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Discente:
Deise Boque
Docentes:
Álvaro Duarte
Gil Cambule
Ayrton Tembe
Nas aulas anteriores, da Teoria Geral do Direito Civil discorremos a temática sobre os Princípios
fundamentais do Direito Civil, nas quais abordamos a definição dos princípios gerais do Direito
de modo a depreender, concretamente dos princípios no Direito Civil.
Esta dissertação se propõe a ser um guia exploratório, abordando os princípios de direito civil em
sua amplitude e profundidade.
Princípios Fundamentais do Direito Civil
Como dissemos nas aulas anteriores, os princípios são normas estruturantes de um sistema
jurídico, os quais funcionam como pilares de sustentação. Como todo fio condutor ou como
pilares de uma casa, assim são os princípios a orientarem o intérprete, eis que pode lançar mão
dos mesmos em qualquer situação de incerteza ou de incompletude da norma positivada,
harmonizando o próprio sistema jurídico. Passemos a análise dos oito princípios restantes:
A. Princípio da Igualdade.
O princípio da igualdade muitas vezes encontra sua base nas constituições, que afirmam a
igualdade de todos perante a lei 3. - O Direito Civil, ao ser influenciado por normas
constitucionais, deve assegurar que todos os cidadãos tenham acesso aos mesmos direitos e
oportunidades.
Na formação de contratos, o princípio da igualdade requer que as partes estejam em uma posição
equitativa (Conforme o artigo 405 do Codigo Civil). - Cláusulas abusivas ou contratos que criam
desigualdades substanciais podem ser considerados inválidos ou passíveis de revisão judicial.
O Direito Civil, ao tratar de questões familiares, busca garantir igualdade entre cônjuges,
parceiros e filhos.(art 1 e seguintes da lei no 22/2019 de 11 de Dezembro). - A igualdade de
direitos e deveres no casamento, (título 3 da lei 22/2019, de 11 de Dezembro).
O princípio da igualdade se reflete no acesso à justiça. Todas as partes devem ter acesso
igualitário aos tribunais e ao processo judicial.Medidas que garantam a acessibilidade, como
assistência jurídica gratuita em certos casos, podem ser implementadas para reforçar esse
princípio.
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segundo artigo 35 da CRM
Ao lado das pessoas individuais, denominadas também singulares, fisicas, reais, corpóreas,
naturais, existe, com efeito, a categoria das pessoas colectivas, também denominadas ficticias;
artificiais, abstractas, incorpóreas, misticas, sociais, morais e juridicas.
Sempre que uma necessidade humana, um fim de carácter mais ou mnenos perman ente, não
facil mente realizável com as forças e actividade đum só individuo, determina várias pessoas a
reünir-se e a cooperar para o mesmo fim, ou levar alguém a destinar-lhe dum modo estável e
duradouro um complexo de bens, forma-se assim uma instituição de natureza social e colectiva,
com uma organização juridica apropriada, a qual, para a satisfação das suas necessidades e
consecução de seus fins, se constitui, perfeitamente como as pessoas individuais, o centro de
propulsão e atracção.
Definição
A personalidade coletiva refere-se à capacidade jurídica atribuída a entidades que não são
indivíduos, como empresas, organizações sem fins lucrativos, associações, fundações e
sociedades. Empresas comerciais, sociedades anônimas, sociedades limitadas, entre outras
formas de organizações, são exemplos de entidades coletivas que possuem personalidade
jurídica.
Caracteristicas
- Entidades coletivas têm autonomia contratual para celebrar acordos, negociar e agir em nome
da organização, desde que estejam agindo dentro dos limites legais e estatutários.
Capacidade de Contratar: As partes devem ter capacidade legal para celebrar contratos.
Isso significa que devem ser capazes de compreender as consequências legais de seus
atos e agir de acordo com sua vontade livre e consciente. Pessoas jurídicas também
podem exercer autonomia privada, dentro dos limites de sua capacidade jurídica.
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Artigo 405 e seguintes do codigo civil
Liberdade de Contratar As partes têm liberdade para estabelecer os termos e condições
de seus contratos, desde que respeitem os princípios legais e éticos que regem as relações
contratuais. Isso inclui a liberdade de escolher com quem contratar, o objeto do contrato e
as cláusulas que o compõem.
Liberdade de Estipulação Contratual As partes têm liberdade para estipular contratos
atípicos, ou seja, contratos que não estão previstos na lei, desde que observem os
princípios gerais do direito e os limites da autonomia privada.
Liberdade de Forma As partes têm liberdade para escolher a forma de seus contratos,
exceto nos casos em que a lei exige uma forma específica para a validade do contrato.
Liberdade de Disposição Patrimonial: As pessoas têm o direito de dispor de seus bens e
direitos de acordo com sua vontade, desde que respeitem os direitos de terceiros e os
limites impostos pela lei.
A autonomia privada é um princípio dinâmico que evolui com o tempo e reflete os valores e
necessidades da sociedade. No entanto, seu exercício deve ser equilibrado com outros princípios
e interesses jurídicos, de modo a garantir a justiça, a igualdade e o bem-estar coletivo.
Artigos Fundamentais:
- O Artigo 483.º estabelece que "aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o
direito de outrem ou qualquer disposição legal destinada a proteger interesses alheios fica
obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação".
Modalidades de Responsabilidade
- O Código Civil reconhece duas modalidades de responsabilidade civil: a responsabilidade
por acto ilícito (culposo ou doloso) e a responsabilidade por acto lícito.
-A responsabilidade por acto ilícito está prevista no Artigo 483.º, como mencionado
anteriormente. Nesse caso, o agente deve reparar o dano causado à vítima, seja por culpa grave
(dolo) ou por negligência (culpa).
- A responsabilidade por acto lícito está prevista no Artigo 488.º do Código Civil e ocorre
quando alguém, no exercício regular de um direito, causa dano a outrem.
- Para que haja responsabilidade civil, é necessário que se verifiquem três elementos
essenciais: a conduta ilícita (dolo ou culpa), o dano e o nexo de causalidade entre a conduta e o
dano.
- A conduta ilícita pode ser dolosa (intencional) ou culposa (negligente), como estabelecido no
Artigo 487.º do Código Civil.
- O dano pode ser material, moral ou patrimonial, e deve ser efetivo e quantificável.
- O Código Civil prevê algumas excludentes e atenuantes de responsabilidade civil, tais como o
caso fortuito, a força maior, a culpa da vítima e a concorrência de culpas.
- Por exemplo, nos termos do Artigo 570.º, a responsabilidade civil pode ser excluída ou
atenuada se o dano resultar de culpa exclusiva da vítima ou de terceiros.
Base Legal
Atributos da Propriedade
- A propriedade privada confere ao seu titular uma série de atributos, que incluem o direito de
usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa.
- O direito de usar refere-se à faculdade de utilizar a coisa de acordo com o seu destino
econômico ou social, respeitando os limites legais e os direitos de terceiros.
- O direito de gozar refere-se à faculdade de usufruir dos frutos e utilidades da coisa, como
rendas, produtos ou serviços por ela proporcionados.
Limites e Restrições
- Embora a propriedade privada seja um direito fundamental, esse direito não é absoluto e pode
ser limitado por interesses públicos ou privados superiores, como a função social da propriedade,
a proteção do ambiente, a defesa dos consumidores.
- O Código Civil Português estabelece várias restrições à propriedade privada, como por
exemplo, as servidões legais, os direitos reais de gozo e garantia, as limitações administrativas,
entre outros.
Função Social da Propriedade
- Esse princípio implica que o exercício dos direitos de propriedade deve ser orientado para o
interesse coletivo e o bem-estar da comunidade, de modo a promover o desenvolvimento
econômico, social e ambiental.
F. Instituição da família
O princípio da instituição da família é uma das bases fundamentais do direito civil em muitos
sistemas jurídicos ao redor do mundo. Esse princípio reconhece a importância da família como
célula fundamental da sociedade, estabelecendo normas e proteções legais para regular as
relações familiares e promover o bem-estar dos seus membros5. relevantes:
Base Legal:
Natureza e Finalidade
- O Código Civil Português estabelece uma série de direitos e deveres para os membros da
família, como por exemplo, o direito à assistência, à educação, à herança, à proteção da morada
de família, bem como na Constituição da Republica.
- Os cônjuges e os pais têm o dever de colaborar no sustento e educação dos filhos, bem como
no respeito mútuo e na assistência recíproca, conforme estabelecido nos Artigos 5 e 6 da lei
22/2019 do Código Civil, respectivamente.
G. Fenómeno sucessório
Natureza e Finalidade
O fenômeno sucessório é regulado principalmente pelo direito das sucessões, que faz parte do
direito civil em muitos países, incluindo o Código Civil, lei número 23/2019, de 23 de
Dezembro.
Modalidades de Sucessão
- Na sucessão legal, os bens do falecido são distribuídos de acordo com as regras estabelecidas
pela lei, na ausência de testamento válido.
Herdeiros e Legatários
- Os herdeiros são as pessoas que têm direito à herança do falecido, enquanto os legatários são
aqueles que recebem legados específicos.
- A herança não é apenas uma questão de direitos patrimoniais, mas também envolve
considerações sociais, familiares e culturais.
- A sucessão deve promover a justiça distributiva, a solidariedade familiar e a preservação do
patrimônio familiar ao longo das gerações.
H. Principio da Boa fé
Esse princípio estabelece que as partes devem agir de acordo com os padrões de honestidade,
lealdade e probidade nas relações jurídicas, tanto na fase de formação quanto na execução dos
contratos e negócios jurídicos.
Base Legal
- O princípio da boa-fé está consagrado no Código Civil em vários dispositivos legais, sendo o
Artigo 227.º um dos mais importantes. Este artigo estabelece que "os direitos devem ser
exercidos e os encargos cumpridos de acordo com as exigências da boa-fé, tendo em conta a
função social de tais direitos".
Natureza e Finalidade
- As partes têm o dever de informar de forma clara, precisa e completa todas as informações
relevantes para a conclusão do negócio jurídico. Além disso, as partes devem cooperar entre si e
agir de boa-fé na execução dos contratos, respeitando os interesses legítimos da outra parte e
evitando condutas abusivas ou fraudulentas.
- As partes devem agir com lealdade e honestidade nas negociações e na execução dos contratos,
respeitando os compromissos assumidos e evitando condutas que violem a confiança depositada
pela outra parte.
- Isso inclui a obrigação de não agir de forma enganosa, dissimulada, abusiva, ou de aproveitar-
se de situações de vulnerabilidade da outra parte.
Princípio da Confiança Legítima
- O princípio da boa-fé gera uma expectativa razoável de que as partes cumprirão suas
obrigações de forma honesta e leal. Assim, a confiança legítima na boa-fé das partes é um
elemento essencial para o funcionamento eficaz das relações jurídicas, garantindo a
previsibilidade, a segurança e a estabilidade nas transações comerciais e sociais.
- A violação da boa-fé pode acarretar diversas consequências jurídicas, tais como a anulação do
negócio jurídico, a responsabilização por perdas e danos, e até mesmo a aplicação de sanções
específicas previstas na lei (artigo 892 do Codigo Civil).
Conclusão
PINTO, Carlos Alberto da Mota - Teoria Geral do Direito Civil. 4ª ed. Coimbra:
Almedina, 2005.
CAMBULE, Gil. Teoria Geral do Direito Civil, 1a ed. W. Editora, 2017, vol 1