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Teoria do Direito – 2° Bimestre

Livro Teoria Geral do Direito – Noberto Bobbio

TEORIA DA NORMA JURÍDICA

Existem relações sociais e relações sociais mais importantes que se tornam relações jurídicas.

Relação jurídica = relação social + norma jurídica.

Direito faz um corte na sociedade separando essas normas.

Critérios que podem ser usados para avaliar uma norma: justiça, validade e eficácia.

Uma norma justa, mas que não é válida: lei seca,

Uma norma válida, mas não é justa: imunidade tributária para instituições religiosas, foro
privilegiado, imunidade parlamentar, escravidão (quando permitida)

Uma norma válida, mas que não é eficaz: proibição de drogas, limite de velocidade, proibição
de bebida alcoólica e cigarro para menores de idade.

Uma norma eficaz, mas que não é justa: mimos dos juízes, estar.

Uma norma eficaz, mas que não é válida: normas sociais.

Uma norma eficaz, mas injusta e inválida (não é norma jurídica): toque de recolher em
determinados lugares, estatuto do PCC.

Diferença entre norma jurídica x norma social/ética/cultural: uma norma jurídica sempre deve
apresentar algum tipo de sanção externa e institucionalizada.

Há algumas normas sociais que observamos mais que várias normas jurídicas.

Elementos básicos das normas jurídicas:

 Hipótese normativa/previsão: descrição fática, direito é também uma prescrição, você


deve cumprir com o que está previsto.
 Efeito jurídico: consequência/estatuição,

Ex: art. 121 do código penal: no caput está matar alguém (hipótese normativa), pena –
reclusão de seis a vinte anos (efeito jurídico).

Ex: direito tributário: IPTU, ser proprietário de um imóvel urbano (hipótese normativa),
pagar o IPTU (efeito jurídico).

Ex: IPVA, ser proprietário de veículo automotor (hipótese normativa), pagar o IPVA (efeito
jurídico).

O princípio do não confisco de uma tributação: dependendo do bem deve haver um limite
de impostos a serem cobrados para que não prejudique o proprietário do bem, está
relacionado com o respeito à dignidade.

Características das normas jurídicas:

 Generalidade: todos devem obedecer, não há exceções


 Abstração: é uma regra
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Contratos feitos por duas ou três partes é um exemplo de norma individual, que vale apenas
para as partes, além de ser concreta. Uma decisão judicial em um caso concreto, não é geral e
nem abstrata, a decisão vale apenas para os envolvidos.

 Bilateralidade: a relação deve ser no mínimo entre duas partes, uma que manda e
outra que deve obedecer.

ESTRUTURA DO ORDENAMENTO JURÍDICO CONTEMPORÂNEO

O ordenamento jurídico contemporâneo não é só feito de normas primárias, como também de


normas secundárias (normas sobre as normas. Atualmente, o sistema é complexo não pelas
normas primárias e sim, pela quantidade de normas secundárias.

Normas primárias ditam condutas/ações/comportamentos. O que pode ou não fazer.

Normas secundárias ditam competências/procedimentos. É o que dita o que é válido ou não.


Normas sobre normas.

Quando eu aplico o código do consumidor: o consumidor tem que ser o destinatário final e o
fornecedor deve ser o fornecedor habitual daquele produto.

A norma secundária é aquela que diz quando eu devo aplicar o código civil ou código de
direitos do consumidor em um exemplo de compra e venda.

Preciso de uma norma secundária para saber qual norma primária eu devo aplicar em cada
caso.

10 mandamentos são normas primárias. O fato de serem definidos como apenas 10, é uma
norma de reconhecimento, afirmando que são 10 e ponto.

Segundo Hart, quais são os principais problemas de uma sociedade que obedece apenas a
normas primárias? Incerteza (o que deve ou não ser aplicado em cada caso); Caráter estático
das normas ou a imobilidade das normas (se não tenho uma regra secundária que autorize a
possibilidade de mudança de uma norma ou ordenamento, tenho o congelamento das
normas); Ineficácia (se não temos uma sanção definida, deixa de ser norma e se torna
recomendação, não sendo eficaz).

Para cada problema citado acima, há uma norma secundária para resolvê-los.

Norma de reconhecimento: é a que estabelece quais normas serão aplicadas naquele caso ou
naquela comunidade.

Normas de alteração: são as que permitem que o ordenamento seja alterado.

Normas de julgamento: são aquelas que estabelecem como é que uma norma primária é
levada a autoridade competente e como voltarão para as pessoas. Quem é a autoridade que
vai aplicar a pena/sanção. São aquelas que dizem que as normas primárias deverão ser
observadas e que caso não sejam, terão uma sanção.

Como exemplo da nossa constituição, existem as emendas constitucionais que são alterações
que podem ser feitas na constituição, entretanto há cláusulas pétreas que são as normas que
não podem ser alteradas.
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FONTES DO DIREITO

Num país de civil law, a lei é a principal fonte de direito.

Num país de common law, os costumes são a fonte de direito (costumes que são baseados na
jurisprudência, em precedentes).

Direito internacional e jurisprudência também, são fontes.

Doutrinas.

TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO

Bobbio e Kelsen

É necessário entender o direito como um ordenamento e não somente como norma. Bobbio
afirmava que direito é um conjunto de normas e que não é possível haver um ordenamento
com uma única norma, mas vamos além disso. No período contemporâneo, fica explícito que
temos várias finalidades da lei que a tornam complexa.

Por exemplo, o código civil francês de 1804, após a revolução francesa a burguesia estabelece
um direito que foi a propriedade – um dos conceitos protegidos pelos burgueses, a ferramenta
para adquirir propriedade é o contrato ditado pelo código, o outro ponto fundamental é a
família, através do casamento, esses são os 3 pilares fundamentais do direito civil francês de
1804. Contratos: direito das obrigações. Família: direito de família e das sucessões. Código
francês consagra a ideia de relação jurídica. Propriedade estrutura o direito civil.

A separação do direito civil geral e real é feita no bgb (código alemão de 1900). Se torna parte
geral e especial: obrigações – reais – família – sucessões (entre morte e herdeiros). E a parte
geral: são a parte básica do direito, geral, comum, é baseada na relação jurídica. As partes
gerais são a relação jurídica geral no mundo jurídico civil, e as partes especiais são as relações
jurídicas específicas.

Nosso código é muito baseado no conteúdo do código civil francês e na forma do código civil
alemão. Todo o direito se dá por uma relação. O ordenamento é conhecer todo o direito, pois
uma parte é vinculada a outra.

- Direito como conjunto de normas jurídicas:

- Características:

 Unidade: tem que ter um princípio unificador. Como transformo um conjunto


de normas em um ordenamento? Há ordenamentos jurídicos simples e
complexos, os simples são os que possuem apenas uma fonte de direito (em
uma monarquia absolutista quem emite o direito é somente o rei), os
complexos são os que possuem diversas fontes de direito (mesmo governos
ditatoriais possuem mais de uma fonte de direito). Há fontes reconhecidas
(fenômeno da recepção) e fontes delegadas (fenômeno da delegação), da
recepção temos o princípio de que um ordenamento hoje nunca nasce do zero,
se a norma for anterior à cf de 88 e for coerente vou dizer que ela é
recepcionada, normas produzidas depois de 88 e que estejam de acordo com a
cf, vou dizer que ela é constitucional (ex. na independência, as leis portuguesas
não foram ignoradas e sim, foi feito um filtro para ver quais eram compatíveis
com o momento e com a realidade brasileira, mas houve um juízo de recepção,
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para saber se estavam de acordo com as leis presentes aqui). Estrutura


escalonada, norma hierarquicamente superior. Toda a legislação tem que estar
de acordo com a norma fundamental (para nós é a constituição).
 Coerência: não dá para ter a norma que diz sim e a norma que diz não ao
mesmo tempo, não dá para ter contradição. Sistematicidade do ordenamento,
que deve compor um sistema organizado. Condições para que existam
antinomias/contradições: as normas devem pertencer ao mesmo sistema
jurídico (não posso comparar as leis dos Estados Unidos com as do Brasil); as
normas incompatíveis devem ter o mesmo âmbito de validade. Regras para
resolver o problema das antinomias: critério hierárquico (norma superior
revoga norma inferior contraditória, se temos uma lei de acordo com a
constituição e depois surge um decreto que discorde dessa lei, a lei anula o
decreto pois a lei é constitucional e se o decreto vai contra o que está escrito
nela, muito provavelmente o decreto será revogado, considerado ilegal,
inconstitucional. As leis que estão abaixo da constituição se submetem a ela);
critério cronológico (a norma posterior revoga a norma anterior, a norma
posterior deve ter a mesma hierarquia ou possuir uma hierarquia superior, já
que se estiver abaixo da norma que estava em vigor, não deveria ser
considerada lei pois seria inconstitucional); critério da especialidade (norma
especial não revoga, mas afasta a norma geral, ex. o código civil é da igualdade
formal – todos são iguais perante a lei, o código do consumidor possui uma
igualdade material – eu desigualo para conseguir aplicar/ outro exemplo:
antigamente, morte de mulheres era considerado homicídio, hoje é
considerado feminicídio, a norma especial afasta a geral). Quando há choque
entre normas hierarquicamente iguais, por exemplo entre duas normas que
estão na constituição, deve se aplicar critério da ponderação, ou seja, precisa
buscar a melhor norma que equilibra o conflito.
 Completude: deve ter ao menos pretensão de completude. PEGAR RESUMO.

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