A volte a produzir efeitos. A
repristinação apenas irá ocorrer acaso a Lei C traga em seu bojo previsão expressa.

ATENÇÃO! Repristinação não se confunde com efeito repristinatório.


Efeito repristinatório é a reentrada em vigor de norma aparentemente revogada.
Ocorre quando uma norma que revogou outra é declarada inconstitucional. A lei
inicialmente revogada, então, entra em vigor novamente.
Admite-se, no Brasil, o efeito repristinatório (conferir julgado ao final).

Assim, o chamado efeito repristinatório da declaração de


inconstitucionalidade não se confunde com a repristinação prevista no artigo 2º, § 3º,
da LICC, sobretudo porque, no primeiro caso, sequer há revogação no plano jurídico.

1.2.4. OBRIGATORIEDADE DAS LEIS

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Prescreve o art. 3º da LINDB que “ninguém se escusa de cumprir a lei,


alegando que não a conhece”. O artigo impõe a obrigatoriedade das normas ou
eficácia geral do ordenamento jurídico.
Três são as correntes doutrinárias que procuram justificar o conteúdo da
norma:

a) Teoria da ficção legal, eis que a obrigatoriedade foi instituída


pelo ordenamento para a segurança jurídica;
b) Teoria da presunção absoluta, pela qual haveria uma
dedução iure et de jure de que todos conhecem as leis;
c) Teoria da necessidade social, amparada, segundo Maria
Helena Diniz, na premissa “de que as normas devem ser
conhecidas para que melhor sejam observadas”, a gerar o
princípio da vigência sincrônica da lei.

No Brasil, a premissa do conhecimento da norma relaciona-se à teoria da


necessidade social, uma vez que, acaso não se presumisse o conhecimento, a alegação
de ignorância seria lenitivo para o não cumprimento da norma e sua consequente
ineficácia.
Importante destacar que há uma presunção relativa (juris tantum), e não
20
absoluta (jure et de jure), sendo possível, excepcionalmente, a parte alegar erro de
direito, a exemplo das hipóteses constantes no art. 65, II, CP e nos arts. 139, III, 171,
178 e 1.561, CC/2002.
Sobre a referida presunção, comenta Zeno Veloso - filiado à teoria da
necessidade social que:
CPF: 860.542.154-18
“Não se deve concluir que o aludido art. 3º da LICC está
expressando uma presunção de que todos conhecem as leis.
Quem acha isto está conferindo a pecha de inepto ou insensato
ao legislador. E ele não é estúpido. Num País em que há um
excesso legislativo, uma superprodução de leis, que a todos
atormenta, assombra e confunde – sem contar o número
enormíssimo de medidas provisórias –, presumir que todas as
leis são conhecidas por todo mundo agrediria a realidade”.

Do princípio da obrigatoriedade da lei, expresso no art. 3º, decorre a


desnecessidade de comprovação em juízo da existência e da validade da lei, uma vez
que o magistrado deve conhecê-la.
Sublinhe-se que o princípio da obrigatoriedade das leis não pode ser visto
como um preceito absoluto, havendo claro abrandamento no Código Civil de 2002.
Isso porque o art. 139, inc. III, da codificação material em vigor admite a existência de

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erro substancial quando a falsa noção estiver relacionada com um erro de direito
(error iuris), desde que este seja a única causa para a celebração de um negócio
jurídico e que não haja desobediência à lei.
Não existe conflito entre o art. 3º da Lei de Introdução e o citado art. 139, inc.
III, do CC, que possibilita a anulabilidade do negócio jurídico pela presença do erro de
direito, conforme previsão do seu art. 171. A primeira norma (LINDB) é geral, apesar
da discussão da sua eficácia, enquanto o Código Civil é especial, devendo prevalecer.
No que tange ao momento em que a lei se torna obrigatória no direito
nacional, pelo fato de o Brasil ter adotado a teoria da obrigatoriedade simultânea ou
vigência sincrônica, a lei entra em vigor e se torna vinculante na mesma data em todo
território nacional.

1.2.5. INTEGRAÇÃO NORMATIVA

O sistema jurídico constitui um sistema aberto, no qual há lacunas. Contudo,


as lacunas não são do Direito, mas da lei, omissa em alguns casos. Daí a máxima de
que “O Direito não é lacunoso, mas há lacunas.”
Eventualmente, a lei pode apresentar antinomias reais, oportunidade em que
será necessário o magistrado valer-se dos métodos de integração do direito. Isso
porque o juiz não pode esquivar-se do julgamento sob a escusa de omissão legislativa
em vista do princípio da indeclinabilidade ou vedação ao non liquet, conforme o 21
disposto no art. 140 do NCPC.
Assim, conforme lição de Norberto Bobbio de que o ordenamento é uno,
coerente e completo (dogma da completude), o próprio ordenamento oferece solução
para colmatação de lacunas. Nesse sentido, prescreve o art. 4º que, “quando a lei for
omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.”.
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As lacunas podem ser:

- normativa: ausência de norma para o caso;


- ontológica: há norma para o caso, mas tal norma não tem
eficácia social;
- axiológica: há norma para o caso, mas tal norma apresenta
comando insatisfatório;
- conflito ou antinomia: há mais de uma norma para o caso.

Presentes as lacunas, como se extrai da doutrina e da jurisprudência, deverão


ser utilizadas as formas de integração da norma jurídica, tidas como ferramentas de
correção do sistema, constantes dos arts. 4º e 5º da Lei de Introdução. Anote-se que a
integração não se confunde com a subsunção, sendo a última a aplicação direta da
norma jurídica a um determinado tipo ou fattispecie. O art. 4º da Lei de Introdução

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enuncia que quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes e os princípios gerais de direito.
Em análise dos métodos de integração do direito – analogia, costumes e
princípios gerais de direito –, a doutrina majoritária afirma tratar-se de uma
enumeração preferencial, ou seja, na solução de uma lacuna, deve-se dar predileção à
analogia, depois aplicando os costumes e princípios gerais de direito.

ATENÇÃO! A equidade consiste na justiça no caso concreto e não está capitulada na


LINDB. Portanto, a priori, não deve ser considerada como método de integração do
direito para fins de concurso embasado no texto da LINDB. Entretanto, de forma
excepcional, é possível sua utilização quando a lei expressamente autorize.

Compreendidas as noções gerais de integração normativa, passa-se à análise


de cada um dos métodos.
A analogia parte da ideia de que fatos de igual natureza devem ser julgados
de maneira similar. Sua aplicação requer a falta de previsão legal, a semelhança entre
os casos (sendo um disciplinado e outro não contemplado na lei) e a identidade
jurídica das situações. A analogia classifica-se, ainda, em legis ou legal (aplicação de
uma norma) e iuris ou jurídica (aplicação de um conjunto de normas e princípios).
Assim, temos que:
22
- Analogia Legal ou Legis - É a aplicação de somente uma
norma próxima.
- Analogia Jurídica ou Iuris - É a aplicação de um conjunto de
normas próximas, extraindo elementos que possibilitem a
analogia. Ex.: analogia das regras da ação reivindicatória para a
CPF: 860.542.154-18
ação de imissão de posse.

Ademais, é importante fazer a seguinte diferenciação:

Analogia Vs. Interpretação Extensiva - Não se pode confundir a


aplicação da analogia com a interpretação extensiva. No
primeiro caso, rompe-se com os limites do que está previsto na
norma, havendo integração da norma jurídica. Na interpretação
extensiva, apenas se amplia o seu sentido, havendo subsunção
à norma.

ATENÇÃO! Impossibilidade de Analogia ou Interpretação Extensiva às Normas de


Exceção ou Normas Excepcionais - Regra geral importante que deve ser captada é que
as normas de exceção ou normas excepcionais não admitem analogia ou interpretação
extensiva. Entre essas normas podem ser citadas as normas que restringem a

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autonomia privada, salvo se para proteger vulnerável ou um valor fundamental. Ex.: a


exigência de autorização dos demais filhos para que um pai possa vender determinado
imóvel a um deles não pode ser estendida à hipoteca por aplicação da analogia, salvo
se para proteger um filho incapaz, por exemplo.

Entende-se por costumes uma prática reiterada, repetitiva e uniforme que se


entenda obrigatória. Para sua configuração, é necessário tanto um elemento objetivo,
externo ou material – prática reiterada – como um elemento subjetivo, interno ou
psicológico – entendê-lo como obrigatório.
Ainda em relação aos costumes, é possível elencar três espécies:

- costumes secundum legem ou segundo a lei: é o costume que


não infringe a lei, servindo, em verdade, de apoio a ela;
- costumes praeter legem ou na falta de lei: legislador não
disciplinou a matéria, tendo os costumes a incumbência de
regulamentar;
- costumes contra legem: não são admitidos no direito
brasileiro, pois consistem naqueles que se contrapõem às leis.

Requisitos para Aplicação dos Costumes (Rubens Limongi): 23


- Continuidade;
- Uniformidade;
- Diuturnidade;
- Moralidade;
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- Obrigatoriedade.

É necessário que o costume esteja arraigado na consciência popular após a


sua prática durante um tempo considerável, e, além disso, goze da reputação de
imprescindível norma costumeira. A jurisprudência consolidada pode constituir
elemento integrador do costume (costume judiciário ou jurisprudencial).
Os princípios gerais do Direito são princípios universais e gerais, veiculados
em conceitos vagos, ou até mesmo implícitos no ordenamento, utilizados para
preencher as lacunas. São regras de conduta que norteiam o juiz na interpretação da
norma do ato ou negócio jurídico. Os princípios gerais de Direito não se encontram
positivados no sistema normativo. Têm como função principal auxiliar o juiz no
preenchimento das lacunas. Exemplos: viver honestamente, não lesar ninguém e dar a
cada um o que é seu.

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ATENÇÃO! Princípio do Fim Social da Norma e do Bem Comum - art. 5º da LINDB - Na


aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum. Assim, o magistrado, na aplicação da lei, deve ser guiado pela sua função
ou fim social e pelo objetivo de alcançar o bem comum (a pacificação social).

1.2.6. INTERPRETAÇÃO NORMATIVA

A interpretação da norma ou hermenêutica jurídica está interligada ao


momento de aplicação da norma, motivo pelo qual não se pode falar em direito sem a
devida interpretação.
Sobre a interpretação normativa, o art. 5º da LINDB prescreve “na aplicação
da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem
comum.”. Verifica-se que a LINDB optou por considerar que se deve buscar na exegese
uma finalidade teleológica e uma função social (princípio da sociabilidade).
A interpretação judicial, sempre com fundamento no já mencionado
dispositivo, busca também atualizar o entendimento da lei, dando-lhe uma
interpretação atual que atenda aos reclamos das necessidades do momento histórico
em que está sendo aplicada.
Neste ponto, toda a construção pretoriana sobre certos conceitos jurídicos,
calcada principalmente na doutrina e na observação da sociedade, permite entender o
conteúdo socialmente vigente da lei.
O acenado comando legal é fundamental, ainda, por ser critério
24
hermenêutico, a apontar a correta conclusão a respeito de uma determinada lei que
surge para a sociedade, o que foi repetido pelo art. 8.º do Novo CPC, ainda com maior
profundidade e extensão, pela menção aos princípios da dignidade da pessoa humana,
da proporcionalidade, da razoabilidade, da legalidade, da publicidade e da eficiência.
Quanto aos seus agentes, a interpretação pode ser:
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- autêntica ou legislativa: realizada pelo legislador;


- judicial ou jurisprudencial: praticada pelos juízes de tribunais;
- doutrinária: feita pelos estudiosos do direito.

Quanto aos elementos utilizados, a interpretação pode ser:

- gramatical ou literal: considera apenas aspectos linguísticos,


buscando o sentido do texto legal;
- lógica ou racional: visa a eliminar contradições, utilizando
silogismos, deduções e presunções;
- ontológica: busca a razão da norma;
- sistemática: considera a norma em seu contexto jurídico,
como parte de um ordenamento;

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- histórica: considera a evolução histórica do instituto e a


exposição de motivos;
- teleológica ou sociológica: busca a finalidade da norma no
contexto social.

Quanto aos resultados interpretativos, estes podem ser:

- ampliativo ou extensivo: quando o operador do direito busca


ampliar o alcance da norma;
- declarativo: quando o operador do direito busca aplicar a
norma nos exatos termos da criação parlamentar;
- restritivo ou limitador: quando o operador do direito busca
restringir a aplicação normativa.

1.2.7. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO OU DIREITO INTERTEMPORAL

A norma jurídica é criada para valer ao futuro, não ao passado. Porém,


ocasionalmente, pode uma determinada norma atingir também os fatos pretéritos,
desde que respeitados os parâmetros que constam da Lei de Introdução e da
Constituição Federal. Ou seja, a irretroatividade é a regra, e a retroatividade, a 25
exceção.
O art. 6º da LINDB, seguindo o art. 5º, XXXVI, da CF/88, adota o princípio da
irretroatividade normativa, indicando que a lei nova produz efeitos imediatos e gerais.
Essa macroideia tem os seguintes desdobramentos:

- lei nova
CPF:não 860.542.154-18
se aplica aos fatos pretéritos;
- lei nova se aplica a fatos pendentes, especificamente nas
partes posteriores;
- lei nova se aplica aos fatos futuros.

Sucede que a própria LINDB traz exceções à irretroatividade, desde que,


cumulativamente, exista expressa disposição normativa nesse sentido e tais efeitos
retroativos não atinjam o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido.
Limites da Retroatividade:

Art. 5º, XXXVI, da CF - A lei não prejudicará o direito


adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Art. 6º da LINDB - A Lei em vigor terá efeito imediato e geral,
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a
coisa julgada.

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Por ato jurídico perfeito, compreenda-se aquele ato consumado consoante a


lei do seu tempo. É a manifestação de vontade lícita, emanada por quem esteja em
livre disposição, e aperfeiçoada.
Por coisa julgada, deve-se entender quando há uma decisão no processo da
qual não caiba mais recurso. Sobre o assunto, atenção à possibilidade de relativização
de coisa julgada em caso de exame de DNA. O assunto será melhor discutido em
direito de família.
Por direito adquirido, deve-se entender aquele direito já incorporado ao
patrimônio jurídico de seu titular ou de alguém que possa exercê-lo, bem como aquele
que tenha termo prefixo ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
É correto afirmar que o direito adquirido é o mais amplo de todos,
englobando os demais, uma vez que tanto no ato jurídico perfeito quanto na coisa
julgada existiriam direitos dessa natureza, já consolidados. Em complemento, a coisa
julgada também deve ser considerada um ato jurídico perfeito, sendo o conceito mais
restrito.

ATENÇÃO! Em que consiste retroatividade máxima, média e mínima?


Máxima: atinge direitos adquiridos, o ato jurídico perfeito e também a coisa julgada. É
dizer, a lei nova não estabelece o respeito às situações já decididas em decisões
judiciais ou em situações nas quais o direito de ação já havia caducado;
Média: atinge os fatos/prestações PENDENTES, de negócios celebrados no passado. 26
Ou seja, há o respeito às causae finitae, mas os fatos que não foram objeto de decisões
judiciais, nem cobertos por títulos, podem ser modificados pela lei nova;
Mínima: atinge as prestações/efeitos FUTUROS, de negócios celebrados no passado.
Assim, há o respeito aos efeitos jurídicos já produzidos, pela situação fixada
anteriormente à nova legislação.
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1.2.8. APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO OU DIREITO ESPACIAL

A LINDB, nos seus arts. 7º a 19, passa a regular a aplicação das leis no espaço,
reservando tratamento à temática afeta ao direito civil e ao direito internacional.
Em uma análise de direito comparado, pode-se afirmar que, no mundo,
versando sobre direito espacial, há três sistemas jurídicos vigentes:

- Territorialidade;
- Territorialidade moderada ou mitigada;
- Extraterritorialidade.

O ordenamento jurídico brasileiro está submetido ao princípio da


territorialidade moderada, temperada ou mitigada, segundo o qual, no território

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brasileiro, aplicar-se-á, em regra, a lei brasileira, sob o fundamento da soberania e,


excepcionalmente, a norma estrangeira. Outrossim, na seara da exceção, é possível a
aplicação da lei brasileira ao território estrangeiro.
Conceito de território nacional:

- Território real - solo, espaço aéreo correspondente, as águas,


ilhas e faixa de mar territorial de 12 milhas;
- Território ficto - embaixadas; navios, embarcações e
aeronaves de guerras nacionais onde quer que estejam; navios
mercantes nacionais em águas brasileiras ou internacionais;
navios estrangeiros em águas brasileiras e aeronaves
sobrevoando o território nacional.

Estatuto Pessoal:

Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as


regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a
capacidade e os direitos de família. (Lex Domicilii)

O art. 7.º da Lei de Introdução consagra a regra lex domicilii, pela qual devem 27
ser aplicadas, no que concerne ao começo e fim da personalidade, as normas do país
em que for domiciliada a pessoa, inclusive quanto ao nome, à capacidade e aos
direitos de família.

ATENÇÃO! Para facilitar o aprendizado, existe o seguinte mnemônico:


CPF:
“FACA NO PÉ” (FA= família; CA= 860.542.154-18
Capacidade; NO= nome; PE= personalidade)

No que se refere ao casamento celebrado no Brasil, devem ser aplicadas as


regras quanto aos impedimentos matrimoniais que constam do art. 1.521 do CC
(art.7º, § 1º, da Lei de Introdução). O casamento entre estrangeiros poderá ser
celebrado no Brasil, perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos
os nubentes (art. 7º, § 2º, da LINDB). Caso os nubentes tenham domicílios diversos,
deverão ser aplicadas as regras, quanto à invalidade do casamento, do primeiro
domicílio conjugal (art. 7º, § 3º, da LINDB).
Em relação as regras patrimoniais, ao regime de bens, seja ele de origem legal
ou convencional, deverá ser aplicada a lei do local em que os cônjuges tenham
domicílio. Havendo divergência quanto aos domicílios, prevalecerá o primeiro
domicílio conjugal (art. 7º, § 4º, da Lei de Introdução).
No que se refere aos bens, prevê a Lei de Introdução que deve ser aplicada a
norma do local em que esses se situam (lex rei sitiae – art. 8.º). Tratando-se de bens
móveis transportados, incide a norma do domicílio do seu proprietário (§ 1º). Quanto

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ao penhor, direito real de garantia que recai sobre bens móveis, por regra, deve ser
aplicada a norma do domicílio que tiver a pessoa em cuja posse se encontre a coisa
empenhada, outra aplicação do princípio lex domicilii (§ 2º).
Em suma:
Lei Aplicável em Relação aos Bens - art. 8º da LINDB -Para qualificar os bens e
regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem
situados.
Lei Aplicável Quanto aos Bens Móveis - § 1º Aplicar-se-á a lei do país em que
for domiciliado o proprietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se
destinarem a transporte para outros lugares.
Lei Aplicável ao Penhor - § 2º O penhor regula-se pela lei do domicílio que
tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada.
Obrigações internacionais:

Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do


país em que se constituírem.
Peculiaridades Referentes à Forma: § 1º Destinando-se a
obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma
essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da
lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
Local de Constituição do Contrato (Internacionais): § 2º A
28
obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar
em que residir o proponente.

Lei Aplicável na Sucessão por Morte ou por Ausência - art. 10 da LINDB - A


sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o
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defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
Bens Situados no País - § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no
País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros,
ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de
cujus. Previsto também no artigo 5º, XXXI, CF/88.
Capacidade de Suceder - § 2º A lei do domicílio do herdeiro ou legatário
regula a capacidade para suceder.
Quanto às sociedades e fundações deve ser aplicada a norma do local de sua
constituição (art. 11). Os três parágrafos desse artigo trazem regras específicas que
devem ser atentadas quanto à pessoa jurídica, pela ordem. Primeiro, para atuarem no
Brasil, as sociedades e fundações necessitam de autorização pelo governo federal,
ficando sujeitas às leis brasileiras (arts. 11, § 1º, da Lei de Introdução e 1.134 do CC).
Interessante a regra referente à competência da autoridade judiciária
brasileira. Segundo o art. 12 da Lei de Introdução, há necessidade de atuação quando
o réu for domiciliado em nosso País ou aqui tiver que ser cumprida a obrigação, como
no caso de um contrato. Quanto aos imóveis situados no país, haverá competência

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exclusiva da autoridade nacional (art. 12, § 1º); bem como quanto ao exequatur, o
“cumpra-se” relacionado com uma sentença estrangeira homologada perante o
Superior Tribunal de Justiça, conforme nova redação dada ao art. 105 da CF/1988, pela
Reforma do Judiciário (EC 45/2004).
Lei Aplicável Quanto a Prova dos Fatos Ocorridos no Estrangeiro - art. 13 da
LINDB - A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele
vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais
brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.
Prova da Lei Estrangeira - art. 14 da LINDB - Não conhecendo a lei
estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência.
Sentenças estrangeiras, cartas rogatórias, casamento, divórcio e laudos
periciais estrangeiros:

Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no


estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente
verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades
necessárias para a execução no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
29
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver
de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta,
CPF: 860.542.154-18
sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.

ATENÇÃO! Vedação ao Reenvio (retorno) – É a hipótese tratada no art. 16 da LINDB,


já tendo sido cobrada em alguns concursos.

ATENÇÃO! Com o advento da Emenda Constitucional 45/2004, que alterou o artigo


105 da CF/88, a competência para homologar sentenças estrangeiras passou a ser do
STJ.

Com grande repercussão prática em relação ao Direito Privado, estabelece o


art. 17 da Lei de Introdução que “as leis, atos e sentenças de outro país, bem como
quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a
soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes”.

ATENÇÃO! DICA PARA OTIMIZAÇÃO DO ESTUDO! Entendemos que os assuntos

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tratados nos artigos 8º, 10, 11, 13, 14, 17 e 18 podem ser resolvidos com a leitura do
tópico da legislação destacada, pois o que se tem exigido em provas objetivas sobre os
assuntos tratados fica restrito ao texto de lei.

1.2.9. INOVAÇÕES DA LINDB

Muito importante a leitura na íntegra para provas de Delta.


Bancas de cunho legalista (como é de praxe) vão atuar nestes dez dispositivos
de forma fria.

Como já restou demonstrado, em 25 de abril de 2018, foi publicada a Lei


13.655, que acrescentou à LINDB 10 (dez) novos artigos versando sobre segurança
jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público, com disposições mais
afetas ao Direito Administrativo.
A lei entrou em vigor na data da sua publicação, à exceção do art. 29, cuja
vacatio legis foi de 180 dias em razão das exigências de adequação para o seu
cumprimento.
O projeto de lei foi cercado de polêmicas e críticas perpetradas notadamente
pelos órgãos de controle, que viram no novo diploma normativo um instrumento de
restrição ao controle da Administração Pública. Não obstante, o projeto foi convertido
em lei, com veto presidencial em alguns artigos, destacando-se o veto ao art. 25, um
30
dos mais polêmicos, que instituía ação civil pública declaratória de validade, com efeito
erga omnes, para dar estabilidade a atos, contratos, ajustes, processos e normas
administrativas.
Embora pretenda garantir maior previsibilidade e segurança jurídica, a norma
apresenta diversos conceitos jurídicos indeterminados, que dificultam a compreensão
CPF:
de sua extensão e mesmo a sua 860.542.154-18
correta aplicação.
Na doutrina, já há vozes que se levantam contra o art. 28 (“O agente público
responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou
erro grosseiro”), alegando sua inconstitucionalidade, pois restringe a responsabilidade
do agente público às hipóteses de “dolo ou erro grosseiro”, quando a Constituição
Federal, em seu art. 37, § 6º, preconiza que os agentes públicos responderão em caso
de “dolo ou culpa”. Assim, parte da doutrina entende que a LINDB restringe as
hipóteses de responsabilidade dos agentes públicos em afronta ao texto
constitucional.
Não custa rememorar, por oportuno, que em 10 de Junho de 2019, -
sobreveio o Decreto nº 9.830, regulamentando o disposto nos referidos arts. 20 ao
art. 30.
Vale referir, no ponto, que a acenada regulamentação se demonstra
importante, uma vez que os arts. 20 a 30 da LINDB possuem diversos conceitos
abstratos e/ou pouco trabalhados pela doutrina/jurisprudência.

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Como se trata de alteração recente, se revela importante acompanhar como


se dará a aplicação da legislação em comento (ainda não há posicionamento relevante
dos tribunais superiores) a fim de se verificar o seu alcance e extensão.
Por identidade de razões, efetuar a leitura reiterada dos dispositivos em
comento é uma boa forma de estudo.

2. JURISPRUDÊNCIA

SÚMULAS

Súmula 654 do STF: A garantia da irretroatividade da lei, prevista no artigo 5º, XXXVI,
da Constituição da República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha
editado.

3. QUESTÕES

1. Na Lei n° 14.010, de 10 de junho de 2020, que entrou em vigor na data de sua


publicação, há a seguinte disposição: Art. 3-Os prazos prescricionais consideram-se 31
impedidos ou suspensos, conforme o caso, a partir da entrada em vigor desta Lei até
30 de outubro de 2020.
Referida Lei classifica-se como AY temporária, e os efeitos desta disposição se
extinguiram em 30 de outubro de 2020, independentemente de outra lei que a
revogasse, subsistindo as regras do Código Civil sobre suspensão e óbice da fruição
dos prazos prescricionais. CPF: 860.542.154-18
a) temporária, e os efeitos desta disposição se extinguiram em 30 de outubro de 2020,
independentemente de outra lei que a revogasse, subsistindo as regras do Código Civil
sobre suspensão e óbice da fluição dos prazos prescricionais.
b) permanente, no que diz respeito ao impedimento do prazo, mas temporária, no que
se refere à suspensão do prazo prescricional.
c) permanente, por tratar de matéria disciplinada no Código Civil e cuja perda de
eficácia dependerá de outra lei que a revogue.
d) temporária, e seus efeitos se extinguiram em 30 de outubro de 2020, mas é
necessária outra lei que restabeleça as regras do Código Civil sobre a matéria, porque
não existe repristinação automática da lei.
e) temporária e especial e, findos seus efeitos, as disposições do Código Civil sobre a
mesma matéria foram repristinadas.

2. Em conformidade com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro


(L.I.N.D.B.), na redação dada pela Lei n° 13.655/2018:

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a) em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade


administrativa, inclusive os de organização interna, deverá ser precedida de consulta
pública para manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a
qual será considerada na decisão.
b) a decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá
impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos
resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos.
c) admite-se a celebração de compromisso entre a autoridade administrativa e os
interessados, com vistas à eliminação de irregularidade, incerteza jurídica ou situação
contenciosa na aplicação do direito público, inclusive envolvendo transação quanto a
sanções e créditos ou estabelecendo regimes de transição.
d) para o fim de excluir a responsabilidade pessoal do agente público, é possível
requerer autorização judicial para celebração de compromisso entre a autoridade
administrativa e os interessados para eliminação de irregularidade, incerteza jurídica
ou situação contenciosa na aplicação do direito público.
e) quando necessário por razões de segurança jurídica ou de interesse geral, o ente
interessado proporá ação declaratória de validade de ato, contrato, ajuste, processo
ou norma administrativa, cuja sentença fará coisa julgada com eficácia erga omnes.

3. Segundo o que dispõe, expressamente, a Lei de Introdução às Normas do Direito


Brasileiro, na hipótese de expedição de uma licença sobre a qual exista incerteza
jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito público, havendo a
32
necessidade de eliminar esse problema, a autoridade administrativa poderá,
atendidas as disposições legais:
a) celebrar compromisso com os interessados.
b) em recomendar alteração legislativa antes da decisão.
c) de ingressar com ação declaratória no Poder Judiciário.
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d) contratar parecer de escritório de advocacia especializado.

4. Segundo a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, quando se houver de


aplicar lei estrangeira:
a) ter-se-á em vista a disposição da lei estrangeira, mas considerando as remissões por
ela feita à lei de outro Estado estrangeiro.
b) não se terá em conta a norma primária, mas o direito internacional privado
alienígena, aplicando-se o retorno.
c) ter-se-á em vista a norma primária, aplicando-a diretamente, o que significa a
inaplicabilidade do retorno.
d) caberá ao juiz verificar se o caso é de aplicabilidade direta da norma primária, ou se
o caso exige retorno.

5. A sucessão por morte ou ausência obedece à lei do país:

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a) em que nasceu o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a


situação dos bens, mas a sucessão de bens de estrangeiros, situados no Brasil, será
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de
quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
b) em que era domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza
e a situação dos bens, mas a sucessão de bens de estrangeiros, situados no Brasil, será
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de
quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
c) de cuja nacionalidade tivesse o defunto ou o desaparecido, mas a sucessão de bens
de estrangeiros, situados no Brasil, será regulada pela lei brasileira em benefício do
cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja
mais favorável a lei pessoal do de cujus.
d) em que era domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza
e a situação dos bens, mas a sucessão de bens de estrangeiros, situados no Brasil, será
sempre regulada pela lei brasileira, se houver cônjuge ou filhos brasileiros.
e) de cuja nacionalidade tivesse o defunto, ou desaparecido, qualquer que seja a
natureza e a situação dos bens, mas a sucessão de bens de estrangeiros, situados no
Brasil, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
brasileiros, ou de quem os represente, em qualquer circunstância.

6. (Ano: 2016 - Banca: CESPE) A respeito da eficácia da lei no tempo e no espaço,


assinale a opção correta conforme a LINDB.
33
a) Para ser aplicada, a norma deverá estar vigente e, por isso, uma vez que ela seja
revogada, não será permitida a sua ultratividade.
b) Tendo o ordenamento brasileiro optado pela adoção, quanto à eficácia espacial da
lei, do sistema da territorialidade moderada, é possível a aplicação da lei brasileira
dentro do território nacional e, excepcionalmente, fora, e vedada a aplicação de lei
CPF: 860.542.154-18
estrangeira nos limites do Brasil.
c) Quando a sucessão incidir sobre bens de estrangeiro residente, em vida, fora do
território nacional, aplicar-se-á a lei do país de domicílio do defunto, quando esta for
mais favorável ao cônjuge e aos filhos brasileiros, ainda que todos os bens estejam
localizados no Brasil.
d) Não havendo disposição em contrário, o início da vigência de uma lei coincidirá com
a data da sua publicação.
e) Quando a republicação de lei que ainda não entrou em vigor ocorrer tão somente
para correção de falhas de grafia constantes de seu texto, o prazo da vacatio legis não
sofrerá interrupção e deverá ser contado da data da primeira publicação.

7. Lei nova que estabelecer disposição geral a par de lei já existente:


a) apenas modifica a lei anterior.
b) não revoga, nem modifica a lei anterior.
c) derroga a lei anterior.

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d) ab-roga a lei anterior.


e) revoga tacitamente a lei anterior.

8. Dêste modo, quando surge no seu logrador um animal alheio, cuja marca conhece,
o restitui de pronto. No caso contrário, conserva o intruso, tratando-o como aos
demais. Mas não o leva à feira anual, nem o aplica em trabalho algum; deixa-o
morrer de velho. Não lhe pertence. Se é uma vaca e dá cria, ferra a esta com o
mesmo sinal desconhecido, que reproduz com perfeição admirável; e assim pratica
com tôda a descendência daquela. De quatro em quatro bezerros, porém, separa um,
para si. É a sua paga. Estabelece com o patrão desconhecido o mesmo convênio que
tem com o outro. E cumpre estritamente, sem juízes e sem testemunhas, o estranho
contrato, que ninguém escreveu ou sugeriu. Sucede muitas vêzes ser decifrada,
afinal, uma marca sòmente depois de muitos anos, e o criador feliz receber, ao invés
da peça única que lhe fugira e da qual se deslembrara, uma ponta de gado, todos os
produtos dela. Parece fantasia êste fato, vulgar, entretanto, nos sertões. (Euclides da
Cunha – Os sertões. 27. ed. Editôra Universidade de Brasília, 1963, p. 101).
O texto acima, sobre o vaqueiro, identifica:
a) espécie de lei local, de cujo teor ou vigência o juiz pode exigir comprovação.
b) a analogia, como um meio de integração do Direito.
c) um princípio geral de direito, aplicável aos contratos verbais.
d) o uso ou costume como fonte ou forma de expressão do Direito. 34
e) a equidade que o juiz deve utilizar na solução dos litígios.

9. Assinale a alternativa que corresponde à regra constante da Lei de Introdução às


Normas do Direito Brasileiro que positivou o princípio da vigência sincrônica.
CPF:
a) Não se destinando à vigência 860.542.154-18
temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique
ou revogue.
b) Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a
correção, o prazo de início da vigência começará a correr da nova publicação.
c) A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o
direito adquirido e a coisa julgada.
d) Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco
dias depois de oficialmente publicada.
e) A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes,
não revoga nem modifica a lei anterior.

10. (CESPE - 2016) A respeito da hermenêutica e da aplicação do direito, assinale a


opção correta.
a) Diante da existência de antinomia entre dois dispositivos de uma mesma lei, à
solução do conflito é essencial a diferenciação entre antinomia real e antinomia
aparente, porque reclamam do interprete solução distinta.

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b) Os tradicionais critérios hierárquico, cronológico e da especialização são adequados


à solução de confronto caracterizado como antinomia real, ainda que ocorra entre
princípios jurídicos.
c) A técnica da subsunção é suficiente e adequada à hipótese que envolve a
denominada eficácia horizontal de direitos fundamentais nas relações privadas.
d) Diante da existência de antinomia entre dois dispositivos de uma mesma lei, o
conflito deve ser resolvido pelos critérios da hierarquia e(ou) da sucessividade no
tempo.
e) A aplicação do princípio da especialidade, em conflito aparente de normas, afeta a
validade ou a vigência da lei geral.

35

CPF: 860.542.154-18

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4. GABARITO COMENTADO

1. A.
(A) CORRETA.
Note que o artigo 3º da lei em comento ao tratar da suspensão ou impedimento dos
prazos prescricionais a partir de sua entrada em vigor até 30 de outubro de 2.020,
atesta sua vigência temporária, subsistindo as regras do Código Civil sobre suspensão e
óbice da fluência dos prazos prescricionais.
Ela não revogou e/ou alterou as normas do CC que suspendeu. Logo, para incidir as
regras do CC sobre impedimento e suspensão, não há necessidade de outra lei. Assim,
não há que se falar em repristinação.
Muito importante lembrar que o art. 2º, § 3º, da Lei de Introdução, afasta a
possibilidade da lei revogada anteriormente repristinar, salvo disposição expressa em
lei em sentido contrário. O efeito repristinatório é aquele pelo qual uma norma
revogada volta a valer no caso de revogação da sua revogadora.
(B) INCORRETA.
Vide comentários item “A”.
(C) INCORRETA.
Vide comentários item “A”.
36
(D) INCORRETA.
Vide comentários item “A”.
(E) INCORRETA.
Vide comentários item “A”.
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2. B.
ALTERNATIVA A: INCORRETA
LINDB: “Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por
autoridade administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser
precedida de consulta pública para manifestação de interessados, preferencialmente
por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão (...)”
ALTERNATIVA B: CORRETA
LINDB: “Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou
judicial, poderá impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou
injustos resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos. (Incluído pela Lei nº
13.655, de 2018) (Regulamento)
(...).”
ALTERNATIVA C: INCORRETA

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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LINDB: “Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa
na aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade
administrativa poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após
realização de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse geral,
celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável, o qual só
produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial. (Incluído pela Lei nº 13.655, de
2018) (Regulamento) (...)”
ALTERNATIVA D: INCORRETA
Vide LINDB: Art. 26, § 2º.
ALTERNATIVA E: INCORRETA
O artigo 25 que previa essa possibilidade foi VETADO

3. A.
ALTERNATIVA A: CORRETA
A questão é resolvida pela literalidade do art. 26 da LINDB - incluído pela Lei nº 13.655,
de 2018; regulado pelo Decreto nº 9.830 de 10 de junho de 2019 - que estabelece:
“Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na
aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade
administrativa poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após
realização de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse geral,
celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável, o qual só
37
produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial. (Incluído pela Lei nº 13.655, de
2018) (Regulamento) (grifo nosso).
§ 1º O compromisso referido no caput deste artigo: (Incluído pela Lei nº 13.655, de
2018)
I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com os
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interesses gerais; (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
III - não poderá conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de
direito reconhecidos por orientação geral; (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu
cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de descumprimento. (Incluído pela Lei
nº 13.655, de 2018)
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
Vê-se, pois que na hipótese de a autoridade entender conveniente para eliminar
irregularidade, incerteza jurídica ou situações contenciosas na aplicação do direito
público, poderá celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação
aplicável e as seguintes condições:
I - após oitiva do órgão jurídico;
II - após realização de consulta pública, caso seja cabível; e
III - presença de razões de relevante interesse geral.

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4. C.
ALTERNATIVA C: CORRETA
A questão diz respeito ao artigo 16 da LINDB, que assim dispõe: “Quando, nos termos
dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a
disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei”.
Portanto, de acordo com o texto expresso da LINDB, não há possibilidade de reenvio
ou remissão a qualquer outra lei. O retorno (ou reenvio) tem aplicação no Direito
Internacional e consiste na aplicação das normas jurídicas de outro Estado, desde que
as regras de Direito Internacional Privado deste indique que a situação deve ser
regulada pelas normas de um terceiro Estado ou pelo próprio ordenamento do
primeiro Estado, remetente. No Brasil, o reenvio não é admitido, sendo de rigor a
aplicação da norma primária, tal como previsto na assertiva C.

5. B.
ALTERNATIVA B: CORRETA
A questão é solucionada pela literalidade do art. 10 e § 1º da LINDB, que assim
estabelece: “Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em
que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a
situação dos bens. § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de 38
quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de
cujus”. As demais assertivas estão em conflito com o que dispõe o referido artigo.

6. C.
ALTERNATIVA A: INCORRETA. A própria lei pode prever as hipóteses excepcionais de
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ultratividade, que é admitida no Brasil.
ALTERNATIVA B: INCORRETA. Em hipóteses específicas, a lei estrangeira pode ser
aplicada no Brasil, como prevê, por exemplo, o art. 8º da LINDB: “Para qualificar os
bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que
estiverem situados”.
ALTERNATIVA C: CORRETA. Conforme CC, Art. 10. A sucessão por morte ou por
ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido,
qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. § 1º A sucessão de bens de
estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge
ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais
favorável a lei pessoal do de cujus.
ALTERNATIVA D: INCORRETA. Conforme CC, Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei
começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente
publicada.

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ALTERNATIVA E: INCORRETA. Conforme CC, Art. 1º, § 3º “Se, antes de entrar a lei em
vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo
e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação”.

7. B.
ALTERNATIVA B: CORRETA
A resposta se extrai do art. 2º, §2º, da LINDB, que assim estabelece: “A lei nova, que
estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem
modifica a lei anterior”. Em razão do disposto em lei, facilmente se verifica que as
demais assertivas estão erradas.

8. D.
O texto apresenta uma parte que claramente determina a resposta da questão ao
dizer: “E cumpre estritamente, sem juízes e sem testemunhas, o estranho contrato,
que ninguém escreveu ou sugeriu”. Narra uma conduta, tida como algo obrigatório a
se fazer, mas que não havia sido estabelecida pelos órgãos do Estado, já que ninguém
escreveu e não exigia juízes para determinar o direito. Assim, é de rigor reconhecer
que se trata de um costume, tido como fonte do direito, razão pela qual se impõe o
reconhecimento da alternativa D como a única correta. Não se poderia considerar a
ALTERNATIVA A (“espécie de lei local, de cujo teor ou vigência o juiz pode exigir
comprovação”) visto estar claro que era uma prática realizada sem qualquer imposição 39
legal. Também não se poderia considerar a ALTERNATIVA B (“a analogia, como um
meio de integração do Direito”), já que a analogia exigiria uma lei aplicada a caso
semelhante que estar-se-ia utilizando no caso em questão, o que não é sequer
mencionado como hipótese. Na mesma linha intelectiva, a ALTERNATIVA C (“um
princípio geral de direito, aplicável aos contratos verbais”) é afastada pela inexistência
de um contrato verbal, já que o texto narra que o “contrato” era estabelecido com
“patrão desconhecido”, logo,CPF: 860.542.154-18
não há que se falar em contrato verbal. Por fim, a
ALTERNATIVA E (“a equidade que o juiz deve utilizar na solução dos litígios”) menciona
a justiça do caso concreto (equidade), que não tem qualquer relação com os fatos
narrados.

9. D.
O Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e
cinco dias depois de oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se
inicia três meses depois de oficialmente publicada.
§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).
§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada
a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação.
§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

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10. A.
Para resolver o conflito de normas com o escopo de manter a coerência do sistema
jurídico, Norberto Bobbio prescreveu critérios metajurídicos de resolução de conflitos:

CRITÉRIOS PARA SOLUÇÃO DE ANTINOMIAS

HIERÁRQUICO Norma superior prevalece sobre inferior

ESPECIALIDADE Norma especial prevalece sobre a geral

CRONOLÓGICO Norma posterior prevalece sobre a anterior

Há, no entanto, situações em que ocorrem antinomias de segundo grau, ou seja, os


próprios critérios de resolução de conflitos colidem. Nesses casos, há a seguinte ordem
de prevalência:

MODO DE RESOLUÇÃO DE ANTINOMIA DE SEGUNDO GRAU:


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CRITÉRIO HIERÁRQUICO (H) CONFLITOS
H x E = H vence
CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE (E) H x C = H vence
E x C = E vence
CRITÉRIO CRONOLÓGICO CPF:
(C) 860.542.154-18

Quando for possível resolver a antinomia de 2º grau por um dos modos acima
indicados, é o caso de antinomia aparente. Em não sendo viável sanar o conflito de
normas via critérios hierárquico, especial ou cronológico, pode-se afirmar que se trata
de uma antinomia real, oportunidade em que deve recorrer aos métodos de
integração do direito.

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