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NOVO CPC/2015 -
INTRODUÇÃO E PRINCÍPIOS
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A palavra processo é utilizada na linguagem jurídica em três acepções complementares (pluralidade de sentidos):
I) Primeira acepção: Advém da Teoria da Norma Jurídica. Processo é o modo de produção de norma jurídica. Há
o processo legislativo (norma jurídica legal), o administrativo (norma jurídica administrativa) e o jurisdicional
(norma jurídica jurisdicional).Pela jurisdição se produzem duas espécies de norma jurídica: a primeira é a norma
jurídica individualizada, que resolve o caso concreto, e a segunda é o precedente, que é a norma aplicável
a/reguladora de casos futuros.
# OBS.1: atualmente se fala muito também em processo privado ou negocial. É o modo de produção de normas
jurídicas no âmbito privado. Ex.: se quero aplicar uma multa a um condômino que cometeu uma infração ao
regimento do condomínio. Ele terá de ser ouvido, se defender, a assembleia irá votar. Esse também é um
processo que, no entanto, é privado. Ex.: expulsar um associado de um clube. Tem que instaurar um processo
privado no âmbito da associação para averiguar a infração que o associado cometeu. É um processo que decorre
da autonomia privada. O STF entende que a ideia de devido processo legal se aplica também no âmbito privado.
Daí a importância de perceber que há aí também processo.
# OBS.2: Fala-se muito em processo arbitral. O processo arbitral é espécie de processo jurisdicional, porém,
privado. Não é o quinto tipo (adm., legisl., jurisd., privado).
II) Segunda acepção: Advém da Teoria do Fato Jurídico.P rocesso é um ato jurídico complexo, ou seja, um
conjunto de atos jurídicos organizados, concatenados, que têm por propósito a produção de um ato final, qual
seja, a decisão (visão holística do processo).
# OBS.: Tradicionalmente, a doutrina coloca o procedimento como gênero do qual o processo é espécie. Nessa
visão, advinda do período ditatorial, processo é procedimento organizado/qualificado em contraditório. Com o
advento da CF/1988, o constituinte impôs o contraditório também ao procedimento administrativo.
III) Terceira acepção: Perspectiva da Eficácia Jurídica. Também é fruto da Teoria do Fato Jurídico. Processo é o
conjunto/amontoado das situações/relações jurídicas decorrentes dos fatos jurídicos que o compõem. Situação
jurídica, nesse contexto, consiste em direitos, deveres, capacidades, ônus e competências processuais. O
Processo é essencialmente dinâmico. “O processo é um feixe de relações jurídicas” – Carnelutti.
*A impugnação à justiça gratuita é feita nos autos do próprio processo ou em autos apartados? • Antes do
CPC/2015: autos apartados. • Depois do CPC/2015: nos autos do próprio processo. Qual é o recurso cabível
contra a decisão que acolhe ou rejeita a impugnação à gratuidade de justiça? • Antes do CPC/2015: apelação. •
Depois do CPC/2015: agravo de instrumento. Se a parte ingressou com a impugnação antes do CPC/2015, mas
esta somente foi julgada após a vigência do novo Código, qual é o recurso que deverá ser interposto contra essa
decisão que rejeitou ou acolheu a impugnação? Agravo de instrumento. Cabe agravo de instrumento contra o
provimento jurisdicional que, após a entrada em vigor do CPC/2015, acolhe ou rejeita incidente de impugnação à
gratuidade de justiça instaurado, em autos apartados, na vigência do regramento anterior. Aplica-se aqui o
princípio do tempus regit actum, no qual se fundamenta a teoria do isolamento dos atos processuais. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.666.321-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/11/2017 (Info 615).
*#OLHAOGANCHO #OUSESABER: As multas processuais estão abarcadas pela gratuidade de justiça? Não! O §1º
do artigo 98 do CPC traz um rol de despesas que estão abrangidas pela gratuidade. Além das multas processuais
não constarem desse rol, o §4º do mesmo artigo estabelece expressamente que a concessão da gratuidade de
justiça não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as multas processuais que lhe sejam impostas.
*#DIZERODIREITO #JURISPRUDENCIA #STJ: O estrangeiro residente no Brasil tem direito à gratuidade da justiça?
SIM. O estrangeiro residente no Brasil possui direito à gratuidade da justiça. Isso é previsto no CPC/2015 e
também já era garantido na Lei nº 1.060/50. E o estrangeiro não residente no Brasil? Lei 1.060/50: Não tinha
direito. Só poderia ser deferida a gratuidade da justiça para estrangeiros residentes no Brasil (art. 2º). CPC/2015:
possui o direito. Atualmente, pode ser deferida a gratuidade da justiça para estrangeiros residentes ou não-
residentes no Brasil (art. 98). A gratuidade da justiça passou a poder ser concedida a estrangeiro não residente no
Brasil após a entrada em vigor do CPC/2015. STJ. Corte Especial. Pet 9.815-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 29/11/2017 (Info 622). #IMPORTANTE
a) Teoria do Direito;
b) Direito Constitucional e
c) Direito Material.
Erros comuns
Princípios não estão localizados unicamente na Constituição Federal, visto que
podem derivar de qualquer fonte, como as leis ordinárias.
Nem toda norma constitucional é um princípio. Também há regras
constitucionais. Em verdade, na Constituição Federal há mais regras que
princípios.
“O juiz decide com base nas leis e nos princípios” – Fase desprovida de sentido,
posto que o juiz decide com base no direito e nas leis estão também inseridos
os princípios.
“Princípio é toda norma repleta de elevada importância” – Regras também
podem ser dotadas de relevância.
“Sempre que a regra conflita com princípio, o último deve prevalecer” – Pelo
I) Premissas:
I.1) Todo processo, sem exceção, tem conteúdo, ou seja, o caso concreto, problema, lide,questão ou mérito. O
processo nasce, portanto, para a solução destes casos concretos, problemas, questões, lides ou mérito.
I.2) Este objeto do processo é sempre, sem exceção, um caso de direito material. O direito material, por sua vez,
é o direito discutido no processo.
I.3) Toda a estrutura do processo, portanto, depende do caso concreto, ou seja, estávinculado à natureza de um
determinado direito material. A relação entre processo e direito material, portanto, não é hierárquica, e sim, de
mútua-dependência, de simbiose.
OBS. – Relação circular entre processo e direito material: “O processo serve ao direito material ao mesmo tempo
em que é servido por ele”.
01. INTRODUÇÃO
É a tradução para o português de due process of law. Essa expressão inglesa, que sobrevive até hoje, surgiu em
1354 na Inglaterra, portanto, no séc. XIV. A ideia traduzida por essa expressão remonta ao séc. XI em 1037. Qual
a razão para tanta longevidade dessa expressão? Por ser uma cláusula geral, de forma que foi se adaptando às
transformações sociais. O devido processo legal é, portanto, uma cláusula geral que existe há mais de 800 anos e
que, obviamente, teve seu conteúdo modificado durante esse período. A noção de processo devido é uma noção
construída historicamente. Essa expressão foi ainda traduzida em outros países de outras maneiras. Os italianos
traduziram como processo giusto, os alemães como processoequitativo(fair trail), os ingleses como due e os
portugueses como processo justo. Como somos muito influenciados pelos italianos, o termo processo justo é
muito utilizado pelos autores brasileiros. Consiste em proteção que todo o cidadão possui contra o exercício
tirânico do poder.
A.2) Terminologia:
Devido: É um conceito muito indeterminado. O que era devido no séc. XIV pode não ser devido no séc. XXI. O
que precisamos saber é o que é devido hoje, e para isso temos que partir de uma premissa: o que hoje se
entende por processo devido é tudo que se construiu e que se consolidou nos últimos séculos e aquilo que é
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devido que ainda está sendo construído. A cláusula geral não foi esvaziada pelos oito séculos de uso. O que é
devido, portanto, é um conjunto de direitos, boa parte deles expressamente previsto (contraditório, publicidade,
proibição de prova ilícita, motivação, juiz natural, duração razoável), por serem direitos muito consolidados e
incorporados. Muitos desses direitos se tornaram princípios ou regras processuais (proibição de prova ilícita,
motivação). Isso não desnatura, invalida o fato de serem direitos decorrentes do devido processo legal. E há
também direitos que decorrem do processo legal ainda implicitamente previstos. Ainda não ganharam texto
próprio, por exemplo, efetividade, boa-fé, adequação. O devido processo legal é, portanto, um conjunto de
garantias (é um direito fundamental complexo) que foram maturadas ao longo da história.O papel do devido
processo legal é defender as pessoas da tirania. O seu conteúdo é determinado pelas formas de tirania
existentes ao longo do tempo. O DPL se modifica quando surge uma nova forma de tirania.
Processo: refere-se não só ao processo jurisdicional, como também ao processo administrativo, legislativo e
privados.
Art. 57, do CC -A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. (Redação
dada pela Lei n. 11.127, de 2005).
Também em 2005, ano em que foi alterado o supra referido art. 57, do CC, o STF decidiu, ao apreciar litígio entre
clube e associado, que os direitos fundamentais, inclusive os processuais, aplicam-se às relações entre
particulares.
Isso de aplicar ao âmbito privado um direito fundamental é aquilo que se chama de eficácia horizontal dos
direitos fundamentais (particulares como sujeitos passivos de direitos fundamentais). Essa incidência ocorre
tanto na fase pré-negocial quanto executiva. A eficácia vertical dos direitos fundamentais, por sua vez, se dá nas
relações entre o Estado e o cidadão.
Ressalte-se que essa teoria não tem aplicação no Direito Brasileiro. A realidade brasileira revela desigualdades
sociais exorbitantes, o que torna necessária a utilização dos direitos fundamentais também pelos particulares.
Além disso, o neoconstitucionalismo trouxe força normativa aos princípios, de modo que as normas
constitucionais e os direitos fundamentais devem ser interpretadas com a maior eficácia possível.
“Os defensores da teoria da eficácia horizontal mediata dos direitos fundamentais sustentam que tais direitos
são protegidos no campo privado não através dos instrumentos do Direito Constitucional, e sim por meio de
mecanismos típicos do próprio Direito Privado. A força jurídica dos preceitos fundamentais estender-se-ia aos
particulares apenas de forma mediata, através da atuação do legislador.”
Legal: Advém do termo inglês of law. Nós traduzimos como legal. Todavia, law não é lei e sim direito. Até porque
não se poderia falar muito em lei, e sim em costume. O que se queria dizer mesmo era o direito. Dessa forma,
devido processo legal não é o processo devido em acordo com a lei, e sim de acordo com o direito. E é por isso
que alguns autores no Brasil não usam essa expressão, embora seja muito consagrada, usando a expressão
devido processo constitucional, que deixa claro que é um processo de acordo com todo o Direito, e como todo
direito está em acordo com CF ela foi escolhida.
A.3) Dimensões:
b) Dimensão substancial, material ou substantiva: O devido processo legal como uma norma de decisão aplicável
aos casos concretos, ou seja, norma vocacionada à Justiça. Essa construção com esse sentido é uma construção
brasileira, consagrada no STF. Nos EUA o devido processo legal substancial nasceu para servir como suporte
normativo para identificação de direitos fundamentais implícitos, em outras palavras, adveio para suprir a
ausência de menção a alguns direitos fundamentais na constituição norte-americana. Sempre que se buscava um
direito fundamental que não tinha previsão expressa se dizia que ele estava protegido pelo devido processo legal
B) CONTRADITÓRIO
B.1) Dimensões:
a) Dimensão formal: A primeira dimensão é formal, que garante às partes o direito de participar do processo e
de atuar nele. Direito de ser informado sobre a existência do processo. Essa é uma dimensão puramente formal,
pois só garante a presença da parte. Existe uma relação próxima entre contraditório e democracia enquanto
regime de participação no exercício do poder, já que o contraditório garante a participação do jurisdicionado no
poder judiciário.
b) Dimensão substancial: Garante o direito de poder influenciar a decisão. Não basta garantir a participação, é
preciso que a parte tenha condições de influenciar aquilo que se discute. Ela deve ter os instrumentos
adequados para convencer o juiz que ela tem razão. É o poder de influência, que é o poder de interferir no
convencimento do juiz pelos seus argumentos e provas. A ampla defesa nada mais é do que a dimensão
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do
qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a
qual deva decidir de ofício.
O art. 10 do NCPC concretiza o princípio do contraditório substancial, proibindo decisão-surpresa, também
chamada de decisão de terceira via. Consagra, ademais, o dever de consulta do juiz para com as partes acerca de
ponto relevante que não foi objeto de contraditório.
Exprime com perfeição a visão contemporânea da relação entre o juiz e o contraditório, posto que o magistrado
também é sujeito do contraditório. Assim, todos os sujeitos do processo devem atuar de acordo com o
contraditório.
Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão recorrida ou a existência de
questão apreciável de ofício ainda não examinada que devam ser considerados no julgamento do
recurso, intimará as partes para que se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades
processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais,
competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
[…]
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às
necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;
OBS.1 – Liminar inaudita altera pars: não fere o contraditório em razão da sua provisoriedade. O contraditório é
diferido. Pode ser revista. Ela é uma técnica para proteger o direito do autor numa ponderação entre direito do
réu e o perigo.
OBS.2 – Contraditório é o dever do juiz respeitar os limites do pedido. A parte ré se defende daquilo que foi
pedido, de forma a não poder se defender daquilo que o juiz determina além da peça inicial. A parte fica
impossibilitada de influenciar a decisão do juiz. Congruência entre pedido e sentença.
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*É INCONSTITUCIONAL lei estadual que crie, como requisito de admissibilidade para a interposição de recurso
inominado no âmbito dos juizados especiais, o depósito prévio de 100% do valor da condenação. Tal norma viola
a competência privativa da União para legislar sobre direito processual, além de vulnerar os princípios do acesso
à jurisdição, do contraditório e da ampla defesa. STF. Plenário. ADI 2699/PE, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
20/5/2015 (Info 786).
Surgiu em decorrência do devido processo legal. Um processo para ser devido não pode demorar de forma
irrazoável e injustificada, ou seja, deve ser tempestivo. Foi previsto inicialmente em Tratados Internacionais aos
quais o Brasil aderiu. A partir da EC n. 45/2004, esse princípio foi expressamente incorporado à CF/88 (art. 5o,
LXXVIII). Com o advento do CPC/2015, passou a ser princípio expresso também na normativa processual civil (art.
4o, NCPC).
Art. 4o.As partes têm direito de obter em prazo razoável a solução integral da lide, incluída a atividade
satisfativa.
A própria garantia do devido processo legal impõe uma série de providências que devem ser tomadas que fazem
com que o processo demore(demora inerente ao processo), como a oitiva do réu, recursos e produção de
provas. O nome do princípio não é celeridade, que dá a ideia de rapidez, velocidade. Na verdade, o processo tem
que demorar o tempo necessário para se ter um processo justo(deve ser examinado caso a caso). Razoável é um
termo indeterminado.
A Corte Europeia de Direitos Humanos tem jurisprudência antigaque fixa critérios para a aferição da
razoabilidade da duração do processo:
Complexidade da causa (Ex.: Mensalão);
Comportamento do juiz (se o juiz fez tudo que podia para o processo andar);
Comportamento das próprias partes (Ex.: indicar testemunha que não existe);
Estrutura do órgão judiciário (peculiaridade da Justiça brasileira).
Obs.1: O art. 97-A, da Lei 9.504/1997 presume razoável o prazo de 01 (um) ano, incluindo a tramitação em todas
as instâncias, para processo eleitoral que possa resultar em perda de mandato eletivo (presunção absoluta de
razoabilidade da demora).
Art. 97-A. Nos termos do inciso LXXVIII do art. 5o da Constituição Federal, considera-se duração razoável
do processo que possa resultar em perda de mandato eletivo o período máximo de 1 (um) ano, contado
da sua apresentação à Justiça Eleitoral.
§ 1o A duração do processo de que trata o caput abrange a tramitação em todas as instâncias da Justiça
Eleitoral.
§ 2o Vencido o prazo de que trata o caput, será aplicável o disposto no art. 97, sem prejuízo de
representação ao Conselho Nacional de Justiça.
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Obs.2: O art. 7o, parágrafo único, da Lei da Ação Popular informa que o proferimento de sentença além do prazo:
Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no Código de Processo Civil, observadas as
seguintes normas modificativas:
[…]
Parágrafo único. O proferimento da sentença além do prazo estabelecido privará o juiz da inclusão em
lista de merecimento para promoção, durante 2 (dois) anos, e acarretará a perda, para efeito de
promoção por antigüidade, de tantos dias quantos forem os do retardamento, salvo motivo justo,
declinado nos autos e comprovado perante o órgão disciplinar competente.
Obs.3: O art. 235, do NCPC regula a representação contra o juiz por excesso de prazo (processo administrativo).
Art. 235. Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao corregedor
do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que injustificadamente exceder os
prazos previstos em lei, regulamento ou regimento interno.
[…]
§ 3o Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao substituto legal do juiz ou do relator contra o qual se
representou para decisão em 10 (dez) dias.
Obs.4: Art. 93, II, “e”, da CF/88.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
[…]
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento, atendidas
as seguintes normas:
[…]
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não
podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão;
D) PUBLICIDADE
Para um processo ser considerado devido ele tem que ser público. Dispositivos do NCPC que versam sobre o
Princípio da Publicidade:
Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum,
resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a
razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes,
de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.
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A Publicidade, portanto, tem uma dupla dimensão:
Publicidade interna: dirigidaaos sujeitos do processo.
Publicidade externa: dirigida a terceiros. É a mais relevante, já que não há maiores problemas com a publicidade
interna. Em razão de permissão dada pela própria CF, a publicidade externa pode ser restringida nas hipóteses
do art. 189/NCPC:
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:
I - em que o exija o interesse público ou social;
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação,
alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
Nem toda arbitragem é sigilosa, ainda que costume ser e haja autorização legal para tanto.
§ 1o O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões
de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.
§ 2o O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da
sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.
O juiz deve dar uma decisão restringindo a publicidade daquele processo.Não há processo totalmente sigiloso,
de modo que a publicidade jamais será zerada.A publicidade é instrumento deveras importante à fiscalização do
cumprimento da atividade jurisdicional. O princípio da publicidade está intimamente relacionado com a regra da
motivação.
O NCPC privilegia o sistema de precedentes, sendo a publicidade fundamental à divulgação clara, organizada e
frequente pelos Tribunais de suas decisões judiciais:
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
[…]
§ 5oOs tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por questão jurídica decidida e
divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de computadores.
Art. 979. A instauração e o julgamento do incidente serão sucedidos da mais ampla e específica
divulgação e publicidade, por meio de registro eletrônico no Conselho Nacional de Justiça.
§ 1o Os tribunais manterão banco eletrônico de dados atualizados com informações específicas sobre
questões de direito submetidas ao incidente, comunicando-o imediatamente ao Conselho Nacional de
Justiça para inclusão no cadastro.
§ 2o Para possibilitar a identificação dos processos abrangidos pela decisão do incidente, o registro
eletrônico das teses jurídicas constantes do cadastro conterá, no mínimo, os fundamentos
determinantes da decisão e os dispositivos normativos a ela relacionados.
§ 3o Aplica-se o disposto neste artigo ao julgamento de recursos repetitivos e da repercussão geral em
recurso extraordinário.
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Obs.: Uma outra novidade do NCPC é a possibilidade das partes realizarem em comum acordo
ajustes/adequações no rito processual (adequação convencional do processo pelas partes).
! Pergunta-se: É possível o sigilo convencional (estipulado pelas partes)? Não! Se as partes querem sigilo, devem
se dirigir a árbitros, e não ao Judiciário propriamente dito, pela própria obrigação da proteção de terceiros. Isto
porque a publicidade não diz respeito unicamente às partes do processo, mas funciona como garantia a terceiros
estranhos ao processo.
* Resolução n. 143/2011 do CNJ.
E) IGUALDADE PROCESSUAL
Deriva do princípio da igualdade em seu sentido geral. Veja-se o que diz o NCPC acerca do tema, ao consagrar a
“paridade de armas”:
Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades
processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais,
competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Aspectos fundamentais para a concretização da igualdade no processo:
I) Igualdade perante o juiz, que serevela na imparcialidade do magistrado (equidistância das partes);
II) Garantia conferida às partes de acesso às mesmas informações;
III) Ausência de discriminação para o acesso à Justiça: em tese, todos podem demandar judicialmente, sem
prévia distinção legal. Há, todavia, impedimentos de caráter material, como os custos do litígio judicial
(impedimentos financeiros). Este problema é resolvido por meio de técnicas que minimizam as dificuldades de
acesso de pessoas carentes ao Judiciário, como a instauração da Defensoria Pública e a concessão da gratuidade
judiciária. Há também impedimentos geográficos. O NCPC reduz esta desigualdade com a possibilidade de
sustentação oral por meio de videoconferência. Os impedimento de comunicaçãosão visíveis diante dos
deficientes auditivos, visuais e de fala.Igualdade, portanto, é permitir que as pessoas vão ao Judiciário
paritariamente armadas.
F) EFICIÊNCIA
Consiste no mais novo princípio processual expresso. A Eficiência consiste na obtenção máxima de uma
finalidade com o mínimo de recursos possível. Também é eficiente quem consegue extrair de um meio a sua
máxima eficiência. Encontra-se intimamente relacionado à ideia de administração/gestão/gerenciamento. Um
processo eficiente é, portanto, um processo bem gerido/administrado.
Obs.1 – Eficiência x Efetividade: efetividade tem a ver com a obtenção de resultado/ propósito. É possível,
portanto, que um processo seja efetivo, ou seja, atinja o seu propósito, sem ser eficiente. * A recíproca, todavia,
não é verdadeira, de modo que um processo eficiente necessariamente será efetivo.
EFICIÊNCIA --- GESTÃO DOS MEIOS (como os atos processuais serão praticados)
Assim, um processo pode ser efetivo sem ser eficiente. Mas, ao ser eficiente (processo com boa gestão), ele,
necessariamente, será efetivo (resultado desejável).
Obs.2 – Eficiência x Economia processual: não há distinção, de modo que o princípio da eficiência é apenas o
“novo nome” do princípio da economia processual. Há dois motivos para tanto: 1) Razão metajurídica – a palavra
eficiência remete diretamente à ideia de administração/gestão (papel retórico). O CNJ é prova da tentativa de
melhorar a gestão de demandas judiciais pelo Judiciário. 2) Razão dogmática – chama-se de princípio da
eficiência por estar assim previsto expressamente no art. 37, caput, da CF/88.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
O princípio da eficiência tem dupla natureza:
Direito administrativo: impõe uma administração pública eficiente. Aplica-se ao judiciário? Com certeza. Tanto é
assim que esse é o grande papel do CNJ. Confirma a necessidade de se encarar a eficiência administrativa
também para o judiciário.
Direito processual: impõe que o juiz conduza o processo de forma eficiente. Está relacionado à gestão do
processo. Para ser eficiente deve ter o menor gasto possível e o melhor resultado possível. Essa é a nova visão:
juiz como gestor do processo (gerenciamento processual). O juiz deve se valer das técnicas de administração
gerencial. É uma mudança de postura. Ex.: um juiz percebe que uma perícia vai servir a várias causas; ele pode
determinar uma perícia única e dividir os custos pelas partes. Pela primeira vez previu-se infra-
constitucionalmente a dimensão processual do princípio; no NCPC:
Art. 8oAo aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum,
resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade,
a legalidade, a publicidade e a eficiência.
G) EFETIVIDADE
Decorrente do princípio do devido processo legal e da inafastabilidade. Processo efetivo é um processo que
realiza o direito material reconhecido pela decisão. Está relacionado, portanto, a resultado. Não possui previsão
constitucional expressa; ainda assim detém caráter constitucional em virtude da derivação do devido processo
legal. Isto se deve à má fama que possui a figura do credor no Brasil e do costume de se proteger excessivamente
o devedor. O desenvolvimento deste princípio ocorreu nos últimos 15 anos, em virtude da equiparação do
credor ao devedor. Ex.: bem de família é impenhorável e isso mitiga o direito à efetividade, em homenagem à
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dignidade da pessoa humana. Se um sujeito deve 500 mil e tem um bem de família no valor de 3 milhões, a
restrição aqui se torna abusiva. Deve, então, o magistrado, ponderando valores, proteger os dois direitos,
vendendo a casa de 3 milhões, saldando a dívida e comprando um bem mais barato.
O NCPC elencou primeira e expressamente este princípio no art. 4o:
Art. 4oAs partes têm direito de obter em prazo razoável a solução integral da lide, incluída a atividade
satisfativa.
H) ADEQUAÇÃO
Impõe que um processo, para ser considerado adequado, tem que ser devido. Não há previsão constitucional,
sendo a sua extração oriunda do devido processo legal. Todavia, questiona-se: O que é adequação? A doutrina
identifica três critérios/dimensões (complementares):
Adequação objetiva: É a adequação do processo ao seu objeto, àquilo que está sendo discutido em juízo. Por isso
que a execução de um cheque não é igual à execução de alimentos; ou seja, se o tipo de crédito é diferente, o
tratamento deve ser diferente. Por esta razão também é que quando o interesse é indisponível, a intervenção do
MP é obrigatória. Encontra-se intimamente relacionada à ideia de instrumentalidade do processo.
Adequação subjetiva: O processo tem que ser adequado aos sujeitos que vão se valer dele. O princípio da
adequação aqui se confunde com o princípio da igualdade no processo. Ex.: Por que a fazenda pública tem
prerrogativas processuais? Porque o MP tem que intervir quando o incapaz é parte? Por que os processos que
envolvem idosos têm prioridade? São formas de adequar o processo às peculiaridades dos sujeitos envolvidos.
Adequação teleológica: O processo deve ser adequado aos seus fins. Se o fim do processo é a execução, tem que
criar regras processuais adequadas à execução, evitando discussões desnecessárias nesta fase processual.
Obs. 1 – Quem está obrigado a adequar o processo? De quem é o dever de proceder à adequação do processo?
Indiscutivelmente cabe ao legislador criar as regras processuais gerais. Se o legislador cria regras inadequadas,
pode ser considerado inconstitucional, por infringir a adequação, corolário do devido processo legal. Para a
Segunda corrente: entende que há um poder geral de adequação, corolário do devido processo legal. Não vingou
durante a elaboração do NCPC. Apega-se ao fato de não haver proibição expressa nesse sentido (silêncio). Fredie
Didier é signatário deste entendimento, embora reconheça que a sua não inclusão expressa no NCPC enfraqueça
a corrente.
A adequação do processo pode receber outros nomes, como “elasticidade do processo”, “adaptabilidade do
processo” e “flexibilidade do processo”.
Adequação convencional: É a adequação do processo realizada pelas partes. O NCPC prevê um poder geral de
adequação convencional do processo. Há autorização genérica de as partes poderem ajustar o procedimento
atipicamente.
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente
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capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre
os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo,
recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em
que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
I) BOA-FÉ PROCESSUAL
A incidência do princípio da boa-fé no processo faz com que muitos autores falem não apenas em devido
processo legal, mas em devido processo leal. A boa-fé processual é conteúdo, portanto, do devido processo
legal.O NCPC previu o princípio da boa-fé expressamente em seu art. 5o, de modo semelhante aos CódigosCivis
Português e Suíço, destinando-se a todos os agentes processuais, partes, advogados, auxiliares da Justiça,
inclusive o juiz:
Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.
Há duas vertentes da boa-fé:
Subjetiva: Boa-fé subjetiva não é princípio, é um fato da vida. Suporte fático de alguns fatos jurídicos.
Objetiva: é uma norma, é o princípio aqui estudado. Não é correto falar princípio da boa-fé objetiva; ou é
princípio da boa-fé ou é boa-fé objetiva. Boa-fé objetiva é uma norma que impõe, portanto, condutas éticas,
leais, probas. Em nível constitucional é implícito.
Obs.1: O STF já relacionou a boa-fé objetiva e o devido processo legal. Disse o STF que o princípio da boa-fé é
conteúdo do devido processo legal.
Obs.2: O princípio da boa-fé se dirige a todos os sujeitos do processo, inclusive ao juiz. O princípio da boa-fé se
aplica a qualquer dos sujeitos processuais. Nesse sentido foi a decisão do STF no HC 101.132:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO INTERPOSTO ANTES DA PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO. CONHECIMENTO.
INSTRUMENTALISMO PROCESSUAL. PRECLUSÃO QUE NÃO PODE PREJUDICAR A PARTE QUE CONTRIBUI PARA A
CELERIDADE DO PROCESSO. BOA-FÉ EXIGIDA DO ESTADO-JUIZ.
Obs.3: O princípio da boa-fé decorre de uma cláusula geral. Sendo assim, sua concretização depende da
experiência forense. E como esse princípio se concretiza no processo? Doutrina alemã:
1ª concretização: o princípio da boa-fé processual impede o abuso de direitosprocessuais. Ou seja, esse princípio
torna ilícito o exercício abusivo de um direito processual.
2ª concretização: o exercício abusivo de um direito processual é considerado ilícito, graças à previsão contida no
art. 5o, do NCPC. O CC/2002, por sua vez, contém dispositivo que proíbe de forma genérica o abuso de direito:
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
*OUSESABER: Para que haja a condenação ao pagamento da indenização por litigância de má-fé, prevista no
art. 81 do novel CPC, é necessário que haja comprovação de prejuízo pela parte? NÃO! Esse é o entendimento
do STJ, que pode ser confirmado através do REsp 1133262-ES. Aliás, tal indenização tanto por ser pleiteada pela
parte quanto concedida de ofício pelo juiz.
*A indenização prevista no art. 18, caput e § 2º, do CPC 1973 (art. 81, caput e § 3º do CPC 2015) tem caráter
reparatório (ou indenizatório), decorrendo de um ato ilícito processual. Apesar disso, é desnecessária a
comprovação do prejuízo para que haja condenação ao pagamento da indenização prevista nesse dispositivo. Em
outras palavras, é desnecessária a comprovação de prejuízo para que haja condenação ao pagamento de
indenização por litigância de má-fé (art. 18, caput e § 2º, do CPC 1973 / art. 81, caput e § 3º do CPC 2015). STJ.
Corte Especial. EREsp 1.133.262-ES, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 3/6/2015 (Info 565).
*O dano processual não é pressuposto para a aplicação da multa por litigância de má-fé prevista no art. 18 do
CPC/1973 (art. 81 do CPC/2015). Trata-se de mera sanção processual, aplicável inclusive de ofício, e que não tem
por finalidade indenizar a parte adversa. STJ. 3ª Turma. REsp 1.628.065-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel.
p/acórdão Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 21/2/2017 (Info 601).
Obs.1: Desde o ano de 2010, com a edição da Resolução n. 125, pelo CNJ, vem-se tentando estimular a
autocomposição.
Obs.2: O NCPC, em diversos momentos, estimula a autocomposição, concretizando o princípio previsto. O
primeiro artigo a tratar do feito é o 3o:
Art. 3Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
[...]
§ 3oA conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser
estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no
curso do processo judicial.
Obs.3: Verificar a Nova Lei de Arbitragem.
Para o NCPC o que importa é a apreciação do mérito pelo magistrado; ou seja, a decisão de mérito é prioritária
em relação à decisão que não é de mérito.
Art. 4oAs partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa.
Direito à solução integral de mérito.
A autonomia da vontade rege as relações privadas, sendo princípio basilar do Direito Civil. Consiste, ademais,
em um dos aspectos/conteúdos/dimensões da liberdade. Poder de autorregular-se. No Direito Processual,
jamais falou-se em autonomia da vontade, ou autonomia da vontade no processo. Do contrário, havia quem
dissesse que a vontade das partes no processo seria irrelevante.
O NCPC, todavia, é totalmente estruturado, do início ao fim, ao respeito do autorregramento da vontade no
processo. Isto porque uma de suas premissas é a de que o processo, para ser considerado devido, não pode ser
um ambiente hostil para o exercício da liberdade. Em outras palavras, o processo devido, no âmbito do Estado
Democrático de Direito, tem de ser ambiente de exercício da liberdade sem restrições irrazoáveis ou
injustificáveis.
M) PROTEÇÃO DA CONFIANÇA
Desenvolveu-se na Europa, no âmbito do direito público; é novo no âmbito processual propriamente dito.
Nasceu como concretização do princípio da segurança jurídica. Alguns autores chegam a dizer que é a dimensão
subjetiva da segurança jurídica. É princípio que impõe a proteção de alguém que acreditou em um ato do Estado
e que depois viu sua crença ser frustrada por um ato do próprio Estado. Esse comportamento do Estado
desequilibra a segurança jurídica.
4CAIU no MPSP!
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- A doutrina lista quatro pressupostos para a aplicação da proteção da confiança:
Base da confiança: ato normativo estatal no qual se confia, se acredita. Pode ser uma lei, um ato administrativo,
ou seja, atos normativos em geral.
Obs.: Pode ser uma decisão judicial (precedente ou coisa julgada), porque o processo não deixa de ser um meio
de produção de atos que servem de base para a confiança. Não se analisa a validade do ato mas o seu grau de
aparência de legitimidade.
A confiança na base/no ato: além do ato acima mencionado, é preciso que o sujeito tenha acreditado/confiado
na idoneidade do ato.
Exercício da confiança: Além de ter acreditado no ato, vocêse comportou de acordo com essa crença, pautou
suas condutas nesta crença.
Frustração da confiança por ato do Poder Público.
- O processo é um meio de produção de normas jurídicas, individualizadas (caso concreto) e gerais
(precedentes), que podem servir de base de confiança. A decisão judicial enquanto norma é base confiável em
razão do contraditório e da coisa julgada. No âmbito do processo, três concretizações são muito claras e
merecem registro.
O NCPC estatui, organiza, um sistema da precedentes obrigatórios, operando a proteção da confiança em três
aspectos:
Os tribunais passam a ter o dever de uniformizar a sua jurisprudência;
Os tribunais tem o dever de, mediante a alteração da jurisprudência, resguardar a confiança de quem acreditava
em um entendimento que, até então, era pacífico;
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
[...]
§ 4oA modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em
julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e específica,
considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia.
É a mais sofisticada: em qualquer decisão em que haja uma quebra da estabilidade de um ato normativo (base
de confiança longeva), poderia o julgador criar (veja que o julgador cria) regras de transição entre a posição
anterior e a nova – Período de transição. Justiça de transição. Transição paulatina entre as posições. Um
exemplo claro disso é o julgamento da demarcação da reserva indígena da Raposa Serra do Sol, no qual o STF
criou 18 regras de transição.
Ordem Cronológica dos Processos: Pela redação original do CPC, os magistrados e as Cortes deveriam julgar
seguindo a ordem cronológica - só poderiam julgar os casos mais novos após os mais antigos, acabando com as
chamadas preferências dadas pelos julgadores sem considerar o critério temporal. Criou uma obrigação de os
juízes e os Tribunais seguirem necessariamente a ordem cronológica dos processos. NCPC, Art. 12. Art. 12. Os
juízes e os tribunais deverão obedecer à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão
(redação original).
- Mudança Legislativa pela Lei 13.256/16: Não haverá mais a obrigatoriedade dos julgamentos em ordem
cronológica. Isso porque, o texto agora determina que a ordem de chegada deve ser seguida
“preferencialmente”. Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de
conclusão para proferir sentença ou acórdão.
- A modificação retira a obrigatoriedade do julgamento por ordem cronológica de conclusão. Trata agora de uma
possibilidade. A ordem cronológica não poderia resolver todos os problemas da morosidade do Judiciário, mas
era uma regra transparente, inclusive com a publicação da pauta. A via crucis de obtenção de sentenças vai
continuar para os advogados.
P) PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO
Com o advento do NCPC, passou a contar com previsão expressa:
Art. 6oTodos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão
de mérito justa e efetiva.
Todos os sujeitos do processo estão sujeitos ao princípio da Cooperação. O art. 6o, NCPC, detém clara inspiração
no Código Português.
Tradicionalmente, a doutrina visualizava a existência de dois modelos de processo:
a) Modelo Adversarial: neste modelo, o processo é organizado de modo a ser conduzido pelas partes, sendo
estas as suas grandes protagonistas. O papel do juiz, portanto, na organização do processo, é de fiscal e julgador.
O processo, nesse modelo, é visto como um duelo entre adversários, em verdadeira concepção esportista.O juiz
enquanto “convidado de pedra”. Encontra-se relacionado este modelo aos processos do common law, à ideia de
liberalismo e a ambientes democráticos.
Na opinião de Didier, é exagero relacionar a democracia ao modelo adversarial, posto que países como a
Alemanha utilizam-seda democracia em parceria com modelo diverso, o inquisitorial.
Relação com o princípio dispositivo: o processo deve ser regido por princípio dispositivo, segundo o qual a
proeminência do processo pertence às partes, ou seja, fica à disposição destas.
! Referência, portanto, ao princípio dispositivo em prova de concurso, indica supressão de poder do juiz e
atribuição às partes.
b) Modelo Inquisitorial: o protagonismo pertence ao juiz, e não às partes, garantindo a ele poderes além da
fiscalização e julgamento. Ex.: produção de prova de ofício, execução de decisão de ofício, dentre outros. Este
modelo encontra-se relacionado aos países de civil law(tradição européias). Alguns autores o relacionam a
modelo autoritário de processo.
Sempre que se visualizar a existência de regra de atribuição de poderes ao juiz que vão além da fiscalização e do
julgamento, há incidência do princípio inquisitivo. Ex.: casos de remessa necessária (independem da interferência
das partes).
O princípio da decisão informada está previsto no art. 166, "caput", do NCPC e aplica-se à conciliação e à
mediação.
Segundo Daniel Amorim Neves, o referido princípio "cria o dever ao conciliador e ao mediador de manter
o jurisdicionado plenamente informado quanto aos seus direitos e ao contexto fático no qual está inserido".
Assim, é uma forma de permitir que as partes celebrem acordos tendo plena ciência do ato que estão praticando.
REGIME JURÍDICO UNIFORME PARA TODAS AS CARREIRAS DOS PRAZOS PROCESSUAIS #OUSESABER
#PROCURADORIAS #DEFENSORIA #MP #MAGISTRATURA
Segundo Leonardo Carneiro, em sua obra A Fazenda Pública em Juízo, o NCPC previu um regime jurídico
uniforme para todas as carreiras no que tange aos prazos processuais.
Isso se deve ao fato de que a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas
autarquias e fundações gozam de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais (CPC, art. 183).
De igual modo, o Ministério Público. (CPC, art. 180) e a Defensoria Pública (CPC, art. 186) gozam de prazo em
dobro para todas as suas manifestações processuais.
iEste material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas, referências e trechos de doutrina, informativos de
jurisprudência, enunciados de súmulas, artigos de lei, anotações oriundas de questões, entre outros, além de estar em constante processo
de atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos R3.