PONTO 2: FONTES, INTEGRAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E PRINCÍPIOS

PROCESSUAIS TRABALHISTAS

1) FONTES E INTEGRAÇÃO:

Direito Processual do Trabalho: objetiva regular os dissídios individuais e coletivos

submetidos à Justiça do Trabalho.

Art. 769, CLT – Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do
direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas
deste Título.

Art. 889, CLT – Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo
em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos
executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal.

REFORMA - ART. 889-A, PARÁGRAFO 1 - cabe parcelamento junto a SRF, ficando

suspensa a execução da contribuição social até quitação de todas as parcelas junto à
Receita

Art. 15, NCPC. Aplicação “supletiva e subsidiariamente”.

Então:

1a. fonte (principal): CLT (na fase de conhecimento e na fase de execução);

2a. fonte (subsidiária): CPC (na fase de conhecimento) e Lei de Execuções Fiscais-Lei
6.830/80 (fase de execução);
3a fonte (subsidiária): CPC (na fase de execução).

Supletiva (omissão/lacuna) e subsidiária (completar, reduzir ou ampliar uma norma).

Por omissão, a doutrina moderna entende:

a) a lacuna normativa (quando não se tem norma para determinado caso);
b) a lacuna ontológica (quando existe a norma, mas ela não corresponde à realidade social.
Ex. norma obsoleta diante da evolução tecnológica);
c) a lacuna axiológica (quando existe uma norma, mas, se for aplicada, a solução do caso
será injusta).
A doutrina clássica só prevê a lacuna normativa.

2) INTERPRETAÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO:

Os meios de interpretação da legislação processual do trabalho são os mesmos da teoria

geral do direito, mas nenhum deles pode ser usado de forma isolada.

Os principais são:
a) literal ou gramatical (com base na ordem das palavras e o modo como elas estão
conectadas);
b) histórico (investigam-se os motivos sociológicos que deram origem à edição de
determinada norma, buscando as principais discussões travadas nas assembleias
legislativas);
c) teleológico (busca investigar a finalidade social da norma, ou seja, seu objetivo e fim
social). - art. 852-I, CLT e art. 5o., LINDB);
d) sistemático (faz-se o cotejo entre a norma e as demais regras e princípios que
disciplinam determinado instituto processual e com o sistema de normas no qual elas se
inserem);
e) restritivo (restringe-se o alcance de determinada lei processual, para que a regra
somente incida nas hipóteses taxativas que disciplina. Assim, as normas que implicam
restrições de direito devem ser interpretadas restritivamente, como a renúncia e a
transação, bem como as regras proibitivas);
f) extensivo (se dilata o alcance de determinada regra processual para disciplinar
hipóteses não descritas expressamente na lei).

“No Estado Democrático de Direito, o processo pode ser definido como o direito
constitucional aplicado, enquanto que o acesso à justiça passa a ser visto, a um só tempo,
em nosso ordenamento jurídico, direito humano e direito fundamental.” Carlos Henrique
Bezerra Leite.
Acesso à justiça é:
- Direito humano: art. 8o. da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948;
- Direito fundamental: art. 5o., XXXV, da CF/88 (dentre os direitos e deveres individuais
e coletivos previstos no Título II).

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3) PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO:

Atualmente, os princípios têm status de norma jurídica, conferindo-lhe força normativa.

Ou seja: não têm apenas força supletiva, agindo de forma autônoma, podendo inclusive
contrariar uma regra jurídica. Assim, as normas jurídicas são gênero que englobam as
regras jurídicas e os princípios.

Os princípios têm as seguintes funções:

a) função informadora (inspiradora do legislador);
b) função interpretativa (auxiliam o na compreensão e aplicação do sistema jurídico);
c) função integrativa (suprimento de lacunas e dando suporte a todas as normas jurídicas,
possibilitando o equilíbrio do sistema.

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Princípios de Direito Processual do Trabalho:

1) Princípio da proteção (“Protecionismo temperado ao trabalhador” - Ex.: art. 844, CLT-

arquivamento/reclamante e revelia-confissão/reclamado; depósito recursal só para
reclamado. Este princípio entra em conflito com a redação ainda mais literal de igualdade
de tratamento das partes, prevista no art. 7o., NCPC);
REFORMA
Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o
não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.

Parágrafo único - Ocorrendo, entretanto, motivo relevante, poderá o presidente suspender o julgamento,
designando nova audiência.

§ 1o Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender o julgamento, designando nova audiência.
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 2o Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das custas calculadas na
forma do art. 789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no
prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável. (Incluído pela
Lei nº 13.467, de 2017) (Vide ADIN 5766)

§ 3o O pagamento das custas a que se refere o § 2o é condição para a propositura de nova demanda.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 4o A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste artigo se: (Incluído pela Lei
nº 13.467, de 2017)

I - havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação; (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)

II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do
ato; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

IV - as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou estiverem em contradição

com prova constante dos autos. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 5o Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão aceitos a contestação e os
documentos eventualmente apresentados.

2) Princípio da conciliação (é acentuado no D. Processual do Trabalho - art. 846 e 850,

CLT, c/c art. 3o., § 2o. e 3o., CLT);

3) Princípio da informalidade ou simplicidade (art. 840, CLT);

4) Princípio do jus postulandi (art. 791, CLT, exceto para ação rescisória, ação cautelar,
mandado de segurança e recursos no TST: Súmula 425/TST);

5) Princípio da oralidade (reclamação verbal/art. 840, CLT; defesa oral/art. 847, CLT;
razões finais orais/art. 850, CLT etc.);

6) Princípio da celeridade (engloba como subprincípios: identidade física do juiz;

concentração dos atos processuais/Ex. audiência una- art. 849, CLT; irrecorribilidade das
decisões interlocutórias/ não são recorríveis de imediato mas só no momento da
impugnação da decisão final: art. 893, § 1o., CLT. Exceções são previstas na Súmula 214
do TST e no art. 799, § 2o., CLT);
7) Majoração dos poderes do juiz do trabalho na direção do processo (atuação ex officio
do juiz: art. 765, CLT e 878, CLT, c/c art. 2o., NCPC). Alguns autores também o
denominam Princípio da extrapetição (o juiz pode, em casos expressamente previstos em
lei, condenar o réu em pedidos não contidos na petição inicial: juros de
mora/Súm.211/TST; salários em caso de pedido de reintegração/Súmula 396, II, TST;
anotação da CTPS, quando o pedido for de reconhecimento de vínculo empregatício;
adicional de 1/3 de férias, quando o pedido for de pagamento de férias; adicional de 50%,
quando o pedido é de horas extras...);
REFORMA:
Art. 878. A execução será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo juiz ou pelo
Presidente do Tribunal apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas por advogado.

8) Princípio da subsidiariedade: no processo de conhecimento, o Direito Processual

comum como fonte do Direito Processual do Trabalho (art. 769, CLT) e na fase de
execução, a Lei de Execução Fiscal (Lei 6.830/80) e, posteriormente, o CPC);

9) Princípio da função social do processo do trabalho (art. 8o., CLT c/c art. 421, CC e art.
8o., NCPC).

Segundo classificação de BEZERRA LEITE:

1) Princípios constitucionais fundamentais
2) Princípios gerais de direito processual:
2.1. Princípios informativos
2.2. Princípios fundamentais:
2.2.1. Da igualdade ou isonomia
2.2.2. Do contraditório
2.2.3. Da ampla defesa
2.2.4. Da imparcialidade do juiz
2.2.5. Da motivação das decisões
2.2.6. Do devido processo legal:
- do juiz natural
- do promotor natural
- do duplo grau de jurisdição
2.2.7. Do acesso individual e coletivo à justiça (inafastabilidade do controle
judicial/indeclinibilidade da jurisdição)
2.2.8. Da razoabilidade da duração do processo
2.2.9.Da cooperação ou colaboração
2.2.10. Do ativismo judicial
3. Princípios comuns ao direito processual civil e ao direito processual do trabalho:
3.1. Dispositivo ou da demanda
3.2. Inquisitivo ou do impulso oficial
3.3. Da instruementalidade
3.4. Da impugnação especificada
3.5. Da estabilidade da lide
3.6. Da eventualidade
3.7. Da preclusão: consumativa, temporal, lógica, ordinatória, máxima, pro judicato
3.8. Da economia processual
3.9. Da perpetuatio jurisdictionis
3.10. Do ônus da prova
3.11. Da oralidade:
3.11.1. Da imediatidade ou da imediação
3.11.2. Da identidade física do juiz
3.11.3. Da concentração
3.11.4. Da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias
3.12. Da lealdade processual
4. Princípios peculiares do direito processual do trabalho:
4.1. Da proteção processual;
4.2. Da finalidade (ou efetividade social do processo)
4.3. Da busca da verdade realidade
4.4. Da indisponibilidade
4.5. Da conciliação
4.6. Da normatização coletiva
4.7. Outros princípios do processo trabalhista
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