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FACULDADE JOAO PAULO II

TEORIA GERAL DO DIREITO


PROF. DRA. CAMILE SERRAGGIO GIRELLI
SUMÁRIO
Apresentação
Contatos
Plano de Ensino
Aula Introdutória
APRESENTAÇÃO
Advogada há 14 anos;

Escritora;

Professora universitária há 05 anos;

Doutora em Direito pela Universidade do


Rio dos Sinos - UNISINOS. Mestra em
Direito pela Universidade de Passo Fundo -
UPF. Pós-Graduada em Direito Processual
Civil pela Universidade Anhanguera-
Uniderp.
CONTATO

(51) 9.9903.3383
camilegirelli@outlook.com
@camilegirelli
PLANO DE ENSINO
Datas importantes:
Primeira Avaliação: 24/04/2024
Segunda Avaliação: 26/06/2024
Prova de Recuperação/Substituição: 03/07/2024
Exame Final: 10/07/2024
Bibliografia
MONNERAT, F. V. D. F. Introdução ao Estudo do Direito Processual Civil. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2022. E-
book. Disponível em: https://bibliotecadigital.saraivaeducacao.com.br/books/794301
MACIEL, J. F. R.; MADEU, D. Direito Vivo - Introdução ao Estudo e à Teoria Geral do Direito. São Paulo:
Saraiva, 2015. E-book. Disponível em: https://bibliotecadigital.saraivaeducacao.com.br/books/580548
JÚNIOR, M. R. Filosofia do Direito. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2022. E-book. Disponível em:
https://bibliotecadigital.saraivaeducacao.com.br/books/600232
Observação: podem ser indicadas outras obras ao longo do semestre.
AULA
Teoria Geral do Direito e Inovação Jurídica
O que é o Direito?
Do que o Direito precisa para existir?

INTRODUTÓRIA
Quantos atos jurídicos você praticou hoje?
Por que as leis são tão difíceis de entender?
Quais as esferas do Direito?
Quais os Poderes do Estado?
Teoria Geral do Direito e
Inovação Jurídica
A Teoria Geral do Direito é uma disciplina que se dedica à análise
dos conceitos jurídicos fundamentais que são comuns aos diferentes
sistemas jurídicos ou ramos do direito. Isto é, ela busca estudar o
ordenamento jurídico em sua totalidade, a partir da observação dos
vários sistemas jurídicos, definindo, assim, os grandes eixos de
construção e aplicação do direito.
A Teoria Geral do Direito é uma linguagem científica que tenta
explicar a linguagem jurídica sobre as diferentes formas de
manifestação do direito. É uma forma de “simplificar” a linguagem
jurídica dentro de sua complexidade e buscar a sua “generalização” a
fim de explicá-la teoricamente.
Direito: abstrações - conceitos - materialização - clareza
escuta atenta;
leituras;
Imprescindível: criatividade;
debates;
introspecção.
O que é o Direito?
“O Direito é um conjunto de normas de conduta social, imposto
coercitivamente pelo Estado, para a realização da segurança segundo
os critérios de justiça.”
“O Direito é um conjunto de normas de conduta social (...)”
O que são normas? As normas são regulamentos que definem quais são
os comportamentos que são admitidos socialmente, quais são os limites
das liberdades, as normas impõem penas, proibições que traçam uma
linha divisória que diferenciam o lícito do ilícito.
Além disso, as normas garantem direitos e impõe deveres aos cidadãos
e aos órgãos de Estado.
Estado este que também é organizado a partir das normas e só pode
atuar com base no que elas permitem, diferentemente dos cidadãos, os
quais podem fazer tudo que a lei não veta.
“O Direito é um conjunto de normas de conduta social,
imposto coercitivamente pelo Estado, (...)”
Coercitivamente, imposto através de constrangimento,
imposição, coibição, força, opressão, pressão. Ou seja, o estado,
por meio do Poder Legislativo, faz as leis, das quais todos nós
temos que conhecer e obedecer, devemos ajustar a nossa
conduta ao que diz a lei, caso contrário, seremos processados e
julgados pelo Poder Judiciário.
Para poder controlar os interesses jurídico da nação, o Estado se
divide em 3 poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário, cada
um com suas funções.
“O Direito é um conjunto de normas de conduta social, imposto coercitivamente pelo
Estado, para a realização da segurança segundo os critérios de justiça.”
Isso significa que o Direito é um instrumento de bem estar da sociedade, sendo sua
função final a garantia da justiça e para garantir a justiça é necessário que haja
segurança jurídica.

Segurança jurídica nada mais é do que um


ordenamento jurídico coeso, com normas claras e
poderes com responsabilidade e capacidade de dar
previsibilidade à sociedade na resposta aos
conflitos gerados entregado-lhes, assim, a justiça.
Eneu Domício Ulpiano (150 - 223) foi um jurista romano que
afirmou que a Justiça é a constante e permanente vontade de dar a
cada um o seu Direito.
Do que o Direito
precisa para existir?
Do que o Direito
precisa para existir?
Piero Calamandrei (1889 a 1956) jornalista, jurista, político e
professor universitário italiano afirmava que o Direito, enquanto não
está sendo contrariado, é tão imperceptível quanto o ar que nós
respiramos. Dizia, ainda, que o Direito é como a nossa saúde, cujo
valor nós só entendemos quando a perdemos. Ou seja, só lembramos
que existe o Direito quando há algum conflito, algum problema e
queremos proteção jurídica.
Quantos atos jurídicos
você praticou hoje?
Quantos atos jurídicos
você praticou hoje?
Praticamos, provavelmente, um número incontável de relações
jurídicas diariamente.
Todas as relações que temos são jurídicas?
Não! Nem todas, mas elas se tornam jurídicas quando algum direito
juridicamente relevante é violado (litigioso) ou está prestes a ser
violado (preventivo), gerando, portanto, um conflito.
O Direito visa resolver, ou mesmo mediar, esses conflitos porque buscamos viver
harmoniosamente em sociedade. Para que isso seja possível todos os indivíduos que
compõem um sociedade devem saber as leis que os regem.
Isso é possível?
Isso é o que diz o artigo 3º, da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro
(Decreto-Lei nº 4.657/1942):

“Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei,


alegando que não a conhece.”
Quando alguém, mesmo conhecendo uma lei, uma norma, um princípio jurídico o
viola aí começa a função compositiva do Direito.
Função esta que significa que o Direito buscar compor, apaziguar, amenizar, resolver,
findar o conflito entre as partes (sejam elas quantas forem).

composição voluntária: próprias partes entram em


acordo (conciliação, mediação ou arbitragem);
composição involuntária: o Estado, por meio do
Poder Judiciário, do juiz, mais precisamente, decide
qual das partes, ou se elas, têm razão.
Este juiz deve observar alguns critérios para garantir a justiça no julgamento do processo, são eles:

anterioridade da norma: o juiz deve julgar o caso de acordo com regras que já tenham sido
criadas anteriormente ao cometimento do fato. Exceção: quando a norma nova é
descriminalizadora.
universalidade: a regra deve ser universal, ou seja, deve ser aplicada a todos os casos dentro do
mesmo tipo.
abstração: a regra não deve ser redigida para ser aplicada a um caso concreto, mas a uma
hipótese abstrata.
obrigatoriedade: as normas são de aplicação coercitiva, obrigatória à todos aqueles que estão
sujeitos a determinado sistema jurídico. Imagine se cada um pudesse escolher quais normas
gostaria de obedecer, seria um verdadeiro caos. Essa é a maior diferença entre o Direito e a
Moral. Você pode escolher se quer ser uma pessoa honesta ou não, este é um conceito moral,
mas se sua desonestidade acarretar uma consequência jurídica a pena é inafastável.
particularidade do caso: apesar de, como vimos, as
normas serem universais e abstratas e obrigatória, não
significa que a solução encontrada em um processo
será idêntica para todos os demais casos.

Por exemplo: o homicídio, previsto pelo Código Penal,


prevê: “ Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis
a vinte anos”. Mas será que Pedro que planejou
friamente, durante meses, comprou uma arma ilegal,
estudou a rotina de Paulo e cometeu um homicídio
doloso, com requintes de crueldade terá a mesma pena de
Maria, mãe de Ana que, ao dormir com a bebê na mesma
cama acabou, sem querer, por provocar seu sufocamento?
Não, a pena não será a mesma. Neste caso, haverá o
perdão judicial.
Por que as leis são tão difíceis de
entender?
Estruturação: cada artigo deve ser escrito com uma estrutura jurídica específica
que permita que ele preencha as regras que vimos anteriormente, da abstração e da
universalidade. Sua clareza deve ser quanto ao conteúdo do texto, não devendo
suportar duplo sentido ou contradições, para isso o texto deve ser direto e conciso.
Cada artigo deve ser único: o nosso sistema jurídico, da Civil Law, apresenta
muitas codificações (Código Civil, Código de Processo Civil, Código Penal,
Código de Processo Penal, Código de Trânsito, Código de Defesa do
Consumidor, Código Tributário, Código Tributário e tantos outros), por isso o
legislador precisa elaborar um texto que não se repita em outras legislações.

A lei não contém palavras inúteis.


Quais as esferas do Direito?
No Direito precisamos exercer nossa imaginação, pois somos chamados a lidar com várias
abstrações.

Direito Público: esta esfera está relacionada aos Estado e à coletividade. O Direito Público
rege as relações em que o Estado é parte ou tem grande interesse.
Exemplo 1: quando você não paga seus impostos, é de interesse do ente federativo
respectivo (União, estado ou município) ingressar com uma ação cobrando você.
Exemplo 2: quando o município quer construir uma estrada ele pode, com a justificativa do
interesse público, desapropriar várias propriedades particulares.
Exemplo 3: quando um cidadão quer cobrar a responsabilidade do Estado por omissão, ou
por um acidente ou crime cometido por um agente público, como, por exemplo, um
policial, esta ação deverá ser interposta pelo cidadão apontando o ente federativo respectivo
como réu, em se tratando de policial federal, a União, em se tratando de guarda municipal,
o município.
Exemplo 4: quando você comete um crime é o Estado que impõe a sanção.
Em uma relação regida pelo Direito Público há uma grande diferença com o Direito Privado que é
a de que toda relação pública, tudo que concerne a liberdade para praticar atos pelos agentes do
Estado, deve observar o que está prescrito em lei, atendendo ao princípio da legalidade estrita.
Assim, em uma relação de Direito Público, os servidores só podem fazer o que estiver autorizado,
permitido, previsto em lei. As leis previstas para as atividades da esfera pública são imperativas,
obrigatórias e vinculativas.
No Direito Público não há liberdade de agir, não há liberdade de negociação, por exemplo, não
posso escolher não pagar impostos porque eu acho que “imposto é roubo”, pois, se eu não cumprir
com as obrigações fiscais sofrerei uma execução por parte do Estado.
Outros exemplos de matérias de Direito Privado, além do Direito Tributário e Penal, são: o Direito
Administrativo, o Direito Constitucional, Direito Processual e o Direito Eleitoral.
Direito Privado: trata-se das relações entre cidadãos, entre indivíduos particulares, como, por
exemplo, eu e você, você e sua família, você e seus vizinhos, seu cônjuge, seus filhos, você e
uma pessoa no trânsito, você (pessoa física) e uma empresa (pessoa jurídica), a relação entre
duas empresas (duas pessoas jurídicas), e assim por diante.
No Direito Privado, diferente do Direito Público, há uma liberdade muito maior de negociação
entre as partes. Costuma-se dizer que no Direito Privado as partes podem fazer tudo, até mesmo
diferente do que está previsto em lei, só não pode ser feito algo que está vedado por lei. Esta
liberdade é chamada de autonomia da vontade das partes.
O Direito Privado possui leis menos rígidas que as de Direito Público, e a vontade das partes faz
leis entre elas.
Exemplos de Direito Privado: Direito Contratual, Direito do Consumidor (*), Direito de Família,
Direito de Vizinhança,
No Direito Público o agente só pode fazer o que estiver
autorizado em lei.

No Direito Privado as partes podem fazer tudo o que


quiserem, desde que não esteja vedado por lei
Importante notar que essas esferas (Direito Público e Direito Privado) não são excludentes, ou
seja, pode haver relações em que o Direito Público interaja com o Direito Privado, com as pessoas
e em relações de Direito Privado poderá haver a ingerência do Poder Público.
Exemplo 1: Um município pode contratar diretamente um professor para um contrato
emergencial da rede pública, sem a realização de um concurso público, esta relação é feita
entre o Poder Público municipal e um particular.
Exemplo 2: Quando há uma relação de consumo em que uma empresa (pessoa física) causou
danos aos consumidores (pessoas jurídicas) por meio de um produto tóxico colocado em
circulação, pode ser que o Ministério Público (órgão da administração pública, portanto de
Direito Público), seja chamado à intervir, da mesma forma um processo de Direito de
Família em que haja a presença de uma criança, o MP, neste caso, tem participação
obrigatória.
Quais os Poderes do Estado?
Quais os Poderes do Estado?

Poder Executivo: É responsável pela administração do Estado.Tem a tarefa de executar as


políticas públicas e garantir a prestação de serviços à população. Também é do executivo a
responsabilidade pela ordem pública e pela defesa nacional
Poder Executivo federal é exercido pelo Presidente da República;
Poder Executivo estadual é exercido pelo Governador dos Estados-membros;
Poder Executivo municipal é exercido pelos Prefeitos.
Quais os Poderes do Estado?

Poder Legislativo: É incumbido de criar, modificar e revogar as leis. O Legislativo representa


a vontade do povo e fiscaliza as ações do Poder Executivo.
Poder Legislativo federal é formado pelo Congresso Nacional, que engloba a Câmara dos
Deputados e o Senado Federal;
Poder Legislativo estadual é formado pelas Assembleias Legislativas;
Poder Legislativo municipal é formado pelas Câmaras Municipais.
Quais os Poderes do Estado?

Poder Judiciário; tem a função de interpretar e aplicar a lei em busca da justiça. É composto
por diversos tribunais com diferentes competências e graus de jurisdição. É o guardião dos
direitos e das liberdades individuai e atuam também como uma das esferas de controle da
administração pública.
Leitura para a próxima semana:
OBRIGADA PELA ATENÇÃO!

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