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DIR 250 – RESUMOS MONITORIA

INTRODUÇÃO AO DIREITO E À LEGISLAÇÃO

Prof.: Dr. Felipe Comarela Milanez

Monitora: Luana Carolina Silva

ATENÇÃO: As ideias trazidas neste resumo são produtos das reflexões do professor
Felipe Comarela e de suas aulas, organizadas sob a forma de texto pela monitora. Sob
hipótese alguma deve ser compartilhado sem autorização, sob pena de violação de direitos
autorais.

TÓPICO 1 – ITEM B.1

ACEPÇÕES DA PALAVRA DIREITO

Ciência do Direito: setor do conhecimento humano que investiga, analisa e sistematiza


os conhecimentos jurídicos.

Direito como ordenamento jurídico: conjunto de normas vigentes, oriundas das mais
diversas fontes, organizadas de maneira harmônica e coerente.

Direito Positivo: é o direito institucionalizado, imposto pelo Estado, aquele que está
vigente no momento.

Direito Objetivo: aquilo que é definido em um texto normativo.

Direito subjetivo: possibilidade ou poder de agir que a ordem jurídica garante a alguém.
Quando surge um direito para mim, surge também um dever para outrem.

EXEMPLO PRÁTICO DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO:

Direito objetivo: Art. 10, Código de Defesa do Consumidor. O fornecedor não poderá
colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar
alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.

Direito subjetivo que surge com a existência do direito objetivo supracitado: o


consumidor lesado por produto nocivo a saúde tem o direito de exigir do fornecedor a
reparação do dano (dever). Surge um direito para o consumidor e um dever para o
fornecedor.

CONCLUSÃO: Não são acepções excludentes, podem ser utilizadas conjuntamente.


NORMA JURÍDICA

O Direito objetivo é consubstanciado na norma jurídica.

Definição: é o instrumento que define a conduta exigida por um Poder (Estado), em vista
da imposição de um modelo de organização social.

Esquema lógico da norma jurídica:

Se A é B, deve ser, sob pena de S.

O Direito cria um balizador do comportamento social, cabendo ao indivíduo escolher se


irá cumprir ou não a norma, porém, o descumprimento implica em sanção.

Nesse sentido, o esquema lógico traz a seguinte mensagem: se um comportamento (A) é


uma norma jurídica (B), então A é um dever ser, ou seja, é esperado que se cumpra com
aquela disposição, caso contrário, será aplicada uma penalidade (S).

Destinatários das normas jurídicas

 Imediatos: todas as pessoas físicas ou jurídicas (capazes e incapazes);


 Mediatos: Tribunais, órgãos estatais e organismos internacionais, quando a
norma jurídica é destinada a eles, há uma provocação para que eles exprimam
alguma ação.

Características

1) Bilateralidade: a norma jurídica estabelece direitos e deveres. Característica


relacionada com a alteridade do Direito, não é possível que haja norma jurídica
unilateral, pois, se a norma é um comando, é um comando de alguém emitido para
outra pessoa.

Sujeito ativo (titular de um direito subjetivo)

Sujeito passivo (detentor do dever jurídico)

2) Generalidade: todos são destinatários da norma, não há distinção – Todos são


iguais perante a lei.
3) Abstratividade: a norma jurídica deve ser capaz de abarcar o maior número
possível de situações. É impossível prever todos os tipos de desdobramentos que
uma mesma situação pode vir a ter.

Exemplo:

Norma abstrata: Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Hipóteses concretas: matar alguém com arma de fogo ou matar alguém por
envenenamento. Ambas as situações se enquadram na mesma norma, devido a sua
abstração, se assim não fosse, poderia ser que matar alguém com arma de fogo se
caracterizasse como crime e matar alguém por envenenamento não.

4) Imperatividade: imposição de uma vontade, um querer alheio, posto pelo Estado.


5) Coercibilidade: possui um duplo conteúdo, psicológico (primário) e material
(secundário).

Na hipótese da coercibilidade psicológica, trata-se da existência de uma percepção de


que, caso praticado um ato ilícito, será aplicada uma norma – possibilidade do uso da
força.

Por outro lado, a coação é uma medida punitiva/negativa para hipóteses de violação da
norma, é aplicada uma força para que haja o cumprimento efetivo da norma.

Classificação das normas

1) Quanto ao âmbito de validade

Normas de direito comum: normas federais, alcançam todo o território brasileiro.

Normas de direito particular: normas estaduais (Estados), normas distritais (Distrito


Federal) e normas municipais (Municípios), nesse caso, as normas têm validade nos
respectivos territórios do ente que as editou.

PRINCÍPIO DA PREPONDERÂNCIA DE INTERESSES: distribuição das normas a


partir do interesse em sua criação.

 Interesse geral: comum a todos os brasileiros, como é o caso das normas federais.
 Interesse regional e local: cada região ou local pode possuir particularidades
diferentes, nesse caso, é facultado ao ente legislador, de acordo com as suas
especificidades, criar normatizações que se adequam melhor a sua realidade,
como é o caso das normas estaduais, distritais e municipais.

Norma Norma Norma Norma


Federal Estadual distrital Municipal
Interesse Geral Regional Regional + Local
local
Âmbito de Brasil Estado que a Distrito Município que a
aplicação editou Federal criou

Obs.: Não podem haver normas conflituosas.

A Constituição delimita a competência de cada ente para legislar sobre determinados


assuntos, buscando evitar conflitos, nesse caso, existem as normas de competências
privativas, na qual o ente pode exercê-la ou delegar para outro ente. Porém, existem as
normas de competência exclusiva, que não admitem delegação para outro ente.

Por outro lado, existem as normas que são de competência comum a todos os entes, nesse
caso, adota-se uma organização por hierarquia e os entes podem legislar de forma
concorrente. A norma federal não pode ser contrariada por uma norma estadual que não
pode ser contrariada por uma norma municipal.

Competência comum Competência privativa Competência exclusiva


Pode ser exercida por todos É especifica de um ente, É exercida por um ente,
os entes da federação, até mas admite delegação para excluindo os demais.
mesmo simultaneamente. outro.
Art. 23, CF: É Art. 22, CF: Compete Art. 21, CF: Compete à
competência comum da privativamente à União União:
União, dos Estados, do legislar sobre: II - declarar a guerra e
Distrito Federal e dos I - Direito civil, comercial, celebrar a paz;
Municípios: penal, processual, eleitoral,
VI - Proteger o meio agrário, marítimo,
ambiente e combater a aeronáutico, espacial e do
poluição em qualquer de trabalho;
suas formas;
2) Quanto a aplicabilidade

Autoaplicáveis: não demandam outras informações legislativas

Não autoaplicáveis: dependentes de regulamentação.

Não autoaplicável (eficácia limitada) Autoaplicável (eficácia plena)

Art. 146, CF: Cabe à lei complementar: Art. 2º, CF: São Poderes da União,
I - dispor sobre conflitos de competência, independentes e harmônicos entre si, o
em matéria tributária, entre a União, os Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Estados, o Distrito Federal e os
Municípios;

3) Quanto ao sistema (jurídico) a que pertence:

Nacionais: normas criadas por órgãos legislativos do Estado Brasileiro.

Estrangeiras: normas criadas por órgãos legislativos de Estados estrangeiros, mas que
podem ser aplicadas a brasileiros dependendo do caso. Ex.: não se aplica o direito do
consumidor brasileiro para compras realizadas em sites chineses.

Direito Uniforme: são as normas estabelecidas entre países por meio de tratados
internacionais.

4) Quanto à influência da vontade das partes:

Taxativas ou cogentes: limitam a autonomia individual, ou seja, em algumas


situações o indivíduo não pode escolher a norma que será aplicada, mesmo no
contrato. Ex.: normas de ordem pública ou interesses sociais.

Dispositivas: aquelas em que o Estado prevê o padrão comportamental esperado,


porém, autoriza que as vontades das partes alterem a aplicabilidade da norma.

Ex.: Por lei, quem paga impostos sobre o imóvel é o proprietário, porém, é possível
que o locador transfira, contratualmente, o dever de pagamento para o locatário.

5) Quanto a hierarquia

PIRÂMIDE DE KELSEN

(Provável questão de prova)


Kelsen organizou a hierarquia das normas em formato de pirâmide, esse autor acreditava
na existência de uma norma fundamental, que era base de elaboração para todas as
demais. Nesse sentido, a norma fundamental é a Constituição, pela qual todas as demais
normativas devem ser fundamentadas.

 Normas constitucionais: norma de hierarquia mais alta, fonte e fundamento de


todas as outras normas, ou seja, não pode ser contrariada por nenhuma outra
norma vigente no ordenamento jurídico brasileiro.

Por que a Constituição é a norma de hierarquia mais elevada? (Provável questão de


prova)

Está relacionada com a forma pela qual é originada. Por exemplo:

Normas constitucionais primárias: A Constituição é criada por um órgão chamada


Assembleia Nacional Constituinte, composta por deputados e senadores escolhidas pela
sociedade exclusivamente para este fim, que possuirão poder constituinte originário, ou
seja, poderão apagar todas as outras normas e começar uma Constituição do zero.

Geralmente novas Constituições são criadas a partir de quebras de paradigmas, quando


há uma ruptura com a ordem até então vigente, como é o caso da Assembleia Constituinte
de 1988, que se orientou pela quebra de paradigma do Estado brasileiro autoritário para
um democrático.

Normas constitucionais secundárias: são alterações das normas constitucionais, por


procedimento especifico, realizadas por senadores e deputados em mandatos normais
(Poder constituinte derivado). Essas alterações só podem acontecer respeitando as
chamadas cláusulas pétreas, que estabelecem normas e garantias fundamentais, em
virtude da autonomia que a Assembleia Nacional Constituinte, dotada de poder
originário, teve para ditar as normas exigidas pelo povo.
Proposição de emenda constitucional

 1/3 dos membros da câmara de deputados;


 1/3 dos membros dos membros do Senado Federal;
 50% +1 das Assembleias Legislativas dos Estados (maioria dos deputados
estaduais);

Quórum de aprovação: 3/5 dos votos dos membros do Senado e da Câmara em duas
votações.

Obs.: É importante ressaltar que os deputados e senadores dos mandatos dotados de poder
constituinte derivado não tem legitimidade, oferecida pelo povo, para criar uma nova
Constituição, somente para realizar emendas respeitando preceitos fundamentais.

DICA: quanto mais rigor para criação e alteração de uma norma, maior a sua
hierarquia.

 Normas completares: como o próprio nome já diz, são normas que


complementam algo, nesse caso a Constituição, relacionadas com as normas de
eficácia limitada. Ex.: Código Tributário Nacional.

Proposição de Lei complementar

 Membro ou comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do


Congresso Nacional;
 Supremo Tribunal Federal;
 Tribunais Superiores;
 Procurador-Geral da República;
 Cidadãos;

Quórum de aprovação: maioria absoluta dos membros de cada casa.

 Normas ordinárias: Tratam de assuntos corriqueiros que não têm relação com a
complementação de normas constitucionais. Ex.: Lei de locações.

Proposição de Lei Ordinária

 Membro ou comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do


Congresso Nacional;
 Supremo Tribunal Federal;
 Tribunais Superiores;
 Procurador-Geral da República;
 Presidente;
 Cidadãos;

Quórum de aprovação: Maioria dos votos favoráveis dos parlamentares presentes na


sessão, porém existe um quórum mínimo para deliberação – 257 deputados.

Obs.: MEDIDA PROVISÓRIA – não é uma lei ordinária, mas tem força de lei,
obtendo a mesma hierarquia da Lei Ordinária.

Proposição: presidente.

Motivação: medidas provisórias são criadas por motivos de relevância e urgência, pelo
Presidente da República. As medidas provisórias já são criadas surtindo efeitos, pois seria
demasiadamente moroso, em uma situação de urgência, ser necessário a reunião de
deputados, deliberação, votação, etc. Assim, o Presidente cria a MP que já surte efeitos,
tendo validade de 60 dias, podendo ser prorrogada por mais 60 dias.

Porém, a competência de legislar é do poder legislativo, por isso, há um prazo de 45 dias


para que o legislativo inicie o procedimento de apreciação do conteúdo da MP, podendo
aprová-la ou não. Se porventura, o legislativo não apreciar o conteúdo da MP dentro dos
referidos 45 dias, ela trava todas as discussões do congresso até que ela seja votada.

Uma vez expirado os 60 dias, sem a aprovação do legislativo, a MP perde a validade e


não pode ser editada novamente.

Quórum de aprovação: o mesmo das Leis Ordinárias.

VETO PRESIDENCIAL: o presidente tem poder de veto das leis advindas do


legislativo, logo, o legislativo por ser o representante do povo e dos Estados, tem a
prerrogativa de derrubar o veto presidencial, por meio do quórum de maioria absoluta dos
membros das duas casas (247 deputados e 41 Senadores).

 Normas regulamentares: têm por intuito regulamentar a aplicação de um


conteúdo previsto em lei, mas não podem trazer inovações, ficam restritos ao que
dispõe a lei que estão regulamentando.

Ex.: Decretos, Portarias, Instruções Normativas, etc.


A) Decretos Executivos: tem por função operacionalizar a aplicação da lei e são
emitidos pelo chefe do executivo.
B) Demais resoluções: são hierarquicamente abaixo dos decretos, utilizadas para
regulamentar funcionamento de órgãos.

IMPORTANTE: abaixo de todas essas normatizações, estão as normas de autonomia


privada, criada pelas próprias partes de uma relação jurídica. Nesse caso, uma convenção
particular, não pode alterar a determinação de uma norma emitida pelo Poder Público.
Ex.: Contratos, Estatutos Sociais, Contratos Sociais, etc.

Possibilidade
Norma Quem pode propor Quórum de veto
presidencial
1/3 dos membros da câmara de 3/5 dos votos dos
deputados; 1/3 dos membros dos membros do Senado e
membros do Senado Federal; 50% da Câmara em duas
Emenda +1 das Assembleias Legislativas votações.
Constitucional dos Estados (maioria dos Não
deputados estaduais);

Membro ou comissão da Câmara Maioria absoluta dos


dos Deputados, do Senado Federal membros de cada casa.
ou do Congresso Nacional;
Lei Complementar Supremo Tribunal Federal; Sim
Tribunais Superiores; Procurador-
Geral da República; Cidadãos;

Membro ou comissão da Câmara Maioria dos votos


dos Deputados, do Senado Federal favoráveis dos
ou do Congresso Nacional; parlamentares
Lei Ordinária Supremo Tribunal Federal; presentes na sessão, Sim
Tribunais Superiores; Procurador- porém existe um
Geral da República; Presidente; quórum mínimo para
Cidadãos; deliberação – 257
deputados.

Maioria dos votos


favoráveis dos
parlamentares Sim (após
Medida provisória Presidente presentes na sessão, avaliação do
porém existe um legislativo.
quórum mínimo para
deliberação – 257
deputados.

ATRIBUTOS DA NORMA JURÍDICA

É possível que nem todas as normas contenham todos os atributos que serão citados.

1) Validade: qualidade de integrar um determinado ordenamento jurídico.


ASPECTOS DA VALIDADE
Formal Procedimento de proposição e aprovação (elaboração).
Material Adequação e coerência de seu conteúdo em relação às normas
superiores.

O aspecto material está relacionado com o conteúdo da norma, se era de competência


daquele ente legislar sobre o assunto e se está em conformidade com as normas
superiores. Ex. de invalidade material é a inconstitucionalidade de uma norma.

2) Vigência: tempo de validade – é quando a norma preenche os pressupostos


formais de criação e se impõe aos destinatários.

Entrar em vigor: força vinculante da norma – quando a norma passa a surtir efeitos.

 Regra: vacatio legis – prazo de 45 dias após a publicação da norma para entrar
em vigor.
 Exceção: a própria lei predetermina um prazo maior ou menor que os 45 dias
habituais para entrar em vigor, ou seja, é necessária uma disposição expressa.

Para uma lei deixar de ser vigente é necessário que uma lei posterior a revogue ou que
ela mesma contenha um prazo de validade.

3) Efetividade: a norma é efetiva quando os seus destinatários a respeitam, sejam os


destinatários imediatos (pessoas) ou aplicadores do direito (mediatos).
4) Eficácia: quando a norma alcança os fins esperados pela a sua criação.

DICA: é possível que uma norma tenha validade, mas não tenha vigência, tenha
vigor, mas não efetividade, bem como tenha efetividade e não tenha eficácia. Mas o
contrário não é possível, como uma norma ter eficácia e não ter efetividade.

OBSERVAÇÃO: O RESUMO VISA AUXILIAR NO PROCESSO DE ESTUDO E


NÃO EXCLUI A NECESSIDADE DE LEITURA DA BIBLIOGRAFIA BÁSICA.

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